E d iç ão n Úm ero 2 - A B R I L
A SIRENE PARA NÃO ESQUECER
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A SIRENE
Abril de 2016
EDITORIAL No dia 5 de abril fez cinco meses que a Barragem de Fundão rompeu, impactando de diferentes maneiras a vida das populações que residem entre mariana (mG) e Regência (ES). A data não é comemorativa, mas reflexiva. Até o momento, o processo de investigação desse crime ambiental está suspenso, aguardando a definição da competência dessa tarefa: Polícia Civil ou Federal. Não temos um relatório técnico conclusivo sobre as causas que levaram a esse rompimento. A possibilidade de se construir novos diques na área situada abaixo das atuais barragens pode colocar em risco a conservação do que restou das posses, da vida e das memórias dos atingidos do subdistrito de Bento Rodrigues. E, por fim, é visível que parte dos moradores considerados como atingidos demonstra que o processo de adaptação na sede municipal não está sendo simples, vide a maneira preconceituosa como são tratados por uma parcela dos marianenses. Abril tem sido também um mês de ações importantes para a defesa dos direitos dos atingidos, como a nota publicada pelo Coletivo #UmminutodeSirene chamando atenção para o necessário tombamento das áreas urbanas e de entorno de Bento e Paracatu. Ação que conta com o apoio de importantes instâncias locais,
como o COmPAT e o ministério Público, e de parte significativa dos atingidos. Nossas ações serão sempre voltadas para a luta pelos direitos das famílias impactadas, para a conservação e a ampliação das formas de comunicação por elas utilizadas e para a escolha dos novos espaços onde os atingidos serão reassentados. As matérias apresentadas nessa terceira edição do jornal A Sirene traduzem um pouco do cenário atual. Citamos três. direito de Entender contribui para o esclarecimento das questões jurídicas que envolvem o dia-a-dia das famílias impactadas, já que nessa área ainda há muito o que se esclarecer. Projetando Esperanças focaliza os projetos que os moradores da Ponte do Gama, outra área afetada pelo rejeito, têm pensado para tentar reconstruir seus cotidianos. Não morava Lá? Não Tem direito! reflete sobre os problemas que alguns moradores ainda vivenciam, mesmo 5 meses depois, para conseguirem os seus direitos básicos junto à empresa Samarco. Sem dúvida, essa nova edição apresenta um jornal mais maduro e representante das questões que afligem atualmente os atingidos na região de mariana. Um jornal feito com e para eles. #UmMinutoDeSirene
CONTATOS ÚTEIS MARIANA Escritório da Comissão dos Atingidos Rua Bom Jesus, 202 - Barro Preto Site: http://somos-bento.webnode.com/ Escritório da Samarco Rua Bom Jesus, 157 - Barro Preto Telefone: 0800 031 2303 movimento dos Atingidos por Barragens (mAB) Contato: Letícia Oliveira Telefones: (Claro) 98476-8865 (Vivo) 99809-0774 Email: secretariamabzm@yahoo.com.br POLiCARd (Pendências nos cartões) 0800 9404300 para ligações de telefone fixo 40071367 para ligações locais ou celular ministério Público Av. Getúlio Vargas s/n. Bairro Centro Telefone: 3557-1517 / 3557-2820 Secretaria de desenvolvimento Social e Cidadania Telefone: 35571640
Secretaria de Saúde - Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Telefone: 3558-2229 / 3558-5494 BARRA LONGA Comissão de atingidos/mAB Contato: Thiago Alves Telefone: (Claro) 98496-5103 Email: secretariamabzm@yahoo.com.br ministério Público R. Vigario miguel Chaves, 17 – Centro Ponte Nova Telefone: 3881-2998 / 3881-4094 Psicologia (L. Laura Lana) Telefone da Policlínica: 3877-5528 12h às 18h GRUPOS DE APOIO INDEPENDENTES Pensadores inconfidentes (mariana) Curso preparatório para o ENEm (Exame Nacional do Ensino médio) Contato: Bruno Jhonatan Costa Lima
