Braganรงa Paulista
Sexta
05 Fevereiro 2010
Nยบ 521 - ano VIII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
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sexta 05 • fevereiro • 2010 Jornal do Meio 521
Para Pensar
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ENCHENTES: CASTIGO DE DEUS?
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Alexandra Calbilho (mtb: 36 444)
MONS. GIOVANNI BARRESE
No domingo que passou os cristãos católicos tiveram como tema da Palavra de Deus na celebração da Missa o aspecto do profetismo. Normalmente essa palavra é aplicada aos que se dizem adivinhadores do futuro. Contudo, para o povo de Israel e para a herança cristã, profeta não é quem adivinha o futuro. O profeta é aquele que enxerga a vida com os olhos de Deus e, com sensibilidade, vai denunciando tudo o que não corresponde ao projeto de dar vida e esperança às pessoas. Jesus Cristo, quando de sua visita à cidade onde se tinha criado – Nazaré _ se vê rejeitado pelos familiares e conterrâneos. Porque era filho de gente pobre, não tinha estudo. Se suas palavras suscitavam admiração era porque não podiam vir de onde vinham! Igualmente se lhe pede que repita milagres feitos em outros lugares. O pessoal quer que ele prove que tem poderes extraordinários para crer nele. Exigem milagre para confirmar poder. Trazendo isso para os acontecimentos em tantas cidades marcadas por alagamento
e para o Haiti: castigos de Deus? Se castigos, já não era hora de parar? Tanta gente morta e tantos desabrigados e desalojados! Por que Deus não intervém e não resolve a questão? Se Jesus atendesse aos apelos e Deus nos ouvisse tudo seria resolvido e nós não precisaríamos mudar! Jesus queria que acolhessem a sua palavra e que ela fosse a força modificadora de comportamento. As enchentes acontecem porque ocupamos o lugar dos rios e não retribuímos aquilo que lhes tiramos. Seria simples Deus quebrar o nosso galho: nós poluímos, ocupamos. Ele resolve a equação do nosso erro. A atitude profética se consolida na compreensão da realidade, na análise dos fatos e sua causalidade e na busca das soluções para os problemas que causamos. Penso que a realidade das enchentes nos deve mover em duas direções. Uma: a do socorro imediato às famílias em situação de risco. Outra: o trabalho dos cidadãos juntamente com as autoridades para a reeducação para o cuidado com o espaço comum e sua conservação, limpeza, etc. E o
empenho para encorajar e cobrar das autoridades as obras que venham senão a resolver, ao menos minimizar novos eventos destrutivos. Sabe-se que são obras caras. E sabe-se que não se prestam a cevar locais para votos. Essas obras deverão ser feitas sem ficar remoendo o passado na busca dos “culpados”. O fato é que hoje existem construções que, na maior parte das regiões alagadas, foram construídas com as devidas licenças. Existem pessoas que investiram suas economias e sacrifícios nesses imóveis. Os seus bens devem ser preservados. É preciso ver que obras são possíveis. E realizá-las o mais breve possível. Nas invasões e lugares de risco surge o problema dos que já não tinham nada e o nada que tinha perderam. Há que acontecer um trabalho de promoção e de construção de casas que possam ser pagas a perder de vista... A colaboração sincera, suprapartidária, marcada pela solidariedade ajudará a encontrar caminhos. Marca a vida de Jesus um terceiro motivo de rejeição; o anúncio de que o amor de Deus não fica confinado ao povo
eleito. A sua palavra na sinagoga de Nazaré desperta ira: ele mostra com fatos (a ação de Elias e Eliseu) que a ação de Deus se abriu para os pagãos. A afirmação da benevolência de Deus para quem era considerado “cão” é provocação insuportável. Como é que Deus pode amar a quem não o conhece e que não lhe presta o devido culto? Na ação política fica o desafio de estender os benefícios do governo àqueles que estão à margem. Promover os que estão na linha da miséria é investir no resgate da dignidade humana. Investimento de longo prazo e, muitas vezes, “a perder de vista”. Governar para quem tem dificuldade ou não corresponde às intervenções para mudança é desafio ao modo costumeiro de fazer política: para os amigos, tudo... A consciência moral e crítica da fé cristã deve mover os que se dizem crentes em Cristo a ação ativa no acompanhamento das decisões e execuções que se referem aos projetos para solucionar, dentro do quadro possível, o martírio que se repete. Não se pode mais perder tempo. Estamos chegando ao limite
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Jornal do Meio Ltda.
da paciência popular. Junto a isso a degradação constante do meio ambiente que não perece comover. Muitos dos atuais sofredores contribuem para que o sofrimento aconteça. E a ganância e a falta de consciência social vão ajudando a fechar os olhos para os dramas que o futuro trará. Nós que cremos em Deus estejamos certos: Ele não fará milagres para corrigir nossos desvios. Temos todas as condições para mudar. A solidariedade e os esforços que estamos vendo nestes dias poderiam ser valores constantes para medidas preventivas e curativas. Por que esperar a tragédia para agir? E por que tentar o Senhor com a solicitação de milagres quando somos nós que não fazemos o que devemos fazer?
