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Cruzeiro das Mercês periga cair

A Capela de Nossa Senhora das Mercês, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues e cuja construção ocorreu, estimadamente, entre os anos de 1750 a 1815, é um símbolo da história, mas também de resiliência. Com o rompimento da barragem de Fundão, em 2015, o templo foi uma das poucas edificações não afetadas completamente pelo crime da Samarco/Vale/BHP. Após o desastre socioambiental, ela passou de capela secundária à principal edificação de uso comunitário, onde acontecem reuniões não só religiosas, mas também festividades e outros encontros. Por conta do descaso com o qual as mineradoras e a Renova lidam com as pessoas atingidas e suas demandas, a capela vem sofrendo com precarizações, como já mostramos na edição 77.

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“A gente vem cobrando já faz um tempo a restauração da igreja. Cobramos os funcionários da Renova. Já saiu verba da empresa para reformar outras construções e a nossa, que está tão pertinho, ainda não saiu. Eles prometem, mas nada sai. Eles só estão fazendo levantamentos e pesquisas. Precisamos que eles façam alguma coisa. Se o patrimônio não for preservado, vai chegar a um ponto em que vai acabar, vai cair. Tem situações que já começam a indicar isso: goteiras, risco de desabamento de peças, infiltrações, telhas furadas. A estrutura da igreja já está comprometida. A igreja é tombada, então a comunidade fica limitada e só pode fazer alguns poucos reparos. A igreja tem sofrido também com os abalos que vêm da Mina de Fábrica Nova, propriedade da Vale. A Renova fez uma visita técnica e disseram que iriam restaurar o cruzeiro das Mercês, mas, até agora, nada também. As coisas estão só na promessa.”

Manoel Marcos Muniz (Marquinhos), morador de Bento Rodrigues

“A Renova está com um projeto de fazer envelopamento do cruzeiro de Bento Rodrigues, que está quase caindo. Pelo que eu vejo, não vai adiantar se eles não forem rápidos no processo. O cruzeiro já está com uma parte do braço no lado direito dependurado. É muito triste ver uma obra de muito tempo, construída pelos meu antepassados, sendo tratada dessa forma. Pelo que eu vejo e pelo meu conhecimento sobre a Renova, o cruzeiro vai cair. É muito triste ver o desrespeito com que essa ‘fundação’ trata as nossas memórias.”

Cristiano Sales , morador de Bento Rodrigues

Agora, a situação piorou: seu cruzeiro está dependurado e com sérios riscos de queda. A Renova faz promessas de ajustes que não se transformaram em ações até agora. A comunidade segue sem respostas e vendo seu patrimônio ser degradado.

Por Manoel Marcos Muniz e Cristiano Sales Com o apoio de Tatiane Análio

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