Telefone: 31-99300-7824 Email: lima.bjc@gmail.com Facebook: https://www.facebook.com/ groups/960987290621987 Caravana Territorial da Bacia do Rio doce (mariana) denúncias sobre violação de direitos e impactos ambientais Contato: morgana maselli Telefone: (21) 2253-8317 (ramal 246/231) / 98805-0561 Email: caravanariodoce@gmail.com Coletivo margarida Alves (Belo Horizonte) Assistência Jurídica Site: http://coletivomargaridaalves.org/ Facebook: https://www.facebook.com/cole tivomargaridaalvesap/?fref=ts Email: coletivomargaridaalves@gmail.com Endereço: Av. Francisco Sales, nº 531, Bairro Floresta - Belo Horizonte Telefone: 31-3889-2013
EXPEDIENTE
Realização: Atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão/mariana | Apoio: #UmminutodeSirene e iCSA/UFOP | Editor: Gustavo Nolasco | Colaboradores: Adelaide dias, Ana Cristina maia, Ana Elisa Novais, Airton Sales, Elke Pena, Emilio Carlos, Fernanda Tropia,
Gislene Cardoso, Flávio Roberto Barbosa, isabella Walter, José Estevão martins (Zezé), Juçara Brittes, Kleverson Lima, Letícia Oliveira, Lucas de Godoy, Lucimar muniz, Luiza Geoffroy, madalena das dores, maria do Carmo da Consolação, marinalva Salgado, marília mesquita, marlene Agostinha martins, marlene martins dos Reis, manoel marcos muniz, mauro marcos da Silva, mônica dos Santos, milton Sena, Rodolfo meirel, Sérgio Papagaio, Silvana dutra, Silvany diniz, Stenio Lima| Fotografia: Ana Elisa Novais, Lauro morais, Lucas de Godoy, Rodolfo meirel e Stenio Lima | Projeto Gráfico/Diagramação: Lara massa, marilia mesquita, Silmara Filgueiras, Stenio Lima | Revisão: Ana Cristina maia, Ana Elisa Novais | Agradecimentos: Carlos Barbosa (Bié da Campina), Elias Souza, Gladismar inácio, Kleverson Lima, maria das Graças Quintão, maria José Horta Carneiro (Lilica), movimento dos Atingidos por Barragens - mAB, Padre Geraldo martins, Rádio Brota, Simária Quintão, Terezinha Lino, Thiago Alves, Wilson miliano dos Santos (Seu Nonô)| Impressão: Sempre Editora | Tiragem: 2.000 exemplares | Contato: umminutodesirene@gmail.com.
Abril de 2016
A SIRENE
O direito de entender Por Maria do Carmo da Consolação (Carminha), Manoel Marcos Muniz, Mauro Marcos da Silva, Mônica dos Santos Com apoio de Ana Elisa Novais e Letícia Oliveira Respondido por Guilherme Meneguin
Onde e como estão sendo tomadas as decisões sobre nossos direitos?
Nas reuniões com a Samarco e a Comissão dos Atingidos, em assembleias públicas com todos os atingidos e dentro da Ação Civil Pública que nós do ministério Público ajuizamos. Nela, o acordo foi: R$ 20 mil a cada família. R$ 10 mil como verba de manutenção e R$ 10 mil de adiantamento da indenização, cujo valor final ainda não foi estipulado. desses valores, R$ 10 mil serão descontados do valor futuramente, mas os outros R$ 10 mil não podem ser descontados. da mesma forma com as indenizações das famílias que perderam parentes. Elas receberam um adiantamento de R$ 100 mil. As famílias que não receberam esses valores ainda podem requerê-lo, mas se entraram com ações individuais terão que esperar a liberação. É importante frisar: o que não foi decidido ainda pode entrar em outras audiências. É preciso que todos participem das reuniões e acompanhem as negociações.
Uma pessoa que cultivava algum produto e vendia, mesmo que informalmente, também pode receber o cartão, já que perdeu sua renda? Essas são situações que ainda precisam ser analisadas caso a caso. Pode acontecer de a pessoa ter perdido uma parte ínfima, por exemplo, menos de 10% da sua renda.
