Especial 60 anos
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Especial 60 anos
Curso de Jornalismo da PUCPR investe em projetos extensionistas Página 09
Especial 60 anos
Ex-alunos relatam como Jornalismo da PUCPR marcou suas vidas Página 08
Curitiba, 27 de Outubro de 2021 - Ano 25 - Número 331 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Especial 60 Anos Após a autorização do funcionamento do primeiro curso de jornalismo no Paraná, em 1956, a antiga Faculdade Católica de Filosofia e atual PUCPR introduziu o curso aos seus alunos com muitas expectativas. O início foi marcado por um período conturbado com as limitações nas atividades acadêmicas, mas com a mobilização de docentes e alunos o curso evoluiu ao longo dos anos
Curso de jornalismo na PUCPR comemora seis décadas de existência e momentos históricos
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Criação do Comunicare E
m 2021, o jornal Comunicare comemora seu 31° ano de atividade, mas inicialmente era conhecido como “A Voz do Bairro”. A sua primeira edição com notícias produzidas pelos estudantes também explicava a origem e a proposta do meio. Conforme o tempo foi passando, o veículo foi se adaptando ao jornalismo contemporâneo e às ideias das novas gerações. Uma das principais mudanças percebidas entre o Comunicare de agosto de 1990 e o de junho de 2021 é o extenso número de notícias publicadas por conta da chegada da tecnologia e as diversas ligações entre o portal online e o jornal impresso. A construção social que o Co-
Núcleo Multicom
Acervo PUC-PR
municare realiza a partir de seus projetos têm o foco de dar visibilidade e voz para as pessoas, mantendo a ética jornalística ao fiscalizar e servir seu público, composto pela população de Curitiba e pessoas que se interessam por conteúdos da PUCPR. Na visão dos estudantes, a construção do veículo laboratorial é uma parte essencial do curso por proporcionar a experiência de uma rotina jornalística profissional em um ambiente acadêmico, o que desenvolve os alunos de forma completa para que se sintam totalmente confiantes e preparados para o mercado de trabalho.
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Fotografia retirada de uma edição antiga dos jornais impressos com o Comunicare.
Hoje, o novo horizonte dos alunos da Escola de Belas Artes é ser multicomunicação. Além do mercado de trabalho mais exigente, há também a evolução constante das tecnologias e formas de linguagem. Por tais
motivos, os cursos Multicom compartilham disciplinas, laboratórios e experiências, a fim de proporcionar um comunicador completo. Especial 60 anos | pag.10
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Curitiba, 27 de Outubro de 2021
Editorial
Tradição na excelência do ensino N
o dia 8 de janeiro de 1956, o jornal Diário do Paraná publicou um anúncio sobre a abertura das inscrições para a primeira turma da Faculdade Católica de Filosofia de Curitiba. Aquele era o começo da história do curso, que ainda naquela época prometia ser uma formação de qualidade, que aliasse a reflexão teórica com a prática profissional.
Para garantir a excelência no novo curso, a Católica convidou repórteres e editores com experiência de mercado. Também criou um programa de estágio no jornal mais moderno da cidade, o próprio Diário do Paraná. O projeto era marcar presença e ser parte da história da imprensa local. Seis décadas mais tarde, o curso de Jornalismo da PUCPR é o melhor de Curitiba e um dos mais conceituados do país. Serve de referência no modelo de ensino por competências. Coleciona troféus de premiações acadêmicas e estrelas em avaliações da imprensa especializada.
Nos anos iniciais, a primeira escola de jornalistas do estado ambicionava ser um espaço para a formação de novos profissionais. Esse era um momento em que o próprio conhecimento universitário sobre a profissão ainda era novidade na maior parte do país. Apenas um par de outras instituições tinham instituído o ensino noticioso no currículo em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
A mais tradicional escola de jornalistas do Paraná foi responsável pela formação de centenas de profissionais de comunicação. Embora muito tenha mudado, ela
Voz da Comunidade A
de jornalismo com o passar dos anos? Espero que os cursos e que a academia tenham sempre a condição e a agilidade para olhar para as possibilidades de mudança. Como você descreveria um profissional de comunicação do futuro? Vejo um futuro com mais tecnologia, mas sem tirar o ser humano da área. Sem contar que os jornalistas são muito estratégicos e sempre tem curso, que não dá para ser jornalista sem muito amor. Qual é o diferencial do curso de Jornalismo da PUCPR? O eixo humanístico, o ensino por competências e o eixo Multicom. A internacionalização, o PUC Carreiras e o Seap também orbitam o curso e fortalecem o estudante durante a vida universitária. Uma mensagem para os futuros calouros Comuniquem-se muito com ética e paixão. Isso faz toda a diferença no mundo: trabalhar com amor! Comuniquem-se para o bem da humanidade, do coletivo e para o seu bem! Eu vejo hoje, com essa proximidade que eu tenho agora com o curso, que não dá para ser jornalista sem muito amor.
Como Decana, como você avalia a importância do jornalismo para a sociedade? Vejo como algo fundamental na vida das pessoas. Tanto para crescimento e para informação rotineira, quanto para abertura de oportunidades na vida. O jornalismo está vinculado à cidadania e sem a comunicação correta não temos a possibilidade de exercer nossa função como cidadão. O que significa ser Multicom para você? Significa ter muita oportunidade. Eu não só vejo isso como uma aplicação e um diferencial do profissional no mercado, mas uma oportunidade maior de empregabilidade e um alinhamento o dia a dia da profissão. O que você espera para o curso
REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES
Comemorar os 60 anos da PUCPR é também comemorar o próprio jornalismo paranaense. A
Edição 331 - 2021 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com | http://www.portalcomunicare.com.br
Pontifícia Universidade Católica do Paraná | R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR Estudantes 3º Período de Jornalismo
Reportagem
Rodolfo Stancki (DRT-8007-PR)
Fechamento
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO
Giovana Bordini Maria Eduarda Cassins Mariana Alves Mariana Toneti Paula Braga
Allanis Bahr Menuci Arthur Henrique Bruna Cominetti Eduardo Veiga Georgia Giacomazzi Giovana Bordini Giulia Militello Guilherme Araki Helene Mendes Isadora Mrtelli Juliane Capperelli Letícia Fortes Maria Eduarda Cassins Maria Eduarda Souza Mariana Alves
Rafael Andrade
COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO
TRADUÇÃO Giovana Bordini
FOTO DA CAPA COORDENADORA EDITORIAL Duvulgação Pucpr Suyanne Tolentino De Souza
Em 2021, o foco não é mais apenas ensinar teoria e prática. Queremos capacitar os nossos estudantes a estarem sempre dispostos ao crescimento, à inovação e ao protagonismo. Tudo isso pautado pelo projeto de ser uma formação de excelência, que respeite o espírito pioneiro e o projeto de formar profissionais jornalistas de referência. Tal qual era o objetivo inicial da primeira turma lá nos idos de 1956.
