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Educação Financeira Infantil

Alunos do 8° ano, assistindo ao vídeo sobre economia doméstica

Coordenador: Eduardo Cabral da Cruz

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Bolsista: Grace Kelly Rocha

Colaboradore: Márcia Francisca Barbosa e Elissandra de Souza Mota

Texto: Grace Kelly Rocha Aguiar Campus: Januária

Educação Financeira Infantil Projeto

Na sociedade atual, faz-se necessário educar as novas gerações para aprenderem a lidar com dinheiro. A educação financeira não deve ser entendida como um ensino de macetes e regras vindos dos conteúdos da matemática financeira. O ideal seria que as escolas tivessem a educação financeira integrada aos demais conteúdos, possibilitando a interdisciplinaridade, trabalhando em conjunto para a formação dos valores éticos e construção da cidadania.

Ao pensar nesse formato educacional, deve-se ter em mente os vários aspectos que estão ligados ao tema, como ética e dinheiro, consumo consciente, altas taxas de

Esse projeto é resultante da parceria entre o IFNMG - Campus Januária e a Escola Municipal Santa Rita, em 2018, na cidade de Januária/MG e teve por objetivo promover o fomento do conhecimento teórico-prático da educação financeira em crianças e adolescentes, estudantes do ensino fundamental (séries finais) da referida escola, tendo em vista que a educação financeira é uma engrenagem fundamental para as famílias e, possivelmente, um elemento que poderá trazer equilíbrio e segurança no futuro. Os alunos foram capacitados quanto à educação financeira por meio de aulas expositivas, práticas e dinâmicas, em dois horários sequenciais de 50 minutos para cada turma, por semana. Os assuntos trabalhados foram divididos em três módulos semanais, de maneira sequencial e progressiva, sendo eles: Evolução histórica do dinheiro, Orçamento pessoal e familiar e Tipos de investimento. apresentada. Trata-se da maior escola municipal de ensino fundamental do município, a qual possuía, em 2016, conforme censo escolar, 324 alunos matriculados nos anos iniciais (1º ao 5º ano) e 267 nos anos finais (6º ao 9º). As séries finais foram escolhidas para que se pudesse aproveitar a maior familiaridade com os números, dada a faixa etária dos alunos.

Quanto ao seu desempenho, destaca-se a evolução da sua nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) ao longo dos últimos anos. A Escola Municipal Santa Rita apresentou, na última versão publicada do IDEB (2015), nota de 5,2. Apesar de ter havido um declínio de 8 pontos percentuais, em produção de lixo, impacto ambiental, exercício de cidadania e sustentabilidade. Apesar de envolver o ser humano e a natureza de modo geral, a temática não se faz presente na maioria das escolas de educação básica do país.

Face a essa realidade, este projeto se propôs a suprir a ausência do referido conteúdo na Escola Municipal Santa Rita, no município de Januária/ MG, por meio de atividades extensionistas de capacitação dos alunos do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, quanto à educação financeira.

A referida escola foi escolhida pelos mesmos motivos que justificam esse projeto: seu porte, seu desempenho educacional e a demanda

comparação com a versão anterior (2013), desde 2009 a instituição se apresenta com nota acima da meta estabelecida

É notório, portanto, o anseio desta instituição em produzir uma educação de qualidade no município, tornando-a merecedora de todo o apoio social que for possível para que atinja uma constante melhoria.

Na primeira etapa do projeto de extensão, foi feita a visita à Escola Municipal Santa Rita, bairro Jardim Estela, em Januária/MG. Após a escolha da escola para participar do projeto, ocorreram alguns encontros no mês de abril de 2018, entre a equipe (coordenador e bolsista) do IFNMG,a direção, e as duas professoras regentes das turmas participantes do programa. A escola estabeleceu o período e o dia da semana para o desenvolvimento das atividades extensionistas, e o projeto se estendeu a todas as turmas do período vespertino.

Foi aplicado um questionário, inicialmente, em todas as turmas, para analisar o nível de conhecimento dos alunos quanto à educação financeira. Ao se efetuarem as tabulações dos dados auferidos e quantificá-los, perceberam-se algumas tendências que se repetiram em todas as séries, com algumas diferenças maiores nas séries finais do Fundamental II, do que já se pode inferir a influência da idade e do grau de instrução na percepção financeira, ainda que de modo incipiente.

