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Safra de cana no Centro-Sul: uma quebra com magnitude nunca registrada
Afirmação é do presidente da DATAGRO, Plínio Nastari
A safra de cana 2021/22 foi uma das mais desafiadoras da história, em termos de execução constatou o pre− sidente da DATAGRO, na 21ª Con− ferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol realizada entre os dias 25 e 26 de setembro, na capi− tal paulista. Na ocasião, o consultor fa− lou sobre os fatores que influenciaram negativamente a produção na região Centro−Sul do Brasil, sendo os sinto− mas de seca os mais severos.
“Atraso no desenvolvimento, fa− lhas de brotação e perda no peso da cana foram os sintomas gerais. A seca trouxe ainda incêndios, grande parte deles criminosos ” , disse, destacando os “ vilões ” que prejudicaram a produção na referida temporada.
“Infelizmente, uma sequência de más condições climáticas, acompa− nhada por elevação dos custos, assolou os canaviais em 2021/22. O volume de chuva em 2021 atingiu o pior acú− mulo nos últimos 90 anos, somando− se ao déficit hídrico dos anos anterio− res ” , ressaltou o presidente da DATA− GRO. Além disso, ocorreram três for− tes geadas em julho deste ano.A que− da da temperatura foi mais generali− zada, provocando geadas em Goiás e no norte de Minas Gerais.
Isso resultou em “ morte súbita ” nas áreas canavieiras do Centro−Sul em 2021/22 e a probabilidade de atraso no início da safra 2022/23. Em média, a produtividade agrícola no Centro−Sul atingiu 70,60 toneladas por hectare, queda de 14,7% ante mesmo período de 2020/21.Ao mes− mo tempo, a área colhida com cana até 1º de outubro já somou 6,68milhões de hectares, uma extensão de 9,7% maior do que a área colhida em mes− mo período de 2020/21.
A estimativa da consultoria para a safra em curso é de uma produção de 518,6 milhões de toneladas no Centro−Sul do Brasil, ante 605,5 mi de toneladas em 2020/21. ca foi registrada na história do se− tor ” , disse Plinio. A quebra na safra de cana será equivalente a 13,4 mmt de ATR, com mix ligeiramente mais alcooleiro.
A produção de açúcar no Brasil deve recuar 6,6 milhões de toneladas, para 34,9 milhões de toneladas; esti− ma−se que a de etanol de cana caia para 26,0 bilhões de litros – 3,8 bi de litros a menos do que em 2018/19.
Segundo Nastari, o crescimento da produção de etanol de milho tem amenizado o impacto do clima na sa− fra de cana e o impacto no preço ao consumidor. Dados da consultoria mostram que, desde 2015/16, a pro− dução do biocombustível derivado do cereal cresceu de 141 milhões de litros para 3,32 bilhões de litros esperados em 2021/22.
Já o mix de etanol anidro aumen− tou 4,8 p.p. em um ano para 24,80% na segunda quinzena de setembro, o maior para este período em sete anos. A tendência é de que os preços per− maneçam em alta à medida que há a expectativa de maiores reajustes do preço da gasolina.
No Norte e Nordeste, a moagem de cana ganha ritmo. O clima voltou a favorecer o processamento da cana após um início de safra chuvoso. As− sim, até 30 de setembro, as unidades da região tinham processado 14,9 mi− lhões de toneladas e produzido 520,9 mil toneladas de açúcar e 789,62 mi− lhões de litros de etanol.
Sobre a safra 2022/23, a estimati− va inicial da DATAGRO é de uma moagem de entre 530 e 565 milhões de toneladas Centro−Sul.A produção de açúcar deverá ser de 33,7 milhões de toneladas, em um cenário de oti− mismo e em 31,6 mi de toneladas em cenário mais pessimista.
De acordo com Plinio, o volume de cana deve voltar aos patamares de 2020/21, quando foram processadas na região Centro−Sul um total de 605 milhões de toneladas, somente em 2023/24.
“No curto prazo, os desafios são a retomada do plantio de cana de 12 me− ses, tratos culturais e originação e custo de insumos, como fertilizantes, gesso e calcário, e maquinário. O foco conti− nuará sendo no controle de custos e di− versificação para aproveitar ao máximo a energia da cana ” ,esclareceu o consultor.
As previsões indicam ainda que os preços, que têm sido compensadores, deverão continuar em alta por mais 3 a 4 anos, algo que não se via há mui− to tempo.