Allan Gomes
COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL
Ângela Leitão
Suyanne Tolentino De Souza
Esta edição especial do jornal Comunicare é uma celebração da nossa história. O Jornalismo da PUCPR tem tradição e um orgulho imenso de seus formandos, que conquistaram o mundo. Um levantamento interno da comissão de professores do curso mostrou que há egressos da nossa escola nas mais diversas funções de comunicação. Nosso DNA está arraigado nos veículos de imprensa da cidade, do estado e do país.
formação universitária propiciada pela instituição ajudou a profissionalizar a imprensa no estado. Também acompanhou muitas das mudanças pela qual passou o campo de atuação, sempre mantendo o pioneirismo. Vimos o Jornalismo se tornar televisivo, dominar a internet e adaptar-se à linguagem multimídia.
Comunitiras
rquiteta por formação, a professora Angela Leitão Sallem assumiu o decanato da Escola de Belas Artes da PUCPR no início de 2020. Na função, criou o eixo Multicom, do qual faz parte o Jornalismo. Nesta edição comemorativa dos 60 anos do curso, a decana concedeu uma entrevista discutindo o papel e o futuro da profissão na sociedade.
Expediente
mantém sua essência em proporcionar uma formação crítica e transformadora, que mistura o melhor da teoria e da prática, sem se ater à dicotomia. Está sempre de olho no mercado, atuando na pesquisa do campo científico, e cada vez mais moderno e ágil.
Mariana Toneti Milena Chezanoski Paula Braga Vanessa Guimarãe Vinicius Bittercourt
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Curitiba, 27 de Outubro de 2021
Especial: 60 anos Jornalismo PUCPR
Prestígio e limitações marcam o início do curso de jornalismo no Paraná A Católica do Paraná instituiu a primeira faculdade de jornalismo do estado em meio a um delicado momento político histórico Bruna Cominetti Guilherme Araki Vinicius Bittencourt 3º Período
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Arquivo de imagens PUCPR
m 1956, o jornal Diário do Paraná publicou uma matéria que noticiava a autorização do funcionamento do primeiro curso de jornalismo do estado na então Faculdade Católica de Filosofia. O documento teve assinatura do Presidente da República, Juscelino Kubitschek, e previa o curso seguindo os mesmos moldes de outros estados, ministrado por professores selecionados pela direção do estabelecimento, sob o comando do professor Liguarú Espírito Santo. No primeiro concurso de seleção, em 1956, foram inscritos 61 candidatos para a disputa de 40 vagas. Devido ao grande interesse, havia expectativa para a liberação de uma nova turma em um segundo concurso, porém o Ministério da Educação e Cultura não liberou. Na época, em entrevista concedida ao jornal Diário do Paraná, o professor Liguarú discutiu sobre a importância do aprendizado prático, além do teórico. “Os alunos do curso estarão em contato permanente com a imprensa da capital, fato que se verificará já neste ano de acordo com seu desenvolvimento”.
Grupo de alunos do curso de jornalismo da PUCPR observando a mesa de controle da Rádio Colombo, no fim dos anos 50.
Liguarú ainda ressaltou para o jornal que o curso de Jornalismo possuía um caráter cultural e não didático. “O diploma não era um privilégio profissional ou didático, e sim, um título cultural, de alta significação, como compreende aqueles que militam na imprensa”.
profissional ou didático, e sim, um título cultural, de alta significação”
O ex-professor Hélio Puglielli, que lecionou o curso de Jornalismo na PUC a partir de 1967, época em que a universidade ainda não havia recebido o título de “Pontifícia”, comenta sobre as dificuldades de ensino naquela época. “Existiam limitações, concentrando-se o ensino mais no jornalismo impresso, pela ausência de instalações apropriadas para aulas práticas de radiojornalismo, telejornalismo e cinejornalismo”. Puglielli ainda diz que no início da década de 70, o Ministério da Educação estabeleceu um novo formato para o curso,
que, a partir de então, passou a ser polivalente. Desta forma, o currículo praticamente triplicou, abrangendo, além do Jornalismo, a formação em Relações Públicas e Publicidade
de aula. “No meu caso, não fui tolhido em minha liberdade de ensinar e acredito ter contribuído para desenvolver o senso crítico e o espírito de cidadania entre os alunos”.
evidenciando, na visão dele, uma deficiência estrutural. “O jornal não chegava. Os profissionais tinham a garantia de receber recursos do governo e não se preocupavam com essa coisa bá-
“O diploma não era um privilégio e Propaganda. Ele explica que, organizacionalmente, o curso integrou-se à recém-instituída PUC e transferiu-se da velha sede do Santa Maria para um dos blocos do campus no bairro Prado Velho. Por fim, o ex-professor comenta sobre a importância do curso de jornalismo na época, destacando o contexto de clima sombrio vivido pelo país nos chamados “anos de chumbo”, que contaminavam a atividade acadêmica. Ele aponta que existia uma forte mobilização política entre os estudantes, mas que isso só se refletia indiretamente nas salas Arquivo de imagens PUCPR
Foto do arquivo que mostra a ementa do primeiro curso do jornalismo da Católica.
O jornalista Luiz Geraldo Mazza, que atua na profissão há 70 anos, fala sobre como era o jornalismo no Paraná na década de 50 e 60, quando o curso foi instituído. “O nosso jornalismo era periférico. Fora o jornal Zero Hora, nós tínhamos um jornalismo muito dependente das verbas públicas e era inimaginável que pudesse funcionar sem esse tipo de apoio”. Mazza ainda comenta que grande parte dos profissionais que praticavam o jornalismo no Paraná, mesmo antes da autorização para o funcionamento do primeiro curso do estado, já eram formados em outras áreas, como Sociologia, Economia e, no caso dele, Direito. “Essa condição universitária servia como preenchimento, embora não tivesse a mesma especificidade do curso de jornalismo, o qual foi evoluindo com o tempo”. Porém, destaca que o estabelecimento da faculdade serviu para ratificar e prestigiar grandes profissionais da época, pois mesmo sem a formação específica, foram convidados para lecionar pelo curso. O jornalista aponta que existia um grande desafio na distribuição do jornal na época,
sica, que era a circulação”. Como consequência, por mais que tentassem cumprir o papel social do jornalismo abordando pautas de relevância, como desigualdade de classes e inflação, não obtinham um efeito palpável. Em análise ampla sobre o começo dos jornais em Curitiba e no estado, Mazza critica a falta de ousadia para noticiar os acontecimentos da época. Funcionando sob a outorga do Regime Militar, relata que mesmo os veículos de apelo populista, eram bancados pelas grandes instituições do Paraná. Assim, não sobrava espaço para um jornalismo livre. “Enquanto cobriam o Governo Ney Braga, entidades como o Banco do Estado e a Copel, que financiavam o jornal, não eram alvo de qualquer crítica. Dava a impressão de um Jornal Popular mas que, na verdade, era comprometido em sua raiz.”
