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De volta ao presencial

Retomada das aulas presenciais impõe dificuldades ainda maiores aos professores da rede pública do Paraná

Paula Braga Goveia

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Após um longo período de adaptação ao modelo de ensino remoto, desde o início das medidas de restrição, os educadores da rede pública enfrentam um novo obstáculo em 2021. Isso devido à retomada da presencialidade nas escolas mesmo com a pandemia ainda pouco controlada no estado do Paraná.

O professor Roberto Facioni, do Colégio Estadual Romário Martins, relata que apesar do planejamento da Secretaria da Educação e de todas as orientações sanitárias dadas pelos agentes da saúde, a ansiedade predominou nos primeiros dias. Ele diz que sentiu ansiedade, e houve uma preocupação, tanto por parte dos alunos, quanto dos professores. “Não sabíamos como atender esses estudantes com distanciamento e higienização, nem como seriam as salas de aulas durante uma crise como a pandemia.”

Facioni também explica sobre como os professores tiveram que desempenhar a qualidade humana, de ouvir e entender tantas histórias negativas trazidas pelo coronavírus. Os professores são vistos como heróis por muitos pais e responsáveis dos alunos, e carregam uma responsabilidade que vai além do ofício de lecionar. “Temos alguns casos de alunos que perderam pessoas muito próximas durante a pandemia, e havia essa sensibilidade da nossa parte, de saber como lidar com a baixa autoestima dos alunos, a adaptação ao meio social novamente, e de mediar situações até psicológicas dos alunos em sala.”

O professor ainda conta que ficou bastante feliz com todo o trabalho humanístico realizado por ele e os demais colegas de profissão.

Atualmente, 100% das escolas estaduais e 70% das municipais estão funcionando com aulas presenciais e aceitação máxima dos alunos.

Segundo o diretor de Educação da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Roni Miranda, essa retomada começou de forma gradual em algumas regionais, na tentativa de facilitar o ajuste dos docentes e reduzir os Alunos da rede pública retornam ao ensino exclusivamente presencial.

prejuízos na aprendizagem dos estudantes. Porém, ele afirma que existiu uma certa resistência dos professores.

“Na média, 50% queria voltar ao presencial, pensando nos próprios alunos que não participavam das aulas estando em casa, mas outros ainda não se sentiam seguros, e acreditavam que o modelo a distância estava funcionando bem.” Para Miranda, um dos maiores

desafios dos professores foi operacionalizar e garantir a aprendizagem dos estudantes no formato híbrido, com uma parte em sala e outra em casa.

“O complicado, para eles, foi atender dois públicos distintos, mas nós, da Secretaria, oferecemos todo o suporte para melhorar a qualidade do ensino. Além disso, nós todos estamos atuando em várias frentes para promover o acolhimento dos mais de mil colaboradores da educação e contribuir para o seu desenvolvimento.”

Mesmo com o trabalho remoto dos docentes, por meio de videoaulas, materiais e as salas virtuais do Classroom, a realidade do estado é de um grande déficit na aprendizagem. Durante esse período, os alunos foram prejudicados e perderam conteúdos correspondentes às suas séries ou fases cognitivas, gerando um atraso educacional.

O trabalho de aplicação do nivelamento e aperfeiçoamento de conteúdo, desde o ano passado, mostrou essa preocupação. Em uma avaliação dada pela Secretaria da Educação do Paraná, comprovou-se que 38% dos estudantes da rede pública não atingiram nem 40% de aprendizagem em Matemática, e 50% não atingiram a média esperada em Língua Portuguesa.

Isso revela um retrocesso na formação dos estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública do estado, em que toda uma geração foi impactada. Segundo o diretor da Educação do Paraná da SEED, esse prejuízo será recuperado em no mínimo cinco anos, e a Secretaria vai continuar fortalecendo seus projetos, e contribuindo para que a sequela deixada na educação seja minimizada.

Wagner Argenton, diretor do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), diz que as dificuldades já eram muitas dentro da rede pública de ensino do estado, e com a volta às aulas no modelo presencial, elas aumentaram. “Pioram na medida em que os alunos ficaram um bom tempo apenas tendo atividades complementares, e o maior desafio agora é retomar tudo isso.”

Argenton expõe que os docentes são prejudicados, já que os agentes não fazem algo conjuntamente com os professores, e que para eles, os professores são operários, que simplesmente empregam uma linha política pedagógica. “As propostas chegam para nós com muita burocracia, e isso não contribui efetivamente com o que está sendo feito com os alunos na prática, dentro da sala de aula.”

“Houve uma preocupação, tanto por parte dos alunos, quanto dos professores.”

- Roberto Facioni, professor

Confira

Veja a útima resolução sobre as medidas de prevenção e monitoramento nas instituições de ensino do Paraná. Aponte a câmera para o QR Code ao lado:

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