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Braganรงa Paulista

Sexta 05 Marรงo 2010

Nยบ 525 - ano VIII jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

(11) 4032-3919


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Para Pensar

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EXPEDIENTE Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli

DOAÇÃO QUE TRANSFIGURA

Jornalista Responsável: Alexandra Calbilho (mtb: 36 444)

MONS. GIOVANNI BARRESE

A liturgia católica insere o texto evangélico (neste ano Lucas 9,28-36) sobre a Transfiguração de Jesus (Mt. 17,1-8; Mc. 9,2-8) no segundo domingo do tempo da Quaresma. Jesus chama Pedro, Tiago e João e vai com eles para uma “alta” montanha (Mateus e Marcos), à montanha, para Lucas. A tradição fala do belo monte Tabor, coberto de pinheiros, carvalhos e terebintos. Um monte isolado no centro de uma grande planície verdejante. Raridade naquelas paragens. Segundo relatos antigos no topo da montanha havia um altar onde eram oferecidos sacrifícios às divindades pagãs. Hoje é um lugar para meditação e recolhimento para os cristãos. Nesse monte os evangelistas descrevem uma experiência única e fascinante vivida pelos três escolhidos. Na linguagem colorida dos semitas eles apresentam o resultado de um momento único dos três apóstolos com Jesus. Isso leva ao fascínio que faz Pedro dizer que seria bom fazer tendas: uma para Jesus, uma para Moisés e outra para Elias. Ele queria perpetuar aquele

momento. As tendas recordavam a grande festa do encerramento das colheitas. Festa de semana inteira. O povo construía as cabanas para recordar o tempo do deserto. Festa e recordação voltadas para o futuro: os rabinos ensinavam que na época do Messias a vida seria uma permanente “Festa das Tendas!” Para Pedro, tendo visto o que acontecia lá no alto da montanha, tinha chegado o tempo do descanso e da festa perene. Esquece os que estavam no pé do monte. Esquece famílias, amigos. O fascínio pelo esplendor que envolve Jesus é uma forma dos evangelistas mostrarem a tentação de ver em Jesus a glória que não passa pela cruz. Sabemos que a compreensão de quem era Jesus - que tipo de “Messias” ele era, o caminho da doação de sua vida, a cruz - só veio após a ressurreição. Afinal como podia aquele Jesus que fazia surgir pão e peixe para todos, que curava os leprosos, que ressuscitava os mortos, que calava o doutores passar pelos tormentos, pela prisão, pelo achincalhe? Na lição dos evangelistas está presente

a afirmativa de que o Jesus, que se revela glorioso, é aquele que lavará os pés dos discípulos! Que terá a sorte dos malfeitores! Uma lição para que seus seguidores aprendessem qual era o caminho. Segui-lo na glória seria resultado de doação da própria vida. Segui-lo na glória seria resultado de cruz assumida todos os dias. Era necessário ter clareza sobre esse seguimento para que não houvesse a tentação do poder dos “amigos do rei!” Uma tentação vivida pelos apóstolos. Tenho certeza que não é difícil fascinar-se pelo Cristo glorioso. Alias, devemos fascinar-nos por Ele. Ele é a razão da nossa esperança! A sua glória é garantia de nossa eternidade! É, todavia, fundamental, que esse fascínio seja o motivador do seguimento que exige de todos nós continuada conversão. E inserção na sua missão. O Cristo da glória nos atrai para que nossa vida seja a expressão presente daquilo que Ele disse e fez enquanto estava entre nós. Correr para o Cristo glorioso negando o Cristo da cruz é falsear a fé. Parar no Cristo da cruz é não

ter esperança. O Cristo da cruz nos recorda que é o caminho da doação de si mesmo que manifesta aquilo que Deus é: amor transbordante! E como somos filhos de Deus é isso que devemos manifestar. O Cristo glorioso mostra aquilo que somos quando o amor é a realidade de nossas vidas! A liturgia da Palavra dominical coloca os textos do Gênesis (15,5-18) e da carta de São Paulo ao Filipenses (3,17-4,1) como molduras ao texto evangélico da transfiguração. A intenção é fundamentar nosso seguimento de Jesus na certeza de que Deus é sempre fiel às suas promessas. A infidelidade e fraquezas humanas não podem ser argumento para colocar em Deus os defeitos e a fragilidade que o ser humano carrega. Lá onde o homem vê esgotarem suas esperanças, brilha a certeza do amor incansável de Deus. Isso deve despertar no coração humano a perseverança à qual Paulo exorta os Filipenses. Nada nos deve separar do seguimento de Jesus. Este tempo quaresmal, enriquecido pela provocação da Campanha da

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Jornal do Meio Ltda.