Questionados quanto ao fato de os pais ou responsáveis terem o hábito de poupar dinheiro, 72% dos entrevistados do 6º ano responderam que sim e 12% que não. Ao questioná-los se eles mesmos tinham esse hábito de poupar, 51% responderam que sim e 49 % que não (única turma em que o sim para os alunos prevaleceu, mesmo que com um percentual pequeno). No 7º ano, 69% disseram que os pais ou responsáveis poupam dinheiro e 27% que não. Quanto à segunda pergunta aqui mencionada, 42% dos alunos disseram que sim, eles poupam, e 58% que não. No 8º ano a situação se repetiu. A maioria dos pais poupa (88%) e a maioria dos filhos não (61%). No 9º ano, também não foi diferente, 91% dos pais ou responsáveis poupam dinheiro e apenas 52 % dos alunos também.

Ao serem questionados quanto à importância para a vida em aprender a usar corretamente o dinheiro, a grande maioria, em todas as turmas, respondeu que sim, que possui essa consciência (6º ano: 94%; 7º ano: 92%; 8º ano: 100% e 9º ano: 100%). Um outro questionamento que chamou a atenção foi quanto à possibilidade de ganharem, repentinamente, uma grande quantidade de dinheiro (1 milhão de reais) e que tivessem uma única opção de gasto. Os maiores percentuais se concentraram na possibilidade de aplicar na poupança ou em outra modalidade de investimento e na aquisição da casa dos sonhos. No 6º ano, 47% responderam que aplicariam e 23% que comprariam a casa. No 7º ano, 63% que investiriam e 10% que adquiririam a casa. No 8º ano, 80% disseram que investiriam e 10% que comprariam a casa dos sonhos e, por fim, no 9º ano, 82% disseram que aplicariam e 18% que comprariam uma casa.

Tais informações serviram para o aprimoramento dos materiais e metodologias utilizadas, além de servirem como base de dados para pesquisas futuras na área de finanças.

Todas aulas de educação financeira foram abordadas nas aulas de Matemática das professoras Márcia e Elissandra, por meio de aulas expositivas, com auxílio de datashow, intercaladas com atividades práticas. Os assuntos abordados nas aulas foram:

Temática 1 Evolução histórica do dinheiro

Escambo; Metal; Moeda em formato de objeto; Moedas antigas; Ouro, prata e cobre; Moeda de papel; Moeda bancária; Tipos de cheque; Como preencher um cheque; Cartão de crédito; Cartão de débito; Cartão pré -pago; Sistema Monetário Brasileiro; Câmbio; Juros; Inflação e Impostos.

Temática 2 Orçamento pessoal e familiar

Acompanhamento do coordenador nas aulas expositivas, em questão com os alunos do 8° ano

Eduardo Cabral da Cruz

Temática 3 Economia doméstica e investimento

Evitar de pagar contas com atraso; Comparar preços de mercado; Fazer lista de supermercado; Comparar preços na internet; Vender o que não usa mais; Poupar energia e água (vídeo) e Conta poupança.

A intenção foi a de partir de temas básicos, como os conhecidos cofres porta-moedas (porquinhos), até chegar às aplicações financeiras, como a Caderneta de Poupança.

Após o terceiro módulo de cada uma das 8 turmas, foi feito um convite aos pais, para um bate-papo nas dependências da escola, para tratar acerca do que foi implementado junto a seus filhos, a fim de consolidar, no dia a dia, o que foi fomentado nas crianças e adolescentes.

Destacam-se, como agentes facilitadores, o nível de atenção e de dedicação dos alunos das séries dos extremos dos anos escolhidos (6º e 9º ano), fato possivelmente explicado pela ciência do comportamento relacionado à faixa etária.

Perceberam-se, como questões dificultadoras, a indisciplina de alguns dos alunos, a limitação de recursos físicos da escola (em alguns momentos o laboratório não possuía cadeiras e mesas suficientes) e a grande quantidade de bolsistas de vários outros projetos, que estavam sendo realizados na mesma escola.

Foi então uma possibilidade de conseguir visualizar, acompanhar e perceber o quão carente é a educação pública brasileira quanto às questões que envolvem números, cálculos...dinheiro, já largamente relatadas pelas pesquisas científicas. Consolidou-se, nos executores deste projeto, a visão de que ainda há muito a se fazer para que possamos evoluir como nação, cabendo a cada ente da sociedade a consciência de contribuir com esse objetivo.

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