Jornal A Sirene - Ed. 4 (julho)

Page 1

PARA NÃO ESQUECER

A SIRENE E d iç ão n Úm ero 4 - J U L HO


2

A SIRENE

Julho de 2016

EDITORIAL Quinta edição do Jornal A SIRENE. Oito meses de rompimento da Barragem de Fundão. Desde o primeiro número, A SIRENE vem cumprindo um importante papel social: ser um espaço de comunicação e de valorização da memória dos atingidos de Mariana e Barra Longa. Um veículo onde divulgamos nossas experiências e relembramos que o rejeito nos levou muitas coisas, mas não a vontade de reconstituir nossas vidas. Sim, somos todos atingidos, estamos aqui, e A SIRENE é um dos nossos sinais. Nesta edição, apresentamos novos fatos e personagens que convidam o leitor a conhecer a nossa história. A matéria Seu Filomeno, a festa dentro de um homem, aborda a tradicional Festa de São Bento e a dedicação do Seu Filomeno à capela que levava o nome do padroeiro da localidade. O templo não existe mais, foi levado pelo rejeito, porém a memória desse zelador, no sentido mais bonito que essa palavra possa ter, nos ajuda a restituir parte do cotidiano e da vida religiosa do seu povo. Na coluna Direito de Entender, tiramos as dúvidas sobre as questões legais que envolvem as nossas negociações com as empresas Samarco, Vale e BHP. Nessa edição, o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, do Ministério Público de Minas Gerais, esclareceu sobre o chamado Acordão, estabelecido entre a União, os governos dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo e as empresas rés no processo. O promotor explicou o que é o Acordão, qual é o seu objetivo e se ele interfere no pagamento das indenizações dos atingidos. Revelou, com exclusividade e em primeira mão para A SIRENE, a notícia de que o Superior Tribunal Federal havia suspendido esse acordo, no dia 30 de junho. O Acordão foi empurrado de cima para baixo, e acreditamos que um processo com justiça e transparência não deva ser feito dessa maneira. Recomecemos um novo debate, mas que seja bem feito. A matéria Acabou-se o que era doce focaliza as diversões preferidas das crianças de Bento e de Gesteira, antes da passagem do rejeito. Coisas simples, típicas de lugares pequenos, mas que tinham uma enorme importância, como nadar nas cachoeiras, passear com os animais, andar no mato, andar de bicicleta, jogar queimada e brincar na quadra da escola. Esses relatos são uma homenagem à nossa liberdade perdida e às crianças que estão tentando se adaptar a essa nova realidade. O texto Nossa história debaixo do dique aborda a trajetória da neta do Seu Neco e da Dona Lia. Apesar de morar no Rio de Janeiro desde criança, ela acostumou-se a se misturar à paisagem e à população de Bento Rodrigues

em suas férias. A menina, hoje mulher, foi talhada pela convivência com histórias de perdas e reconstruções nos lugares onde morou e, nesse momento, enfrenta um novo desafio. A Samarco construiu três pequenas barragens nas imediações de Bento Rodrigues (Diques S1, S2 e S3) e agora pretende levantar uma quarta (S4) na propriedade de sua família. A neta da Dona Lia, como nós, questiona essa solução técnica. Ela está lutando por um espaço que é de todos, como diz, mas também pelo respeito à sua memória de criança. A SIRENE está soando, e mais alto que nunca.

CUIDADO Não assine nada:

w Se tiver dúvidas sobre o conteúdo. w Se precisar de ajuda de um advogado ou qualquer outro especialista. w Se alguém disser que “todo mundo já assinou, só falta você”. w Se você quiser consultar algum familiar antes. w Se alguém disser que “se não assinar, não terá mais direito”.

Atenção!

w Se alguém tentar fazer você assinar qualquer coisa, procure o Ministério Público ou a Comissão dos Atingidos. w O tempo para analisar e questionar qualquer documento é seu! Leve essa mensagem a todos os outros atingidos!

EXPEDIENTE

Realização: Atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão/Mariana | Apoio: #UmMinutoDeSirene, UFOP, Arquidiocese de Mariana | Editores: Gustavo Nolasco e Milton Sena | Colaboradores: Alcione Araújo, Ana Cristina Maia, Ana Elisa Novais, Andreia Sales, Antônio