Fraternidade, que nos chama a ser fiéis a Deus e a não ser escravos do deus-dinheiro, nos ajude a purificar palavras e atitudes. Que o horizonte de nossas esperanças não se limite ao que acumulamos, mas sim aos dons que Deus nos dá e nos fazem ser irmãos e irmãs. E nos ajudam a superar a “convivência” maléfica entre vencedores (minoria) e perdedores (maioria). A transfiguração que se refletiu no rosto de Jesus, na consciência da entrega de sua vida, nos fará aprender a entregar também a nossa vida. E nos ajudará a não esquecer aqueles que ficaram na planície, à espera da Boa Notícia. Com isso a transfiguração nos envolverá! E as tendas da alegria, sinal Daquele que vive, serão morada para todos!


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Alma feminina Quatro gerações de mulheres de uma única família falam da luta para superar os desafios da vida

por MARIANA VIEL

Se a história da família de dona menino foi muito mais difícil do que cuidar Rosina de Almeida Borges fosse das quatro filhas, a trisavó de Pietro diz que contada em um livro ou filme, com comemorou a novidade. “No começo todo toda certeza, teria como protagonistas as mundo aqui ficou assustado da Jéssica ter ficado mulheres. O relato da saga dessa família é grávida tão nova, mas eu achei foi bom! Disse também um exemplo da dedicação, força e que estava era muito feliz por chegar ao ponto sensibilidade feminina. Aos 86 anos de idade de conhecer o meu trineto” afirma. Rosina é mãe, avó e bisavó. Há pouco mais Maturidade de um mês ela também ingressou no seleto Dona Rosina diz que desde muito novas as grupo das trisavós! Além do raríssimo privilégio de participar filhas tiveram que aprender a ter responsabida história de tantas gerações, ela também lidade. “Elas sempre foram muito ajuizadas e pode se orgulhar de ter quase 100% da não me davam trabalho”. Ela conta que quando família formada por representantes do o marido, que era fazendeiro, perdeu todos sexo feminino. Ao todo dona Rosinha teve os bens da família em jogos de azar, as filhas sete filhos – cinco meninas e dois meninos. tiveram que começar a trabalhar para auxiliar Duas crianças (um homem e uma mulher) no sustento da casa. Cidinha lembra que a família se mudou do morreram ainda bebês. interior de Minas Gerais Ela explica que apesar da desvantagem matemática, o Não importa o para a capital paulista. filho deu muito mais trabalho tamanho do problema ou “Fomos morar na Mooca do que todas as mulheres da dificuldade que uma em uma casa emprestada juntas. “Elas não me deram de nós está passando. por uma irmã do meu pai. trabalho nenhum, mas o Sempre que acontece Mudamos de uma casa menino valia por tudo”. alguma coisa nos grande de fazenda para reunimos para enfrentar um quarto e cozinha. Foi A dona de casa também o problema juntas muito complicado porque diz que o marido nunca precisamos nos acostumar participou muito da criaAdriana ção das crianças. “Sempre com a falta conforto”. digo que os filhos são da Assim que completou 14 mãe e não do pai! Criei todos os meus filhos anos Cidinha começou a trabalhar em uma praticamente sozinha e depois ainda ajudei fábrica para ajudar a família. “Apenas o meu a criar minhas netas e as bisnetas”. meio salário e o salário inteiro do meu pai não A filha mais velha de dona Rosina, a costureira eram suficientes para sustentar a família”. Sem Maria Aparecida Borges de Oliveira, 62, a outra opção, a família retornou para o interior. Cidinha, também teve três filhas – Adriana, Durante esse período eles moraram na cidade Luciana e Fabiana. Dando sequência ao time de Estiva e, posteriormente Cambuí – no Sul feminino da família, a professora Adriana Alves de Minas. de Oliveira, 38, também teve mais três meninas. Algum tempo depois, um parente que morava A história dessa família só mudou quando a em Bragança chamou o pai de Cidinha para filha de Adriana, Jéssica de Oliveira Cezar, 19, trabalhar na fábrica Leite Sol e a família se deu a luz a Pietro – o primeiro menino nascido mudou para a cidade. “Até a minha irmã que na família há mais de 50 anos. na época tinha apenas 11 anos de idade, mas Mesmo depois de afirmar que criar apenas um era mais alta do que eu começou a trabalhar. A minha mãe também arrematava costuras e lavava roupas para fora para ajudar. Todas nós tivemos que fazer de tudo um pouco”. Ela atribui a capacidade da família se recuperar à força da mãe e à determinação feminina. “Se minha mãe fosse uma desanimada e não tivesse a coragem para lutar, nós também iríamos desanimar. Ela sempre falava com o meu pai que nós iríamos trabalhar e que a gente conseguiria refazer a vida”.