Esses casos não entram agora na ação coletiva. Agora, se uma pessoa teve comprometida uma parte significativa da sua renda nessa produção rural, ainda que ela tivesse outro emprego, ela tem direito ao cartão. infelizmente, ainda não foi estabelecido um percentual significativo e fixo para essa questão da perda de renda. mas todas as situações precisam ser analisadas, porque uma pessoa que recebia salário mínimo e perdeu parte dessa renda tem muito mais prejuízos que aquela que recebia R$ 10 mil e teve comprometido 10% de seus rendimentos.
Temos direito a requerer mudança nesse tempo em que estamos em casas alugadas?
A empresa tem que arcar com os custos quando houver qualquer problema e uma justificativa, seja por questões de saúde, problemas graves com a moradia ou qualquer outro motivo que justifique a mudança de residência. A Samarco se comprometeu a assegurar moradia adequada, e em um caso como o da dona Efigênia do Bento, cujo imóvel foi condenado pela defesa Civil, foi necessário realizar a mudança. Em uma situação de saúde, por exemplo, se a pessoa vai fazer uma cirurgia e não pode mais conviver em um apartamento, mesmo que tenha escolhido um na pressa de sair do hotel, ela tem direito a mudar.
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Agenda
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Por Milton Sena, Mônica Santos Apoio de Ana Elisa Novaes
MARÇO
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Reunião Pública Geral dos Atingidos de Mariana/Samarco/Ministério Público
Foram trazidas respostas sobre as cobranças realizadas na última reunião geral. Já foram indenizados 57 veículos. Serão pagas as contas de luz de novembro 2015 a janeiro de 2016 (vencimento em fev/16). Os boletos bancários de dívidas contraídas antes do dia 05/11/15 também serão pagos, inclusive as multas por atraso de pagamento e parcelamentos. Cobramos respostas pelo não cumprimento de acordos judiciais de dezembro/Janeiro. Foi-nos colocado que 08 casos aguardam reunião com ministério Público/Secretaria de Ação Social. Cobramos a contratação de equipes técnicas especializadas e indicadas pelos atingidos, o que será considerado e estudado de acordo com a necessidade de cada programa (no caso das indenizações, assessoria jurídica, por exemplo). Cobramos a necessidade de que as negociações sejam somente coletivas, e assumimos o compromisso de definir regras gerais e só depois partir para os casos individuais. Cobramos a divulgação do estudo de impacto em caso do rompimento da barragem de Germano. Ficou decidido que esse estudo será apresentado na reunião de 28/04/16, a todos atingidos, às 18h no Centro de Convenções.
ABRIL
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Um Minuto de Sirene Foi realizado o quinto ato #UmMintutoDeSirene na Praça da Sé, em mariana. Projetamos o vídeo "É a lama, é a lama" na fachada da igreja da Sé, para mostrar que somos sim, todos atingidos: marianenses, mineiros, brasileiros. Lemos um manifesto, com algumas críticas sobre a situação atual. Abraçamos a causa do tombamento das áreas atingidas, para que a memória viva do que aconteceu ajude a impedir novas tragédias. Apoiamos atos de solidariedade dos atingidos. Para saber mais, acesse no Facebook: #UmMinutoDeSirene
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Reunião Pública Geral dos Atingidos de Mariana/Samarco/Ministério Público
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Reunião da Comissão dos Atingidos
Esta reunião tratou da apresentação das conclusões sobre os terrenos para reconstrução do Bento, sendo marcado para o fim de semana de 09/04/2016 para visita aos locais. Sobre o restante da pauta não houve decisão, ficando a vaga promessa de que "vamos providenciar".
iniciaram-se no dia 02 de abril as negociações entre a Comissão dos Atingidos, mP e Secretaria de Assistência Social para definir o destino do restante do material das doações. Ficou decidido que deveriam ser postos à disposição dos atingidos no período de 02/04 a 15/04. depois ficariam à disposição das instituições (APAE, Figueira, dentre outras) por uma semana. Na sequência, para as Associações Comunitárias e por fim às famílias carentes assistidas pela Secretaria de Ação Social. Toda a distribuição será feita pela Comissão dos Atingidos, com apoio da Samarco.