Geraldo dos Santos, Cristiano José Sales, Elke Pena, Fernanda Tropia, Filomeno da Silva, Genival Pascoal (Geninho Bravo), José do Patrocínio (Zezinho de Paracatu), Juçara Brittes, Kleverson Lima, Letícia Oliveira, Lidiane Gonçalves, Lucas de Godoy, Lucimar Muniz, Luiza Geoffroy, Madalena das Dores, Marília Mesquita, Manoel Marcos Muniz, Mauro Marcos da Silva, Mauro Lúcio Pais (Cria), Milton dos Santos, Mirela Sant’Ana, Mônica dos Santos, Nádia da Silva, Rodolfo Meirel, Silvana Dutra, Silvany Diniz, Simone Maria da Silva, Stênio Lima, Tereza Viana Silva , Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Crianças das escolas de Bento Rodrigues e Gesteira| Fotografia: Ana Elisa Novais, Lucas de Godoy, Rodolfo Meirel e Stênio Lima | Projeto Gráfico/Diagramação: Carlos Paranhos, Lara Massa, Larissa Pinto, Marilia Mesquita, Silmara Filgueiras, Stênio Lima | Revisão: Aline Gonçalves de Medeiros, Ana Elisa Novais, Elke Pena, Ricardo José Alves | Agradecimentos: Flaviano Isidoro, Pe. Geraldo Martins, José das Graças Caetano (Zezinho Café), Marcos Paulo de Souza Miranda, Rivânia Trotta | Impressão: Sempre Editora | Tiragem: 2.000 exemplares | Contato: jornalasirene@gmail.com.


Julho de 2016

A SIRENE

3

Nossa história debaixo do dique Por Lucimar Muniz Com apoio de Ana Elisa Novais, Fernanda Tropia, Rodolfo Meirel, Silmara Filgueiras A criança na pedra, na beira do rio em Bento Rodrigues, é a primeira neta de Seu Neco e Dona Lia, filha de Verinha, aquela que foi morar no Rio de Janeiro. O rio hoje só existe em fotografia. Era chamado de Prainha. Ela nunca morou em Bento, mas, assim como todos os Muniz, foi batizada e cresceu lá. Suas memórias e sua personalidade estão repletas de lembranças do lugar para onde sempre ia na sua infância. Dona Dercira - mãe de seu Filomeno -, dona Crespa de Sobreira, Olívio e seus avós são pessoas com quem conviveu cheia de afeto. A filha da Verinha cresceu em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Passava as férias de dezembro/janeiro no Bento. As de julho, na região para onde seus pais se mudaram da década de 1970, um lugarzinho chamado Lídice, que pertenceu à cidade de São João Marcos, arrancada do mapa na década de 1940 para a ampliação de uma represa. Desde sempre, convive com histórias de perda e reconstrução, como a da Vila de Alegria, onde sua mãe nasceu. Além disso, viveu de perto a tensão dos riscos relativos às usinas nucleares e

dos desastres ambientais daquela região. Mal sabia o quanto esse histórico e o engajamento social de seus pais iriam fortalecê-la para hoje lutar pela preservação do patrimônio cultural de Bento Rodrigues. Museóloga, ela precisa lidar com um dos processos mais tensos desde o rompimento da barragem de Fundão. É nas terras da família, uma das primeiras a chegar à região do Bento, que a Samarco pretende construir o “dique S4”, que, se construído, eliminará todos os resquícios materiais da história da região. Para ela, essas terras não pertencem mais apenas à sua família. São propriedade de todos que residiam na localidade. Fazem parte da história de todos os atingidos pela barragem, do Bento ao mar, no maior desastre ambiental do país. A neta de Seu Neco e Dona Lia faz um apelo a todos por união. “Pela memória de tudo que essa comunidade sempre me ofertou de melhor - garanto que não foram poucas coisas - me sinto no dever de me empenhar ao máximo por sua preservação. Sempre tive a figura de meu avô, seu Neco, como guardião do patrimônio do Bento, zelando por todos que sempre o retribuíram com o respeito e afeto, lhe confiando seus filhos em batismo. O maior legado que a comunidade do Bento possui é sua união, e isso não pode ser destruído por ações de desmobilização. Precisamos nos manter fortes e nos instruir para saber questionar a empresa e garantir nossos direitos. Temos órgãos e profissionais que estão prontos para nos auxiliar, fazendo valer a lei. O silêncio nos enfraquece! Hoje a empresa usa do argumento de que o dique S4 é a única alternativa para se conter os rejeitos para o Rio Doce durante o próximo período chuvoso. No entanto, passaram oito meses sem que ela nos apresentasse justificativa que convença. A população ainda permanece com uma série de dúvidas que a empresa precisa sanar. Entendo que a defesa do patrimônio cultural não se sobrepõe à defesa do Rio Doce. São caminhos que devem ser pensados conjuntamente. O que queremos é o devido respeito e esclarecimento da empresa, sendo transparente nas ações e nos incluindo verdadeiramente nesse processo. Dia 11, às 18h, no escritório da Comissão, faremos reunião com a empresa e com o Ministério Público. É fundamental que todos participem!”.


