Jornal Brasília Capital 598

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www.bsbcapital.com.br DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Brasília, 24 a 30 dezembro de 2022 Ano XII - número 598 VÁ DE RETRO João Batista Pontes faz um retrospecto dos quatro anos de Bolsonaro e mostra quais as lições devemos tirar de um dos períodos mais obscuros e tormentosos da história do Brasil para jamais voltarmos a cometer um erro tão grande. Páginas 6 e 7 FAB aposenta Mirages. Grippens F-39E chegam a Anápolis Chico Sant’Anna – Página 10 Lula terá 37 ministérios Pelaí – Páginas 2 e 3 A Argentina sorri Júlio Miragaya – Página 4 Bancários reinauguram sede com Orquestra Sinfônica e Hamilton Holanda Página 8

Expediente

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Os textos assinados são de responsabilidade dos autores

PPCUB e PDOT – O provável futuro presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz (MDB), pretende tirar da gaveta, ainda no primeiro semestre de 2023, os projetos do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) e do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT). “Não é razoável que duas propostas tão importantes fiquem em tramitação mais de dez anos”, diz ele.

Diplomação do barulho

A diplomação dos eleitos pelo DF, segunda-feira (19), no Centro de Convenções, reeditou os momentos mais quentes da campanha deste ano. Começou com uma sonora vaia para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, também aplaudida pelos aliados do atual presidente. O racha se repetiu ao ser anunciado o nome da senadora eleita Damares Alves (Republicanos).

GRITOS – Durante 5 minutos, o público formado por 1.200 convidados se dividiu entre os que gritavam “mito, mito” e “Lula ladrão”. O governador reeleito Ibaneis Rocha (MDB), diagnosticado na véspera com covid-19, não compareceu. Ao todo foram diplomados 8 deputados federais, 24 distritais, a senadora Damares e seu suplente, Ibaneis e a vice-governadora Celina Leão (PP). Todos serão empossados no dia 1º de janeiro de 2023.

APELO – “Senhores candidatos, trabalhem muito em favor da vida, da prosperidade da nação, em favor da educação, mais emprego para o povo, melhoria da economia e em favor da diminuição das desigualdades sociais”, apelou em seu discurso o presidente do TRE-DF, desembargador Roberval Belinati.

Ibaneis Rocha (MDB) - governador (representado pelo advogado Bruno Rangel)

Celina Leão (PP) – vice-governadora Damares Alves (Republicanos) - senadora Manoel Coelho Arruda Junior (União Brasil)suplente de senador

DEPUTADOS FEDERAIS

Beatriz Kicis (PL)

Fred Linhares (Republicamos) Erika Kokay (PT)

Rafael Prudente (MDB)

Julio Cesar Ribeiro (Republicanos) Reginaldo Veras Coelho (PV) Alberto Fraga (PL) Gilvam Máximo (Republicanos)

DEPUTADOS DISTRITAIS

Fábio Felix (PSOL)

Chico Vigilante (PT)

Max Maciel Cavalcanti (PSOL)

Daniel Xavier Donizet (PL)

Marcos Martins Machado (Republicanos)

Robério Negreiros (PSD)

Jorge Viana de Sousa (PSD)

Jaqueline Angela da Silva (Agir)

Thiago Manzoni (PL)

Eduardo Pedrosa (União Brasil)

Joaquim Domingos Roriz Neto (PL)

Iolando Almeida de Souza (MDB)

Daniel de Castro Sousa (PP)

João Hermeto (MDB)

Roosevelt Vilela Pires (PL)

Jane Klebia do Nascimento Silva (Agir)

Bernardo Rogério Mata de Araújo Junior (PMN)

Gabriel Magno Pereira Cruz (PT)

João Alves Cardoso (Avante)

Paula Moreno Paro Belmonte (Cidadania)

Ricardo Vale da Silva (PT)

Wellington Luiz (MDB)

Pedro Paulo de Oliveira (PP)

Dayse Amarilio Donetts Diniz (PSB)

Rosângela e Sergio Moro estão hospedados no hotel Meliá Brasília 21, o mesmo onde o presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva e a futura primeira-dama Janja estão morando durante a transição e a organização da festa da posse, no dia 1º de janeiro. Na última semana, Aloizio Mercadante, confirmado para presidir o BNDES no próximo governo, almoçava na mesa ao lado do casal Moro no restaurante que fica no hall do hotel.

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eleitos pelo DF e diplomados
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RENATO ALVES/AGÊNCIA BRASÍLIA RICARDO STUCKERT/PT

Lula está rouco de tanto ouvir

Mesmo decidido a contar com 37 ministros em seu próximo governo, o presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem optado por não anunciar a maioria dos nomes que integrarão sua equipe. Antes, tem se reunido com aliados, parlamentares e dirigentes dos partidos que formarão sua base no Congresso Nacional.

PASTA – Mas a lista com os nomes de cada pasta já circula pela sede do governo de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) dentro de uma pasta sob os cuidados de um assessor do PT muito próximo a Lula.

LISTA – Segundo esse assessor, ali constam nomes como os de Camilo Santana (PT), ex-governador do Ceará, para o MEC; de Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, para o Ministério da Saúde; Jorge Messias,

ex-assessor de Dilma Rousseff, para a Advocacia-Geral da União; de Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, para as Relações Institucionais; e do deputado Márcio Macedo (PT-SE), para a Secretaria-Geral da Presidência da República.

ENGENHARIA – O futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o formato e os ocupantes dos cargos já estão resolvidos. “A engenharia dos ministérios está 100% concluída. O presidente vai anunciar os nomes”.