Mulheres no comando

Dona Rosina fala da alegria de conhecer o trineto

Quando as coisas finalmente começaram a se estabilizar, o marido de dona Rosina, então com 52 anos, sofreu um derrame cerebral que o deixou na cama por cerca de sete longos anos. “Essa foi mais uma provação que a minha mãe teve que aguentar. Alguns anos depois foi a minha vez de passar pela mesma

situação. Aos 44 anos o meu marido também teve um derrame, mas ao contrário do que aconteceu ao meu pai, ele morreu imediatamente”. Mais uma vez elas tiveram que buscar forças para enfrentar uma nova batalha. “A maior dificuldade foi a questão financeira porque eu precisava dar conta de tudo na casa. A Adriana, que já tinha duas filhas e estava separada do primeiro marido, teve que parar os estudos para começar a trabalhar e me ajudar. Foi uma época muito difícil”, explica a costureira. Apesar de todo o sacrifício ela conta que elas conseguiram superar mais esse desafio. Cidinha se lembra de uma vez em que o sogro foi almoçar em sua casa, e disse que o filho – que havia morrido há pouco tempo – não estava fazendo falta. “Falei que ele fazia muita falta sim, e que todas nós sentíamos muito a ausência dele. Meu sogro explicou que meu marido não fazia falta porque eu estava conseguindo sozinha sustentar a casa. Respondi que realmente nesse ponto nós não podíamos reclamar porque nunca deixei faltar nada para elas”.

Adriana, Jéssica, dona Rosina e Cidinha falam da emoção de finalmente terem um menino na família

Ao lado da filha Jéssica, Adriana carrega o pequeno Pietro

Para o que der e vier A força dessas mulheres, verdadeiras leoas em defesa de suas crias, não pode ser medida apenas pela coragem de recomeçar a vida e enfrentar o trabalho fora de casa. Elas afirmam que também conseguem sozinhas resolver problemas como matar baratas e até fazer pequenos reparos no chuveiro. Adriana lembra que uma vez elas enfrentaram sozinhas um ladrão que estava invadido a casa. “Minha mãe fechou uma das portas que dava acesso à parte de fora da casa e cada uma de nós correu para pegar uma coisa para nos defender. Segurei uma faca, a minha irmã pegou um spray de pimenta e a minha outra irmã começou a ligar para a polícia. De repente a minha avó apareceu com um pedaço enorme de madeira e disse que ia enfrentar o ladrão. Tivemos que correr para segura-la porque ela disse que ia pegar o bandido de qualquer maneira”.

União transformadora Rosina, Cidinha, Adriana e até mesmo a jovem Jéssica são unânimes ao afirmarem que todas as conquistas realizadas por elas devem ser atribuídas à união e ao amor que sentem umas pelas outras. Adriana ressalta que sempre que acontece alguma coisa com

Depois de mais de 50 anos, Pietro é o primeiro menino da casa

uma de suas irmãs ou filhas, toda a família se reúne na casa da avó para decidir o que fazer. “As coisas na nossa vida sempre aconteceram dessa forma. Não importa o tamanho do problema ou da dificuldade que uma de nós está passando. Sempre que acontece alguma coisa nos reunimos para enfrentar o problema juntas”.