4

A SIRENE

Julho de 2016

Direito de entender

(Especial “Acordão”)

Entrevista com o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto Por Antônio Geraldo dos Santos, Mirela Sant’Ana e Mônica Santos com apoio de Ana Cristina Maia, Ana Elisa Novais e Lucas de Godoy

Como o STJ suspendeu o acordão (decisão tomada no dia 30 de junho e repassada pelo promotor em primeira mão e, até então, com exclusividade ao Jornal A SIRENE naquele dia)? O Ministério Público Federal tinha entrado com uma reclamação no Superior Tribunal de Justiça. E, nessa reclamação, a desembargadora decidiu pela suspensão do acordo. A suspensão não é pior? Não deixa as coisas mais indefinidas? Os próximos passos vão depender dessa decisão. Não me parece que ela invalida o acordo por si só. Ela remete para a Justiça Federal em primeiro grau essa homologação. Ou seja, não poderia ter sido homologada, em tese, no Tribunal Regional Federal. Os próximos passos agora, então, serão definidos pela 12ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte Então, o que é o acordão? Uma medida jurídica criada pela União e pelos estados de Minas Gerais e Espirito Santo para pôr fim a uma ação civil pública iniciada logo após o rompimento da barragem de Fundão. Aquela que pedia R$ 20 bilhões. Eles fizeram


Julho de 2016

esse chamado “acordão” com as três empresas (Samarco/Vale/BHP), tentando, de alguma forma, celebrar todas as medidas necessárias para a recuperação dos danos ambientais e sócioeconômicos. Aí reside uma das principais críticas do Ministério Público de Minas Gerais. Causou o efeito esperado pelos criadores? Não. É possível comprovar com a notícia do IBAMA, com as medidas descumpridas por parte da empresa. De uma forma geral, o acordo traz uma blindagem à Samarco. Então, isso é muito prejudicial, porque você tem muita dificuldade em cobrar efetividade às medidas ali assumidas. Além delas serem genéricas, insuficientes e abstratas; uma espécie de protocolo de intenções. Isso traz uma grande dificuldade jurídica na execução. Ou seja, quando você assume uma obrigação de fazer algo em qualquer contrato que assine, você tem uma multa, uma obrigação, que, se não pagar o aluguel no dia “X”, por exemplo, vai ter uma multa e o locador pode te despejar. Nesse acordão, não. Ele não traz as penalidades. Os atingidos têm participação nesse acordo? Não há nenhuma participação dos atingidos, dos Ministérios Públicos – Estadual e Federal – e nem das prefeituras. Ou seja, os impactos locais foram desprezados na celebração do acordão. Qual o posicionamento do Ministério Público em relação ao acordão? O MP entende que o acordo traz uma blindagem para a Samarco, na medida em que cria uma estrutura que retira do responsável pela reparação dos danos ambientais e sociais a obrigação direta de ressarcir. Vou explicar: quando você tem um dano provocado pela Samarco, ela é a obrigada principal junto com a Vale e a BHP. Quando você cria a pessoa jurídica da fundação, você cria um terceiro para responder por um dano causado pelas três primeiras. Então, você criou uma roupagem que vai dificultar novamente a execução em caso de descumprimento. É como se você causasse um dano a alguém e, ao invés de você pagar e reparar, você dissesse: “não, espera aí! Eu vou criar uma pessoa jurídica, uma fundação, que vai te pagar”. Ninguém aceitaria esse acordo, mas a União e os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo aceitaram. Para te dar um exemplo concreto: uma medida ambiental imediata seria a retirada do rejeito, principalmente da chamada Área 01, que chega até a Usina de Candonga. Pois bem, até hoje, oito meses depois, vocês sabem qual o volume que foi retirado até o momento? É zero metros cúbicos de lama! O acordão extingue outros processos iniciados antes da sua homologação?

A SIRENE

5

Não, ele não extingue. Mas essa pergunta está dentro de um contexto maior, que é o seguinte: o acordão traz um efeito ainda mais perverso, que é tentar pôr um limite nas obrigações ambientais e sociais. A Samarco, as suas duas acionistas, a União e os Estados trabalharam com a lógica de que o acordão é o teto de tudo. Com isso, você teria a possibilidade de extinção de outras ações. Um outro exemplo concreto é a Ação Civil Pública ingressada pelo Ministério Público Estadual em Ponte Nova, ligada aos Direitos Humanos, para tutela dos atingidos na área social, que foi remetida para a Justiça Federal, com base nesse acordo. Agora, a gente tenta que a Justiça Federal devolva esse processo para Justiça Estadual em Ponte Nova, que é o foro adequado para tratar as questões locais. Nenhum cidadão de Ponte Nova vai ter acesso digno à Justiça tendo que se deslocar até Belo Horizonte. É uma questão de dignidade, de buscar acesso ao Judiciário próximo ao local onde ela reside. O acordão podia ameaçar os direitos dos atingidos? Não só “pode”. Ele ameaça de fato o direito dos atingidos. O acordão interfere no pagamento das indenizações aos atingidos de Mariana e Barra Longa? Interfere, sim, na medida em que ele coloca para a Fundação o critério subjetivo para definição de quem seriam os atingidos.