Dobradinha repetida Gente que representa gente

Na quinta (22), Lula confirmou a intenção de montar um governo que represente “o máximo de gente que a gente puder” e que os ministros “precisarão contemplar em suas pastas a pluralidade da população brasileira”. E confirmou mais 16 nomes. São eles: Alexandre Padilha (Relações Institucionais); Márcio Macedo (Secretaria-Geral); Jorge Messias (Advocacia-Geral da União); Nísia Trindade (Saúde); Camilo Santana (Educação); Esther Dweck (Gestão); Márcio França (Portos e Aeroportos); Luciana Santos (Ciência e Tecnologia); Cida Gonçalves (Mulheres); Wellington Dias (Desenvolvimento Social); Margareth Menezes (Cultura); Luiz Marinho (Trabalho); Anielle Franco (Igualdade Racial); Silvio Almeida (Direitos Humanos); Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio); Vinícius Carvalho (Controladoria-Geral da União).

A vice-presidente da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento, Roseli Faria, e o auditor federal Marivaldo Pereira fizeram uma dobradinha pelo Psol-DF como candidatos a deputado federal e distrital. Agora, vão repetir a aliança na assessoria do ministro da Justiça, Flávio Dino.

FOCO – Ela como diretora de Promoção de Justiça e ele na Secretaria de Acesso à Justiça. “Vamos trabalhar na defesa de pautas antirracistas, de combate à violência e em favor da população LGBTQIA+. Marivaldo diz que também não perderá o foco na mediação de conflitos fundiários e de proteção às mulheres e às minorias.

PRF – Flávio Dino confirmou, ainda, o advogado Antônio Augusto de Arruda Botelho (PSB-SP) para Secretaria Nacional de Justiça; e

a

causou polêmica na campanha eleitoral, quando o então diretor, Silvinei Vasques, foi acusado de usar a instituição em favor da reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

Polícia Civil faz a alegria de crianças do Paranoá e Itapoã

A Polícia Civil do DF, através da 6ª Delegacia, realizou, junto ao Instituto Aprender, o evento Natal na Sexta. O objetivo foi levar a instituição policial até o projeto, que abriga 320 alunos carentes do Paranoá, Itapoã e adjacências.

Cada servidor adotou uma das 180 cartinhas para o Papai Noel, escritas pelas crianças e adolescentes atendidos pelo instituto no contraturno da escola regular. Ali eles participam de oficinas de natação, teatro, música, percussão e capoeira.

Em um país onde 33 milhões de pessoas passam fome e mais 9 milhões estão desempregadas, foi uma forma encontrada pelos policiais de trazer um Natal mais digno às famílias daquela comunidade. Além dos brinquedos, os policiais angariaram alimentos e levaram sorriso e afeto aos atendidos.

BAIXAR ARMAS – Trata-se de uma população carente, a qual, por questões e ações histórico-sociais, rechaçam e estigmatizam o trabalho policial. Muitos dos alunos que ali estavam já presenciaram uma intervenção policial em sua casa, família ou vizinho. Então, abaixamos as armas.

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Edmar Moreira Camata para direção geral da PRF, função que Ricardo Viana (*) (*) Delegado Chefe da 6ª DP e professor de Educação Física
DIVULGAÇÃO
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL DIVULGAÇÃO

Hoje a Argentina não chora, mas sorri

Termina com o título da seleção argentina a 22ª Copa do Mundo, realizada no Catar. A Copa de 2022 foi, certamente, a mais permeada de absurdos, como as restrições à participação de mulheres e pessoas LGBT e o tratamento dispensado pela ditadura do emir Al-Thani à massa de trabalhadores imigrantes. Mas teve, provavelmente, a mais emo cionante final da história. Festa em Buenos Aires e em todo o território argentino e tristeza na França.

Por aqui, os brasileiros se divi diram, parte torcendo pelo vizinho sul-americano, para quebrar a he gemonia europeia, que vinha desde 2006, e parte torcendo contra, mes mo sem nutrir muitas simpatias pela França, que nos derrotou na fi nal de 1998 e nos eliminou em 1986 e 2006. Mas como se sente exata mente o torcedor brasileiro após o quinto insucesso consecutivo em Copas? Qual o seu sentimento?

Não há como não lembrar do cân tico provocativo entoado pelos Her manos na Copa no Brasil em 2014: “Brasil, decime qué se siente” (Bra sil, me diga o que sente), lembrando o gol de Cannigia em passe genial de Maradona, que eliminou o Brasil em 1990, e as frequentes comparações entre Maradona e Pelé.

Para entender este sentimento, devemos começar por uma breve retrospectiva do desempenho do futebol brasileiro. Após a frustra ção em 1950, com a incrível derrota para o Uruguai no “Maracanazo”, o Brasil venceu três das quatro Copas realizadas de 1958 a 1970, período

da brilhante geração de Pelé, Garrincha, Tostão & Cia, estabelecendo o sentimento de que aqui se jogava o melhor futebol do planeta. Ocorre que, após aquela geração, seguiram-se 24 anos de frustrações, período de hegemonia da Alemanha, com seu futebol pragmático, e da Argentina, comandada pelo gênio de Maradona.

A autoestima do torcedor brasileiro voltou a pulsar em 1994, estendendo-se até 2002, com a obtenção de dois títulos e de um vice-campeonato, campanhas capitaneadas pela geração de Romário, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho. Mas, a partir de então,

ria, o 7 a 1 para a Alemanha.

O fato é que não se ganha uma copa do mundo apenas com futebol de qualidade. Trata-se de uma competição de tiro curto, onde fatores como concentração, determinação e equilíbrio emocional contam muito. Quanto à seleção brasileira nesta copa, à parte as notórias limitações técnicas de vários jogadores e os crassos erros táticos, o que se questiona é a reduzida concentração e determinação da equipe comandada por Neymar, mais focada em ensaios de dancinhas, pinturas de cabelo e em ostentar seus ganhos

Trata-se de ter foco, de entender que se busca um objetivo. E isto Messi e seus companheiros mostraram ter de sobra. A simbiose entre time e arquibancada evidenciou tal situação. Sorte de um país que se orgulha de seus ídolos Maradona e Messi, tratados como mitos, não apenas pelo que fizeram e fazem dentro de campo, mas também fora dele.