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Curitiba, 27 de Outubro de 2021
Especial: 60 anos Jornalismo PUCPR
Curso de jornalismo iniciou sua digitalização nos anos 90 A partir da disponibilização de computadores, universidade introduziu novas tecnologias na prática dos estudantes Eduardo Veiga Maria Eduarda Souza Vanessa Guimarães 3º Período
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urante a década de 1990, o curso de jornalismo da PUC PR passou pelo seu processo de digitalização. A utilização de novos recursos, como computadores e internet, foi introduzida pela universidade na formação dos estudantes. Equipamentos e práticas de fotografia, gravação e edição foram atualizados e o acesso dos universitários foi ampliado. Aulas de datilografia, entre outras atividades, foram descartadas da prática do curso. Além de trazer novas possibilidades de estudo, as inovações também aproximaram a graduação da atuação profissional e deram de certo modo mais autonomia aos estudantes. O acesso à internet foi disponibilizado aos estudantes em março de 1996, com velocidade de transmissão de dados de 64 kbps (kilobytes por segundo). O uso era, inicialmente, limitado a 10 microcomputadores sem
Acervo PUC-PR
A chegada nos anos 90 de equipamentos tecnológicos possibilitou à universidade a ampliação de seu método de ensino. níveis de conhecimento dentro da turma. Até porque tinham poucas pessoas com acesso a um computador dentro de casa e outras que nunca tinham usado aquele tipo de equipamento”. Os estudantes de Jornalismo tinham aula de datilografia
que é de mercado”, comenta Celina Alvetti, professora de Jornalismo da PUC-PR desde 1990. Ela também foi coordenadora do curso na época. Para a docente, o acesso a computadores e internet, no caso do Jornalismo, aproximou
“Essa transição foi o marco para
digitalização da rotina jornalística e publicitária” recurso multimídia. Apenas universitários dos últimos anos tinham acesso a esses equipamentos. Professores e funcionários tinham acesso desde 1993 à internet, com velocidade de transmissão de dados de 9,6 kbps. Em comparação, cada um dos 178 modens disponibilizados pela PUCPR, em 2020, para os universitários estudarem remotamente, têm velocidade de transmissão de 150 mil kbps. “Os computadores foram muito bem vindos e eram uma coisa nova”, comenta Josianne Ritz, jornalista formada pela universidade, de 1993 a 1996. De acordo com Ritz, que hoje trabalha no jornal Bem Paraná, a disponibilização de computadores e internet para os estudantes ajudou a reduzir a desigualdade social entre eles. “Na época, existiam pessoas com diferentes
antes da disponibilização dos computadores. A instalação dos computadores se restringiu, primeiramente, ao bloco dos cursos de engenharia. Era necessário o deslocamento até lá para fazer o uso. Ritz ressalta que a utilização desses equipamentos resolveu dificuldades da prática jornalística estudada no curso. “Foi bem na época em que a diagramação estava passando da manual para o computador. Então, a gente aproveitou bastante esse momento, ainda mais por que hoje todos esses equipamentos são muito relevantes e saber lidar com eles é essencial”. “Havia uma consciência da necessidade disso [disponibilizar computadores e internet]. Era importante que os estudantes estivessem ligados a uma experiência na universidade que não sofresse tanta diferença daquela
os universitários dos profissionais também por diminuir as limitações econômicas entre a universidade e os meios de comunicação. “Se pensarmos nos anos 90, quando começa a adaptação às tecnologias de internet, nós temos um veículo [jornal] que tem uma hegemonia no impresso. Para se publicar, ele precisa de todo um aparato que exige muito poder econômico”. A universidade já possuía uma gráfica própria, mas a impressão do jornal feito pelos estudantes - intitulado A Voz do Bairro na época - era feita por gráficas contratadas. A professora destaca o início da utilização de blogs, que não trouxe custos efetivos à universidade e pôde aumentar a produção jornalística dos estudantes, no ambiente virtual.
Acervo PUC-PR
Utilização de câmeras e equipamentos de edição
As câmeras digitais foram inseridas no curso de Jornalismo em 2001. Antes, os processos fotográficos eram feitos no laboratório de revelação de filmes da universidade. Mesmo com as câmeras digitais, ainda não era possível fazer gravações, segundo a professora de Produção de Imagem, do curso de Publicidade e Propaganda da PUC-PR, desde 2001, Fernanda Biazetto. “A qualidade era muito ruim, você podia escolher se a câmera teria um ou dois megapixels. Como você iria gravar com dois megapixels? A partir de 2005 começamos a ter as primeiras câmeras digitais que não fossem totalmente automáticas. Mesmo assim, eram bem amadoras”. Quando o técnico de estúdio Gilberto Antoniacomi começou a trabalhar na universidade, em 1990, havia apenas um estúdio de gravação de áudio e vídeo, no bloco de Medicina, com uma mesa de som e um gravador de rolo usado. De acordo com Gilberto, ele ingressou na instituição por causa da reabertura do curso de jornalismo, em 1988, após cinco anos fechado. “A edição era toda feita cortando os rolos de fita. Era muito mais difícil e trabalhoso antes da passagem do análogico para o digital, mas também o capricho do trabalho era maior”. Gilberto, que atualmente trabalha como técnico no LABCOM, também acredita que, no período analógico, os estudantes eram mais dependentes do trabalho dele. “Com os gravadores e editores digitais, os estudantes ficaram mais autônomos. Cada um pode fazer a sua própria gravação, a sua própria edição”.
Saiba mais Assista a entevista com Suyanne Souza, coordenadora do curso de jornalismo da PUC-PR. O Diário do Paraná foi o espaço de prática jornalística dos estudantes nos primeiros anos de curso.