6

A SIRENE

Julho de 2016

Fé, força e lama Por Aline gomes Com apoio de Marília mesquita, sérgio papagaio, Simone Silva e MAB

Dona Cassiana tem 96 anos. Ela sempre está de lencinho na cabeça, vestido e com um sorriso no rosto. A nora dela, dona Eva, diz que ela é uma mulher forte, que dá conta da própria vida e que é lúcida. Dona Cassiana é uma senhora muito conhecida e respeitada em Barra Longa, todos confiam na benzeção dela. Começou a benzer quando a filha ainda era pequena e estava doente. A filha não estava sendo tratada até ser levada para benzer. Quem benzeu foi uma dona da cidade Rio Doce, a mesma pessoa que ensinou pra dona Cassiana as orações. Passado algum tempo, a filha de dona Cassiana morreu, mas, a partir daí, ela mesma começou a benzer os outros seis filhos. Não levava as crianças ao médico, sempre tratava com benzeção. “Eu ficava alegre quando menino que eu benzia sarava. Às vezes, menino não tava comendo, ia lá pra mim benzer ele e voltava a comer”, relembra dona Cassiana. Dona Cassiana tem muita fé. “A gente benze porque tem fé com Deus, né?!”. Eva conta da vez que veio de São Paulo, trazendo o filho que não queria comer nem brincar, que já estava amarelando, e médico nenhum descobria o porquê. “Bastou dona Cassiana benzer o menino para ele voltar a correr e comer como há muito tempo não se via.”. Dona Mariinha é irmã de Dona Cassiana e está com 103 anos. Por muito tempo, ela benzeu. Só parou por causa de um derrame que tirou os movimentos dos braços e das pernas dela, assim como a fala. As duas são vizinhas, passaram toda a vida ali, onde antes era apenas umvilarejo e, hoje, é

o bairro Morro Vermelho. Antes da lama, quase todos os dias, Ana colocava a mãe numa cadeira de rodas para que pudesse tomar o sol da manhã e ver as pessoas passando. Hoje, Mariinha quase não sai do quarto. Ana conta que, antes da lama chegar, no meio da noite, passou um homem na rua gritando “já vem muita água!”. Os vizinhos se juntaram e foram tirando as coisas de dentro das casas. Tiraram o porquinho do amigo Chiquinho, mas das galinhas dele não sobrou nenhuma. Os fundos das casas viraram só barro. Morreu pé de abacate, de laranja e de mexerica. Dona Cassiana estava dormindo e assustou quando viu a correria. Depois de tanto tempo no mesmo lugar, morando perto de familiares e parentes, viu a prima Celita, também de idade, sair da própria casa, perto dos filhos dela, pra morar na parte alta da cidade. Dona Celita até hoje vem ver a casa e a vizinhança e diz que não vê a hora de voltar. E a família de dona Cassiana acumula problemas que vêm aparecendo na região nos últimos 8 meses: além do desassossego, dos quintais, das galinhas do Chiquinho, da casa da Celita e dos passeios de Mariinha na varanda, veio dengue, alergia e gripe. Em Barra Longa, chegou a lama em novembro, e hoje tem também a poeira, que não vai embora. Dona Cassiana foi contaminada pela dengue há alguns meses. E depois de tantos anos benzendo, aos pouquinhos, vai perdendo o jeito de benzer. O dom não se perde, mas, agora, só benze crianças: “Não tenho mais força pra benzer adulto”, conclui.


A SIRENE

Julho de 2016

Com tijolo de verdade Por Lucimar Muniz, Manoel Marcos Muniz, Cristiano Sales e mauroMarcos da Silva Com apoio de MAB, Rodolfo Meirel e lara massa

Não perdemos somente nossas casas, o que arrancaram de nós foi a nossa história, nossas memórias, as fotografias, as conversas nas praças, as igrejas, a alegria das festas, as cachoeiras, nosso trabalho. Arrancaram as relações que tínhamos com as pessoas, com a criação de animais, com as nossas hortas, pés de fruta, os peixes, o rio…uma lista sem fim. Não queremos chorar, queremos nosso direito de decidir sobre os rumos das nossas vidas. Reconstruir nossa comunidade não é somente a construção física das ruas e casas. Esse é o começo para que possamos voltar a sonhar e levar nossas vidas adiante, mesmo sabendo que essas novas vilas não vão trazer de volta os valores que o lugar destruído pela lama tinha para gente. E quando começamos a pensar em como será daqui para frente, mais uma lista sem fim aparece. Uma série de dúvidas ainda sem respostas: Quais os meus direitos? Minha casa será reconstruída no mesmo lugar? Mas e a outra barragem, ela está segura? Como vou conseguir plantar de novo na lama da barragem? É seguro para a saúde? Quem vai ter direito a casa na nova comunidade? Posso continuar com meu terreno ou preciso sair? Vou ficar isolado? Quais os critérios para saber onde eu posso construir? As casas vão ser todas iguais?