Não é exatamente o caso de Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Neymar, todos saídos da pobreza, e que hoje se lixam para os graves problemas do povo. Não por acaso, são todos apoiadores de um “mito de mentirinha” que cultua a tortura.

TEMPESTADE – Após a eleição de Lula, analistas da grande mídia têm dado ênfase a uma falsa questão. Criticam o presidente eleito por estar aumentando para 37 o número de ministérios, argumentando que o desejável seria algo entre 20 e 25.

Ora, a China, país com maior taxa de crescimento do mundo nos últimos 40 anos, possuía, há até pouco tempo, nada menos que 44 ministérios. Já o Canadá, um dos países com maior nível de desenvolvimento do planeta, tem 42 ministérios.

De onde foi tirada a ideia de que menor número de ministérios é condição para uma melhor administração ou maior crescimento econômico? Lula não propõe aumento no número de cargos (embora isto seja necessário), mas uma melhor organização da máquina pública, com a redistribuição dos cargos.

É tempestade em copo d’água.

Brasília Capital n Opinião 4 n Brasília, 24 a 30 dezembro de 2022 - bsbcapital.com.br
Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia Júlio Miragaya (*)
SOCIAIS
REPRODUÇÃO REDES

Do massacre à conivência

Outubro de 2015. Professores da rede pública de ensino do Distrito Federal em greve fecharam por cerca de uma hora as saídas dos Eixos Sul e Norte. O protesto legítimo reivindicava o pagamento da última parcela do reajuste salarial conquistado em 2013. Na ocasião, câmeras de cinegrafistas profissionais e amadores flagraram a ação truculenta do Batalhão de Choque da PMDF.

Policiais cercaram um carro que participava da manifestação e retiraram o motorista, um professor, à força. O deitaram no chão com o rosto colado no asfalto e os braços para trás. Algemaram-no. Outro, antes de ser algemado, recebeu um golpe de estrangulamento conhecido como “mata-leão”, perigoso por causar a redução da circulação de sangue até o cérebro.

Muitos foram feridos pelas balas de borracha e os jatos de spray de pimenta disparados à queima roupa. A professora Meg Guimarães, ex-diretora do Sinpro-DF, foi filmada algemada, cercada de policiais, com o nariz escorrendo sangue. Ela teve lesão corporal atestada pelo Instituto Médico Legal (IML) e, desde então, tem sofrido de transtornos de ansiedade e de estresse pós-traumático. Aos meios de comunicação tradicionais, a PM disse que “o uso da força ocorreu após uma hora de negociação para a liberação da via”.

Há mais de 45 dias, apoiadores de Jair

Bolsonaro

ao

A ação é criminosa, já que incita as Forças Armadas contra a sociedade civil. Consequência do ato: a Esplanada dos Ministérios, uma das principais vias do DF, foi interditada sem previsão de reabertura, impondo o desvio de quem passa por ali de ônibus ou de carro para trabalhar ou estudar.

Os bolsonaristas fizeram, na segunda-feira (12), uma noite de terror em Brasília. Tentaram invadir a sede da Polícia Federal, atearam fogo em carros de civis e em ônibus. Um veículo estacionado em um posto de gasolina ficou em chamas, com o risco de causar

uma explosão do local que tem nas proximidades hotéis e um shopping. Durante os atos criminosos, foram espalhados botijões de gás de cozinha em vias do Setor Hoteleiro Norte.

Na transmissão ao vivo da ação terrorista, feita pela jornalista Juliana Castro, ouve-se de um dos apoiadores de Bolsonaro: “imagina amanhã, quando a gente voltar armado”. Resultado: durante os atos criminosos, ninguém foi preso pelas forças de segurança. A PMDF, convocada para conter as ações daqueles que, dias atrás, em outro canto do Brasil, cantavam o Hino Nacional para um pneu de trator, utilizou força tática completamente distinta daquela empregada

contra professores em 2015.

O que motiva ou justifica as diferentes abordagens da Polícia Militar quando a ação se dá junto a professores das escolas públicas do DF, contra trabalhadores sem terra/sem teto, contra estudantes ou qualquer categoria da classe trabalhadora? Os exemplos indicam que as forças policiais são fundamentadas em valores avessos às pautas que guiam movimentos sociais e sindicais, como o Sinpro-DF, como a valorização da classe trabalhadora, o questionamento das ordens, o exercício do pensamento crítico, o protagonismo popular.

Para a diretora do Sinpro-DF Luciana Custódio, não há uma única conclusão do porquê da diferença de abordagem das forças de segurança. Mas é possível identificar claramente o resultado disso na sociedade.

“Supressão de direitos fundamentais, democracia aparente, tentativa de calar os setores progressistas e de conter a indignação do povo. Tudo isso se torna consequência de uma abordagem truculenta a um movimento legítimo, como foi o da categoria do magistério, em 2015. Paralelamente, quando não são tomadas atitudes de repressão necessárias para conter movimentos antidemocráticos, incentiva-se a destruição do Estado de direito, banaliza-se a barbaridade, caminha-se na direção inversa da democracia”, afirma Luciana Custódio.

A quem interessa taxar a inscrição do PAS?

(**)

O Programa de Avaliação Seriada (PAS) é um dos vestibulares da UnB, uma das universidades mais renomadas do Brasil, local de intransigente defesa da democracia. O PAS é destinado aos estudantes do Ensino Médio. Os estudantes, sobretudo os da rede pública, todos os anos enfrentam a mesma dificuldade: as altas taxas de inscrição para o exame.

Em 2021, eles tiveram que desembolsar R$ 127. Neste ano, a taxa obrigatória foi de R$120. A avaliação do PAS é seriada. Ou seja, os estudantes fazem uma prova por ano, para cada série do ensino médio. Com isso, ao término de um ciclo de admissões, o valor a ser desembolsado alcança mais de R$ 300.