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Passagem da Caravana Territorial da Bacia do Rio Doce por Barra Longa Reunião do MAB com o Ministério Público Federal e CIMUS - 14h - Câmara municipal de mariana - Objetivo debater pautas dos atingidos
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Culminância da Caravana Territorial da Bacia do Rio Doce - de 8h às 19h - Praça dos Pioneiros - Governador Valadares
Reunião Grupo de Trabalho de Ponte do Gama (16h) e Bento Rodrigues (17h) - Escritório dos Atingidos Reunião de negociação de Paracatu, Ponte do Gama, Pedras, Campinas e Camargos com a Samarco e o Ministério Público - 18h - Centro de Convenções Passagem da Caravana Territorial por Rio Doce e por Santa Cruz do Escalvado
Reunião Grupo de Trabalho de Ponte do Gama/Samarco - 10h - Casa de dona Terezinha - Ponte do Gama Ato Público da Caravana Territorial da Bacia do Rio doce - 9h - Praça dos Pioneiros - Governador Valadares Reunião interna da Comissão dos Atingidos - 18h - Escritório dos Atingidos Reunião Grupo de Trabalho de Paracatu - 19h30 - Escritório dos Atingidos Audiência Pública sobre o processo de tombamento das localidades de Bento Rodrigues e Paracatu – 18h – Centro de Convenções Reunião interna da Comissão dos Atingidos - 18h - Escritório dos Atingidos Reunião Grupo de Trabalho de Paracatu - 19h30 - Escritório dos Atingidos
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Reunião Grupo de Trabalho de Bento Rodrigues - 17h - Escritório dos Atingidos Reunião Pública Geral dos Atingidos de Mariana/Samarco/Ministério Público - 18h - Centro de Convenções
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Tribunal Popular dos Crimes Contra Mineração - 9h às 18h - Assembleia Legislativa de minas Gerais - Belo Horizonte
MAIO
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Reunião interna da Comissão dos Atingidos - 18h - Escritório dos Atingidos Reunião Grupo de Trabalho de Paracatu - 19h30 - Escritório dos Atingidos Reunião de Negociação dos atingidos de Bento Rodrigues/Samarco/Ministério Público - 18h - Centro de Convenções Reunião interna da Comissão dos Atingidos - 18h - Escritório dos Atingidos Reunião Grupo de Trabalho de Paracatu - 19h30 - Escritório dos Atingidos Reunião Grupo de Trabalho de Ponte do Gama - 16h - Escritório dos Atingidos Reunião Grupo de Trabalho de Bento Rodrigues - 17h - Escritório dos Atingidos Reunião de negociacão dos atingidos de Paracatu, Ponte do Gama, Pedras, Campinas e Camargos com a Samarco e o Ministério Público - 18h - Centro de Convenções
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Reunião Grupo de Trabalho de Ponte do Gama/Samarco - 10h - Casa da dona Terezinha Ponte do Gama
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Reunião interna da Comissão dos Atingidos - 18h - Escritório dos Atingidos Reunião do Grupo de Trabalho de Paracatu - 19h30 - Escritório dos Atingidos
Reunião interna da Comissão dos Atingidos - 18h - Escritório dos Atingidos Reunião Grupo de Trabalho de Paracatu - 19h30 - Escritório dos Atingidos Reunião Grupo de trabalho temático de Bento Rodrigues - 17h - Escritório dos Atingidos Reunião Pública Geral dos Atingidos de Mariana/Samarco/Ministério Público - 18h - Centro de Convenções
Reunião de negociação dos atingidos de Bento Rodrigues/Samarco/Ministério Público 18h - Centro de Convenções Reunião interna da Comissão dos Atingidos - 18h - Escritório dos Atingidos Reunião do Grupo de Trabalho de Paracatu - 19h30 - Escritório dos Atingidos
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A gente explica Amor:
1. sentimento expressado pelas pessoas 2. é o que eu sinto pelo Bento 3. pela natureza 4. é o sentimento mais bonito de todos.
Comunicação: 1. o nosso
jornal A SIRENE 2. coisa muito importante entre as pessoas 3. ação de emitir e receber mensagens, importante para esclarecer todo mundo.
Compensação:
1. fazer coisas que não tinha antes para compensar o que a empresa não irá conseguir fazer
Coragem: 1. capacidade de
agir, apesar do medo 2. o que os moradores tiveram para correr da lama 3. defender muito o que nos interessa e no que acreditamos.