Posso ir ao Bento para viver minhas lembranças? O que será feito com as casas de Paracatu? E com o túmulo de nossas famílias? Como será o processo de indenização? Vou ter que abrir mão do meu terreno antigo? De quem é a responsabilidade sobre as estradas, água, luz, saúde, ônibus das novas comunidades? E quem responde a todas essas questões? A empresa que disse que a barragem era segura? Para que possamos dar respostas confiáveis para todas as questões da reconstrução, precisamos da ajuda de arquitetos, pedreiros, engenheiros, advogados. Devemos ter o direito de consultar profissionais que entendam o que queremos e que estejam do nosso lado neste momento tão difícil e tão importante. Pessoas que nos ajudem a saber o que foi conseguido em outras situações, o que está na lei, como está o solo e a água. São muitas as promessas, mas o processo de reconstruir precisa ser de fato para reconstrução de nossas vidas e sonhos e não de ilusões que não tenham como virar realidade no futuro. É necessário sonhar para reconstruir, mas sonhar com os pés no chão, com os olhos atentos e a mão na massa. O certo é: nós decidimos o que queremos e só depois levamos a quem tem o dever de fazer. É obrigação deles pagar o que nos devem, da forma que nós queremos.

7


8

A SIRENE

Julho de 2016

e s u o b a Ac o que era doce

Pelas crianças das escolas destruídas no Bento e em Gesteira Com apoio de Ana Cristina Maia, Cristiano Sales, Fernanda Tropia, Genival Pascoal, Manoel Marcos, Silvany Diniz, Simone Maria da Silva e Carlos Paranhos


A SIRENE

Julho de 2016

9

“A escola tinha um gramado onde faziam as festas juninas e brincadeiras”

“No Bento, tinha time, aqui não dá pra jogar porque não tem uma quadra separada. A gente tá sem treino desde o dia da tragédia”

“No dia de domingo, na festa de São Bento e Nossa Senhora das Mercês, tinha bingo e um monte de coisas”

“A gente brincava de pique-esconde e de pique-pega com nossos amigos. Agora não pode. A gente mora na cidade e os pais não deixam porque é perigoso ficar na rua, se machucar ou vir um carro” “Eu ia nadar num rio rasinho que se chamava Água Santa”

“A gente brincava muito na rua, na frente da casa da gente, e os vizinhos eram perto da gente. Agora uns estão na Colina, uns estão no Centro, aqui no Rosário”

“Tinha um monte de cachoeira. Eu nadava na cachoeira do Ouro Fino, onde tem uma casinha que era de antigamente. A cachoeira de baixo do Ouro Fino, uma debaixo do pontilhão, que era mais pra frente, aí depois tinha outra que a gente tinha que pular lá do altão. Sempre ia quando não tinha aula ou no final de semana com os pais. Enquanto a gente ficava nadando, a minha vó catava a lenha”

“Era tudo muito simples, mas era onde as pessoas iam se divertir, esperar o tempo passar”

“Lá no Bento era melhor porque eu não era tão presa” “Jogava no campo, com meus irmãos. Mas não sou bom de bola”

“Nas férias eu andava de bicicleta. Comia pastel. A lama levou a bicicleta”

“Lá no Bento, quando os professores passavam trabalho, a gente podia ir na casa um do outro pra fazer. Aqui a gente tem que fazer os trabalhos na sala, porque a gente só encontra aqui”

“Soltava pipa lá”

“No Bento, a gente brincava. Aqui, na hora da educação física, a gente não brinca na quadra. Os meninos do Rosário não deixam. Estudar aqui é horrível. Eles ficam chamando de ‘da lama’ e cavalada’”

“Tinha dois cachorros: Pitoco e Fred. Meu pai tinha um galinheiro cheio de galinha garnizé. Foram todos levados pela lama”

“Tinha a festa das crianças. Lá no Bento, todo mundo se reunia e ajudava lá na Santa pra fazer a festa das crianças e a festa dela” “Um dia ele encheu a camisa de jabuticaba pra mim e minha mãe. Sempre chegava com uma sacolinha cheinha de jabuticaba”

“Meu irmão jogou o carrinho na minha direção brincando. Escorreguei e caí de bunda no chão”

“Minha gata não morreu. Ela subiu em cima do telhado”

“Queimada é muito legal. Da última vez, eu acertei e ninguém me acertou!”

“Tinha a Igreja, onde eram realizadas as festas da padroeira e as festas juninas”


10

A SIRENE

Julho de 2016

Tão longe, tão perto (da minha história) 15h30

Por Liliane Gonçalves e Nadia da Silva Com apoio de Silvany Diniz e Stênio Lima

Liliane Gonçalves e Nadia da Silva têm 17 anos e são antigas moradoras de Paracatu de Baixo. Liliane está no 2° ano do Ensino Médio, e Nadia, no 3°. Todos os dias, junto com outros colegas, elas pegam o ônibus em Mariana e se deslocam para o subdistrito de Águas Claras, onde estudam. Apesar de enfrentarem uma hora de estrada, vale a pena estar no lugar que pertence a elas, em busca do aprender. Preferem a longa caminhada para o aprender a perder o contato com sua velha história.