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Jornal do Meio 521 sexta 05 • fevereiro • 2010
sexta 05 • fevereiro • 2010 Jornal do Meio 521 FOTO: FABIANO COSTA/BJD
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FOTO: FABIANO COSTA/BJD
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Previsão do Tempo Tempestades ameaçam segurança, e dezenas de famílias de Bragança são retiradas de suas casas e levadas para abrigos
por MARIANA VIEL
A formação de nuvens negras no capacidade. A chefe da Defesa Civil de Bragança, céu anuncia que a chuva vai voltar a Elaine Terron explica que no Estado de São castigar a Região Bragantina. Desde Paulo a “Operação Verão” foi iniciada no dia novembro do ano passado as tempestades 1º de dezembro e prossegue até o dia 31 de têm causado transtornos para moradores março. Ela diz que apesar do monitoramento de diversas regiões de Bragança e algumas diário das condições meteorológicas e dos cidades vizinhas. As ocorrências mais graves índices de chuva, é difícil fazer uma previsão foram registradas nas tardes de domingo, exata sobre o fim das chuvas. “A Defesa Civil 24 e segunda-feira, 25 de janeiro. As chuvas precisa estar preparada para agir e atuar causaram deslizamentos de terra na Rodovia junto às comunidades tanto nas situações Fernão Dias, imediações do Conjunto Resi- de estiagem, como nas cheias”. dencial Bragança F e na cidade de Vargem. Saída de Emergência Apesar do risco de novos deslizamentos, desde a semana passada, a atenção das forças Na noite de segunda-feira, 25, a dona de casa Tatiane da Silva Vaz foi obrigada a abandode segurança e emergência nar a casa onde morava. da cidade foi intensificada também nas áreas ribeirinhas. Tenho vontade de No total cinco adultos e As ameaças de enchentes chorar. A gente fica o quatro crianças da mesma do Rio Jaguari e outros tempo todo olhando para família – incluindo um bemananciais do município o céu e imaginando a bê de apenas cinco meses provocaram a evacuação água invadindo a casa e de idade – tiveram que se emergencial de dezenas levando tudo que lutamos abrigar na Escola Municipal de residências localizadas para conquistar Professora Creusa Gomes de Azevedo, no bairro Jardim nos bairros Curitibanos, Maria Augusta. Atibaianos, Guaripocaba e Tatiane Ao todo quatro casas de Menin – Zona Rural. uma única família dividem Segundo dados da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado uma área próxima à ponte do Curitibanos. de São Paulo) repassados para Defesa Civil de “Cada um tem a sua própria casa. Eu moro Bragança, desde 1991 não era registrada uma com meu marido e meus filhos e minha irmã cheia tão grande na região. No último dia 26 com o marido e as filhas dela. Meus pais de janeiro a Companhia – responsável pelo dividem duas casas diferentes e moram com abastecimento de água em 365 municípios do meus outros três irmãos”. Estado de São Paulo – anunciou o aumento Os pais de Tatiane e uma irmã de 14 anos, na vazão da água da Represa Jaguari/Jacareí que moram em uma parte um pouco mais – de 70 metros cúbicos por segundo, para alta do terreno, se negaram em sair de casa. 90 m³. Na sexta-feira, 29 de janeiro a vazão “Eles ficaram para tomar conta das coisas. Meu pai disse que só vai abandonar a casa chegou a 110m³. O sistema de monitoramento online registrou quando a água estiver realmente subindo e que no dia 27, a represa alcançou 100% da não houver outro jeito”. O armador Antônio Márcio Pereira, que vive há 10 anos no terreno, diz que na tarde de segunda-feira recebeu um telefonema da família dizendo que o nível da água estava subindo rapidamente. Quando a Defesa Civil de Bragança chegou ao local, a ordem foi para eles abandonarem as casas imediatamente. “Não deu tempo de salvar nada. Saímos com a roupa do corpo. A única coisa que conseguimos pegar foram os nossos documentos”. Família foi transferida para escola municipal do bairro Jardim Maria Augusta
As irmãs Gisele e Tatiane tiveram que sair de casa às pressas
Apesar do sofrimento, crianças buscam diversão no parquinho da escola
Momentos de ansiedade A desocupação das duas casas comprometidas pelo nível da água do rio aconteceu por volta das 11 horas da noite, de segunda-feira, 25. A família viveu momentos de muito medo e ansiedade. Mesmo depois de serem levados para o abrigo improvisado pela Prefeitura, Tatiane diz que continua com medo. “Tenho vontade de chorar. A gente fica o tempo todo olhando para o céu e imaginando a água invadindo a casa e levando tudo que lutamos para conquistar”. Na noite de terça-feira, 26, o desespero tomou conta de Márcio. Durante a forte tempestade que atingiu a cidade, no começo da noite, ele saiu do abrigo escondido da família e voltou para a casa. “Na hora que começou a chover de novo não suportei e saí escondido. Eu queria ver as minhas coisas, tentar salvar o que fosse possível. Quando cheguei lá uma equipe me disse que eu não poderia entrar”. A situação da família se agrava ainda mais por causa das crianças – com idades que variam entre cinco meses e 10 anos. A mãe de Tifani, de dois anos e meio, diz que a filha pede para eles voltarem para casa. As crianças sentem principalmente falta dos brinquedos que tiveram que deixar para trás. “Elas não entendem o que está acontecendo e choram para voltar pra casa. Tentamos distraí-las no parquinho aqui da escola, mas mesmo assim é muito difícil. Se nós que somos adultos sofremos, imaginem elas”, explica Gisele.
Monitoramento
Elaine Terron explica que Defesa Civil trabalha questão da assistência humanitária
Esperança Apesar do sofrimento, a Defesa Civil também tem atuado nas situações de urgência com o objetivo de amenizar os danos e as perdas dos moradores atingidos pelas águas. Elaine explica que todas as Secretarias Municipais estão envolvidas no Sistema Municipal de Defesa Civil – que trabalha a questão da assistência humanitária. A partir dessa nova visão, além de participar dos casos de emergência, dando suporte para os Bombeiros e a Polícia Militar, o órgão também está presente nas ações que realmente completam os cidadãos. “Valorizar o ser humano é a parte fundamental do trabalho da Defesa Civil a cada sinistro. Estudos indicam que muitas pessoas que passam por situações de perigo e risco de morte ficam com marcas desses traumas. Estamos preocupados em cuidar do cidadão como um todo, através do envolvimento de todas as Secretarias como; Saúde, Assistência Social, Esporte e Cultura”. Além do envolvimento dos órgãos de segurança pública, Elaine ressalta a participação de dezenas de voluntários que estão colaborando de diversas maneiras para tentar trazer mais conforto para as dezenas de famílias que estão sofrendo os impactos das chuvas. Algumas contribuições como a do Jeep Clube de Bragança e da Marina da Confiança, têm sido fundamental resgatar moradores que estão em lugares onde o acesso só pode ser feito em veículos 4x4 ou de barco. Várias contribuições de roupas e mantimentos também foram levadas para as famílias que estão em abrigos.
Tatiane conta que desde o começo das chuvas, no final do ano passado, o volume de água do Rio Jaguari tem preocupado os moradores da região. Ela diz que a casa já havia recebido uma visita da Defesa Civil, e que o local estava sedo monitorado. “Eles deixaram uma medida no meu quintal e disseram que se a água passasse desse ponto nós deveríamos ligar novamente para eles”. Mesmo depois de salvarem o bem mais precioso, a própria vida, os moradores se preocupam com as previsões meteorológicas que indicam que as chuvas devem continuar até o mês de março. “As pessoas falam que a vida vale mais, e com certeza vale. Mas elas têm que entender que a situação não é fácil. Meu pai trabalhou a vida toda, e tudo que ele tem está dentro daquela casa. Tudo que nós temos ficou lá”, diz Gisele. Segundo a chefe da Defesa Civil de Bragança é difícil afirAlém do abrigo na Escola Municipal Professora Creusa mar com precisão quando as Gomes de Azevedo, no bairro Jardim Maria Augusta, tempestades irão parar. “Não algumas famílias também foram alojadas em uma há como dizer exatamente igreja Presbiteriana e outra Católica – ambas no bairro quando as chuvas vão parar. Guaripocaba dos Souzas. A previsão para o mês de Pessoas interessadas em fazer doações às famílias janeiro, por exemplo, era de desabrigadas de Bragança podem procurar a sede do pouca chuva e choveu quase Fundo Social de Solidariedade do Município, através do o mês inteiro. O importante é que estamos monitorando telefone: 4034-4144 ou a Secretaria Municipal de Ação e e fazendo um trabalho de Desenvolvimento Social, telefones: 4481-9099/ 4481-9083 prevenção de acidentes”.