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Curitiba, 27 de Outubro de 2021
Especial: 60 anos Jornalismo PUCPR
Matriz curricular de jornalismo está em constante atualização Suficiência em língua estrangeira, formação das DCNs e participação dos professores em uma matriz multidisciplinar foram algumas das alterações durante os 60 anos de jornalismo da PUCPR Helene Mendes Paula Braga 3º Período
O
s alunos da primeira turma de Jornalismo da Faculdade Católica de Curitiba, em 1956, estudaram disciplinas como Publicidade e Técnica do Jornal, Técnica de Periódico e Criminologia. Passados 60 anos, muita coisa mudou no curso. Algumas matérias, no entanto, continuam com a mesma essência, como é o caso de Radiojornalismo, Sociologia e Técnica de um Jornal como eram denominadas. As frequentes mudanças nas matrizes curriculares do Jornalismo da PUCPR mostram preocupação com uma modernização constante do curso. As alterações refletem a natureza da própria profissão, que está sempre em processo de atualização e aperfeiçoamento. Somente nos últimos cinco anos, a grade do curso foi alterada três vezes. As disciplinas mudam a cada semestre, com a chegada de um novo modelo de ensino. “Nós não trabalhamos mais apenas focados em disciplinas, nosso foco é o conteúdo por meio de uma matriz por competências, o que torna o currículo mais integrado. Também utilizamos metodologias ativas de aprendizagem, o que possibilidta o desenvolvimento de novas habilidades dos estudantes”, comenta a professora Suyanne Tolentino, coordenadora dos cursos Multicom da Escola de Belas Artes. De maneira geral, o modelo de ensino por competências se dá em três provocações: a propagação expansiva de conhecimento, com a necessidade de aprendizagens para os alunos de forma autêntica e o processo de avaliação contínua para o não fracasso escolar. Essa abordagem permite o pensamento curricular com enfoques qualitativos, trazendo um ensino menos técnico e conteudista para os alunos. Isso possibilita também que a educação seja vista como um processo e não como meio-fim. Suyanne diz que a principal modernização do curso nos últimos anos aconteceu através das atualizações na matriz curricular de 2018, que inseriu o modelo de redação convergente, sendo esta uma inovação metodológica. “[Nesse modelo] não se separa mais o offline do online. É uma interdisciplinaridade horizontal entre as disciplinas, que permite que os professores trabalhem de forma integrada, algo muito próximo que se encontra no mercado de trabalho.’’ Desde de sua fundação, o curso de Jornalismo da PUCPR, o mais antigo e tradicional do estado, passou por aproximadamente 14 mudanças em suas matrizes curriculares. Desde o ano de 2013, as disciplinas são regidas de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs).
No início do curso em 1956, as disciplinas do primeiro ano de formação eram voltadas ao básico conhecimento humanitário, não necessariamente aprofundada no jornalismo e suas ramificações. Matérias como dogma,
Audiovisual, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda. As quatro áreas incluídas compartilham as disciplinas, permitindo aos estudantes uma formação multidisciplinar e o desenvolvimento de projetos com graduan-
jornalísticos na internet, de que maneira se trabalha nesse meio. Acho que essa é a grande diferença entre o tempo em que eu, ou de qualquer pessoa anterior a mim, vê na grade curricular hoje’’, avalia Vidal.
“Nós não trabalhamos mais com
apenas a disciplina. Trabalhamos com a matriz por competência.” legislação da imprensa, história da civilização e geografia humana estavam presentes nas aulas do estudante calouro. A professora da PUCPR Lenise Klenk afirma que apesar das disciplinas se modernizarem com novos conceitos e linguagens, elas ainda de maneira geral se
dos de todas as habilitações do âmbito acadêmico. É observado também uma diferenciação no foco das teorias práticas do curso. Inserido nas atualizações da expansão da internet, o ensino acaba se centralizando no aprendizado de como desenvolver e produzir
Com a pandemia da Covid-19, fica ainda mais forte o uso de computadores e meios alternativos das técnicas de ensino para a forma remota através da tecnologia. O ensino por meio do sistema virtual se tornou uma realidade não só para os estudantes PUCPR, mas para todos os que estão inseridos no meio.
Daniel Castellano - Prefeitura de Curitiba / Reprodução
A PUCPR propõe questionamentos para chegar a novas respostas capazes de transformar o mundo. igualam com as de antigamente. ‘‘Antigos ou reformados, fundamentos que vêm de áreas como a da Comunicação, Sociologia, História, Economia ou Filosofia são e serão sempre de extrema importância na formação do profissional jornalista. Na PUC, ao mesmo tempo em que os estudantes têm contato com técnicas e teorias que dizem respeito ao jornalismo mais tradicional, também são inseridos com os desdobramentos que essa prática assume na era da convergência.’’ A atual proposta da PUCPR de atualização das matérias abrange três campos principais de saberes: Multidiversidade, Multiuniversidade e Multicomunicação. Além da formação do jornalista multiprofissional, com uma visão ampliada do universo da comunicação social e mais opções de atuação. Atualmente, o curso de Jornalismo da instituição faz parte deste Eixo MultiComunicação junto com os cursos de Cinema e
mídias sociais, se esquecendo da análise aprofundada de cada conteúdo que é criado. O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná (SINDIJOR-PR), Gustavo Henrique Vidal, avalia que esse aprofundamento é fundamental para a grade atual de ensino. ‘‘Na formação do curso, o foco fica na produção técnica, e não mais no conteúdo. O que falta nos cursos, é o aprofundamento teórico. É preciso ter um investimento na literatura no mesmo grau que no estudo da prática.’ Além disso, a internet também trouxe rapidez e simplicidade para os meios de comunicação, seja no setor jornalístico ou não. Agora, é muito mais fácil a propagação e divulgação de conteúdos e projetos online, atingindo assim maior quantidade de pessoas e captando o público alvo. Nisso, os eventos online também atingiram de forma positiva a matriz. ‘‘Hoje está muito mais claro e estudado como colocar os métodos
A evolução jornalística e de sua aprendizagem, portanto, passou a criar novos caminhos para matérias práticas a serem realizadas de forma online, passando por incontáveis adaptações externas e internas na grade e no curso em geral. Mesmo com a incapacidade das aulas presenciais, o ensino de jornalismo não tem parado de buscar novos meios de melhoramento. A profissão do jornalista nunca para, estando eles na linha de frente da informação e do conhecimento. Desta forma o ensino é baseado, para entregar aos alunos condições cada vez melhores para a sua formação.
Saiba mais Para ler materias especiais sobre os 60 anos do curso de joralismo da PUCPR acesse o QR Code ao lado portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 27 de Outubro de 2021
Especial: 60 anos Jornalismo PUCPR
Criação do Comunicare completa 31 anos em 2021 Jornal laboratorial da PUCPR começou no impresso e se adaptou aos meios digitais com o passar dos anos Allanis Bahr Menuci Isadora Martelli Maria Eduarda Cassins 3º Período
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m 2021, o jornal Comunicare comemora seu 31° ano de atividade. A primeira edição foi publicada em agosto de 1990, de maneira impressa. Conhecido inicialmente como “A Voz do Bairro”, a primeira edição estampava na capa algumas chamadas de notícias produzidas pelos estudantes e contava a origem e proposta do veículo. Sem imagens, datilografada e em preto e branco, a publicação surgiu destinada a moradores do Prado Velho. O jornal possuía horóscopo, plantão de farmácia, serviço de saúde e textos de opinião, além dos editorias que estão até hoje. A de Esporte possuía um espaço maior e as matérias não tinham gravata. O primeiro número contou com uma carta ao leitor, em que o professor Fernando Gerlach escreveu sobre o objetivo do jornal e seu papel dentro da sociedade curitiba-
notícias publicadas por conta da chegada da tecnologia. Desde o início dos anos 2000, o curso de Jornalismo da PUC PR passa por um processo de digitalização de suas produções laboratoriais. O Comunicare tem um acervo digitalizado integralmente na plataforma ISSUU desde 2013.