Herança genética Depois de tantas histórias de força, coragem, amor e esperança quem poderia dizer que a maior fraqueza dessas mulheres seria revelada através de um homem. As mesmas mulheres independentes e batalhadoras que são capazes de recomeçar a vida quantas vezes forem precisas, e até mesmo enfrentar um ladrão com as próprias mãos, ficam sem reação diante do pequeno Pietro. A mãe do menino explica que tem consciência de que a coisa mais importante que o filho irá herdar é a determinação das mulheres da família. “Todas elas são ótimos exemplos de vida. Quero pegar um pouquinho de cada uma delas para ensinar ao Pietro”.


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Voz que

guia

Jornalista bragantina é vencedora de prêmio que elegeu as profissionais que mais se destacaram em 2009 por MARIANA VIEL

Aos 26 anos de idade a jornalista e campanha com os ouvintes. “Começamos a âncora da Rádio SulAmérica Trânsito divulgar a votação e muitos ouvintes começa(FM 92,1 do Grupo Bandeirantes), ram a participar”. Logo na segunda prévia da Daniela Lugli Florenzano irá receber premiação, a jornalista bragantina apareceu o Troféu Mulher Imprensa 2009, de melhor na segunda colocação com 19,73%. A partir âncora de rádio. A premiação – que será rea- da terceira prévia da votação, Daniela se manlizada em comemoração ao Dia Internacional teve sempre no primeiro lugar. Ela foi eleita da Mulher – envolveu cerca de 70 jornalistas com 31,89% dos votos, mais de 10 pontos que concorreram em 14 categorias – âncora de diferença para segunda colocada. de telejornal; âncora de rádio; assessora A jornalista considera que a participação de imprensa; colunista de jornalismo im- dos ouvintes da rádio foi um dos fatores presso; comentarista ou colunista de rádio; determinantes para sua vitória. “Acho que a comentarista ou colunista de TV; diretora nossa relação com os ouvintes é muito mais ou editora de redação; jornalista de mídias próxima do que em qualquer outro veículo de sociais; repórter de jornal; repórter de rádio; comunicação que eu conheço. É um trabalho repórter de revista; repórter de site de notícias; diferente porque influi diretamente na vida repórter de telejornal e repórter fotográfica de centenas de pessoas que passam várias de jornal ou revista. horas do dia presas no trânsito. Isso nos Criado há seis anos com o objetivo de reco- aproxima muito do público”. Ela conta que nhecer o trabalho das mulheres nas redações vários ouvintes acabam frequentando a rádio e brasileiras, o Troféu Mulher Imprensa é mantendo uma relação de amizade e confiança realizado pela Revista e o Portal Imprensa, com os apresentadores e repórteres. em parceria com a Aberje Em cima da (Associação Brasileira de Acho que atualmente o notícia Comunicação Empresarial) mercado de trabalho está A SulAmérica Trânsito e a Maxpress. As finalistas muito mais aberto para funciona 24hs por dia de cada categoria foram as mulheres. Ganhamos quase que exclusivamente indicadas por um júri esespaço e conquistamos com notícias, boletins e pecializado em cada mídia nosso lugar como entrevistas relacionadas e, posteriormente, eleitas jornalistas. Cerca de ao trânsito na capital através de uma votação 80% do nosso quadro de paulista. Entre as 6h popular na internet. profissionais na SulAmérica e as 21hs o conteúdo Daniela conta que a indiTrans é formado por da rádio se resume a cação ao prêmio foi uma mulheres informações. A partir grande surpresa. “Todos das 21hs a programação nós ficamos muito felizes, Daniela também inclui músicas e mas na verdade ninguém algumas dicas culturais. acreditava muito que eu pudesse vencer. Estava concorrendo com Daniela diz que o horário do programa que várias mulheres com muitos anos de carreira apresenta, das 18 e as 23hs, inclui a “hora e experiência”. Durante os primeiros dias do rush” – parte do dia com um dos maiores de votação, a jornalista conta que enviou e- índices de congestionamento na capital. mails para alguns amigos pedindo que eles “Durante o período do rush nossa programaparticipassem. Ainda na primeira prévia da ção é basicamente voltada para as notícias votação, Daniela foi apontada como a 3ª de trânsito”. Ela explica que os ouvintes âncora de rádio mais votada com 18,74% também podem participar do programa através de um portal de voz, mensagens de dos votos. A pequena diferença entre ela e a âncora da texto e também e-mails. rádio CBN Fabíola Cidral (primeira colocada Reforço feminino na votação com pouco mais de 20% dos votos) incentivou a própria rádio a iniciar uma A premiação, que homenageia mulheres que ocupam alguns dos lugares de maior destaque da mídia brasileira, pode ser considerada um bom exemplo da presença feminina no mercado de trabalho. Uma pesquisa divulgada pela Fundação Carlos Chagas indica que entre 1976 e 2007 a força de trabalho feminina no país teve um acréscimo de cerca de 32 milhões de trabalhadoras. Durante esse mesmo período a Daniela fala das conquistas femininas no participação masculina mercado de trabalho atual mantevepatamaresestáveis FOTO: ARQUIVO PESSOAL