O ônibus Escolar sai em quinze minutos aqui do Centro de Convenções de Mariana. Antes era lá no Paracatu mesmo. Mudou só isso, porque a nossa escola é a mesma. Depois da barragem, a gente até tentou estudar aqui em Mariana, mas a Escola Estadual de Águas Claras é melhor, né? Eram só 20 minutos até chegar. Rapidinho! Agora uma hora separa a gente da escola. Aí a gente aproveita pra ir conversando no escolar e tal. Cada um mora num lugar, e a gente perde um pouco o contato. No começo desse ano, a gente até teve a opção de continuar estudando aqui dentro da cidade mesmo, na Escola Estadual Dom Silvério, mas é outra coisa: outro ritmo, outras pessoas. É muita gente na sala, nem tem como o professor decorar o nome de todo mundo. Não temos a atenção que a gente tinha em Águas Claras. Lá eles dão conselho. Isso é importante pra nós. Paracatu de Baixo não tinha Escola Estadual, por isso a gente do Ensino Médio sempre precisou ir até Águas Claras estudar. Só a gente do 2° ano e do 3° ano que pôde voltar. Quem ia começar o primeiro já ficou aqui. Nesse ano, a gente tá com menos horários lá, e as aulas são mais curtas, passaram de 50 para 45 minutos.

15h40

Na verdade, esse ônibus que a gente pega é dos professores. Se não fosse por ele, a gente não tinha como ir. Eles também pegam aqui. Nosso pedagogo pega lá embaixo. Aquele chegando ali é o Flaviano Isidoro, nosso professor de Filosofia. “Estou lecionando pela primeira vez no Ensino Médio. Para mim também é tudo novo. O que não é novidade é a qualidade do ensino. Às vezes a gente tem a falsa impressão de que a sede é mais desenvolvida, mas esses meninos são bons. A Escola de Águas Claras não fica pra trás”. (Professor Flaviano)

15h45

Agora, a gente vai entrar no ônibus. Deu nossa hora. Tem que ir estudar, né? Esse ano ainda tem ENEM. Agora, a gente chega lá daqui uma hora, quarenta minutos...

18h

A aula começa, segue até 21h e um pouquinho, quando a gente volta pra Mariana.


A SIRENE

Julho de 2016

11

Fogueira acesa! Por Alcione Araújo, Andreia Sales, Lucimar Muniz e Milton Sena Com apoio de Silvany Diniz e Stênio Lima

O mês junino trouxe o frio. Foi tempo de colocar a roupa xadrez, pintar o rosto e ir para o arredor da fogueira dançar quadrilha até as pernas não aguentarem mais. Tempo de comemorar Santo Antônio, São João e São Pedro com muita pipoca, caldo, canjica e quentão. Se não tem mais a escola lá do Bento, o jeito foi subir para o Alto do Rosário, em Mariana, onde os meninos estão estudando. As professoras e a diretora contaram com o grande apoio do grupo Acolher de Mariana, que enriqueceu ainda mais a festa.

“A festa foi ótima! Poder rever a maior parte do pessoal e estar ali conversando com cada um foi importante. Todos sentiram isto. Além de tudo, a ideia de ser uma festa comunitária foi muito boa. Conversei com cada um um pouco. Todos falavam a mesma coisa, que estava sendo bom todos juntos. Teve até comentários que parecia as festas do Bento. As crianças também se divertiram. Terminamos com uma quadrilha. Adultos e crianças dançando juntos. Foi só felicidade”. Andreia No Gama também teve arraiá.

“Esse ano só mudou o local. Lá no Bento, era como foi aqui na sede: quadrilha, apresentações, toda a escola reunida numa tarde para fazer a festa junina. A festa já tava sendo organizada por toda equipe da escola e a colaboração do grupo foi muito importante, porque movimentou toda a comunidade escolar. A gente ficou muito satisfeito, porque a gente vê que a união faz a força, né?”

“Foi nossa 1ª festa em Ponte do Gama após toda a tragédia. Foi pequena, mas muito bacana. A festa de Santo Antônio é tradicional e sempre feita pela mesma família já há gerações. Na casa deles, o Santo é homenageado de pai para filho com o nome de Antônio. Tudo muito animado e divertido, misturando crianças e adultos em torno da fogueira e, principalmente, fazendo orações e pedidos dos devotos do Santo”.

Alcione

Seu Milton

E a festança não para!!! No dia 9 de julho (sábado), Paracatu e Bento se juntam e convidam as outras comunidades para o Arraiá da Fulô no Centro de Convenções de Mariana. No mesmo dia 9, Camargos vai pular a fogueira na Praça do Cruzeiro. Estão todos convidados!


12

A SIRENE

Julho de 2016

Seu Filomeno: a festa dentro de um homem POR FILOMENO DA SILVA COM APOIO DE KLEVERSON LIMA, LUCAS DE GODOY E LARA MASSA