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Peixe fora d’água
Como crianças e adolescentes passam pela ansiedade e insegurança dos primeiros dias de aula em uma nova escola por MARIANA VIEL
Quem pensa que criança não tem problemas ou preocupações está completamente enganado. O começo do ano escolar é acompanhado por uma infinidade de incertezas que angustiam os pequeninos. Imaginar o primeiro dia de aula em uma nova escola, com novos colegas e professores pode provocar muita insegurança. Os questionamentos mais comuns que cercam a cabeça dos “novatos” são: “Será que vou fazer amigos?”, “E se ninguém gostar de mim?”, “Com quem vou passar a hora do recreio?”, “Vou conseguir acompanhar as aulas?”, “E a professora, será que é legal?”. Diante de tantas dúvidas o melhor conselho para os pais é ter calma, paciência e buscar alternativas para integrar os estudantes ao novo ambiente escolar. A diretora do Instituto Educacional Coração de Jesus (IECJ) Elisa Maria de Moraes Montagnana explica que um dos fatores mais importantes é o acolhimento da própria escola. Ela diz que o aluno deve visitar com antecedência a nova instituição de ensino para conhecer o espaço e os profissionais que irão trabalhar com ele. “Algumas famílias vão várias vezes à escola antes do início das aulas. Primeiro vai o pai e mãe para conhecer e conversar com a coordenação. Depois eles levam o filho para que o estudante também tenha contato com a nova coordenação, direção e possa conhecer os espaços”. O colégio também entrega um DVD aos novatos que
contém a proposta do IECJ em diversos segmentos diferentes. Os irmãos Camila e Davi Cintra, de 10 e 7 anos respectivamente, dizem que o maior temor é com a adaptação. A menina contou que essa não foi a primeira vez em que mudou de colégio. “Da outra vez foi fácil porque outras duas amigas minhas também mudaram de escola. Nós acabamos caindo na mesma classe e ficamos juntas. Acho que dessa vez vai ser um pouco mais difícil”. Na opinião de Davi fazer amigos também pode não ser uma tarefa nada fácil. “Acho que vai ser difícil, mas vou tentar conversar com as pessoas e ajudar quem estiver precisando”. A irmã mais velha explica que as táticas também devem incluir muita educação e simpatia com os novos colegas.
– ex-aluna da Rede Estadual de Ensino de Bragança – o maior desafio é conhecer e conseguir acompanhar o novo método de ensino. “Fiquei um pouco nervosa porque não sabia se o pessoal daqui era legal e se iriam me aceitar. Uma grande preocupação é com as aulas, porque estudei muito tempo em uma única escola e não conheço o método daqui”.
Medo do desconhecido
Segundo a diretora a sensação de insegurança diante do desconhecido – representada pelo medo de não conseguir fazer novos amigos ou mesmo pela incerteza da adaptação ao sistema de ensino – é uma reação normal. “Tudo o que é novo causa insegurança. Enquanto os alunos novatos participam das atividades no Ginásio, os pais se reúnem com a direção na Encontro de novatos sala de multimídia para receber informações Anualmente o colégio promove – antes mes- sobre a nossa proposta pedagógica, como é mo do início das aulas – um encontro entre a nossa atuação por trimestre etc. Percebeos alunos que integram mos a insegurança até nos as equipes esportivas do adultos”. No início é um pouco colégio (futsal, vôlei, tênis Anette Claudia Câmara mais difícil, mas em Manso, mãe de Amada, 8 de mesa etc) e os novatos. O alguns dias a gente se anos, revelou que na semana encontro funciona como uma acostuma e começa anterior ao início das aulas, espécie de confraternização a conhecer novas a filha estava muito ansiosa. para aproximar os alunos. pessoas A inquietação da menina se “Eles fazem uma dinâmica, praticam atividades físicas refletiu inclusive no sono. Gustavo e depois os nossos alunos “Ela estava muito ansiosa oferecem sorvete para os com a mudança porque novatos. No primeiro dia de aula os novatos já desde pequena estudou em uma outra escola. estão sintonizados com aquelas Também está muito nervosa para fazer novas equipes e não se sentem tão amizades. A única amiga da Amanda é uma perdidos” diz a diretora. prima que estuda aqui. Nos dias anteriores O estudante Gustavo Zanella, 14 ao começo das aulas ela teve dificuldade até anos, pode ser considerado um para dormir”. especialista em fazer amigos em Apesar de afirmar que não possui grandes novas escolas. Ele conta que já problemas com a timidez, Amanda admite a mudou de colégio várias vezes. ansiedade e diz que as maiores expectativas No final de 2009 ele e a família são realmente com relação às novas amizades. Alunos se reúnem no trocaram a capital paulista por “Acho que não vai ser difícil fazer amigos. Pra Ginásio de Esportes para participarem de dinâmicas Bragança. O adolescente diz mim amigo tem que ser gente boa e feliz”. e atividades esportivas que o medo de não se adaptar à nova rotina e aos colegas é Criando laços comum apenas nos primeiros Durante a “aula de boas vindas” – realizada DINÂMICAS DE GRUPO dias. “No início é um pouco mais na semana anterior ao começo do ano letivo difícil, mas em alguns dias a – os estudantes fizeram dinâmicas de grupo As dinâmicas de grupo são ferramentas que auxiliam no gente se acostuma e começa a e atividades esportivas. Enquanto as dinâmidiagnóstico e interpretação de reações e atitudes – de conhecer novas pessoas”. cas proporcionavam a eles a oportunidade um determinado grupo pessoas ou indivíduo – diante de Para a aluna novata Andressa de se conhecer um pouco melhor, os jogos e uma situação específica. As técnicas participativas geram Delmondes Gomes, 14 anos, atividades físicas exploravam a importância processos de aprendizagem que permitem:
- desenvolver um processo coletivo de discussão e reflexão - ampliar o conhecimento individual e coletivo enriquecendo o potencial de cada participante - analisar o comportamento de cada pessoa diante de questões que precisam da união do grupo e do trabalho em equipe. Durante o encontro dos novatos, os alunos foram incentivados a realizar uma prática que só poderia ser concluída com o empenho e a colaboração de todo grupo. A atividade mostrou a necessidade da cooperação, união, paciência, companheirismo e perseverança de todos os envolvidos.