O edital dispõe algumas possibilidades de isenção para estudantes de baixa renda. No entanto, quem opta por solicitar a isenção precisa passar por procedimento de comprovação que pode constranger e criar inseguranças que poderiam ser evitadas.

Daí a proposta de se pensar uma solução global, baseada em critérios objetivos e na autodeclaração, ou mesmo no subsídio público para a realização do exame, garantindo-se que nenhum estudante tenha que pagar pelo certame.

Além disso, estudantes relatam que os prazos estabelecidos pelos editais do PAS para comprovação do direito à isenção são incompreensíveis ou inexequíveis. Em 2022, por exemplo, o estudante só sabia se a isenção fora aceita ou rejeitada dois dias antes do encerra -

mento do prazo de inscrição.

A Secretaria de Educação do DF poderia propor algumas formas de custear a taxa de inscrição para os alunos da rede pública. Conforme dados da própria Secretaria, atualmente existem pouco mais de 80 mil estudantes no Ensino Médio da rede pública local. Se todos eles realizassem a prova do PAS, o gasto com o custeio da taxa seria de cerca de R$ 9,7 milhões.

Embora seja um custo alto, vale a pena discutir sobre a alocação dos recursos públicos – em 2021, por exemplo, o GDF gastou mais de R$ 10 milhões com o projeto ‘’Brasília Iluminada’’.

A noção de que a educação não é gasto, mas investimento, além de ser um direito assegurado a todos os cidadãos pela Constituição de 1988, aponta o caminho a

ser seguido nesse debate. Manter o sistema de cobrança de taxas e a burocracia na concessão de gratuidade apenas interessa àqueles comprometidos com o aumento das desigualdades no Brasil.

Oxalá possamos ter um PAS mais inclusivo em 2023!

(*) Estudante do 3º ano do Ensino Médio da Rede Pública e vice-presidente da União dos Estudantes Secundaristas do DF (*) Advogado especializado em direito privado e administrativo-regulatório

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital

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acampam em frente Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU) de Brasília. PMDF dá tratamento diferenciado aos bolsonaristas acampados no QG do Exército Lucas Cruz (*) e Vitor Boaventura
REPRODUÇÃO TV

O triste fim da

Um período obscuro e tormentoso da nossa história. Quatro

Estamos a poucos dias do término de um dos governos corrupto e, acima de tudo, mentiroso, da história do Brasil. E o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá, sem dúvidas, grandes dificuldades para realizar o seu plano de governo, pois contará com um Congresso Nacional dominado pelo Centrão, cujos parlamentares foram eleitos por força do poder econômico que lhes proporcionou o orçamento secreto.

Felizmente, para o novo governo e para o povo brasileiro, esse período obscuro e tormentoso termina concomitantemente com o maior esquema de corrupção engendrado

por Bolsonaro e seus cúmplices no Congresso – o chamado orçamento secreto. Finalmente, o Supremo Tribunal Federal decidiu, seguindo

Tenente expulso do Exército

Bolsonaro foi um tenente expulso do Exército por atos de terrorismo contra a própria instituição, pena revertida por membros da extrema direita integrantes à época do Supremo Tribunal Militar. Logo depois, foi discretamente expurgado das fileiras do Exército para uma confortável reserva remunerada, sendo, em decorrência, promovido a capitão.

Como nada sabia fazer, resolveu ingressar na carreira política, sempre apoiado por uma enorme base de militares e milicianos do estado do Rio de Janeiro. Eleito deputado federal por várias legislaturas, nunca chegou a ter destaque, sempre integrando uma maioria de parlamentares sem nenhuma expressão, denominada de “baixo clero”.

ADEPTO DA TORTURA – Bolsonaro começou a aparecer nas manifestações populares de 2013 e foi galgado à condição de notoriedade nas manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, sempre expressando um discurso radical de extrema direita, explicitando ser adepto da ditadura, da tortura, defensor do extermínio dos que considerava comunistas, socialistas ou esquerdistas, e contrário aos avanços conseguidos por minorias – indígenas, quilombolas e outras. Passou então a ser aceito e visto como alternativa de poder para as eleições de 2018 e a receber o endosso do estamento militar que o tinha rejeitado anteriormente, constituído pela oficialidade superior que se ressentia da perda do poder do período da ditadura. Assim, foi alçado à categoria de “mito”.

consistente relatório da ministra Rosa Weber, declarar inconstitucionais as emendas de relator, identificadas no orçamento com a sigla RP9.

E não nos esqueçamos de que, por esse ralo – orçamento secreto –, já foram desviados para as mãos de políticos corruptos, do Centrão, mais de R$ 54 bilhões. Esse esquema garantiu estabilidade política a Jair Bolsonaro, especialmente na Câmara dos Deputados, sob o comando do presidente da Casa, Artur Lira (PP-AL), cujos parlamentares do Centrão blindaram o chefe do Executivo contra mais de 140 pedidos de impeachment. Em troca, asseguraram recursos para suas bases por meio das bilionárias emendas de relator, que foram usados para obtenção de apoios políticos e compra de votos.

São inúmeros os fatos obscuros e ilegais ocorridos no desgoverno Bolsonaro que devemos jamais nos esquecer. Antes, porém, é preciso relembrarmos o que era Bolsonaro e os eventos que o levaram, numa verdadeira tragédia, a ser eleito presidente.

Boneco tosco como instrumento político

Os “liberais”, identificados com a nossa elite escravocrata, capazes de aceitar qualquer arroubo libertário em nome do mercado, aderiram com alegria ao candidato antipetista. Na verdade, os militares e a elite empresarial viram nele um boneco, bronco e tosco, mas adequado para ser usado como instrumento político.