Desapropriação: 1. perda da propriedade 2. mais um ato covarde da empresa com a gente 3. uma triste possibilidade 4. uma triste realidade.
Dique: 1. uma desculpa para
não falar que é uma barragem 2.
por causa do rompimento 3. obra da engenharia para conter a água, ou seja, barragem.
Meio ambiente: 1. a lama
arrastou com ela 2. lugar que deve ser preservado 3. local em que vivemos, que envolve todas as coisas vivas e não vivas
Organização: 1. combinação
de esforços individuais para realizar uma vontade coletiva 2. precisa ter em qualquer ambiente 3. saber que temos força se for nós tudos juntos.
Pastagem: 1. pedaço de terra
que alimentava os animais 2. lugar bom de olhar os bichos pastando 3. lamentos para os animais.
Preservação:
1. ação de conservar e cuidar do que já existe 2. o que precisa ter em qualquer ambiente 3. o que ninguém pode esquecer.
Recomeço: 1. começar tudo de
novo 2. só vai acontecer quando estiver no novo Bento 3. para uma vida melhor 4. uma palavra que eu falo todo dia.
Reparação: 1. fazer igual ao
que era antes.
Sirene: 1. o que a empresa
deveria ter colocado antes do rompimento 2. barulho que nos alerta para o perigo 3. meio utilizado para avisar as pessoas de algum perigo 4. alerta que alguma coisa está acontecendo.
Tombamento: 1. um direito e desejo nosso para que possa manter vivo o que passamos e nossa história 2. cuidado com o que temos de preservar 3. reconhecimento e proteção do patrimônio que a gente tem.
União:
1. associação ou combinação das pessoas que querem uma coisa importante pra elas 2. o que devemos ter daqui pra frente, agora mais que nunca 3. de todos nós para um mundo melhor.
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Projetando esperança
Por Milton Sena Com apoio de Adelaide Dias , Ana Cristina Maia, Isabella Walter, Rodolfo Meirel e Silvana Dutra
Sábado à tarde. Na cozinha a broa, a brevidade, o queijo e o café esperam pelos poucos moradores do Gama. Sem a praça, a igreja e a associação comunitária, destruídas pela lama, o quintal de dona Terezinha acolhe os vizinhos ansiosos para discutir a reconstrução. Todos querem de volta a igreja. Alguns uma antena de celular, outros apenas o calçamento que diminua a poeira da estrada. A cachoeira hoje marrom e estéril é a grande dúvida: será um dia recuperada?
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REINVIDICAÇÕES “Para o processo de reconstrução, foi esclarecido que existem dois tipos de reivindicações: a reparação, que significa fazer igual ao que era antes e a compensação fazer coisas que não tinha antes para compensar o que a empresa não irá conseguir fazer. Os sentimentos, o rio, isso ela não consegue trazer de volta. O rio, por exemplo, vai demorar muito.” O COLETIVO “Procurem ver o que vai ser mais coletivo, aí a gente trabalha dentro disso. Aqui a gente vai exigir muita coisa e tem que se saber dentro desse monte de coisa o que realmente é nosso direito e o que não é.” O PROJETO “ Nosso projeto não é muita coisa. A gente quer tudo de novo: a nossa praça, no mesmo lugar, com igreja, salão, comunitario arena para calvagada. Um dos motivos que fizemos isso é para reforçar a área de lazer, que era a nossa praça, para tentar de novo conquistar a auto estima de todos, como nós que moramos aqui e também daquelas pessoas que sempre vem na nossa comunidade para não dar espaço para ficarmos lembrando do fato que ocorreu”. PERDAS “A gente tem que pedir indenização psicológica.Tem a parte de danos morais que a gente já pensa muito. Danos morais no caso nosso aqui é ficar sem a cachoeira, é ficar sem diversão que atingiu a comunidade toda. Muita gente não leva isto a sério, mas é muito sério. Aqui tem a festa Gamense ausente. O pessoal todo vem e reúne lá em baixo. Esse ano a gente tá tentando fazer cavalgada e refazer a festa, mas a gente sabe que vai ter uma certa dificuldade, entendeu? Porque a gente não tem mais o local de festa, pelo menos por enquanto.” A CACHOEIRA “A cachoeira nunca, né? Como ela (empresa) vai trazer as pedras pra colocar lá? As pedras que existia lá? Nunca mais. A pedra era embaixo da ponte. Assim: ela era rosada, solta em cima da cachoeira. Ela era um triângulo, tinha uma pontinha pra cima, uma de lá e de cá, ela foi cortada pela natureza, mas a lama levou ela e ela foi embora”.