Andressa e José Antônio acham a iniciativa do encontro de novatos positiva
Elisa Maria explica que a escola é responsável pelo acolhimento dos novatos
do trabalho em equipe e da união de todos para alcançar um objetivo final. O veterano José Antônio Pinhatari Pinheiro Filho, 14 anos, foi chamado pela primeira vez para receber os novos colegas. Ele diz que acredita que, de forma geral, os alunos da escola são receptivos, mas explica que também acha importante que os novatos tenham a chance de conhecer algumas pessoas antes do início das aulas. “Acho bom porque assim, quando as aulas começarem, eles já vão conhecer pelo menos algumas pessoas e não vão ficar tão isolados”. A aluna Gabriela Fátima Martins, 13 anos, também compartilha a ideia de que o contato com os colegas antes do começo das aulas é importante. “Faço parte da equipe feminina de futsal, e essa foi a primeira vez que me convidaram para participar do encontro dos novatos. Acho a atividade importante porque dessa forma eles não vão mais ficar tão excluídos os primeiros dias de aula”.
Os irmãos Camila e Davi enfrentam com muita simpatia a tarefa de conquistar novas amizades
O novato Gustavo e aluna da equipe de futebol feminino Gabriela trocam experiências durante encontro dos novos alunos
Amanda fala da expectativa de fazer novos amigos
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Casa & Reforma
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Juros n“ o pé” dividem Justiça Condenada pelo Procon, cobrança antes da entrega das chaves é aceita por alguns juízes por EDSON VALENTE /FOLHAPRESS
A dívida de quem compra a prazo um imóvel na planta costuma ter dois perfis distintos: a entrega das chaves é o divisor de águas entre eles. Se, depois de o bem ficar pronto, é comum pagar juros de financiamento -bancário ou direto com a construtora-, espera-se que a cobrança desse tipo de taxa remuneratória não ocorra na fase de obras. Mas não é o que acontece na prática -e mesmo na teoria de muitos juízes e advogados. Embora sindicatos do setor, como o SecoviSP, condenem os chamados juros “no pé”, a Justiça não tem posição definitiva quanto à sua legalidade. “Há decisões do STJ [Superior Tribunal de Justiça] que dão plena legalidade à cobrança de juros antes das chaves”, afirma o advogado imobiliário José Antônio Costa Almeida, da Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra Advogados. Almeida cita como exemplo uma resolução do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (apelação nº 387.027-4/1-00), de 2007. De acordo com o julgamento, é possível a “exigência desses juros a partir da celebração do contrato”. “A incorporadora financia a construção”, justifica o advogado. A opinião é polêmica. “A lei não é clara sobre a cobrança de juros durante a obra”, diz o advogado e diretor da AMM (Associação dos Mutuários e Moradores das Regiões Sul e Sudeste do Brasil), Tiago Antolini. “Não há fruição do bem [nesse período]. Entendo que seria um enriquecimento [da construtora] sem causa. Antes das chaves, é lógica apenas a cobrança de correção monetária.”
Disfarce
FOTO: RAFAEL HUPSEL/FOLHA IMAGEM
Em alguns casos na Justiça, mutuários reclamam da incidência velada de juros. No Rio de Janeiro, o advogado Renato Ayres, da C. Martins Advogados, já ganhou em segunda instância um processo de cobrança de juros antes das chaves. “O contrato não fala em juros [antes da entrega], mas há disparidade entre o valor combinado na assinatura e o quitado depois de dois anos”, comenta. Segundo Ayres, os juros são embutidos sobretudo nas parcelas intermediárias -como a paga no ato da entrega do imóvel-, maiores que as mensais.
Construtorasnegam cobrançanafasedeobras Descontos vão de 8% a 10% para quem paga à vista e não em 36 meses
Embora existam casos recentes na Justiça envolvendo cobrança de juros na fase de construção do imóvel comprado na planta, incorporadores negam que esse tipo de prática ainda ocorra -ao menos no Estado de São Paulo. “Nos últimos anos, não existe a cobrança de juros “no pé’”, crava Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo). Ele lembra que, “no início dos anos 2000, os incorporadores na cidade e no Estado de São Paulo se comprometeram a só atualizar os valores, na fase da obra, por índices setoriais, como o INCC [Índice Nacional de Custo da Construção]”. Como precaução contra eventuais descumprimentos desse acordo, a orientação do advogado imobiliário Renato Ayres é desconfiar quando o valor previsto a ser quitado até as chaves aumenta muito. Ele descreve um caso em que todas as planilhas fornecidas pela construtora, que discriminavam o parcelamento na fase de obras, tinham uma coluna de juros toda em branco, da primeira à última prestação. “Mas entreguei o material para um contador que calculou uma cobrança de R$ 26 mil de juros no período”, explicita. “Os R$ 100 mil previstos até as chaves na assinatura do contrato viraram R$ 176 mil.” A “correção”, no caso, apresenta-se maior do que deveria. Nem que o comprador concordasse em assinar um contrato que previsse cobrança de juros na fase de obras o procedimento seria lícito, considera o advogado. “Isso fere o Código de Defesa do Consumidor”, diz. O Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) tem o mesmo posicionamento .
O advogado imobiliário José Antônio Costa Almeida, da Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra Advogados
Preços diferentes Na opinião de Mauro Scheer, advogado empresarial e da área imobiliária da Scheer e Baraúna Advogados, o que existe são preços diferentes de acordo com a fase da obra. “Isso pode ser feito porque o valor de mercado muda para aquele imóvel”, esclarece. “Se você compra na planta, paga um preço; se compra já construído, paga outro. Em relação a juros, não se pode cobrá-los se o produto não foi entregue, mas é inegável que existe [esse tipo de cobrança], mesmo em São Paulo.” O que não é tão percebido por Tiago Antolini, da AMM (associação de mutuários): “Não temos visto contratos com juros durante a obra”, fala. No pagamento direto com a construtora durante a fase de obras, são comuns descontos para quem quita mais rapidamente o imóvel. “Quem paga à vista acaba economizando de 8% a 10% do valor com relação ao parcelamento em 36 meses”, dimensiona Leuci Prado, gerente comercial da Esser Empreendimentos.
Procon-SP é contra juros pré-chaves “Cobrar juros na fase de obras fere uma premissa do direito civil”, fala Renata Reis, técnica de Proteção e Defesa do Consumidor do Procon-SP. “O comprador paga por algo que não existe. A construtora só pode ter lucro após a entrega. Presume-se que o dinheiro do cliente seja usado para material e mão de obra, então os valores podem apenas ser corrigidos.” Antes das chaves, a única cobrança possível de juros ocorre quando o comprador financia o imóvel com o banco desde o início do contrato de compra. “O banco pode ter a remuneração do capital, a construtora, não”, explica.