Seu Filomeno tem 82 anos e, desde os 13, cuida da Capela de São Bento. Ela não existe mais como antes, foi varrida pelo rejeito, mas ele ainda a visita na esperança de encontrar alguma coisa que justifique a continuidade do seu zelo. No chão remexido pelos arqueólogos, restam pedaços do templo e de sua história: as bases de pedra da igreja e dos muros laterais que a separavam do cemitério; o presbítero de madeira os restos da escada que dava acesso ao coro; e as campas que registram a antiga prática de se enterrar dentro das igrejas. O rejeito não levou tudo, não teve tanta força. Por sorte, ou pelas mãos de Deus, como diz Seu Filomeno, o rejeito não chegou a outro lugar

importante de Bento: as memórias (e à vida) desse zelador. Ele e sua mulher estavam na sede de Mariana quando souberam que Bento tinha sido destruído. O cuidado com o antigo templo, herdou do pai, que faleceu quando ainda era pequeno, e do Seu Torquato Camêllo, que o despertou para a beleza dos altares e das imagens. Lição aprendida e posta em prática aos 13 anos, quando era secretário da Associação de São Vicente de Paula. Nessa época, foi convocado pelo então zelador para continuar essa tarefa, mas só aceitou com uma condição: que os objetos do templo não fossem mais vendidos para um comerciante de arte que residia em Ouro Preto. O antigo zelador não fazia isso por mal.


Julho de 2016

O pobre homem, como narra Seu Filomeno, não sabia o que tinha em mãos e acabava vendendo as peças a qualquer preço. O dinheiro arrecadado era utilizado, de tempos em tempos, na conservação da capela. Seu Filomeno viu peças se despedirem do Bento e partirem para outras praças, como o Rio de Janeiro, e não queria que o mesmo acontecesse com o resto do acervo. Por isso, quando passou a cuidar sozinho do templo, redobrou sua atenção. Apenas ele e poucos moradores do Bento sabiam onde os objetos mais importantes estavam escondidos. Na época dos festejos, como num passe de mágica, essas peças voltavam a enfeitar os altares e os olhares dos devotos, servindo-lhes à oração. Terminado o rito, elas desapareciam novamente, e o público nem imaginava que estavam ali, dentro do templo, escondidas num compartimento secreto do coro. As festas realizadas em Bento Rodrigues eram, assim, marcadas por reencontros: dos fiéis com as imagens, das famílias com seus parentes, dos devotos com sua fé. Eram momentos de reflexões sobre a vida, realizadas no interior da igreja, mas também de celebração, através das danças que varavam a madrugada num antigo sobrado que o tempo tratou de levar. Orações e folias cruzavam de ponta a ponta o calendário religioso da localidade: Festas de São Sebastião, de São José, de Nossa Senhora das Dores, de São Bento, de Maria Concebida, do Sagrado Coração de Jesus, de São Benedito, de Nossa Senhora das Mercês e do Menino Jesus. Entre todas, uma tinha um lugar especial: a festa do padroeiro. São Bento, ou Bento de Núrsia, foi um monge italiano que viveu entre os anos de 480 e 547 e é reconhecido pela fundação da Ordem dos Beneditinos, ainda atuante em várias regiões do mundo. Em Bento Rodrigues, ele era celebrado no dia 21 de março, data de seu falecimento. Na programação do festejo de São Bento, havia a novena preparatória, a procissão e o hasteamento da Bandeira em sua homenagem. Na madrugada do dia 21, às quatro da manhã, começava a alvorada que era acompanhada pelo lançamento de foguetes, pelo dobre do sino e pelo som da banda local. Às 10 da manhã, celebrava-se uma nova missa, e, em seguida, o povo se juntava em frente à igreja para ver a retreta. À tarde, ocorria uma nova procissão, e o ritual terminava com a benção do Santíssimo. Essa festa foi realizada até 1962 e só foi retomada duas décadas depois, em 1984, quando o Seu Filomeno e outros festeiros decidiram reorganizar a celebração do padroeiro. A Banda de São Bento, extinta também nos anos 1960, foi substituída pela Banda Bom Jesus do Matozinhos, de Ouro Preto, que até o ano passado acompanhou o festejo. Esse período de retomada levou à definição de uma nova data: o último domingo de julho, período que casava com as férias escolares das crianças e que permitia às famílias de fora programarem melhor suas estadias no Bento. Em julho do ano passado, quatro meses antes da tragédia, a festa estava bonita e cheia: “Parece até que sabiam que estavam se despedindo”, diz Seu Filomeno. No dia 05 de novembro, a água e o rejeito colocaram um fim à capela e a grande parte do Bento, restando um cenário triste e desolador. O rejeito levou outras coisas. Se foram os 69 anos de zelo e

A SIRENE

13

dedicação do Seu Filomeno. Ele continua atento, mas sabe que nada será mais como antes. Se foi o mistério em torno das imagens que apareceriam e desapareceriam diante dos olhos dos devotos. Se foram os altares sob os quais os fiéis se ajoelhavam para fazer suas orações. E se foi a esperança que o Seu Filomeno tinha (talvez ainda tenha) de reencontrar a umbrela, a vara do Rosário, as lanternas de vidro, as toalhas e a imagem de Santana que, pouco a pouco, com muito sofrimento, os filhos de Bento Rodrigues foram adicionando ao acervo da capela. As memórias do Seu Filomeno, como de outros, estão vivas, mas também fraturadas: “Passei mal foi por isso. Ficava pensando que ia encontrar essas imagens lá. Não encontrei nada.” Há uma certa tristeza no seu olhar, mas também há várias festas dentro desse homem, e o seu sorriso é uma vitória sobre aqueles que assumiram o risco dessa tragédia. Que o seu templo (o seu corpo) e sua sabedoria estejam por muitos anos entre nós. Atualmente, os festeiros do Bento e o pároco da Capela do Barro Preto de Mariana estão pensando em reeditar a festa do padroeiro. Se ocorrer, será em um formato mais simples. Fica a nossa torcida pelo evento.