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Não morava lá?
Não tem direito!
Atingidos dos distritos de Pedra, Campinas e Ponte do Gama refletem sobre a situação em que se encontram: apesar de muitas perdas, seus direitos não são devidamente reconhecidos Por Flávio Roberto Barbosa, Carlos Barbosa, José Estevão Martins, Marlene Agostinha Martins Com Apoio de Adelaide Dias, Ana Elisa Novais Seu Bié: Eu vivi aqui 64 anos. O lugar perdi minha casa e nem minha criação, levei meu pai e não resolveu. Não que a gente foi criado é lugar que a mas perdi minha praça onde eu podia fizeram nada por pai, não foi falta d’eu reclamar. Agora não sei porque pai tá tá jogando uma bola lá, né? gente gosta de ficar, né? mais isolado. marlene: Tem hora que cê fica assim, Flávio: Quando estourou a barragem, triste! Porque aqui era o cantinho da aqui ficou sem luz, sem o caminhão de Seu Bié: muita gente fala, ‘mas vocês minha mãe, da gente. Ela morava aqui leite que pega o leite do pessoal, sem não fizeram nada!’ Eu fiz, mas eles não há 75 anos. Ela nasceu naquela casa lá. acesso a pé e tudo. Não passava, tinha deram, o que que eu vou fazer? Uai, tirar dinheiro à força não tem jeito! A A vida dela foi toda aqui, teve 7 filhos. que passar no meio do mato, longe! gente tem que esperar com paciência, Seu Nonô: Eu criei dez filhos ali. Eu Seu Nonô: Prá passar lá ta ruim demais, né? Às vezes deus ajuda. mexia com roça. Levantava de manhã uai! Cada vez que passa lá nós estão é cedo; a mulher mexia com horta, com afundando. Atrapalhou tudo, uai. Num Seu Nonô: Lá não tem água. Aonde as galinhas dela, mexia com um trem e vai ficar a passagem boa igual era era é que minhas vacas vão beber água? Eu acho que eles tem que entrar em eu mexia com outro. mas agora, eu vou mais não! acordo, tem que medir aquele terreno falar a verdade para você, minha vida ali acabou! Aquele trem acabou todo marlene: Sem pensar também nessa todo e me dar outro terreno! uai! passarela que eles fizeram ali. Ela tá baixa, antes ela era alta. E se vier uma Seu Bié: É, por enquanto nem um Flávio: O que é que pai perdeu? Perdeu enchente e levar ela embora? E aí minha centavo. Nada, nada! Perdi muita coisa. cerca, porteira, pastagem; em outro mãe vai ficar aqui e se ela ficar doente, Tinha casa, a casa foi embora. lugar perdeu cana e capim prás criações; como que vai levar ela? É isso que eu Seu Nonô: Eu acho que eu não vou cerca, pomar, banana, jabuticaba, fico pensando. alcançar aquele trem consertado mais laranja. Poucas, mas perdeu tudo! Flávio: A primeira vez que eu reclamei, não. Aquele trem não vai sair capim madalena: No meu caso aqui. Eu não o pessoal falou assim ‘você não ali que presta mais não. Cada dia eu to perdi carro, nem negócio, mas acabamos reclamou’...só sei te falar que é mentira, vendo só descendo lama naquele rio, eu perdendo a praça. Então, fui atingida, eu reclamei muitas vezes. defesa Civil, não to vendo consertando aquele trem como posso dizer, indiretamente. Não escritório. ‘Seu pai não reclamou’, então ali não”.