e com um crescimento pouco relevante. Daniela afirma que esse dado também pode ser verificado em diversos veículos de comunicação e até mesmo na rádio onde trabalha. “Acho que atualmente o mercado de trabalho está muito mais aberto para as mulheres. Ganhamos espaço e conquistamos nosso lugar como jornalistas. Cerca de 80% do nosso quadro de profissionais na SulAmérica Trans é formado por mulheres”.

Preconceito Apesar de afirmar nunca ter sofrido preconceito por ser mulher, ela admite que ainda existem veículos que se utilizam da prática. “Sabemos que muitos lugares priorizam repórteres homens e preferem as mulheres em cargos de produção e edição”. Outra pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que mesmo sendo a maioria da população brasileira, a mulher é quem mais sofre com o desemprego. Apesar de estarem mais presentes nas salas de aula que os homens, elas também enfrentam maior dificuldade para conseguirem trabalho. Outro dado levantado pelo IBGE mostra que a remuneração feminina chega a ser 60% menor em relação à dos homens que possuem o mesmo nível de escolaridade. A presença da mulher no mercado de trabalho predomina nos serviços domésticos e na administração pública. A jornalista explica que nunca passou por uma situação como essa. “Percebo que ainda falta a participação das mulheres em cargos de diretoria e gerência. Graças a Deus todos os lugares que trabalhei até hoje priorizam muito mais a competência profissional”. Ela explica que logo que o projeto da rádio SulÁmérica foi lançado as mulheres que faziam parte da equipe de reportagem tiveram que quebrar paradigmas sobre a competência do sexo feminino para falar de trânsito. “Foi um projeto revolucionário para a cidade. No começo ouvíamos brincadeirinhas relacionadas ao fato de dirigirmos a frota de veículos da rádio e até mesmo sobre a nossa capacidade para falar do trânsito, um assunto considerado muito mais masculino”.

Dilema feminino A jornalista diz que apesar do reconhecimento, também faz questionamentos sobre um dos maiores dilemas femininos: conciliar a carreira profissional e a vida pessoal. Ela admite que as próprias exigências da profissão

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Ouvintes da rádio SulAmérica Trânsito, 92,1 FM participaram da votação que elegeu Daniela a melhor âncora de rádio de 2009

de jornalista. “Penso que no futuro terei que conciliar a correria sacrificada da profissão com a vontade de casar e formar uma família. É muito difícil para a mulher se encaixar nesse modelo moderno de mulher”. CONFIRA A LISTA DAS VENCEDORAS DE CADA CATEGORIA: ASSESSORIA DE IMPRENSA • Taís Lobo - A4 Comunicação DIRETORA DE REDAÇÃO • Cláudia Vassallo - Revista Exame FOTOJORNALISMO • Lenise Pinheiro - fotógrafa freelancer IMPRESSO - REPÓRTER DE JORNAL • Renata Cafardo - O Estado de S. Paulo IMPRESSO - REPÓRTER DE REVISTA • Eliane Brum - Época IMPRESSO - COLUNISTA • Mônica Bergamo - Folha de S.Paulo RÁDIO - ÂNCORA DE RÁDIO • Daniela Florenzano - Rádio SulAmérica Trânsito RÁDIO - REPÓRTER DE RÁDIO • Carolina Ercolin - Rádio Bandeirantes RÁDIO - COMENTARISTA/COLUNISTA DE RÁDIO • Lucia Hippolito - CBN TV - ÂNCORA DE TELEJORNAL • Ticiana Villas Boas - “Jornal da Band” - Band TV - REPÓRTER DE TELEJORNAL • Monalisa Perrone - TV Globo TV - COMENTARISTA/COLUNISTA TV • Miriam Leitão - TV Globo WEB - REPÓRTER SITE NOTÍCIAS • Daniela Braun - IDG NOW! WEB - JORNALISTA MÍDIAS SOCIAIS • Rosana Hermann - Blog Querido Leitor


