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Paulo Cupertino e a inteligência dos bichos

Por Sérgio Papagaio

Em uma prosa com Paulo Cupertino, 82, tive uma lição do conhecimento ancestral sobre a importância de uma boa conversa entre seres humanos e animais.

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“A gente conversa com os bois, ele entendem a gen te, mas nós não entendemos a língua dos bois, por isso é que os homens judiam dos bois, quando deveriam só conversar. O boi carreiro adestrado é o boi que sabe trabalhar, boi de cabeçaio ninguém usa amarrar ele pra entrar na canga, ele entra a partir do momento que você manda entrar. Abaixa a cabeça e entra entre os dois canzis. Os bois na rabadeira seguem com a cabeça bai xa, no cabeçaio seguem o trabalho com a cabeça alta.

O boi carreiro, você fala com ele o dia inteiro, não tem que fazer nada com ele, só mandar que ele obedece. O que me deixa mais triste é que os homens não entendem a língua deles, mas eles entendem o que falamos com eles.

Você vê só: um passarim, pra chocar, ele primeiro constrói o ninho, depois eles cruzam, a fêmea põe os ovos, depois deita sobre eles até que nasçam os filhotes. Depois que os filhotes nascem, os pais sabem que têm a obrigação de tratar dos seus filhos. Por que o homem e a mulher às vezes não têm este mesmo entendimento?

Veja só a inteligência que tem uma paca que se ali menta de raízes: não precisa de tomar água toda hora. Ela sabe que à noite é mais seguro, vai pela sua trilha até o bebedouro e sabe que tem que voltar para a sua morada. Sua segurança está na sua toca, sua casa.”

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