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Teen
Temporada de paixões
As férias de verão costumam ser época de grandes amores; alguns sobem a serra, outros morrem na praia por TARSO ARAUJO /FOLHAPRESS
Férias de verão. Calor, praia, piscina, e a única obrigação é aproveitar o tempo livre. Para a temporada ficar perfeita, só falta mesmo uma boa história de amor. E olha que a estação costuma ajudar. Jaqueline Damaschi, 16, de Ilhabela (SP), já tem pelo menos um verão inesquecível em sua biografia, o de 2009. “Dia 2 de janeiro, um menino que eu conhecia da escola me chamou para sair. Aí, no meio da noite, ele me beijou. Depois, fomos para uma praia, estava uma noite linda, o céu estrelado. Em menos de uma semana, ele me pediu em namoro.” O romance não passou do Carnaval, final simbólico da estação. Mas ela nunca mais vai esquecer da curta temporada. “Foi meu primeiro em tudo.” Silmário Britto, 14, de Teresina, entrou no verão passado meio cabisbaixo com o fim de um namoro. “Aí apareceu uma menina. Eu pensando na minha ex e ela me fazendo gostar dela”, diz. Os dois foram ao shopping e, depois, para a beira de um rio. “A gente ficou muito tempo lá, olhando pro rio, ficando... Foram minhas primeiras experiências eróticas.”
Nascer e morrer na praia Para César Alves, 21, de Goiânia, nem foi preciso esperar as férias. O encontro rolou em Florianópolis, durante uma viagem para jogos universitários em... outubro. Ué, mas isso ainda é primavera! “As estações no Brasil não são tão definidas. E, para mim, tudo era verão”, diz. Passados os dias de praia, o romance de César teve que enfrentar um problema comum a muitos casos de verão: a volta para casa e a distância. “Mantemos contato por MSN e agora espero voltar lá em janeiro”, diz. Para minimizar sofrimentos, há quem se prepare desde cedo para evitar decepções,
FOTO: LETÍCIA MOREIRA/FOLHA IMAGEM
como Danielle Limão, 17. Em janeiro passado, ela namorou durante 12 dias, contadinhos, um menino que estava no mesmo hotel que sua família, em Salvador. “Foi um sonho. Cada praia mais bonita do que a outra e um gatinho me acompanhando.” Mas, morando em São Paulo, ela achou que seria complicado engatar namoro com um menino de Guarulhos. E não deixou a coisa esquentar muito. “Sabia que só ia durar ali, e eu não queria me machucar.”
Subindo... Mas há quem se arrisque. No verão de 2006, Gregório Pepeliascov, 17, apaixonou-se numa viagem de formatura, na piscina de uma pousada em Goiânia. “Foi um momento bom. Estávamos felizes e por sorte nos encontramos”, diz. Ele é de Santo André (SP), ela era de São José dos Campos (SP) -120 km de distância. Mesmo assim, os dois engataram um namoro que durou um ano e sete meses -até janeiro passado-, à base de visitas de fim de semana. Gregório guarda até hoje as passagens que comprou para ir ver o amor de verão. Mas a história de amor que subiu a serra literalmente foi a de Dayane Roversi, 23. Em janeiro, no último dia da viagem de Réveillon para Florianópolis, ela conversou por meia hora, em um camping, com Rodrigo Tortato, 29. E voltou para Indaiatuba (SP). Os dois nem tinham ficado, mas, graças ao MSN -santo casamenteiro dos dias de hoje-, mantiveram contato. “Eu não conseguia esquecer aquele momento”, diz Dayane. Na Páscoa, enfim, ele veio da praia ao seu encontro. E não desceu mais a serra: um mês depois, estavam casados. “Minha mãe falava que eu estava doida, mas eu tinha certeza de que era ele”, diz Dayane. Na semana que vem, ela comemora um ano de seu bem-sucedido amor de verão.
Na foto a estudante Jaqueline de Oliveira, 16, em Ilhabela onde ela mora e deu seu primeiro beijo em seu namorado
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Comportamento
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Incentive seu fifilho estudar por MARIANA POLI /FOLHAPRESS
Para muitos pais, mudar o filho de escola é um pesadelo tão grande quanto deixar o pequeno pela primeira vez nas mãos da professora. Qual é a hora certa de mandá-lo estudar? Como fazer para mudá-lo de escola? Será que vai se adaptar? E se os amiguinhos interferirem negativamente em seu comportamento? Diante de tantos questionamentos, mães e pais precisam estar conscientes de que matricular uma criança pequena em uma escola infantil ou transferir as maiores para outro colégio não é nenhum bicho de sete cabeças. Segundo especialistas, ambos os casos são perfeitamente normais e podem, inclusive, favorecer o desenvolvimento dos pequenos. ‘Os pais precisam entender que as crianças crescem melhor ao lado de outras crianças’, diz a psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão, ressaltando que, hoje em dia, as famílias estão menores, e a garotada tem menos convivência com irmãos e primos. Portanto, é no colégio que elas desenvolvem a noção de sociabilidade. ‘Escola não é só formação acadêmica, é onde as crianças aprendem a lidar com os limites, com as regras e com os valores, tanto os culturais quanto os sociais’, fala Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Já em relação à escolha de um colégio para os bebês, Maria Angela Barbato, professora da faculdade de educação da PUC, sintetiza a opinião dos educadores: ‘Se for para deixálos com alguém sem preparo é melhor optar por escolas de educação infantil’.
Adaptação Vale lembrar que tanto os que encaram a escola pela primeira vez quanto os que mudam de colégio passam por um período de adaptação , o que inclui o choro. Por isso, é importante que a família deixe a criança segura. ‘Os pais não devem demonstrar insegurança nem subestimar os filhos pequenos, pois eles são capazes de superar as dificuldades. Faz parte da vida’, finaliza Rosely Sayão.
Mãe aposta em papo sincero com a filha Preocupada com a mudança de colégio da filha, que estuda na rede pública e teve de ser transferida, a engenheira agrônoma Rosângela Carvalho chorou. Sem condições de pagar uma escola particular, resolveu jogar limpo com Ana, que tem oito anos. ‘Fiquei chocada quando fui fazer a matrícula. Como não tenho saída, estou conversando bastante com ela, fazendo uma espécie de conscientização para prepará-la. A primeira semana vai ser difícil.’