Acervo PUCPR
Isso aprimora cada vez mais o próprio Comunicare ao nível de um jornal comercial, mesmo não sendo um.” O Comunicare serve para informar, criticar e gerar reflexões e debates sobre acontecimentos pertinentes à sociedade. A construção social que o Comunicare realiza a partir de seus projetos têm o foco de dar visibilidade e
“O Comunicare serve
para informar, criticar e gerar reflexões” Conforme o tempo foi passando, o veículo foi se adaptando ao jornalismo contemporâneo e às ideias das novas gerações. Acervo PUCPR
voz para as pessoas, mantendo a ética jornalística ao fiscalizar e servir seu público, composto pela população de Curitiba e pessoas que se interessam por conteúdos da PUCPR. Na visão dos formandos, o veículo laboratorial do curso ajudou muito na formação profissional dos estudantes. Segundo a aluna do sétimo período Sofia Magagnin, a produção prática do Comunicare com o jornal impresso, a revista e o veículo online, acabaram aproximando ela da profissão e que, mesmo com os desafios em explorar as áreas e funções da imprensa, isso aprimorou seu senso crítico e olhar jornalístico.
Colagem da primeira edição do Comunicare, na época “A Voz do Bairro”. na. O docente também citou a dificuldade de publicar a “Voz do Bairro”, por conta do trabalho de produção da época. Além da falta de tecnologia e da periodicidade do Comunicare, o tipo de notícia publicada foi sempre um dos grandes desafios de estudantes e professores, diz o jornalista José Carlos Fernandes, que lecionou no curso por cerca de 15 anos. “Na época, eu já pesquisava leitor e leitura, público de jornal, essas coisas. E entendia que a gente não podia mentir para o leitor, ‘fazendo de conta’ que era um jornal ‘hardnews’, mas que saía um mês depois das entrevistas”. Com o tempo, a redação chegou à conclusão de que produzir textos mais extensos e fotos melhores eram as melhores estratégias. Atualmente, o Comunicare possui 12 páginas e oito matérias por edição. Também conta com a tradução da capa para o inglês, presença de charges e textos de opinião, infográficos e ensaios fotojornalísticos. Uma das principais mudanças percebidas entre o Comunicare de agosto de 1990 e o de junho de 2021 é o extenso número de
Hoje, conta com o jornal impresso ligado diretamente ao portal online por meio de um QR code. Para o professor Renan Colombo, responsável pelo Comunicare, essa união é fundamental para deixar o jornal relevante e profissional. “O jornal laboratorial tem um impacto fundamental na formação dos estudantes, fazendo com que eles vivenciem uma rotina jornalística mesmo em período acadêmico.
Logo no primeiro contato da aluna com o Comunicare, sua reportagem foi exposta no Intercom proporcionando lembranças que a motivaram muito. “Eu vivenciei o papel profissional de jornalista em todos os processos do Comunicare, com o trabalho em equipe e desenvolvimento pessoal. Hoje, no final do curso, reconheço que sem o Comunicare minha formação não seria integral”, observa Sofia.
Os desafios do jornal noturno Segundo o professor José Carlos Fernandes, entre o fim dos anos 90 e início dos anos 2010, existia uma certa competitividade entre os cursos do período matutino e noturno, já que a maneira de produzir matérias e tempo laboratorial acabavam sendo diferentes. Os alunos da noite trabalhavam durante o dia e, por conta disso, acabavam não tendo muito tempo para aproveitar a experiência do jornal laboratorial da mesma forma que os alunos da manhã. O professor também comentou sobre um fato curioso que ficou marcado em sua memória como professor responsável pela edição noturna: ‘’Quando o Comunicare ganhava um prêmio sempre se dizia que era graças à edição da manhã e quando perdia, era culpa da noite. Baita injustiça, mas deixei pra lá. Guardo todas as edições e me orgulho delas’’.
Leia mais Confira algumas páginas da primeira edição do Comunicare no QR code ao lado. portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 27 de Outubro de 2021
Especial: 60 anos Jornalismo PUCPR
Creation of Comunicare reaches 31 years in 2021 PUCPR’s laboratory newspaper started in the printed press and adapted to digital media over the years Allanis Bahr Menuci Isadora Martelli Maria Eduarda Cassins 3º Period
I
n 2021, Comunicare newspaper celebrates its 31st year of activity. The first printed edition was published in august of 1990. Initially known as “The Voice of the Neighborhood”, the first edition printed on the cover a few news headlines produced by the students and some explanation about the origin and purpose of the vehicle. Without images,typewritten and in black and white, the publication was aimed at residents of Prado Velho.
ved between the Comunicare of August 1990 and the one of June 2021 is the extensive number of news items published because of the arrival of technology.
The newspaper had a horoscope, pharmacy bulletin, health service, and opinion articles, in addition to the editorials that are still there to this day.The Sports section had more space and the articles had no kicker. The first edition had a letter to the reader, in which Professor Fernando Gerlach wrote about the objective of the newspaper and its role in Curitiba ‘s society. The professor also mentioned
inform, criticize and provoke reflection”
Since the early 2000s, the Journalism course at PUCPR has gone through a process of digitization of its laboratory productions. Comunicare has an entire digitalized archive on the ISSUU platform since 2013.
Besides the lack of technology and the periodicity of Comunicare, the type of news published was always one of the greatest challenges for students and professors, says the journalist José Carlos Fernandes, who lectured in the course for about 15 years. “At that time, I was already researching readers and reading, newspaper audiences, these things. And I understood that we couldn’t lie to the reader, ‘pretending’ that it was a ‘hardnews’ newspaper, but that it would come out a month after the interviews”. Over time, the newsroom came to the conclusion that producing longer texts and better photos were the best strategies. Nowadays , Comunicare has 12 pages and 8 articles per release. It also features a translated cover article in English, the inclusion of cartoons and opinion articles, infographics, and photojournalistic essays. One of the main changes percei-
Comunicare serves to inform, criticize and generate reflections and debates about events pertinent to society. The social construction that Comunicare carries out from its projects is focused on giving visibility and voice to the people while maintaining journalistic ethics
“ Comunicare serves to
As time went by, the vehicle adapted to contemporary journalism and to the ideas of the new generations.
PUCPR Archive
Photocollage of the first edition of Comunicare, in the “A Voz do Bairro” era. the struggle of publishing the “ Voice of the Neighborhood”, because of the production work at the time.
itself to the level of a commercial newspaper, even though it isn’t really one.”
Today, the printed newspaper is linked directly to the online portal by a QR code. For Professor Renan Colombo, who coordinates Comunicare, this union is fundamental to make the newspaper relevant and professional. “The laboratory newspaper has a fundamental impact on the formation of students, allowing them to experience a journalistic routine even during the academic period. This increasingly enhances Comunicare
in monitoring and serving its audience, composed of the population of Curitiba and people who are interested in PUCPR’s content. In the vision of the graduates, the laboratory vehicle of the course helped a lot in the professional formation of the students. According to seventh period student Sofia Magagnin, the practical production of Comunicare with the printed newspaper, the magazine and the online vehicle, ended up bringing her closer to the profession and that, even with the challenges in exploring the areas and functions of the press, it has improved her critical sense and journalistic outlook. Soon after her first contact with Comunicare, her article was exposed on Intercom, providing memories that greatly motivated her: “I experienced the professional role of a journalist in all the processes of Comunicare, with team work and personal development. Today, at the end of the course, I recognize that without Comunicare my training would not be complete,” remarks Sofia.
