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Culturas desconhecidas
Leonardo Cordasso
Street Dance, K-Pop, Dança Ucraniana e Dança do Ventre também nobilitam a grande Curitiba
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João D`Ambros, Franz Fleischfresser & Leonardo Cordasso Curitiba é uma cidade com 326 anos de história, contendo uma população aproximada de duas milhões de pessoas. Com isso, o que não pode faltar na capital paranaense são histórias e culturas diferentes, muitas populares e algumas não tão conhecidas, mas que, juntas, fazem tremenda diferença para o todo.
Falando e pesquisando sobre culturas desconhecidas, conhecemos o jovem professor e dançarino Heron Hayashi. Ele começou a apreciar música desde cedo. Com 7 anos já assistia a inúmeros vídeos de K-pop no youtube. Ao não encontrar nenhuma escola com esse estilo em Curitiba, iniciou-se na dança de rua, fazendo 12 anos de aula no Studio D. Hoje, com 22, depois de estudar e ensaiar quase todas as manhãs, se tornou professor de street dance e, curiosamente, de K-pop, tornando a música parte primordial de sua vida.
Por que curiosamente? Até 2012 pouco se era falado sobre o K-pop, principalmente no Brasil e em Curitiba. Em 2013, o gênero asiático, que se popularizou nas décadas de 1980 e 90,
A dança do ventre
voltou a chamar a atenção, obrigando a criação de novas escolas ou a adição do estilo nas antigas academias. Explorando a ascensão do K-pop, Heron iniciou a carreira como professor no k-class e no street extreme em 2014 e
acredita que a música sul-coreana já faz parte de uma das culturas desconhecidas do mundo de culturas que Curitiba tem e ainda terá.
Larisse Lemos pratica dança desde os seus 14 anos, começou cedo no balé para realizar a vontade da mãe mas logo percebeu que não era o estilo que procurava, um ano depois de entrar no Balé mudou para o Street Dance, estilo que se popularizou muito entre os anos de 2010 até agora, porém, ela se sentiu um pouco estagnada e resolveu ir atrás de uma dança que nunca teve contato. Hoje com 21 anos, Larisse já pratica Dança do Ventre há dois. A dançarina revela que o estilo Oriental foi um forte aliado na luta contra a depressão e ansiedade nos primeiros
anos em Curitiba, além de ser um ótimo condicionador físico. Apesar da grande popularização do dança do ventre no Brasil depois dos anos 2000, Larisse afirma não ter visto nenhuma explosão ou uma grande adesão a dança nos últimos anos na capital paranaense, mas ressalta que Curitiba tem ótimos professores e praticantes da Dança do Ventre e cita o exemplo da Curitibana Fran Passos, campeã da primeira edição do campeonato mundial de Dança do Ventre realizada em novembro de 2016 no Japão.
Andreiv Choma, organizador do festival de dança ucraniana
Até onde se tem notícia, a dança do ventre é o estilo de dança feminino mais antigo registrado. Esse tipo de dança vem, desde os tempos ancestrais, e existem registros de mulheres dançando com o ventre de fora nas cavernas, enquanto os homens dançavam para receberem favores da natureza relacionados a chuva, caça etc. A jornada da dança do ventre pelo espaço-tempo passa pelo Antigo Egito, Babilônia, Síria, Índia, Suméria, Pérsia e Grécia. Os árabes também absorveram essa dança após os mouros invadirem o Antigo Egito. Quando chegou ao Ocidente a dança do ventre foi adaptadas pelas mulheres que aderiram a esse nova cultura, influenciadas pelo balé clássico e contemporâneo foram efetuadas algumas transformações, as roupas passaram a ser mais leves, movimentos dos braços mais sensíveis, meia-ponta com pés, as incessantes oscilações dos quadris e houve um aumento do deslocamento dos pés, braços e ombros. Com todas essas adaptações, a dança do ventre se tornou uma cultura de massa passando a ser apreciada e praticada ao redor do mundo todo, apenas em países da África e Oriente Médio que as praticantes ainda preservam o semblante sagrado e seus objetivos terapêuticos, buscando proporcionar às mulheres um parto mais saudável e uma conexão com o Divino.
Outra dança que tem levado muitas pessoas às apresentações e festivais é a dança ucraniana. Andreiv Choma, descendente de ucranianos, não lembra exatamente quando começou, afinal afirma ter nascido dançando. Aprendeu com 5 ou 6 anos, e como não existia a modalidade infantil no Colégio das Irmãs Ucranianas em Mallet, cidade em que viveu sua infância,
fez os primeiros anos em um grupo polonês. Desde 2015 está no grupo Folclore Ucraniano Barvinok. Mesmo quando é impossibilitado de dançar, sente muita falta da atividade e faz questão de participar de alguma outra forma, seja organizando, coreografando, etc. Ele acredita que hoje existe uma redescoberta da Ucrânia como país, que vem aparecendo mais na mídia em notícias desde 2014, tem a seleção de futebol participando de Eurocopa, e isso faz mais pessoas descobrirem a modalidade. “Curitiba foi colonizada por imigrantes, uma das cidades que mais tem ucranianos no mundo, seria impossível falar da cidade sem esses povos, seja na dança, na culinária ou outras áreas”, afirma Choma. Maria Luiza Gomes Costa entrou no grupo de dança ucraniana Folclore Ucraniano Barvinok, em janeiro de 2017, apesar de não ter nenhuma descendência ou ligação com o país. Em dois anos, ela diz ter encontrado ali algo muito mágico, uma cultura muito diferente do que estava acostumada, dada a influência da Europa ocidental e da América do Norte.
“Conhecer um pouco dessa cultura única mudou a minha vida e me motiva sempre mais, além de ter me dado a oportunidade de conhecer pessoas muito importantes pra mim”, conta. Ela acredita que esse tipo de atividade cultural vem atraindo cada vez mais pessoas, além dela e do namorado, diversos componentes do grupo não tem qualquer ligação ou origem ucraniano e apenas encontraram ali uma paixão em comum, sentindo-se acolhidos. No Brasil especificamente, segundo ela, isso acontece devido aos vários encontros de culturas. Ela conta que a presença de povos imigrantes e seus movimentos culturais geram a nossa cultura e formam o traço mais significante da cidade e do estado como um todo, e conclui dizendo que “respiramos” cultura a todo momento.
Maria Luiza Gomes, estudante de direito
Leonardo Cordasso