14

A SIRENE

Julho de 2016

A gente explica Por: Alunos do 5 ° Ano da Escola Municipal Bento Rodrigues

Adulto: 1. muito chato 2. é velho 3. muito chato sem brincar e sem se divertir 4. é bom porque pode sair sozinho 5. não tem como fugir dessa fase 6. é uma coisa muito chata porque cada vez mais que crescemos não podemos brincar. Amor: 1. o sentimento feliz 2. é bom 3. sentir carinho por uma pessoa especial 4. É o que tenho pela minha família e pelo meu cachorro Spokc, que perdi 5. é um lugar que a gente ama. Barragem: 1. rompeu e destruiu o Bento 2. é perigosa 3. se rompeu e levou minha amiga 4. é muito ruim e muito triste. Casa: 1. pra morar a família 2. minha casa era mais confortável lá no Bento 3. Local que nos abriga, já eu não tenho mais 4. uma coisa que

perdemos quando a barragem rompeu. Escola: 1. aprendemos as coisas 2. é amor 3. para estudar 4. lugar legal onde aprende 5. é uma coisa chata mas eu estudo pra ser alguém na vida. Lembrança: 1. o Bento 2. do que tinha antes 3. uma imagem que se guarda no coração 4. é uma coisa que lembro sobre a barragem. Meio Ambiente: 1. cuidado com a natureza 2. reciclar para ser o melhor 3. foi destruído pela barragem 4. é bom pra nossa vida, mas as pessoas não cuidam. Preconceito: 1. deixa a gente chato 2. é ruim 3. é mexer com as pessoas 4. Uma pessoa que se acha mais que as outras, mas todos são iguais 5. pessoa que não nos aceita

e nos chama de “marilama” 6. chamar a pessoa de lama porque veio do Bento 7. é racismo e isso pode levar uma pessoa presa. Saudade: 1. da escola de lá 2. de mexer com os cavalos 3. meu coração partido 4. é como uma mão apertando meu coração 5. é como se fosse perder um animal de estimação; eu perdi meu cachorro 6. da minha amiga. Sirene: 1. desespero 2. não tinha no Bento 3. tinha que colocar bem antes da barragem romper 4. é um barulho que deviam colocar no Bento, pra avisar às pessoas. Vizinho: 1. a vizinhança da gente 2. é legal 3. lá no Bento todos os vizinhos eram meus amigos e tenho carinho por eles 4. não é mais igual lá no Bento 5. muito ruim, eles são chatos.


A SIRENE

Julho de 2016

Agenda

15

Pito do Seu Milton

Depois de um mês nada produtivo, estamos enfrentando o esvaziamento das reuniões com a Samarco. Como Comissão, precisamos ouvir mais os atingidos; tornar constante a participação deles; ouvi-los de maneira mais clara; buscar o diálogo franco e mudanças para que, com a participação mais efetiva de todos, possamos alcançar objetivos comuns mais rapidamente. A partir de agora, na última quinta-feira de cada mês haverá uma reunião entre comissões e atingidos. Participem conosco, tragam suas ideias e reclamações. Juntos, podemos mais!

Julho 04 05 06 07 11 12 13 18 19 20 21 25 26 27 28

17h – Reunião Grupo de Pedras – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião interna da Comissão dos Atingidos – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião Grupo de Bento Rodrigues – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião Grupo de Paracatu – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião Pública Geral dos Atingidos de Mariana/Samarco/Ministério Público – Centro de Convenções 19h – Reunião de pauta Jornal A SIRENE – Câmra Municipal de Barra Longa 18h – Reunião interna da Comissão dos Atingidos – Escritório dos Atingidos 19h – Reunião Samarco/Área técnica “Dique S4” com Ministério Público – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião Grupo de Bento Rodrigues – Escritório dos Atingidos 19h – Reunião de pauta Jornal A SIRENE – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião Grupo de Paracatu – Escritório dos Atingidos 17h – Reunião Grupo de Trabalho Temático de Pedras – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião interna da Comissão dos Atingidos – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião Grupo de Bento Rodrigues – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião Grupo de Paracatu – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião Pública Geral dos Atingidos de Mariana/Samarco/Ministério Público – Centro de Convenções 18h – Reunião interna da Comissão dos Atingidos – 18h – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião interna da Comissão dos Atingidos – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião Grupo de Paracatu – Escritório dos Atingidos 18h – Reunião Pública Geral das Comissões de Mariana – Centro de Convenções


a n o D Te r e z a A guardiĂŁ do nosso maior patrimĂ´nio, Seu Filomeno


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.