The challenges of the nightly period Journal According to Professor José Carlos Fernandes, in the late 90s and early 2010s, there was a certain competitiveness between the morning and night courses, since the way of producing articles and lab time ended up being different. The evening students worked during the day, and because of that, they didn’t have much time to enjoy the experience of the jornal laboratorial in the same way as the morning students. The professor also commented about a curious fact that was marked in his memory as the teacher responsible for the night edition: “When Comunicare won an award they always said it was due to the morning edition and when it lost, it was the night edition’s fault. A great injustice, but I let it go. I keep all the editions and I’m proud of them”.
Read More Check out some pages from the first edition of Comunicare in the QR code on the right. portalcomunicare.com.br
PUCPR Archive
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Curitiba, 27 de Outubro de 2021
Especial: 60 anos Jornalismo PUCPR
Ex-alunos relatam como Jornalismo da PUCPR marcou suas vidas Em conversa, alguns dos jornalistas formados pela PUCPR relembram histórias sobre o curso
Georgia Giacomazzi Giulia Militello Milena Chezanoski 3º Período
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urante 60 anos de história, o curso de Jornalismo da PUCPR capacitou diversas gerações de profissionais. A maior parte deles formada por nomes muito atuantes em diversas áreas da imprensa. Para se ter uma ideia, a rede social LinkedIn registra que há 1.394 jornalistas diplomados pela instituição. O número é bem conservador, mas revela que ao menos 937 trabalham diretamente com comunicação. Em comemoração ao aniversário do curso, o Comunicare foi ouvir ex-alunos sobre as experiências e os momentos marcantes com a universidade durante a graduação. Marcelo Lopes Dias, atualmente diretor de programação e produção da RPC, se formou na PUCPR no início dos anos 1990. O jornalista conta que durante sua graduação era incentivado a buscar por seus objetivos, e isso
gerando uma interação entre os alunos e a comunidade.“Foi aí que eu tive a minha primeira experiência de ouvir o público, entender as necessidades dele através do jornal que a gente fazia. Isso ficou muito marcado
“Na PUC tive a minha
primeira experiência de ouvir o público” para mim e depois levei para a minha carreira.” Nos anos de 2012 e 2013, Marcelo voltou para a universidade. Dessa vez como professor de um curso de extensão de Jornalismo Esportivo. E conta que foi melhor do que esperava. “É
Acervo da Ex-aluna Joyce Carvalho
Formatura da jornalista Joyce Carvalho, em 2002 pela PUCPR. ficou como uma lição para sua vida profissional. “Ir buscar o que eu espero e o que eu preciso para alcançar os meus objetivos, profissionais ou a resposta para uma matéria ou reportagem.” O jornalista também lembrou de projetos que participou durante o curso e que o ajudaram a crescer como profissional. Sua turma participou da criação do jornal laboratório “A Voz do Bairro”, focado na comunidade ao redor da PUC. No qual, os alunos faziam a distribuição das edições nas casas vizinhas,
período observando o trabalho em locais credenciados. Ela diz que essa foi sua porta de entrada para o mercado de trabalho. Josianne chegou a implantar um projeto semelhante ao
muito bom conseguir ajudar e trocar experiências com quem está indo buscar o que quer, é fantástico, foi uma experiência muito boa mesmo.” A chefe de redação do jornal e portal “Bem Paraná”, Josianne Ritz, também fez sua graduação na PUC e lembra que ficou vislumbrada ao entrar no curso. “Era um mundo novo.” A jornalista, formada em 1996, revela que no período em que estudou na universidade participou do estágio de observação de 30 dias, no qual o estudante ficava este
de observação de 30 dias no jornal Bem Paraná. A iniciativa durou 4 anos, reproduzindo a antiga experiência do tempo da universidade. A chefe de redação lembra também que as estruturas que a PUC fornecia na época eram excepcionais. Mas que mesmo assim, ela considera que os trabalhos em grupos foram fundamentais para a formação como uma boa profissional. “A capacidade de se colocar no lugar do outro é um exercício diário para gerar pautas que façam a diferença na sociedade. E isso começa na graduação.” A jornalista Ana Flávia Silva, da rádio BandNews, também cursou jornalismo na PUC, entre 2009 e 2012. Ela também criou um portal, em 2018, o “Tudo Já Existe”, focado em notícias que mostram o que já existe de bom, contando histórias inspiradoras. “O meu portal nasceu para dar mais visibilidade a estas histórias, com foco no que existe de bom no mundo.” Ana Flávia relembra suas experiências com o jornal Comunicare e como era uma forma de grande aprendizado. Revela que aprendeu a abordar entrevistados, planejar pautas e se organizar com os prazos de entrega das reportagens. Recentemente, ela voltou para a PUC, em 2020, quando apresentou o Prêmio Cabeça - honraria interna do curso, que contempla os trabalhos de alunos das áreas Acervo da ex-aluna Josianne Ritz
de comunicação. “Foi muito legal voltar e ver o quanto a universidade mudou.” Joyce Carvalho se formou no ano de 2002 na Pontifícia e hoje apresenta o jornal da manhã na rádio CBN. Para ela, a graduação foi uma época de descoberta e conhecimento, que contribuíram para além da formação profissional. “Foi um período realmente muito marcante na minha vida.” A jornalista lembra que os cursos extensionistas e palestras para aperfeiçoamento marcaram sua formação, e ainda deixou um recado para os atuais estudantes. “A gente tem que lembrar que tudo que a gente faz agora pode parecer pesado, pode parecer chato, mas é um investimento pra gente na carreira e na vida.” Joyce também relatou suas ótimas experiências ao voltar para a PUC. “É sempre bom conversar com o pessoal que tá agora na faculdade, a gente compartilha a jornada, sabe?” Ela também ministrou o curso de extensão em Jornalismo Esportivo, junto com o já mencionado, Marcelo Dias.
A universidade
Para formar bons profissionais é necessário que a instituição adote métodos e diferenciais que contribuam com a formação do aluno. Coordenador durante os anos de 2012 a 2018, Julius Nunes conta como funciona a preocupação da PUCPR na formação de seus estudantes. “Não basta ele ser mais um profissional, ele precisa ser O profissional.” Nunes relata que incentivava a participação dos estudantes em congressos importantes como Intercom e Expocom. “Fomos algumas vezes para congressos de ônibus, pagos pelo curso de jornalismo, levando uma galera para a gente representar a instituição.” O jornalista relembra outras mudanças que fez, incluindo a implantação do Portal Comunicare e a Redação Integrada Convergente, hoje chamada Fatos. Além de remodelar os outros veículos do jornal laboratório. Ele conta também que a equipe docente começou a ter uma proximidade maior com os alunos, e que isso foi muito importante. “Os professores e a coordenação ficaram muito mais próximos dos alunos e isso trouxe para a gente resultados muito legais.”