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Casa & Reforma

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Seguro de livre escolha Bancos serão obrigados a oferecer mais de uma opção de apólice para financiamento

por EDSON VALENTE /FOLHAPRESS

Quem faz um financiamento imobiliário tem de contratar junto um seguro habitacional, pago com as parcelas. Mas não será mais obrigado a aceitar a apólice indicada pelo banco. Neste mês passa a vigorar no país uma resolução do Conselho Monetário Nacional que força as instituições financeiras a oferecer ao menos duas opções de seguradora para os planos de crédito pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação), sendo que uma delas não pode ser coligada à empresa financiadora ou controlada por ela. Em média, o seguro responde por de 3% a 5% da parcela do financiamento - mas isso varia de acordo com a idade do contratante, o valor do bem e o prazo do contrato. A cobertura a riscos de morte e invalidez permanente do mutuário e de danos físicos ao imóvel será obrigatória. “A partir do momento em que o banco oferecer mais de uma apólice, surgirá uma concorrência favorável ao consumidor”, reflete Celso Petrucci, economista-chefe e diretor do Secovi-SP (sindicato do setor). “Com o mercado em expansão, devem surgir produtos [planos de seguro] mais baratos.” Para Edwin Britto, membro da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-SP, o efeito prático da nova regulamentação não será tão significativo. “Provavelmente o banco financiador terá uma fórmula de cálculo para igualar a oferta de uma seguradora independente”, reflete. “Como os valores praticados no mercado são todos muito próximos, a intenção é evitar monopólio. Ninguém faz milagre, uma seguradora que apresentar um valor muito baixo não conseguirá se sustentar.” Atualmente, cada banco costuma mesmo limitar a escolha do seguro habitacional ao ofertado pela seguradora controlada por ele. Sobre as novas determinações, a reportagem procurou os nove principais bancos que trabalham com financiamento imobiliário no país, e três responderam - Bradesco, HSBC e Santander. Bradesco, pela Bradesco Auto/RE Companhia de Seguros, e Santander afirmam que as coberturas dos planos serão adequadas à lei, mas não apontam alteração de valores. O HSBC diz que disponibilizará duas seguradoras parceiras.

Apólice deve discriminar valores Nem sempre os mutuários dão importância ao seguro habitacional que acompanha o financiamento imobiliário. “Li e assinei tanto documento que fiquei

FOTO: DIVULGAÇÃO

até com a vista embaçada”, conta a técnica de enfermagem Irenilde da Silva Feitosa, 45. “Mas não me lembro de terem explicado qualquer coisa sobre seguro.” Ela financiou, com o marido, o técnico de elétrica Domingos Alves Feitosa, 53, a compra de um apartamento no Sacomã (zona sul de São Paulo) em dezembro. Ele também diz não se recordar de haver contratado uma apólice. Mas quem quiser saber detalhadamente quanto representa o seguro na parcela de financiamento pode -e deve- exigir essa discriminação na hora de assinar o contrato do crédito. A Susep (Superintendência de Seguros Privados) instituiu, desde o dia 19 passado, que o segurado tem o direito de pedir, a qualquer momento, o custo efetivo do Seguradoras não poderão restringir cobertura... seguro habitacional, formado pelo preço total do seguro com amortização em 20 anos. as taxas administrativas e comerciais e os impostos. Indenização corresponde “A transparência é um componente releao débito vante do negócio”, considera Anderson O risco para as seguradoras cresce com o Mello, diretor da seguradora SulAmérica. aumento da idade do mutuário. Assim, as “O mutuário muitas vezes acaba envolvido alíquotas do seguro habitacional costumam no financiamento sem saber de fato quanto ser maiores para pessoas mais velhas. paga pelo seguro.” “Em contrapartida”, lembra Alexandre Tenner, Outro aspecto reforçado pela resolução da da Susep, “como a indenização corresponde Susep é a obrigatoriedade de o contrato de ao saldo devedor do financiamento, ela vai seguro ter o mesmo prazo de vigência do se tornando menor ao longo do prazo de financiamento. “Deve acompanhá-lo até o amortização.” final com as condições definidas no momento A reportagem solicitou a algumas seguradoda aquisição”, especifica Alexandre Tenner, ras uma simulação de seguro habitacional diretor técnico da Susep. em um financiamento de um imóvel de R$ “As taxas vão ter que valer por até 30 anos”, 250 mil (crédito de 80% desse valor, ou R$ observa Mello, da SulAmérica. “O objetivo 200 mil) para um proponente de 38 anos, da lei [nº 11.977] é provocar taxas menores, com amortização em 25 anos. Duas delas mas não sei dizer quão menores elas serão, atenderam ao pedido. pois essa vigência prolongada aumenta o Em uma, pelo sistema SAC (amortizações risco do negócio.” constantes), com uma taxa de 10,5% ao ano O segurado ainda poderá propor a troca e correções pela TR, o seguro na primeira da apólice durante o financiamento. Para parcela de R$ 2.439,70 custa R$ 77, ou 3,16% recusá-la, o banco terá de apresentar outro da mensalidade. seguro com custo efetivo igual ou menor ao No caso de uma taxa de 12,2% anuais pela do indicado pelo mutuário. Tabela Price (parcelas fixas), o mesmo valor As empresas também não poderão restrin- de seguro equivale a 3,6% de uma primeira gir o seguro a proponentes que terão até parcela de R$ 2.144,69. 80 anos e seis meses de idade ao fim do A outra seguradora calculou, para o mesmo financiamento. Quem tem 60 anos hoje, financiamento, um prêmio de seguro por exemplo, poderá fazer um plano com mensal de R$ 49,20.


