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Usinas do Norte e Nordeste devem aumentar a oferta de etanol no ciclo 2021/22
A região prevê a ampliação da produção em nova safra de cana
A consultoria StoneX prevê que o volume pro− cessado pelas usinas do Norte e Nordeste será de 53,6 milhões de toneladas nesta safra. A produção estimada será uma maior que a das duas temporadas anteriores, que fecharam em pouco mais do que 47 milhões de toneladas.
O cenário climático favorável, sustenta a expec− tativa de uma safra maior. “As chuvas vinham abai− xo da média nos últimos meses e se recuperaram em agosto e setembro.As perspectivas são positivas pa− ra as chuvas ao longo da safra ” , disse Marina Mal− zoni, analista de açúcar e etanol da StoneX.A con− sultoria acredita, porém, que as mesmas precipita− ções devem reduzir em 1,1% o teor de sacarose na cana, a 130,3 quilos de Açúcares Totais Recuperá− veis (ATR) por tonelada de cana. Já as usinas espe− ram um aumento no ATR.
A princípio, a maior parte da cana deve mais uma vez ser direcionada à produção de etanol, com pou− cas diferenças em relação à safra passada, ainda que o mix possa mudar, a depender de alterações nos con− textos dos mercados de açúcar e etanol. Malzoni afirma que, no momento, o etanol anidro em Per− nambuco está oferecendo uma remuneração 4,6% maior do que a do açúcar, o que pode favorecer uma safra mais alcooleira.
Tanto as usinas como a consultoria estimam que a produção de etanol anidro das regiões Norte e Nordeste deve alcançar 1,05 bilhão de litros, volu− me 9% superior ao da temporada passada, diante do aumento do consumo de gasolina, o que demanda mais aditivo. Porém, a oferta ainda não deverá ser suficiente para atender a demanda regional, e isso deverá gerar fluxos de importação.
Em reuniões recentes com o governo, o setor de distribuição calculou que, para atender a demanda esperada para o intervalo entre outubro e março, quando acaba a safra sucroenergética do Centro− Sul, e ainda garantir estoque para o consumo de abril do ano que vem, será necessário importar 600 mi− lhões de litros de etanol anidro no período.
De acordo com a StoneX, os preços dos contra− tos futuros de etanol na bolsa de Chicago já indicam que a janela de importação do biocombustível para o Nordeste estará aberta entre novembro deste ano e maio de 2022, a despeito do aumento dos custos do frete marítimo e da desvalorização do real. Essa perspectiva de importações deve−se à quebra de sa− fra no Centro−Sul ocorrida neste ano e ao fato de a oferta dos Estados Unidos estar em níveis competi− tivos, afirma a analista.
No Norte e no Nordeste, a produção de etanol hidratado deve chegar a pouco mais de 1,1 bilhão de litros, volume ligeiramente menor que o da tempo− rada passada, calcula a associação. Para a produção de açúcar, a estimativa da StoneX é de 3,1 milhões de toneladas. Na safra passada, o volume foi de 3 mi− lhões de toneladas.
Safra 2021/22 deve encerrar com moagem de 515 milhões de toneladas
Estimativa é da Canaplan
Da safra da resiliência, para a da incerteza, mas com alguma dose de otimismo. Essa foi a síntese dos pro− dutores de cana ao avaliarem o ciclo 2021/22 e as expectativas em relação à vindoura safra 22/23. O tema da II Semana Canavieira / Reunião Ca− naplan iniciada na última semana de setembro.
Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio Carvalho), diretor da Canaplan, apresentou um breve panorama dos desafios enfrentados nesses dois últi− mos anos no cenário global. No âm− bito nacional, Carvalho ressaltou as condições adversas que marcaram a safra 20/21, alternando longo perío− do de seca com geadas surpreenden− tes e incêndios.
Tudo isso, em meio a uma pande− mia sem precedentes na história da humanidade. Passando também por variáveis macroeconômicas na área internacional como a guerra comer− cial EUA X China, a disparada do preço do petróleo, o processo de des− carbonização, pauta da reunião de Glasgow: como acelerar a transição energética, saindo de uma matriz de combustível fóssil para uma matriz re− novável, “ o que pode fortalecer o eta− nol” , acredita.
O consultor da Canaplan, Ciro Mendes Sitta, ao apresentar indicado− res da safra 20/21 na região Centro− Sul, destacou que foi um período no qual os produtores tiveram que correr para apagar o fogo e tentar mitigar os prejuízos. Segundo ele, a safra come− çou em um patamar mais baixo de produtividade e foi caindo drastica− mente nos últimos meses.
“O ATR não foi o vilão, sofreu uma redução mais se aproximou da safra passada, mas a produtividade agrícola sofreu um corte muito baixo em comparação à safra anterior pas− sando de 82,6 t/ha para 68,7 t/ha ” , detalhou. Para Sitta, a estratégia da compra de insumos será primordial para se alcançar bons resultados na sa− fra 22/23.
Em sua apresentação o consul− tor Nilceu Cardozo, apontou a safra 21/22 como a safra da resiliência, em virtude dos diversos fatores ad− versos já apontados, comparando−a com a 11/12 que passou por situa− ção semelhante.
Ele destaca que o desafio do setor será retornar à produtividade normal. Para ele a temporada 22/23 será a sa− fra a incerteza. “Há espaço para uma visão otimista, desde que se tome cui− dado com as variáveis.Temos algumas certezas: o atraso no desenvolvimen− to; chuvas retornaram mais cedo com mais intensidade; a safra deve começar com perspectivas de baixa inferior a 21/22; e deve voltar a ser ‘ anidreira ’ , em virtude da preocupação com eta− nol” , prognosticou. Para Cardozo a área de cultivo tende a estabilização e a dinâmica do plantio pode definir o sucesso ou fracasso no próximo ciclo.
Diante deste cenário, a consulto− ria prevê moagem entre 510 e 529 milhões de toneladas na safra 2021/22, com sugestão de 515 mi− lhões de toneladas. A produção de açúcar deverá ficar na faixa entre 31,66 milhões de toneladas a 32,28 milhões de toneladas e a de etanol deverá ficar entre 23,41 bilhões de li− tros a 23,87 bilhões de litros.
Já as estimativas para a próxima safra 2022/23 apontam que o volume de cana deverá ser menor do que o moído em abril/22, com a qualidade da matéria−prima processada com baixos ATR’ s.
A Canaplan trabalha com três ce− nários para a temporada, sempre con− siderando as condições climáticas no outono e inverno. Uma delas, é de re− cuperação, com chuvas acima da mé− dia, ficando em 540 milhões de tone− ladas; outra de estagnação, com restri− ção hídrica média, com produção pa− recida com a de 2021/22, 515 milhões de toneladas e a safra da depressão, com seca intensa, registrando volume processado menor do que os 515 mi− lhões de toneladas.
Caio Carvalho ressaltou ainda que o verão volátil em chuvas agravaria a moagem e sugeriu que, após o desafio para os ganhos de biomassa, o produ− tor deverá preparar−se para eventual florescimento em 2022.
Apostando na tecnologia
Mesmo diante deste cenário, em− presários e produtores vislumbram o “ copo meio cheio ” para a próxima safra, contando com a chuva e a tec− nologia. “Nesta época no ano passa− do tínhamos uma expectativa muito grande de romper com a regra de 80 hectares por unidade, mas isso não se concretizou. Tivemos secas, geadas, obrigando a antecipar a colheita, com moagem 15% menor e produtivida− de agrícola 17% menor em relação ao ano passado. Tivemos uma chuva em junho, e retomamos o nosso plantio e mesmo assim, deixamos de plantar