PRIMEIRA VEZ NA ESCOLA Idade certa Não existe uma idade específica para matricular uma criança no colégio. Como os pais não têm tempo hoje em dia, os pequenos têm ingressado cada vez mais cedo em escolas de educação infantil (da creche à pré-escola). Segundo especialistas, não há problema nisso. É melhor uma criança de um ano e meio ficar em uma escolhinha especializada do que com babá ou desconhecidos. Embora não haja uma idade certa para ingressar seu filho na escola, o ideal é que não demore muito, o ideal é matriculá-lo entre três e quatro anos. É importante que haja o período de passagem da educação infantil, em que as atividades não são feitas apenas em sala de aula e incluem brincadeiras, para o ensino sistemático formal, em que ficam o tempo todo sentados na carteira, o que acontece entre seis e sete anos. Período de adaptação No caso dos bebês, não há o que fazer. Quando são muito pequenos, eles não tem noção de tempo e não conseguem
discernir os fatos Já para as crianças mais velhas, a regra é outra. Para aquelas que choram muito, recomenda-se que os pais fiquem um tempo na escola, sempre do lado de fora da sala. Esse processo ajuda a criança a se sentir segura. Chorar faz parte do processo de adaptação. Como agir • Inclua a criança no processo de compra de materiais, antes do início do ano letivo. Rosângela e Ana: que Escolher os cadernos, tiveram uma mudança difícil a mochila e a lancheira, por exemplo, cria uma expectativa positiva; • Antes das aulas começarem, apresente a escola à criança . Ao conhecer o local, ela perde o medo do novo. Vale lembrar que cair de paraquedas não ajuda no processo de adaptação; • Converse com a criança, ressaltando os aspectos positivos de estudar. Diga coisas do tipo: ‘Você vai fazer novos amiguinhos’ ou então ‘Lá terá um espaço bacana para você brincar’; • Ao colocar seu filho pequeno na escola, evite inclui-lo em outras atividades. Respeite o tempo livre dele. Toda criança precisa brincar, descansar ou simplesmente não fazer nada;
MUDANÇA DE ESCOLA Idade certa Não há uma idade ideal para que uma criança seja transferida de colégio, mas sim um motivo legítimo. Se, por alguma razão, seu filho precisa mudar de escola, não hesite, ele vai se adaptar à nova realidade. Como agir • Lide de maneira firme com a transferência. Se a criança percebe que os pais estão inseguros, terá ainda mais dificuldade em aceitar a mudança. Os pais precisam demonstrar confiança em suas atitudes; • Leve seu filho para conhecer o novo colégio e procure destacar pontos positivos, como
FOTO: SÉRGIO CARVALHO/FOLHA IMAGEM
a presença de áreas externas, parques e laboratórios; • Converse bastante com a criança antes da transferência e jogue limpo. Faça com que ela entenda as razões da mudança, pois isso a ajudará absorver a ideia; Período de adaptação Quando a criança é mais velha, não têm como evitar o baque da mudança. O melhor é deixá-la encarar os fatos de maneira natural, sempre observando possíveis alterações de comportamento, por exemplo.
ESCOLHA DA ESCOLA Em ambos os casos, a escolha da escola é muito importante. Preste atenção à qualidade dos profissionais, às atividades aplicadas por eles e à estrutura do colégio (áreas livres são muito importantes para os pequenos, por exemplo). É preciso observar também a quantidade de profissionais em sala de aula. Segundo educadores, o ideal é: • Dois profissionais para cada dez crianças entre um ano e meio e dois anos; • Dois profissionais para cada 20 alunos entre três e quatro anos; • Um profissional para cada 20 crianças de quatro anos em diante; Fontes: Maria Angela Barbato, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP; Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia; e Rosely Sayão, psicóloga e consultora educacional
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Andam Dizendo roberto@espacorenovo.org.br
“O valor, o mais precioso dos valores humanos, o atributo sine qua non de humanidade, é uma vida de dignidade...”. Zygmunt Bauman, filósofo e sociólogo. ROBERTO FERREIRA
Já tinha um texto pronto para a coluna dessa semana. No entanto, diante dos últimos acontecimentos na região, precisei escrever um novo texto. A região Bragantina não ficou de fora dos transtornos, prejuízos e perdas causados pelas chuvas nos últimos dias e pela abertura das comportas do sistema Cantareira. Os mais variados seguimentos vivenciaram as enormes dificuldades geradas pelas chuvas, que bateram recorde no período, quando comparadas com os índices das últimas décadas. Até aqui nada de novo... O que vou escrever a partir desse ponto será um registro que omitirá nomes de pessoas e instituições porque quero continuar imparcial e ao mesmo tempo levar você a pensar um pouco sobre alguns valores da cultura de nossa cidade. O que me preocupou e me motivou a escrever esse artigo foram as reações de algumas pessoas da cidade diante do quadro caótico trazido pelas chuvas. NOTA: Eu disse algumas, porque muitas me surpreenderam de modo positivo. Os comentários vão desde a barragem da
represa está estourando até a informação bizarra de correr até o rio Jaguari para ver as ondas (quem sabe para alguns um Tsunami) porque a Sabesp deu vazão no seu sistema. Segundo as informações técnicas a vazão ou a tragédia de um estouro da barragem necessita de algumas horas para que possa atingir a área urbana e rural de nossa cidade. Essas informações provocam desconforto e insegurança. Onde vou trabalhar? Onde vou morar? Onde meus filhos vão estudar? Vou perder todo o meu patrimônio construído durante uma vida toda? Quando dizemos que um bairro ou uma determinada instituição está alagada, o que queremos dizer? Está debaixo d’água, atingiu 30% da área? Percebe a diferença? Não sei a origem desses comentários. O fato é que, num momento onde as pessoas estão fragilizadas com a perda, vulneráveis diante do inesperado, alguns comentários, sejam por ignorância ou intencionais, além de insensatos, ferem todos os princípios da ética e da cidadania. O grande problema desse tipo de comentário é que, como já disse, ele não tem origem e ninguém é responsabili-
zado. Esse tipo de notícia vai se espalhando de modo banal e, num segundo momento, quando não confirmada a informação, não aparece ninguém para se retratar. Os valores da sociedade brasileira são paradoxais. Qualquer leitura um pouco mais atenta percebe isso. Ao mesmo tempo em que questionamos a falta de transparência na gestão pública, sempre achamos um jeito de levar alguma vantagem. Transgredimos a lei, mas a justificativa é que em pequena escala não afeta ninguém. Como assim cara pálida? Num processo democrático, o modo como vivemos afeta a todos. Quando inventamos ou divulgamos notícias que não têm paternidade e não sabemos sobre a integridade da sua procedência, estamos sendo incoerentes. Como disse o educador Paulo Freire: “As qualidades e virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e fazemos”. Em qualquer tempo, mas em especial nos momentos difíceis, podemos medir a saúde de uma cultura, de um povo, ou de uma cidade, pela cumplicidade e solidariedade do
chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram. Num momento de crise, a primeira ação tem que ser emergencial. Buscar alternativas de modo intencional é o único caminho. Num segundo momento, nossa energia e atenção precisam ser deslocadas para a reflexão. Como a médio e longo prazo podemos encontrar uma solução ecologicamente responsável para o sistema Cantareira e a sua biodiversidade? E para o Rio Jaguari que passa por muitas propriedades de pessoas físicas e jurídicas de nossa cidade? Por enquanto, cabe a nós cidadãos bragantinos sermos solidários com a dor e a perda de pessoas e instituições. Além disso, questionar a veracidade de uma informação e ser responsável na transmissão das mesmas, além de ser um ato de cidadania, evita a possibilidade de causarmos danos materiais e emocionais para pessoas que já estão sofrendo e não podem parar, apesar da dor. Roberto Ferreira Teólogo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie–SP, é pastor da Comunidade Presbiteriana Renovo, em Bragança Paulista-SP.