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Teen

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Descubra a pop japonesa Sites trazem informações sobre séries, desenhos animados e quadrinhos nipônicos e dicas para quem desejar ficar igualzinho ao seu personagem favorito

por FOLHAPRESS

Desde os anos 1980, elementos da cultura popular do país do sol nascente ganham cada vez mais espaço no Brasil. Desenhos animados e séries como ‘Speed Racer’, ‘National Kid’ e ‘Ultraman’ foram os precursores de uma febre. ‘Essas obras prepararam o terreno para a grande invasão que começou depois, com os Cavaleiros do Zodíaco. O segredo de seu sucesso está na construção dos personagens, mais humanos e falíveis do que os heróis norte-americanos’, explica Alexandre Nagado, 38 anos, autor do livro ‘Cultura Pop Japonesa’ (ed. Via Lettera). Hoje, termos como mangá (quadrinhos), “anime’ (animações), “cosplay’ (fantasias de personagens dos desenhos japoneses), “J-pop’ (música pop) e “tokusatsu’ (filmes e seriados com efeitos especiais, como ‘Godzilla’) são comuns no vocabulário de boa parcela dos jovens brasileiros, não necessariamente descendentes dos imigrantes nipônicos que aportaram por aqui no início do século 20. Adepta do “cosplay’ desde 2004, a publicitária Andressa Miyazaki, 30 anos, tornou-se, com o tempo, também uma verdadeira especialista em confeccionar fantasias dos personagens da cultura pop nipônica. ‘O custo de um traje é bem relativo. Depende do tipo de material que é utilizado e da porcentagem de trabalho terceirizado envolvido’, conta ela, que já chegou a gastar R$ 500 em uma única fantasia. Andressa acredita que a internet contribui para difundir os hábitos dos fãs desse universo. ‘A cultura pop japonesa é muito rica e fascinante e conquista cada vez mais fãs no mundo todo. As facilidades da internet ajudam a torná-la mais popular. Hoje, as pessoas ouvem sobre anime, mangá e “cosplay’ e já sabem do que se trata’, conclui.