Bolsonaro foi também sendo identificado por personagens que estavam calados, abafados pela redemocratização, público que veio se assumindo e tendo cada vez mais coragem de expressar as mesmas mazelas morais e políticas dele, situação potencializada a partir da crise do governo Dilma; da

decepção com o PT, que não mais era percebido como o partido da ética na política; com a erosão da militância de esquerda e o crescimento da “militância” evangélica.

Foi assim que chegamos à tragédia da vitória eleitoral de Bolsonaro em 2018, quando Lula, que mantinha uma larga vantagem nas pesquisas de intenção de votos, foi afastado da disputa eleitoral por meio de ameaças militares, expressadas pelo então comandante do Exército, General Villas Boas, e a subserviência do STF. E não nos esqueçamos da “facada fake”, que causou comoção popular e certamente influenciou na eleição dele.

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Bolsonaro pregou a necessidade de um golpe para implantar uma ditadura militar neofascista AGÊNCIA BRASIL

Era Bolsonaro

Quatro anos de desgoverno para jamais nos esquecermos

Golpista sustentado por fake news

A estratégia que passou a usar foi simples: nos embates com os “inimigos”, não se importava com o resultado, mas sim em mostrar para a sua base que não o deixavam governar. Assim, quando algo dava errado, o que quase sempre ocorria, a culpa era atribuída aos outros (Supremo, mídia, governadores, Congresso).

Tal estratégia foi complementada pela formação de um intenso movimento na internet, baseado na criação de falsas notícias (fake news), que foi contaminando o debate político ao longo de quatro anos, fazendo com que milhões de pessoas passassem a ignorar toda fonte de informação que não tivesse origem no “gabinete do ódio”.

Durante seu desgoverno, Bolsonaro demonstrou que, para ele, o importante era fortalecer seu apoio entre os que poderiam levá-lo ao poder absoluto: as Forças Armadas (FFAA), as polícias militares e as milícias que ele foi armando sem limites, até chegar a um número recorde de supostos CACs (caçadores,

Lição para a História

Por isso, o que mais teme Bolsonaro é ser preso após deixar a presidência, quando findará o seu poder sobre as instituições de investigação. As manifestações de bloqueio de estradas, lamentações nos muros dos quartéis e os atos violentos praticados recentemente em Brasília por manifestantes financiados por empresários do agronegócio e apoiados por militares e políticos bolsonaristas, estão sendo usados como massa de manobra e pressão para garantir, junto ao novo governo, a preservação das vantagens, para ele e seus

cúmplices, visando, em especial, imunidade a Bolsonaro.

Mas a anistia, acaso viesse a ser concedida, contribuiria fortemente para o futuro retorno de Bolsonaro e daria força aos militares golpistas, renovando o ciclo das ameaças de golpe que eles tentaram e tanto inquietou a sociedade brasileira.

O que os democratas brasileiros esperam é que Bolsonaro, sua família e seus cúmplices sejam processados e condenados pelos crimes que cometeram, assim como que o novo governo promova uma mobi-

atiradores e colecionadores), 700 mil militantes armados (e bem armados), organizados em clubes de tiro.

NEOFASCISTA – Bolsonaro sempre pregou com clareza a necessidade de um golpe para implantar no Brasil uma ditadura militar de natureza neofascista. Chegou a tentar, sem êxito, esse golpe em vários momentos, notadamente no dia 7 de setembro de 2021.

Para alcançar seus objetivos, conseguiu a cumplicidade de vários generais, os quais estiveram na vanguarda das ofensivas para destruir a democracia. Entre outros, Luiz Eduardo Ramos, Augusto Villas Boas, Braga Netto, Eduardo Pazuello e o próprio Ministro da Defesa, Paulo Sergio de Oliveira, além de almirantes e brigadeiros comandantes de suas respectivas armas. Contou, ainda, com o apoio dos mais de 6 mil militares nomeados para cargos comissionados no governo.

Crimes em série e superpedido de impeachment

Chegando ao poder, Bolsonaro passou a trabalhar para enfraquecer as instituições democráticas, começando por questionar, contraditoriamente, a lisura do processo eleitoral que o levou ao Planalto. Cooptou a PGR, submeteu a PF e a PRF, fragilizou os mecanismos de controle da corrupção, enfrentou o STF, atacou a imprensa tradicional, atritou-se com o Congresso.

O superpedido de impeachment de Bolsonaro, assinado por partidos políticos, parlamentares e entidades da sociedade civil, protocolado na Câmara dos Deputados em 30 de junho de 2021, unificou os argumentos dos outros 123 requerimentos feitos anteriormente e listou 21 crimes por ele cometidos, dentre os quais:

lização popular que combata com vigor dois elementos arraigados na nossa sociedade: 1) o bolsonarismo, com seu viés misógino, homofóbico, racista, falso moralista, falso religioso, falso patriota, anticientífico, de insensibilidade à destruição do meio ambiente e adepto da ditadura e da tortura; 2) a ameaça golpista que sempre paira sobre a sociedade brasileira, proveniente da percepção injustificável que os militares têm de que constituem uma casta superior à sociedade civil, uma espécie de poder moderador.

Crime contra o livre exercício dos Poderes; tentar dissolver ou impedir o funcionamento do Congresso; ameaça para constranger juiz; subverter ou tentar subverter a ordem política e social; incitar militares à desobediência à lei ou infração à disciplina; crime contra a probidade na administração; e proceder de modo incompatível com o decoro do cargo. Ato: mentiras para obter vantagem política.

Outros tantos crimes por ele cometidos foram indicados no relatório da CPI da Pandemia, dentre os quais, prevaricação, charlatanismo, emprego irregular de verba pública, incitação ao crime; falsificação de documentos particulares, e crimes contra a humanidade (nas modalidades extermínio, perseguição e outros atos desumanos).

