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Um jornal que volta a circular, volta às origens

Nos últimos anos, devido à perda de verbas e ao avanço da pandemia de COVID, a impressão e a circulação física do Jornal A SIRENE precisaram ser pausadas. Diante das crises, houve a necessidade de avaliarmos nossas ações e repensarmos os conteúdos para continuar realizando um trabalho respeitoso e comprometido com as pessoas e comunidades atingidas.

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Concentramos nossos conteúdos em plataformas digitais como o site e os perfis em redes sociais, mas brigar pelo retorno do impresso sempre foi uma de nossas prioridades. Em agosto de 2022, retornamos, graças à parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Além da universidade, uma série de instituições e muitas pessoas contribuem mensalmente para a produção e circulação do jornal.

Neste mês de fevereiro, A SIRENE completa sete anos e uma das formas de comemorarmos a nossa resistência é valorizarmos conquistas como o retorno do impresso e as pessoas que contribuem e contribuíram com esse avanço.

Por Expedito Lucas da Silva (Caé), Andreia Sales e Silmara Filgueiras Com o apoio de Crislen Machado e Tatiane Análio

“Eu sou um grande defensor das coisas palpáveis, daquilo que a gente pega pra ler e reler, por causa da facilidade. Por telefone é mais difícil, porque depende de internet, depende de saber mexer exatamente no telefone, então, no meu ponto de vista, para uma faixa etária mais jovem, talvez o celular seja melhor, mas, pra gente que tá numa meia idade, o impresso é melhor. E eu sou um grande defensor de ter ele impresso. Apesar de todas as dificuldades, eu defendo, mesmo que diminua a quantidade de páginas, mas é muito mais viável. Hoje, a tecnologia avançou muito e quem é mais velho tá se adequando, enquanto os jovens preferem online, mas eu, como não gosto muito do digital, prefiro o material físico.”

Expedito Lucas da Silva (Caé), moradorde Bento Rodrigues

“Eu acho a volta do impresso uma coisa muito importante, principalmente para as pessoas que não têm acesso à internet, seja por não saber mexer ou por não ter disponível. Antes, na casa da minha família, sempre recebíamos, mas, infelizmente, quando parou a impressão, o único material que chegava era o produzido pela Renova.”

Andreia Sales, moradora de Bento Rodrigues

“Antes, A SIRENE era um projeto; agora, tá caminhando para outros lugares de maior importância, o profissionalismo e tudo mais. Temos essa inserção e parceria com a UFOP, acho que é fundamental para o crescimento. O jornal serve de fonte para pesquisadores, para outros estudantes, não só de Jornalismo, mas também para outras áreas que já buscaram nele informação sobre todo esse processo, desde o rompimento da barragem, mas também para conhecimento das comunidades. É fonte de pesquisa, informação, registro da história das pessoas atingidas pela barragem de Fundão. Eu estive desde o início, desde a edição 0, quando a gente fez a primeira reunião com um grupo multidisciplinar, tinha gente da Arquitetura, jornalistas, estudantes, as pessoas atingidas. No começo, eu não tinha dimensão do que o jornal seria. Isso foi gradual, a partir de investimento e de a gen- te entender e dizer da importância do direito à comunicação de um jornal independente. Não podemos nunca esquecer do que aconteceu em Mariana.

Vejo que, desde o início, a gente passou por esse momento de construção, tanto de nome, quanto de projeto gráfico, de projeto editorial, de política. Inclusive o meu tema de TCC foi a construção de um manual e o projeto gráfico do jornal, foi ali que entendi que era importante deixar registrado para a continuidade. Essa construção da comunicação veio junto com as pessoas atingidas, da forma como elas queriam. Tudo no jornal é feito voltado para a comunicação popular, porque é o espaço feito pelas pessoas atingidas e para elas.”

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