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Cansaço sem fim Pesquisadores investigam as causas da síndrome da fadiga crônica, problema pouco diagnosticado no Brasil por VINICIUS LUIZ /FOLHAPRESS
Uma noite de sono é insuficiente, concentrar-se em algo é cada vez mais difícil, falta vontade para realizar as tarefas do cotidiano. Sintomas como esses, que costumam ser confundidos com simples preguiça, podem apontar para um quadro mais sério, a SFC (síndrome da fadiga crônica), doença pouco diagnosticada no Brasil cujas causas são objeto de pesquisas recentes. Para identificar se o paciente tem a doença, e não um cansaço pontual, é preciso que ele apresente pelo menos quatro dos seguintes sintomas: sono excessivo, falta de concentração, dores musculares, na garganta ou nas articulações, cansaço após exercícios físicos e inchaço nos nódulos linfáticos. Embora ainda faltem explicações para a SFC, um artigo publicado na edição de outubro da revista ‘Science’ trouxe um novo alento para os portadores da síndrome. A pesquisa, liderada pelo médico americano Vincent Lombardi, FOTO: BRUNO FERNANDES/FOLHA IMAGEM
relacionou a doença à presença do retrovírus XMRV nos pacientes. Do grupo de 101 portadores de SFC, 67 estavam infectados pelo vírus. Entre os saudáveis, apenas oito das 218 pessoas tinham o vírus no sangue. Para o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital das Clínicas da USP, o estudo contribui para a pesquisa sobre as causas da SFC, mas não traz nada definitivo. ‘A maioria das pessoas tem infecções por vírus desse tipo, que costumam causar diarreia. Outras doenças como fibromialgia também estão ligadas a essa origem’, relata. O psiquiatra Mário Juruena, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, explica que a doença costuma se manifestar após uma infecção. ‘A maioria dos estudos sobre fadiga crônica tem relação com quadro pós-influenza’, explica Juruena, que acaba de voltar da Inglaterra após pesquisar por seis anos a
doença na Universidade de Londres. Seus estudos apontaram para um fato comum entre os portadores da síndrome: a sobreposição com outros problemas, como depressão atípica e doença afetivo-sazonal (tipo de depressão ligada às estações do ano). ‘Cerca de 50% dos portadores de SFC apresentam depressão atípica. O depressivo atípico tende à obesidade, tem sono excessivo e fica muito sensível a críticas’, completa. A doença tem maior incidência entre mulheres. A psicóloga Rafaela Zorzanelli, que pesquisou a síndrome em seu doutorado, afirma que o diagnóstico é clinico. ‘Ainda não se conhece exame específico para sua comprovação.’ Um estudo feito pelo pesquisador coreano Hyong Jin Cho e publicado no ‘British Journal of Psychiatry’ em outubro comparou diagnósticos feitos em São Paulo e Londres por médicos das redes pública e privada de saúde. O resultado mostrou que, no Brasil, há maisdiagnósticos de cansaço sem explicação, enquanto na Inglaterra se reconhece mais a síndrome da fadiga crônica.
Tratamentos
Cristian Salemme, 32, que há oito anos tem síndrome da fadiga crônica
Em relação a tratamentos, Rafaela Zorzanelli afirma que é preciso levar em conta o caso de cada paciente. ‘Os benefícios obtidos provêm da terapia do exercício gradual, da terapia cognitivo-comportamental ou do uso de antidepressivos,
analgésicos, ansiolíticos, suplementos alimentares e massagens, que podem produzir um efeito de melhora geral.’ A terapia do exercício gradual trabalha com atividades físicas de pouco esforço que aumentam à medida que a pessoa adquire mais resistência. Parte considerável dos pacientes se recupera em um período de 12 a 18 meses, mas, em alguns casos, a doença pode persistir por anos. Segundo Juruena, tratamentos com reposição hormonal têm dado certo em pesquisas na Inglaterra. ‘O uso de corticoides em doses muito baixas reanima os pacientes. Isso aumenta o cortisol, hormônio que nos mantêm ativos e que tem menor produção em quem sofre da síndrome.’ Enquanto os pesquisadores discutem as razões da síndrome, os portadores têm um suspiro de alívio ao saber de novas descobertas. É o caso de Cristian Salemme, 32, que há oito anos convive com a SFC. Afastado da indústria onde trabalhava, em São Bernardo do Campo, vive da aposentadoria por invalidez. ‘O “gás’ vai acabando, vai dando vontade de ficar na cama, vem um cansaço respiratório’, diz. Seu diagnóstico demorou a ser feito. As dores nos músculos fizeram sua médica recomendar-lhe fisioterapia, o que só aumentava a fadiga. Até seu primeiro casamento sofreu abalos por causa da síndrome. ‘Tive que encontrar meu ponto de equilíbrio para não me tornar um inútil.’ Hoje, com o tratamento, que envolve acompanhamento psicológico e medicamentos, Cristian se sente bem mais disposto, embora tenha que parar sempre que abusa um pouco mais das energias.
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Seus Direitos e Deveres colunadoconsumidor@yahoo.com.br
Nova lei do inquilinato A Lei n° 8.245/91 que dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos foi recentemente modificada pela Lei n° 12.112/09. As modificações estão em vigor desde o dia 25 de Janeiro e vieram para aperfeiçoar e adequar a lei aos princípios dispostos na Constituição Federal, especialmente no que tange a razoável duração do processo. Com as alterações os procedimentos de despejo serão mais ágeis. Elencaremos de forma resumida as principais modificações da lei. Uma das poucas alterações que beneficia o inquilino é a que dispõe que ele poderá entregar o imóvel pagando a multa estipulada, proporcionalmente ao período de cumprimento do contrato, ou, na sua falta, a que for judicialmente fixada. Essa modificação beneficia os locatários, já que pela lei antiga, em caso de rescisão do contrato a multa estipulada teria que ser paga integralmente, normalmente fixada em três alugueis. Outra mudança se refere ao estado civil dos locatários. Pela lei antiga, se um casal alugasse um apartamento e se separasse durante a vigência do contrato, ele precisaria ser totalmente refeito, o que inclui as garantias (fiança, caução ou seguro-fiança). Com a nova lei, a pessoa que fica no imóvel será automaticamente responsável pelo con-
trato e a garantia é mantida, não havendo necessidade de alteração. O mesmo vale para a união estável. Foram inseridas, também, importantes alterações com relação ao fiador. Após o fim do contrato de 30 meses, quando este for renovado automaticamente, ele pode pedir para deixar de ser o fiador do imóvel. Surge uma maior autonomia para o fiador que em virtude de um problema financeiro pode precisar se desonerar de suas obrigações, caso em que deverá comunicar o proprietário e o locatário formalmente no prazo de 30 dias a contar do término do contrato, contudo, apenas depois de 120 dias estará livre das obrigações contratuais. O inquilino, por sua vez, terá o mesmo prazo de 30 dias para indicar um novo fiador ou oferecer outra garantia. Durante a vigência do contrato, no entanto, o fiador continua sem a prerrogativa de se desligar. Com relação ao despejo é importante ressaltar que o proprietário pode entrar com uma ação para pleiteá-lo, baseada na falta de pagamento já no dia seguinte da data de vencimento do pagamento do aluguel. Poderá ainda, cumular dois pedidos em uma mesma ação, quais sejam, o despejo e a cobrança do aluguel em atraso.