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"Eu vinha pra toda a parte, mas eu não andava tanto a pé assim. Depois que minha mula morreu me azarou, porque eu vinha de galope." Seu Nonô, morador de Pedras
“Ah! Seu pai não tem direito ao cartão, seu pai não tem direito à indenização porque não morava lá”. Não morava mas trabalhou a vida toda. Seu Bié, morador de Campinas
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“Gislene, você viu o que aconteceu? Acabou com nosso Paracatu”. 16 de novembro de 2015: volta às aulas. Foi assim que a diretora da Escola municipal de Paracatu de Baixo passou a ser recebida pelos alunos, instalados na Escola dom Luciano, em mariana, depois da tragédia. Com o retorno das aulas em 2016, as atividades da escola de Paracatu foram transferidas para a Escola municipal do morro Santana. Gislene, diretora - Foi horrível. deus sabe. Eu estava em Paracatu há 9 anos, conhecia todo mundo. Era um ambiente bem família mesmo. Foi uma coisa incrível. Na primeira vez que voltei, tinha a esperança de conseguir pegar alguma coisa. Os professores estão indo lá e buscando os livros, mesmo que a Secretaria de Educação não permita. A Secretaria não quer assumir o risco de ir lá, porque depois acontece alguma coisa com a gente lá dentro. Airton, ex-aluno - Se não caiu ainda, não cai mais. O problema é que as pessoas tem ido lá e pegado outras coisas. Os armários estão arrebentados onde tinha cadeado. Levaram fogão, geladeira, freezer e caixa de energia. mas o que tinha de buscar eram os livros, né.
Gislene, diretora - Nós ganhamos muitos livros, mas buscamos também. João Paulo foi e trouxe o de Alice. Alice e Ana maria trouxeram muitos. mas não chega nem na metade da metade do que tínhamos lá. Era tudo novo. Tínhamos adquirido 30 mil reais em materiais em agosto. Remontamos a escola toda. Tudo que você imaginar em uma escola, lá tinha, mas nós perdemos tudo. Ficamos uma semana sem aula. Quando voltamos, o assunto dos alunos era só esse. Barragem. Eles estão bastante desorientados”. Airton, ex-aluno - desde que comecei na escola, eu estudei lá, né. depois fiquei de voluntário. Ali era uma dificuldade danada. Pra criança é muito difícil, mas pra gente que teve uma história ali também é. Gislene, diretora - A escola era referência. Nas nossas reuniões, a gente frisava isso. Estamos aqui. mas este não é o nosso lugar. Não vou falar que estamos bem aqui, mas dá pra levar a nossa vida; educar nossas crianças; continuar lutando para que o aprendizado delas aconteça. mas o nosso sonho é voltar para Paracatu, pra onde a comunidade for.
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...este não é o nosso lugar
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Adota-se um melhor amigo Por Madalena das Dores, Marinalva Salgado Com apoio de Lucimar Muniz, Marília Mesquita, Silvany Diniz e Stênio Lima
Os cães e os gatos que vieram dos locais atingidos pela lama da barragem e não foram identificados pelos seus donos, estiveram em campanha para adoção, em Mariana.
Sempre gostei de cachorro, gato, cavalo. Sou amante dos animais. Quando vejo um abandonado ou machucado, meu coração corta de tristeza. Quando vi aqueles cachorros, pequenos no tamanho e grandes na vontade de viver e de ser feliz, eu não aguentei. Sobre o meu rosto escorreram lágrimas de felicidade.
Fico satisfeita em poder ver que depois de tanto sofrimento vivido no 5 de novembro de 2015, alguns podem hoje começar uma nova história. Também fico feliz com a quantidade de pessoas que foram adotar esses animais: isso mostra que ainda podemos mudar muita coisa em nossa cidade. Fico triste em ver as carinhas deles tão aborrecidas, com o olhar tão distante. Os animais não sabem falar, mas eu pude ver que estão sofrendo. A cada pessoa que passa, eles balançam o rabinho na esperança de serem adotados. mostram felicidade para conseguir. mas depois de tanto tentar alguns simplesmente deitam e ficam com os olhos baixos. Não significa que eles tenham desistido, mas que não querem sofrer mais. O cachorro é o melhor amigo do homem. E hoje, a única coisa que desejam é que o homem seja amigo dele de verdade.