Leia mais Veja a matéria completa no portal pelo QR code ou acesse: Alunas da turma de 1996, amigas da jornalista Josianne Ritz (no canto esquerdo da foto),
portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 27 de Outubro de 2021
Especial: 60 anos Jornalismo PUCPR
Curso de Jornalismo da PUCPR investe em projetos extensionistas O curso é o único do Paraná que possui um projeto de redação convergente e consolida-se como o mais premiado do estado Arthur Henrique, Juliane Capparelli e Letícia Fortes 3º Período
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Divulgação/PUCPR
á 60 anos, o curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) se destaca pela adoção de diversos projetos extensionistas, que visam aliar as referências teóricas ensinadas em sala à prática jornalística durante a graduação. Entre os projetos que já passaram pelo curso, estão o programa Os Comunicadores, o jornal laboratório Voz do Bairro e o estágio no Diário do Paraná, que ocorreu entre os anos 1950 e 1960. Hoje, alguns dos projetos ofertados aos estudantes incluem a publicação de matérias e reportagens para o Portal e o jornal impresso Comunicare, a produção da revista CDM, as transmissões da Webrádio e da WebTV Comunicare, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e o projeto de contraturno Fatos Narrativas Midiáticas. O PIBIC é uma das opções de iniciação científica oferecidas aos estudantes durante a graduação. O sistema de bolsas é financiado por instituições como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a Fundação Araucária e pela própria PUCPR, que apoiam o desenvolvimento científico dos alunos. Com sete projetos de pesquisa ativos no período de 2020 a 2021 no curso de Jornalismo, os acadêmicos
A produção jornalística do curso ocorre na sala da Fatos, localizada no Labcom. A Fatos Narrativas Midiáticas é a redação convergente de Jornalismo da PUCPR. Voluntários de diferentes períodos do curso produzem conteúdos durante o contraturno, sob a supervisão dos professores Lenise Klenk e Renan Colombo. Uma das participantes do projeto é a estudante do 1° período de jornalismo Giovanna Catapan, que recomenda o projeto. Para ela, a oportunidade de escrever para o Portal Comunicare foi essencial para melhorar sua escrita. “É muito legal poder aprender na prática estando no primeiro semestre e poder ter contato com os veteranos”, diz.
jornalísticos, laboratório de rádio, ilha de edição de material sonoro e audiovisual e a bancada para gravação de telejornais e programas variados. Além de possuir um aparato técnico, o LabCom conta com salas de aula e laboratórios para todos os cursos do eixo Multicom da PUCPR, que inclui Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Cinema e Audiovisual. Com uma matriz inovadora e integrada, os cursos Multicom compartilham disciplinas e proporcionam uma formação multidisciplinar. “Multicom é um termo, mas é esse olhar
“Estudantes e professores devem
produzir informações que estejam a serviço da sociedade e do país” indicados elaboram um projeto de pesquisa vinculado à área de pesquisa de seus professores orientadores e desenvolvem o estudo de modo remunerado ou voluntário. Os resultados da pesquisa devem ser apresentados durante o Seminário de Iniciação Científica (SEMIC) e publicados online. Para o professor Marcos José Zablonsky, doutor em Educação e orientador da iniciação científica, trabalhar com pesquisa ultrapassa a experiência acadêmica. “Estudantes e professores devem produzir informações que estejam a serviço da sociedade e do país, que contribuam para a ciência, para o desenvolvimento da reflexão e para a implementação de políticas públicas.” Além disso, a visão crítica e a pesquisa são importantes para os estudantes do curso, que devem ser criativos e inovadores, já que o enfrentamento do mercado de trabalho é de múltiplas possibilidades.
O Portal Comunicare é a plataforma que reúne e divulga os conteúdos e materiais jornalísticos dos alunos. Por isso, ele agrega as produções da Fatos Narrativas Midiáticas e da Rede Comunicare de Comunicação, o conjunto de veículos laboratoriais de jornalismo, que inclui o jornal impresso Comunicare, a revista CDM (nos formatos impresso e digital), a Webrádio e a WebTV Comunicare. Os estudantes de Jornalismo participam da produção ativa de seis edições do jornal impresso e duas edições da revista CDM por semestre, enquanto as produções da Webrádio e da WebTV são realizadas em caráter experimental, dentro das disciplinas. As atividades da Fatos e do Portal Comunicare são realizadas no Laboratório de Comunicação (LabCom) da Escola de Belas Artes da Pontifícia. Esse espaço reúne computadores equipados com diversos programas para produção e edição de conteúdos
plural, essa visão de mundo mais aberta, mais empática e tolerante”, segundo Marcos José Zablonsky. O professor titular de Relações Públicas, Jornalismo e Publicidade e Propaganda complementa dizendo que “a missão já está cumprida” ao conseguir instigar os estudantes a ampliar seus conhecimentos por meio da conexão entre informações e da integração com a realidade. O resultado dos melhores trabalhos desenvolvidos pelos acadêmicos de Jornalismo da PUCPR são reconhecidos através de premiações, como o Prêmio Cabeça, realizado pela universidade, e a Intercom, em nível regional. O Prêmio Cabeça irá mudar de nome esse ano para Prêmio Insight, incluindo também outros cursos Multicom. No evento, a relevância do tema, criatividade e a qualidade técnica do trabalho são avaliados para conceder um troféu ao vencedor da categoria e certificados ao segundo e terceiro lugar.
Em 2020, na quinta edição realizada do prêmio, as estudantes Sabrina de Ramos e Brunna Gabardo ganharam todas as colocações em “Reportagem Impressa para Jornal”. Sabrina conta que ela e a amiga não imaginavam ganhar o primeiro, segundo e terceiro lugar de uma mesma categoria. “É um dos momentos mais felizes que eu tenho aqui no curso. É muito gratificante ganhar alguma coisa com relação ao trabalho que a gente faz”, diz. Elas atribuem a vitória ao esforço e dedicação da dupla, ao apoio dos familiares e ao auxílio dos professores. “Hoje eu sou mais confiante no que eu faço, eu aprendi a valorizar mais os meus trabalhos e as minhas conquistas também”, comenta a acadêmica. A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) é um dos maiores congressos regionais voltados à área da comunicação. Os trabalhos finalistas são selecionados para participar de uma premiação nacional, o Expocom. Segundo a diretora Regional Sul da Intercom Cristiane Finger, a instituição “estimula a troca de conhecimento entre pesquisadores e profissionais do mercado da comunicação”. Ela coordena os congressos e diz que a participação dos alunos de graduação é muito importante, porque além de mostrar suas pesquisas, eles trocam conhecimento. “É muito importante participar, tanto para a Universidade quanto para o currículo dos alunos que já se formam com um diferencial”, avalia a diretora.