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(*) Geólogo, advogado e escritor
MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL Luiz Eduardo Ramos, apoiador de Bolsonaro: enfraquecimento das instituições democráticas

VIA Satélites

BRB Fácil, agora + Fácil – Está em vigor até o final de dezembro o programa BRB Fácil. É uma oportunidade para quitar dívidas em atraso com pagamento à vista ou parcelado. Os clientes selecionados recebem o percentual de desconto personalizado de forma online, por SMS e push no Mobile. Posteriormente, é enviado o boleto, em caso de pagamento à vista (nesta opção, é possível obter até 90% de desconto).

{ SÃO SEBASTIÃO { CEILÂNDIA / SAMAMBAIA / RECANTO DAS EMAS

Plantio de espécies do Cerrado Natal de Muitas Cores

Duzentos voluntários se reuniram para plantar mais de 1.000 mudas de espécies do Cerrado na região da Aguilhada, na bacia do rio São Bartolomeu, em São Sebastião. A iniciativa foi do Instituto Limpa Brasil, em parceria com o Grupo Com Atitude, Instituto EcoCerrado, AMPASS e Malala Filmes, dentro da ação social “Jornada Sustentável” do projeto Água Corrente.

A meta é preservar várias nascentes e quatro córregos, dos quais três nascem na região - o Quilombo, Gamelas e Aguilhada. Entre as espécies plantadas estão ipê rosa, ipê amarelo, o ipê roxo, ipê branco, umburana, peroba, cagaita,

INFORME

aroeira pimenteira, jenipapo e copaíba.

Durante a ação, no dia 15 deste mês, os voluntários fizeram coleta de lixo e materiais recicláveis para destinação adequada para cooperativas. “É uma iniciativa que contribui para o despertar da consciência da sociedade com relação ao descarte incorreto do lixo e plantio de árvores nos parques, escolas públicas e áreas degradadas”, comentou Marta Rocha, co-fundadora do Limpa Brasil.

Com patrocínio do Instituto Sabin e Sabin - Medicina Diagnóstica, o mutirão contou com a participação dos alunos da Escola Classe Aguilhada e da comunidade local.

O grupo DS Cantores Performáticos fez três apresentações na quinta-feira (22) em Samambaia, no Recanto das Emas e em Ceilândia. As duas primeiras, às 12h e às 14h, foram nas lojas da rede Tesoura de Ouro nas respectivas cidades. A última, às 16h, aconteceu no Hospital Regional de Ceilândia (HRC).

As apresentações fazem parte da ação “Natal de Muitas Cores”, uma iniciativa da G108 Comunicação e da Tesoura de Ouro. “Nosso objetivo é levar luz e emoção às pessoas, especialmente àquelas que estão hospitalizadas e seus acompanhantes”, explica a diretora do DS Cantores, Thaís Uessugui.

“Natal é época repleta de emoções. Levar essa magia para quem mais precisa é um dos nossos objetivos”, conclui o gerente de marketing da Tesoura de Ouro, Ed Carso, explicando que as apresentações serão gratuitas também nas lojas da rede em Samambaia e no Recanto das Emas.

Ao som de Hamilton de Holanda e da Orquestra Sinfônica

A espera acabou. Após meses em obras de modernização, a sede do Sindicato dos Bancários foi oficialmente reinaugurada na noite de segunda-feira (19) com a presença de bancários da ativa e aposentados, além de convidados especiais. No palco do repaginado Teatro dos Bancários, a cerimônia teve seu ponto alto com as apresentações da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional e do músico Hamilton de Holanda.

Cumprindo as formalidades para o início da nova fase, a placa foi descerrada e a fita cortada no foyer do Teatro sob os aplausos dos convidados. Os ritos foram cumpridos pelo anfitrião e presidente do Sindicato, Kleytton Morais, na companhia de ex-presidentes e de membros da atual gestão.

Acomodados na nova estrutura do teatro, os primeiros a conhecer a versão atualizada do Sindicato também aplaudiram a homenagem feita àqueles que ajudaram a escrever a história da categoria bancária no DF. Falaram ao público José Wilson e Jacy Afonso, bancários aposentados e ex-presidentes da entidade, que elegeram a sede da entidade

como patrimônio material da classe trabalhadora da Capital do País.

Emocionado, o secretário de Cultura do Sindicato, Sandro Oliveira, falou da satisfação de ver pronta a sede da entidade, assim como a nova cara do Teatro dos Bancários. “Este espaço é motivo de muito orgulho para nossa categoria e todo o povo do DF, por sua importância histórica e cultural. Vê-lo pronto me deixa muito emocionado. Vida longa ao Sindicato

e ao Teatro dos Bancários!”, comemorou.

O presidente do Sindicato, Kleytton Morais, destacou que “o Teatro, adaptado aos novos tempos que chegam, pretende retomar sua agenda até março de 2023, com uma programação ainda mais diversa e interessante do que já era”.

Segundo explica Kleytton, “para tanto, a direção do Sindicato proporá uma nova política cultural para o local e levará em considera-

ção as contribuições dos usuários, parceiros, operadores, artistas e demais frequentadores. Tudo isso aliado a um novo espaço que será a nova sede (que vai ganhar ainda um café), um ambiente mais arejado e pensado sob a perspectiva da sustentabilidade, com a instalação de placas solares, por exemplo”.

A SEDE – Espaço importante para a organização da luta da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e dos artistas do DF, a sede do Sindicato foi adaptada para atender às demandas dos novos tempos. Aberto ao público pela primeira vez em 1995, o prédio de 3.720 m² de área construída está mais moderno e conectado com o que há de melhor para os bancários e o público cativo do teatro.

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital

Brasília Capital n Cidades n 8 n Brasília, 24 a 30 dezembro de 2022 - bsbcapital.com.br
O evento homenageou àqueles que ajudaram a escrever a história da categoria bancária no DF DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

INFORME

Reforma Administrativa: mitos e narrativas

Entra governo e sai governo e a velha história volta ao centro do picadeiro: precisamos fazer reformas. As reformas Administrativa e Tributária continuam sendo o prato do dia, como já eram antes mesmo do governo Bolsonaro. E já houve outras antes, a partir da Era Vargas.