Contudo, vale lembrar que é facultado ao locatário pagar o valor cobrado, evitando o despejo. A mudança significativa foi a fixação de prazo de 15 dias, para pagamento (depósito) do débito a fim de evitar a rescisão contratual e não mais para simplesmente requerer o depósito. Na sistemática antiga, o locatário pleiteava o depósito e, dependendo da celeridade do cartório em que tramitava o processo, somente vinha a fazer o depósito meses ou anos depois. Assim, se a intenção do locatário for a de evitar o despejo, terá que depositar o valor devido no prazo de 15 dias. Ainda vale ressaltar que a faculdade de pagar o valor em atraso, depositando a quantia cobrada em juízo, segundo a nova lei, só pode ser utilizada se o locatório não a utilizou nos últimos vinte e quatro meses. A regra prestigia os bons pagadores, reprimindo a atitude dos devedores contumazes. Se ocorrer de um locador aumentar o valor do aluguél e o inquilino pedir uma revisão desse acréscimo, através da ação revisional, a nova lei exige que seja feita uma avaliação do valor do imóvel, segundo dados do mercado, e fixado um valor provisório de aluguel até a decisão final. No caso de o inquilino pleitar na justiça a renovação compulsória do contrato e sair
CRÍTICA/’A VINGANÇA DE HILEIA’
perdedor na ação, este deverá desocupar o imóvel no prazo de 30 dias, e não mais em 6 meses como previa a legislação anterior. A modificação, por óbvio, parte do princípio de que o locador já teve que esperar todo o trâmite processual para retomar o imóvel, prazo em que o locatário já poderia se organizar para desocupá-lo, de modo que não seria justo fazer o locador aguardar mais seis meses. Todas as modificações citadas trazem inúmeros reflexos no mercado imobiliário. Sendo certo que com a queda na inadimplência e a rapidez no despejo e retomada do imóvel pelo locador, os proprietários terão mais confiança em deixar os imóveis para locação, aumentando a procura das imobiliárias especializadas na administração de imóveis, as quais poderão contar com um instrumento mais justo e eficaz para proteger os interesses dos proprietários, a “nova lei de locação”. Até a próxima!!
Advogadas Gabriela de Moraes Montagnana OAB/ SP 240.034 Natália Penteado Sanfins OAB/ SP 241.243
Antenado
Ensaios examinam Amazônia de Euclides por NOEMI JAFFE /FOLHAPRESS
Augusto dos Anjos define o ser hu-
embute e incorpora esse incerto vir-a-ser
caucheiro _sertanista explorador da borracha_,
assumidamente neorromântica do Brasil e do
mano como ‘homo infimus, carne
_em sua poesia, utopia e vertigem_ que Foot
o desbravador bandeirante soa até ingênuo: ‘O
socialismo, o que só faz bem à compreensão
sem luz, criatura cega, realidade
Hardman nos apresenta a floresta, o serin-
bandeirante foi brutal, inexorável, mas lógico.
do autor em estudo e à leitura dos ensaios.
geográfica infeliz’.
gueiro e o livro inacabado de Euclides, ‘Um
Foi o super-homem do deserto. O caucheiro
Embora o texto às vezes esbarre em barro-
Se é verdade que todos os seres são homo
Paraíso Perdido’, que lida justamente com
é irritantemente absurdo na sua brutalidade
quismos, tudo se compõe coerentemente
infimus, Francisco Foot Hardman nos
este tema. Seria seu ‘segundo livro vingador’,
elegante, na sua galanteria sanguinolenta e
com a proposta teórica dos ensaios, que,
mostra, no livro ‘A Vingança de Hileia’ e a
em seguida a ‘Os Sertões’, pois representaria
no seu heroísmo à gandaia. É o homúnculo
além de Euclides, ainda abordam Augusto
partir do olhar de Euclides da Cunha, que
a vingança do caboclo e da língua brasileira
da civilização’.
dos Anjos, Sousandrade, Stefan Zweig e
esta qualificação é ainda mais verdadeira
ao esquecimento e à exploração extrativista
É esta situação absurda, sem lógica, que
Raul Pompeia.
para o homem amazônico do início do sé-
desumana na floresta.
impede Euclides de escrever sua obra e que
Não se trata de livro de leitura fácil. Mas
culo 20. Neste volume de ensaios, o autor,
Mas quem se vingou foi a Hileia: tanto dos
leva Foot Hardman ao estabelecimento de
isso não é nem de longe um defeito. Seriam
experiente no tema euclidiano, amazônico,
trabalhadores, seres ínfimos e miseráveis,
três imagens-faróis a compor a Amazônia e
absurdos Amazônia e Euclides da Cunha
como também em uma fase esquecida da
quanto do próprio autor, que, diante da
a obra inacabada de Euclides: a ‘miniatura
trazidos para o plano palatável. Algumas
história literária brasileira (o assim chamado
natureza vertiginosa, infinitamente grande
trágica do caos’, o ‘labirinto moderno da
coisas (geralmente as melhores) devem ser
‘pré-modernismo’), milita bravamente no
e infinitesimalmente pequena, não pôde
solidão’ e o ‘Judas ou judeu errante’, este
mastigadas muito lentamente para serem
sentido da recuperação de uma geografia
manter mais nenhum tipo de otimismo ou
último revelado por Euclides no ritual entre
devidamente apreciadas.
física e literária da Amazônia.
fé no progresso brasileiro.
trágico e poético, praticado pelos ribeirinhos,
A Hileia, ou a floresta amazônica, como a
Embora os ensaios de Euclides já tenham
de lançar espantalhos ao rio no Sábado de
denominou Alexandre Von Humboldt, era e
sido publicados em forma de livro e com o
Aleluia, numa pobre vingança de si mesmos,
A VINGANÇA DE HILEIA
ainda é um continente marginal dentro de um
mesmo título, o autor não finalizou a obra,
ao malhar um ser ainda mais desvitalizado
país, ‘a fronteira do que não foi; a fronteira
acachapado que estava pela melancolia, pela
do que eles próprios.
do que é, em sendo, um incerto vir-a-ser’.
injustiça, pela natureza e por seus próprios
Euclides e Foot Hardman parecem associar-se
E é utilizando uma linguagem que em tudo
dramas pessoais e profissionais. Diante do
numa visão e até numa linguagem utópica e
Autor: Francisco Foot Hardman Editora: Unesp Quanto: R$ 54 (375 págs.) Avaliação: ótimo
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