Leia mais Confira trabalhos vencedores nas últimas edições do Sangue Novo. portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 27 de Outubro de 2021
Especial: 60 anos Jornalismo PUCPR
Futuro do Jornalismo PUCPR passa pelo Núcleo Multicom Com evolução do mercado de trabalho, PUCPR propõe matriz inovadora integrando os cursos de comunicação Giovana Bordini Mariana Alves Mariana Toneti 3º Período
Divulgação/PUCPR
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á 60 anos, o curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) era a novidade da capital. Seis décadas se passaram, mas a inovação e preocupação com o futuro ainda são características do DNA dessa graduação. Hoje, o novo horizonte dos alunos da Escola de Belas Artes - que envolve Arquitetura, Design, Cinema e Audiovisual, Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Relações Públicas - é ser multicomunicação. Além do mercado de trabalho mais exigente, há também a evolução constante das tecnologias e formas de linguagem. Por tais motivos, os cursos Multicom compartilham disciplinas, laboratórios e experiências, a fim de proporcionar um comunicador completo. O jornalista e
O setor de comunicação da PUCPR conta com um campus exclusivo, com a junção dos diversos laboratórios dos cursos. a acadêmica também considera “uma ótima forma de conhecer os outros meios e formas de comunicação’’.
“sejam capazes de produzir o seu próprio conteúdo; profissionais que tenham autonomia e a capacidade de ser polivalente,
“É importante que um curso possa combinar o preparo técnico com a formação cultural e intelectual” professor da PUCPR Paulo Camargo afirma que o jornalismo do futuro será multimidiático, por isso, o aluno de Belas Artes da universidade já inicia a vida acadêmica com experiência em diversas áreas da comunicação. Outro benefício é a possibilidade de cursar uma segunda graduação de comunicação em menos tempo, já que muitas disciplinas se encontram anteriormente. Esse fator foi um incentivador para a caloura de Jornalismo Marina Poland, uma vez que “todos os cursos estão no mesmo círculo”. Além disso,
O que significa ser multi comunicador?
Para o jornalista e pesquisador Rogério Christofoletti, o próximo passo do jornalista é a busca pelo aperfeiçoamento, mas, além de tudo, ser um profissional com versatilidade. “Ser versátil significa mais que ele esteja disposto a aprender coisas novas sempre, que possa migrar de uma função para outra com alguma agilidade, e que compreenda que o jornalismo é uma atividade ampla e necessária.” Para Camargo, a nova realidade do mercado pede pessoas que
com essas habilidades diversificadas.” O desafio é grande, mas os benefícios são inúmeros, já que “este será um profissional que vai conseguir se encaixar em muitas e diversas posições, e isso vai lhe dar um poder maior de barganha dentro do mercado de trabalho.”
Perspectivas para o futuro
Monique Vilela é jornalista, formada na PUCPR em 2004. O que sempre chamou a atenção dela foi a tradição da instituição na formação de jornalistas. A repórter da Banda B comenta que a formação acadêmica é a
sustentação para o início da caminhada no mercado, algo que tende a permanecer vigorando com mais qualidade e ambição do corpo docente na Pontifícia. O curso é muito híbrido. Paulo Camargo ainda comenta que uma competência apenas não combina mais com o perfil atual de um comunicador, tendo em vista sua função social. Além disso, Rogério Christofoletti enfatiza: “muitos meios estão recorrendo a diversas formas para chegar ao seu público, por meio de podcasts, canais de streaming, newsletters, de maneira a envolver seu público e garantir a sua atenção. Bons jornalistas são curiosos sempre, pois há muito a se descobrir, há muito a ser revelado.”
Leia mais Conheça os espaços do Laboratório de Comunicação da PUCPR. portalcomunicare.com.br
Projetos do Núcleo Multicom A Escola de Belas Artes (EBA) da PUCPR forma profissionais inovadores, criativos, críticos, colaborativos, pesquisadores e empreendedores para atuar no meio em que vivem, contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade justa e sustentável, visando ao bem-estar e à qualidade de vida das pessoas. A estrutura é constituída pelo equilíbrio entre conceituação e realização, relacionando conteúdos criativos, inovadores e interdisciplinares com a busca para concretizar os conceitos em estratégias, sistemas, produtos e espaços, orientados para a construção do bem comum.
O Bureau é o laboratório especial de aprendizagem do curso de Relações Públicas, onde os estudantes atendem clientes externos, além de departamentos internos da PUCPR, e um dos destaques do curso. O laboratório fica localizado no LabCom. O estudante de Relações Públicas da PUCPR tem uma formação humana com um olhar diferenciado para a diversidade, a cidadania, a autonomia e a justiça social. De forma dinâmica, moderna e inovadora, o curso prepara o profissional para resolver problemas complexos, especialmente no âmbito das relações comunicacionais.
A Célula é a agência experimental do curso de Publicidade e Propaganda da PUCPR, nela os alunos têm aulas e atividades no contraturno. A estrutura foi projetada para ser um ambiente que reflete o dia a dia da publicidade em suas diversas frentes de atuação e trabalhando, com a supervisão dos professores, para marcas de produtos e serviços que existem de verdade. Um dos diferenciais do curso é a utilização de metodologias ativas e nos processos Hands On, por meio dos quais você aprende participando de atividades em que soluciona problemas concretos.
A Fatos Narrativas Midiáticas é a central de produção convergente de conteúdo do Curso de Jornalismo da PUCPR. Ela funciona como um projeto de contraturno, com participação voluntária de estudantes de múltiplos períodos do curso, que atuam sob a supervisão do corpo docente. Na Fatos, os estudantes produzem informação em tempo real, com cobertura diária, para diversos veículos de comunicação.O curso tem como base a propagação de informação, a aplicação tecnológica, a conduta empreendedora e a consciência cidadã, de forma integrada e flexível.
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Especial: 60 anos Jornalismo PUCPR
Viagem no tempo Antes da inserção da tecnologia nas redações e faculdades, o trabalho manual fazia parte da rotina produtiva jornalística Centro de Memória PUCPR
Aspecto parcial da redação no período noturno.
Máquina rotativa. Seção final. O jornal está totalmente impresso.
Parte da seção de datilogradfia. Setor de máquina de datilografia.
Calandragem das páginas. O Chefe das Oficinas verifica a impressão no “flan”.
Na rotativa dão selecionados os primeiros exemplares.
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Curitiba, 27 de Outubro de 2021
Especial: 60 anos Jornalismo PUCPR
Linha do tempo Confira alguns dos principais fatos históricos envolvendo o curso de Jornalismo da PUCPR. Além de pioneiro no Paraná, nossa formação também foi a primeira a ter um jornal laboratório e a única da região a contar com uma estrutura como a sala Fatos Narrativas Midiáticas