O problema com elas é a ausência de foco no enfrentamento dos problemas sociais que impedem o crescimento do País e a melhora da qualidade de vida do conjunto da sociedade. No caso da reforma Administrativa, a prioridade tem sido sempre a economia dos recursos do Estado, ainda que isso implique numa redução d a máquina estatal, o que precariza ainda mais a prestação de serviços públicos à população – o que é um contrassenso.

Autor do livro ”A construção de um Estado para o século XXI”, o economista Francisco Gaetani aponta que a discussão sobre uma reforma administrativa está contaminada por desinformação e mitos. Quando se fala do “inchaço do Estado”, por exemplo, Gaetani afirma que o número de servidores

públicos no Brasil está proporcionalmente na média dos 38 países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A sensação de “Estado inchado” está ligada ao descontentamento com a contrapartida dos serviços que o Estado entrega aos cidadãos pagadores de impostos. Em outras palavras, o Brasil não tem servidores públicos demais. Tanto na esfera do Poder Executivo Federal quanto no DF, estados e municípios, a maioria dos órgãos está defasada, funciona com número reduzido de servidores estatutários (estáveis) e complementa os quadros com trabalhadores com situação precária de trabalho ou comissionados. Isso, por si só, é um fator que afeta negativamente a continuidade e a qualidade dos serviços prestados à população.

O economista também rebate o argumento de que os servidores são parasitas, rodeados de privilégios e regalias. E destaca um balanço apresentado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que indica a redução de 60 mil servidores nos últimos anos e a redução de gastos,

que ocorreu porque não houve reajustes salariais nem concurso para reposição de postos de trabalho vagos.

O cidadão comum não colhe nenhum benefício disso. No período crítico da pandemia da covid-19, por exemplo, o brasileiro sofreu porque o aparato do Estado, inclusive de recursos humanos, era insuficiente para universalizar, com equidade, a assistência à população, em especial os mais necessitados.

E isso não foi só na área da Saúde. Diante do quadro de escassez de servidores e da descontinuidade de políticas públicas, o cidadão que precisa dos serviços (e em algum momento todos precisam) é prejudicado, não pela ineficiência do servidor que permanece ou do profissional contratado por outras vias que não o concurso público, mas sim pela desorganização do Estado.

Para verdadeiramente atender as necessidades da população, uma reforma administrativa deveria priorizar a melhora na qualidade da entrega desses serviços. No entanto, tudo indica que dificilmente seriam aprovadas reformas

que efetivamente orientassem soluções para os problemas nacionais sem antes haver uma reforma Política no País.

De qualquer forma, o ponto de partida de qualquer proposta reformista deveria ser derrubar os mitos e a desinformação contra os servidores e o serviço público e estabelecer o foco das mudanças na promoção da satisfação das necessidades do cidadão.

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** Este é um artigo de
Dr. Gutemberg Fialho Médico e advogado Presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal
opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital

Brasília

Acompanhe também na Internet o blog Brasília, por Chico Sant’Anna, em https://chicosantanna.wordpress.com Contatos: blogdochicosantanna@gmail.com

Grifos tomam lugar dos Águias de Prata

O Ninho das Águias de Prata se prepara para receber novos moradores. Adquiridos no governo de Dilma Roussef, os primeiros quatro caças Grippen F-39E chegam de forma operacional à Base Aérea de Anápolis e passam a patrulhar os céus do Brasil.

Ao pousarem no Planalto Central, os caças suecos dão fim a quase meio século de reinado dos Mirage, aviões franceses de interceptação, que voavam a Mach 2.2, duas vezes a velocidade do som, na defesa do espaço aéreo brasileiro.

Foram encomendados à Suécia 36 Grippen F-39E a um preço de R$ 4,5 bilhões, incluindo a transferência de tecnologia para o Brasil. A FAB quer adquirir mais aeronaves, mas as prioridades financeiras do novo governo é que darão o ritmo da modernização da esquadrilha.

DEFESA – A Base de Anápolis, que abriga o 1º Grupo de Defesa Aérea, entrou em operação em 1972, como parte do esforço para implantar um sistema de defesa aérea no país. Os

primeiros jatos foram os Mirage III, semelhantes aos utilizados, em 1967, na Guerra dos 8 dias, entre Israel e um grupo de países árabes.

Posteriormente, em 2005, foram comprados Mirages 2.000, de segunda mão da Arábia Saudita, e

reformados para atuarem no Brasil. Os Mirages eram considerados caças de excelência. Além do Brasil, onde deixaram de operar em dezembro de 2000, utilizaram-no países como França, Espanha, Suíça e Israel.

Posicionamento estratégico

Com dimensões continentais e orçamento militar historicamente limitado, o posicionamento das bases militares da Aeronáutica escolheu, estrategicamente, cidades como Canoas, no Rio Grande do Sul; Santa Cruz, no Rio de Janeiro; e Manaus – já desativado - onde operam veteranos caças F.5 Tiger, usados na Guerra do Vietnam (o Brasil ainda possui umas 50 aeronaves).

No Nordeste, a FAB utilizou durante anos o caça Xavante, projeto italiano construído no Brasil, e, atualmente, os caça-bombardeiro subsô-

nicos AMX, os Abelhas, também numa parceria ítalo-brasileira.

Anápolis foi escolhida por ter capacidade de colocar os Mirages em segundos sobre o céu de Brasília ou, se necessário, chegar aos rincões da Amazônia, à fronteira Oeste, ou ainda ao Paraná. A autonomia de voo era de 1.650 Km.