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Enquanto isso...
Na edição passada de A SiRENE, retratamos a união dos moradores de Ponte do Gama, comunidade atingida pela lama da barragem, no momento em que ajudavam Lilica a salvar sua vaca. depois de horas, conseguiram. desde a destruição, o local nunca foi sinalizado ou recuperado pelos responsáveis pelo derramento da lama. Sem uma cerca para impeder o avanço dos animais sobre o que antes era o pasto onde se alimentavam, dois dias depois, a vaca atolou novamente. Agonizou por várias horas. morreu na lama. Não teve feira de adoção que salvasse uma das melhores amigas de Lilica.
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O pessoal, assim de Campinas, tinha uma chacrinha, uma criaçãozinha, seu animalzinho. Acabou tudo, né?” Flávio de Seu Bié
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Papo di cumadi POR SERGIO PAPAGAIO Maria Concebida e Clemilda estão comovidas pela repentina mudança em suas vidas. Concebida: Cumadi, este negócio deste barro da Samarco é um trem doido. Clemilda: É mesmo, cumadi. Concebida: Cê viu que tanto de gente que tá doente depois deste barro? doente do corpo e da cabeça. É dengue, é zica, e chico bunha. Clemilda: A moça dos médico populá diz que é um musquito que morde sem pará e causa a coisa que nus faz chorá. Concebida: Por causa deste barro tem gente bebeno cachaça pra daná, bebe da hora que o sol clareia até a noite entrá. Clemilda: É homem de bem que da roça foi tirado. Olha o cumpadi malaquia, aqui no mato quase nem bibia, na cidade bebe todo dia. Concebida: Pur que num vorta pro mato e mora lá? Clemilda: Sua casa sumiu debaixo do barro, sua muié foi pra Sumpaulo, seu fio, Gustavo, tá fumano um outro tipo de cigarro. E marinha, a mais novinha, prenhô-se dus hômi da compania, e não sabe se é di João, di Zé, di isac, ou di Zacaria. Concebida: Cadê ês? Clemilda: Foi simbora prá Alegria. Concebida: Que tristeza! Cruiz Credo... Ave maria! Clemilda: diz que sa fía Luzia tá largano a famia! Concebida: Já largô, faz uns dia. Clemilda: E cumpadi Zé Geraldo me parece desligado, anda falano com o gado, tá bebeno fiado, durmino no assoaio e contano com o canário. Concebida: Uns diz que tá lôco,outros que é só um pôco. disse Jurema que parece que entrou barro em seu côco.
Clemilda: Uai, dá pra entrá barro no côco d’um hôme? Concebida: Acho que sim. Entrô barro na minha casa, entrô barro no meu guardaropa, entrô barro nos meus sonho, entrô barro na minha vida, entrô barro na minha esperança... num vai entra barro num côco? Clemilda: Esse barro é do diabo, até onde num têm ele leva. Concebida: É mes! Óia o park de exposição... foi ele que levô… Clemilda: Esse barro faz tussí, dona maria; e coçá dona Geralda. Até aquela menina bunita, a tar da Jéssica, ispirra que é uma daneira. Tão falano que é da pueira, quando venta sobe uma nuve, com cheiro de esterqueira. Concebida: Cumadi, mas que danera!!!! Nós num pode vivê dessa manera!!! Oia, o povo do Gesteira, da mandioca, do Barreto, da Barra e do São Gonçalo... é tudo um povo só! Clemilda: É igual a mariana, Bento, Gama, Paracatu, Pedras e Campinas. Concebida: Esse povo não se deve amufiná. Somos tantos, que devia se ajuntá, prá cabá cum estas duença, prá elas com a gente não acabá. Clemilda: É duença du corpo e da cabeça, que mata o povo e faz o povo se matá. Concebida: A cumadi qué mi contá que tem gente querendo se suicidá? Clemilda: É isso que eu quis falá. Tem coisa neste barro que faz a gente indoidá. Tem fio bateno ni mãe, sem depois s'alembrá. Concebida: Será que tá fartano é rezá? Clemilda: Cumadi, nois pricisa di rezá: mas é prus hôme que ganha dinheiro sem se preucupá se a gente vai se daná.