Dois pais, sim

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8 Literatura

“Dois pais, sim!” Por que não?

O

s cabeleireiros catanduvenses Vasco da Gama e Júnior de Carvalho lançaram o livro Dois Pais, Sim!, em novembro, durante as atividades da 8ª Semana da Diversidade de Catanduva e Região. A segunda publicação dos autores consiste numa versão revisada da história da primeira adoção com dupla paternidade do Brasil, além de relatos do dia a dia do casal na educação das filhas Theodora, 14, e Helena, 4 (a nova integrante da família). O primeira edição teve edição esgotada, tornando-se referência e marco na questão das adoções homoafetivas no País. O segundo trabalho foi lançado pela Livre Expressão, mantendo-se o apoio do

divulgação

Catanduvenses publicam versão revisada do livro sobre o primeiro caso de adoção por um casal homoafetivo no Brasil

Programa de Ação Cultural (ProAC) 2014, da Secretaria Estadual de Cultura. A designer Karina Avazi assina a arte de capa. A nova versão teve alteração no título, que passou a ser uma frase afirmativa, Dois Pais, Sim! (antes era apenas Dois Pais), e a inclusão de histórias surgidas a partir da adoção da filha caçula, Helena, irmã biológica de Theodora – inclusive estão presentes as laudas de deferimento das ações. Para o advogado Heveraldo Galvão, que representou o casal na primeira adoção, os autores narram como um processo judicial se transformou em um procedimento de carinho, respeito e doação de amor, que venceu batalhas e mudou paradigmas. “O amor

e o respeito triunfaram e abriram as portas da cidadania emocional para inúmeras famílias brasileiras”, avaliou o autor do prefácio. Responsável na época por deferir a primeira adoção homoafetiva do Brasil em outubro de 2006 , a juíza Sueli Juarez Alonso considerou sólida a relação de Vasco e Júnior. “Eles estão juntos publicamente, construíram um patrimônio em parceria, têm o desejo comum de estabelecer uma família”, expôs. “Os casais homossexuais não estão ali para obter resultados econômicos da relação, mas, sim, para trocar afeto”, complementou. “Ela bateu o martelo, mostrando que a minoria homossexual não pode ser tratada como pecaminosa ou doentia a ponto de o Estado fazer

discriminações gritantes na aquisição de direitos”, disse Vasco. Com a decisão, a juíza fez história no movimento LGBT. “A minha visão do texto é de admiração, que se manifesta no campo do discurso amoroso e exige um olhar terno. Este livro vai além da concepção comum sobre a adoção e mostra aquilo que para muitos pode não ser natural, mas para o autor é poesia”, contou Júnior. Quem conhece a história do casal catanduvense, que teve suas vidas apresentadas em diversos programas de televisão, irá encontrar nas páginas do novo livro muito mais do que simples relatos. Em Catanduva, a obra está à venda na Livraria Santa Rita e na Papelaria Crivepel.


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