Durante 24 horas por dia, todos os dias da semana, um piloto de Mirage sempre esteve de prontidão ao lado de um caça armado pronto para decolar de Anápolis. O Mirage tinha autonomia de voo de duas horas. Ele

não foi feito para perseguição – tarefa atribuída aos F.5. Ou seja, com um alvo especifico, ele poderia se deslocar até uma hora de voo, mas depois retornar à base.

A versão brasileira contava com dois canhões de 30 mm, mísseis ar-ar de curto alcance, mísseis ar-ar de médio alcance, além de variados tipos de bombas.

Toda essa tarefa começa a ser transferida, progressivamente, aos Grippens, na medida em que forem chegando. Eles também irão substituir os F.5. Mais modernos e com au-

Contra o mau-olhado

O nome dos caças é uma referência ao Grifo, animal da mitologia grega que possui cabeça de águia e corpo de leão. Na antiga Pérsia, os Grifos eram tidos como detentores da capacidade de ser o mediador entre o céu e a terra e guardiães e protetores contra a calúnia, o mau-olhado e a feitiçaria.

A literatura não diz qual era o som emitido pelos Grifos, mas o Grippen, por ser um avião supersônico, ao ultrapassar a velocidade do som provoca estrondos, e se estiver em baixa altura pode provocar tremores nas paredes, portas e janelas.

Desacostumado, desde a aposentadoria das águias de prata a ouvir estrondos pelos céus de Brasília, o brasiliense terá, agora, que voltar a se acostumar com os novos ruídos sem imaginar que é bomba explodindo.

tonomia de voo de 3.250 Km, inauguram, assim, uma nova era da aviação militar no Brasil.

Os Grippens de Anápolis são considerados os aviões de guerra mais modernos em operação na América Latina. Podem ser armados com nove mísseis. Ao todo, têm capacidade para portar 5,3 toneladas de armamentos. Seu abastecimento e recarga de munições é feito em solo, em apenas 10 minutos. Eles terão como foco principal interceptar aeronaves intrusas no espaço aéreo do Planalto Central.

Brasília Capital n Cidades n 10 n Brasília, 24 a 30 dezembro de 2022 - bsbcapital.com.br
O caça sueco Grippen põe fim a quase meio século dos Mirage na base aérea de Anápolis DIVULGAÇÃO

NUTRIÇÃO Caroline Romeiro Então é Natal!

E o que você fez?

Topa o desafio de adotar uma alimentação mais sustentável, que pode te ajudar a ter mais saúde?

Todo ano as pessoas escrevem matérias sobre a uva passas na ceia de Natal...Enfim, não vamos falar sobre

isso aqui na nossa coluna no jornal! Essa discussão está ultrapassada. Mas um assunto que vale a pena

falar aqui é sobre as propostas que fizemos nessa mesma época em 2021 para alcançarmos em 2022. Você já fez a sua retrospectiva?

Muitas vezes, “perder peso”, “começar um exercício físico” e “começar uma dieta” estão presentes nas metas de início de ano. Então, vamos falar sobre essa última: começar uma dieta.

De fato, as mudanças sustentáveis no nosso hábito alimentar é que farão toda a diferença nos resultados observados na saúde.

Então, se você sabe que precisa fazer alguma mudança, em vez de pensar em dietas restritivas, por um período específico, coloque como meta para o próximo ano mudanças na alimentação que sejam sustentáveis e que podem te ajudar a ter mais saúde.

Alguns exemplos são retirar bebidas açucaradas, como os refrigerantes e sucos artificiais do seu cardápio, reduzir o consumo de ultraprocessados e comer ao menos três porções de frutas todos os dias.

E aí? Topa o desafio?

(*) Presidente do Conselho Regional de Nutricionistas 1a Região

Instagram: @carolromeiro_nutricionista

ESPÍRITA José Matos

Doentes da alma

Se você carrega mágoa, decepção ou frustração da infância ou adolescência, trate-se e liberte-se para não adoecer, estragar a sua vida e a vida dos outros

Não estranhe! Existem homens que odeiam mulheres, mulheres que odeiam homens, gente que odeia gente. São doentes da alma. Se você carrega mágoa, decepção ou frustração da infância ou adolescência, trate-se e liberte-se para

não adoecer, estragar a sua vida e a vida dos outros.

Embora sofrendo, tem gente satisfeita com a própria miséria, porque recebe solidariedade e sente prazer. É o chamado prazer mórbido, doentio. Quando você acon-

selha alguém e ouve: é fácil falar, não foi com você; você não está no meu lugar; quem é você pra falar?, essa pessoa justifica-se porque está satisfeita na sua miséria.

O louco que fugiu do hospício junto com Paulo Coelho e voltou sozinho, justificou-se: “Aqui é muito bom, tem comida, remédio, cama, roupa lavada... é bom demais; você não tem que se preocupar com nada”. Esta é a explicação típica de alguém que está satisfeito na sua miséria e não quer mudar.

É fácil perceber. A pessoa inventa desculpas, está satisfeita porque recebe solidariedade e sente prazer. Conheça alguns deles: o queixoso-vítima, quer que você sinta pena dele; o queixoso-revoltado, quer apenas que você lhe dê razão; há, ainda, o queixoso-viciado, que viciou-se em queixa e repete a mesma ladainha de sempre.

Acredite se quiser: tem maridos e esposas que deixam de tomar banho, escovar dentes, trocar de roupa antes de dormir para não serem procurados sexualmente pelo outro. E tem outros que não suportam a própria família. Desaparecem ou inventam loucura, até para ir para o hospício como justificativa para sair de casa.

Trate-se, liberte-se e torne-se a casa construída sobre a rocha que Jesus pediu: disposição, solidariedade, sinceridade, dignidade, utilidade e gratidão. Talvez, a primeira maior causa de depressão na velhice seja inutilidade. A segunda, a vida vivida sem ética, sem solidariedade e progresso, e a terceira, não ter vivido ou não ter sido como gostaria.

(*) Professor e palestrante

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