3 minute read

Biogás pode reduzir emissões de metano em mais de 30% até 2030

Afirmação foi feita pelo presidente da ABiogás na COP26

Durante participação na COP26, a Conferência das Nações Unidas so− bre Mudanças Climáticas, realizada em Glasgow, na Escócia, no começo de novembro, o presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann, apresentou o potencial e as oportunidades do bio− gás no Brasil. A fala de Alessandro aconteceu no dia seguinte ao país aderir ao Compromisso Global do Metano, que prevê o corte de 30% nas emissões até o fim da década.

“Com certeza, esta redução é grande parte da solução para ficarmos abaixo dos 2°C de aumento na tem− peratura global. Para isso, precisamos evitar as perdas involuntárias na ex− ploração de gases fósseis, e atuar na agroindústria e no saneamento, cap− turando este metano para produção de riqueza. Queremos transformar estes setores em fábricas de produção de gás, para produzir energia elétrica, energia térmica, combustível, biometano (gás natural equivalente intercambiável) e biofertilizante ” , afirmou.

Segundo o executivo, a partir do biogás é possível desenvolver toda a cadeia de biorrefinaria, transforman− do o biometano em hidrogênio, amô− nia e metanol. “É uma oportunidade única para o Brasil, principalmente, com esta escala. Hoje, o país desper− diça 100 milhões de m³ de metano renovável por dia, que equivalem a 35% da energia elétrica consumida no Brasil e 70% do diesel. Falamos que é o

‘ pré−sal caipira ’ , porque de fato ca− da usina de cana−de−açúcar tem a escala de um poço de petróleo do pré−sal” , comentou.

Hoje, o Brasil conta com cerca de 600 plantas em operação e apresenta crescimento de 30% ao ano, porém ainda está muito longe de aproveitar todo seu potencial. Apenas 2% são utilizados, representando menos de 0,01% da matriz energética do Brasil. “Temos este desafio, o Ministério da Agricultura junto com o Plano ABC ampliou o limite de financiamento para plantas de biogás, pensando em trazer tecnologia, trazer eficiência, de fato. Não podemos olhar para uma planta como apenas de tratamento de dejetos, é uma usina que vai fazer hi− drogênio. A gente tem que agregar tecnologia e fazer isso de maneira efi− ciente ” , afirmou Alessandro.

O presidente da ABiogás também ressaltou o ambiente regulatório favo− rável para a expansão do biogás, com a nova lei do gás que reconheceu o biometano como equivalente ao gás natural fóssil, o RenovaBio (programa de créditos de carbono para biocom− bustíveis) e a modernização do setor elétrico, que contempla usinas de bio− gás da mesma forma que as térmicas a gás, com a vantagem de se tratar de um gás de origem renovável, além da uni− versalização do saneamento que po− derá contar com o biogás como recei− ta acessória.

“Hoje temos R$ 700 milhões in− vestidos, mas queremos chegar a R$ 10 bilhões por ano até 2030. Nossa meta é chegar à produção de 30 mi− lhões de m³/dia até 2030, que é 30% do potencial de hoje e que também está alinhado à redução de 30% das emissões involuntárias que o Brasil as− sinou ” , concluiu Alessandro.

Redução nas emissões

Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), o Brasil emitiu, no ano de 2020, mais de 20 milhões de toneladas de metano, um gás que tem um poder de agravamento do efeito estufa 20 vezes pior do que o do CO2. De acordo com relatório do IPCC (Painel Intergovernamental so− bre Mudanças Climáticas), o metano foi responsável em 30% pelo aumen− to da temperatura.

A partir da projeção da ABiogás de produzir 30 milhões de m³/dia de Biometano até 2030, o país estaria captando e dando uma utilização no− bre para 7,2 milhões de toneladas de metano por ano, o que significa que o país poderá contribuir com a redução de 36% das emissões em relação ao ano passado, superando a meta estabe− lecida pela ONU.

Segundo a gerente executiva da ABiogás, Tamar Roitman, é possível ultrapassar este índice se todo o po− tencial do biogás de 120 milhões de m³/dia for aproveitado. “Todo o resí− duo, que em economia linear é enca− rado como rejeito do processo produ− tivo, em uma visão de economia cir− cular, é encarado como um insumo. Portanto, é possível aproveitar 100% dos resíduos dando uma destinação correta para geração de energia

This article is from: