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Atrofi a social

Especialistas afi rmam que estar sozinho por um longo período de tempo traz complicações para a saúde mental, prejudicando futuras relações humanas no pós-pandemia

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Georgia Giacomazzi, Giulia Militello, Paula Braga e Rodolfo Neves

Apandemia causou um aumento no estresse, na ansiedade, na depressão, nos casos de tentativa de suicídio, síndrome do pânico e fobias sociais. De acordo com a psicóloga Giovanna Borba, “pacientes que já apresentavam algum tipo de transtorno mental, acabaram tendo uma piora no quadro e, alguns outros que não tinham, acabaram desenvolvendo alguns sintomas”. Não foi diferente com a socialização: algumas pessoas que já tinham dificuldade de socializar têm mais facilidade em acabar se isolando, causando a atrofia social.

A atrofia social, na maioria das vezes, acontece pela falta de convívio, causando uma incapacidade de criar e manter relações interpessoais, afetando a saúde mental.

Um grupo de pesquisa do Massachusetts Institute of Technology (MIT) afirma que a interação humana é algo necessário em nossas vidas, assim como nos alimentar. Ela afirma que a solidão aguda é “um estado aversivo, que motiva as pessoas a reparar no que está faltando, semelhante à fome”. Estudos realizados mesmo antes da pandemia, em 2018 e 2019, pelo próprio MIT, constam que ser forçadamente privado de um contato social pode levar a pessoa a um certo sofrimento emocional.

Stephanie Prado, esteticista e mãe de um recém-nascido, admite que não sente mais vontade de socializar. Além do medo de prejudicar sua família, ela diz que se revolta ao ver outras pessoas negando a gravidade da situação. “Prefiro mil vezes ficar em casa a ter que socializar de novo, pois eu escuto as pessoas, escuto frases egoístas sobre a pandemia e minha cara se transforma. Me privo de conversar muito, justamente para evitar uma discussão”.

Stephanie acredita que, mesmo após o fim do contágio, não irá socializar como antes, e sente um certo incômodo ao ser convidada para sair de casa.

A psicóloga Giovanna Borba também relata que notou que alguns de seus pacientes também ainda estão relutantes com a interação social, mesmo depois da vacina.

mas é imprescindível que as pessoas busquem ajuda, pontua a psicóloga.

A estudante de Administração Yasmin Reis relata que suas relações mudaram nesse período, além de reconhecer um maior desgaste emocional na sua rotina. “A pandemia potencializa o cansaço. Por ser uma questão de saúde, todos ficam mais nervosos, e acho que com isso, tudo piora”.

Ela também afirma que sente medo e um bloqueio ao pensar em sair de casa. “Não consigo estar em um lugar com bastante gente, me sinto estranha e tenho dificuldade para me soltar. Parece que agora eu tenho uma trava, que não me deixa ficar totalmente à vontade e dar risada, são raras as vezes que eu consegui fazer isso durante esse tempo”.

Houve, sim, um grande aumento de procura por psicólogos, diz a psicoterapeuta Michelle Lodovine Correia. “O desânimo em socializar também está na consequência da dificuldade do retorno à rotina ‘normal’”. Ela ainda acrescenta que os resultados psicossociais da pandemia poderão ser perceptíveis a um curto, médio ou longo prazo.

“Nós da área da saúde mental entendemos que os reflexos psicoemocionais e comportamentais ainda estão por vir, em linhas gerais haverá uma piora no panorama dos quadros de doenças mentais”, completa.

A psicoterapeuta comenta que um ponto de partida importante para recomeçar a realizar as atividades do cotidiano, além de procurar ajuda de profissionais quando algum dos sintomas relacionados à atrofia social começam a aparecer, é “não se sentir pressionado para voltar a praticar atividades que envolvam contato ou que possam deixar você desconfortável”.

“É importante respeitar o tempo de cada pessoa, não julgando ou criticando por ainda agir de determinada forma.” Giovanna Borba, psicóloga

SINTOMAS DA ATROFIA SOCIAL

Dificuldade de sair de casa

Não saber se portar frente a outras pessoas Sentir ansiedade frente a cumprimentos

Desenvolver agorafobia Dificuldade de expressar emoções

Leia mais

Aqui está uma lista com serviços gratuitos de apoio a saúde mental.

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