FOTO: DIVULGAÇÃO

Pesquisa on-line ‘Anime’ Com um belo visual , o blog traz novidades sobre “anime’, “cosplay’ e mangás, publica resenhas, pôsteres e podcasts e mantém uma conta no Flickr repleta de ilustrações www.anime.com.br Cultura Japonesa Indicado aos iniciantes no assunto, explica as origens de diferentes frentes da cultura nipônica, como esportes, música, cinema e artes plásticas. Cada tópico é dividido em subtópicos, que facilitam a compreensão www.culturajaponesa.com.br Cosplay Brasil O site é especializado em acompanhar encontros e campeonatos de “cosplay’. Além de divulgar a agenda e de publicar fotos, oferece uma seção explicativa sobre as partes que compõem uma fantasia www.cosplaybr.com.br Japop Explica a origem dos desenhos animados japoneses e o que são os mangás e traz pequenas biografias dos principais estilistas japoneses. Com uma relação de links para sites de editoras e emissoras de televisão do Japão www.japop.com.br Abrademi Indicada para quem deseja aperfeiçoar seu traço artístico, o site da Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações traz dicas de cursos e uma galeria onde os leitores podem enviar

Cultura Japonesa

seus desenhos www.abrademi.com ‘ArgCast’ Além dos animes, esse podcast relata novidades sobre RPG e games e conta com um time de doze colaboradores. Os programas são bem produzidos e têm edição trabalhada www.argcast.com Cosplay Publica fotos dos adeptos dessa prática (devidamente caracterizados). Com contribuições de usuários de várias partes do mundo. As informações estão em inglês www.cosplay.com ‘Anime, Mangá e TV’ Quer saber qual canal vai transmitir o seu programa preferido? Ou quando sairá aquele

livro que você está esperando há tempos? Esse blog pode responder essas e outras perguntas sobre cultura pop japonesa www.anmtv.com.br ‘Sushi Pop’ Autor do livro ‘Cultura Pop Japonesa’, o quadrinista Alexandre Nagado publica em seu blog considerações sobre a arte de desenhar, divulga eventos e responde os e-mails de leitores www.nagado.blogspot.com ‘Lilithy Cosplay’ Andressa Naoko Miyazaki, ou Lilithy, como ela é conhecida entre os ‘cosplayers’, é especialista na confecção de fantasias dos personagens de mangá e ‘anime’. Em seu blog, ela dá dicas sobre os materiais utilizados e a estrutura das peças www.lilithycosplay.com


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Informática

&

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Tecnologia

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Risco Brasil

País passa Estados Unidos e China como origem de ciberataques, diz relatório

por RAFAEL CAPANEMA /FOLHAPRESS

No terceiro trimestre de 2009, o Brasil e a Rússia ultrapassaram os EUA e a China como os dois países que mais originam ataques virtuais. Os dados são do relatório ‘The State of the Internet’ (O estado da internet), divulgado em janeiro pela Akamai, especializada em internet. No segundo trimestre, a China era responsável por 31% dos ataques, enquanto os EUA atingiam 15%, seguidos por Brasil (2,3%) e Rússia (1,2%). Já no terceiro trimestre do ano, o Brasil pulou para a segunda posição, com 8,6%, e a Rússia para a primeira, com 13%. Estados Unidos (6,9%) e China (6,5%) desceram para o terceiro e para o quarto lugar, respectivamente.

Brasil é a segunda maior fonte de ataques País ultrapassa China e EUA; especialistas recomendam bons softwares de proteção e navegação consciente

Do segundo para o terceiro trimestre de 2009, o índice de ataques virtuais originados no Brasil pulou de 2,3% para 8,6%, ficando à frente dos EUA (6,9%) e da China (6,5%) EDITORIA DE ARTE\FOLHA IMAGEM

Os raios de luz indicam servidores da Akamai, empresa que publicou relatório sobre ciberataques

e atrás apenas da Rússia (13%), segundo o relatório ‘The State of the Internet’ (O estado da internet), produzido pela Akai. O dado não surpreende Eduardo Godinho, especialista da empresa de segurança virtual Trend Micro. ‘De acordo com os nossos estudos, o Brasil já vem sendo há bastante tempo um dos líderes dos ataques na internet, principalmente quando falamos de spam, phishing e trojan’, afirma. ‘Somos, entre aspas, bastante criativos quando se fala em trojans para roubar dados bancários, por exemplo’. Para o especialista, a recente popularização da internet e da banda larga no Brasil contribui para a posição cada vez mais destacada do país no mundo do cibercrime. Godinho afirma que os usuários têm mais consciência da necessidade de usar programas de segurança, mas que o mais importante de tudo é navegar com consciência e cautela. Para Fabiano Tricarico, gerente nacional de vendas da área de varejo da Symantec, o internauta brasileiro ainda não está ciente da importância de ter bons softwares de proteção. ‘A maioria deles não usa nenhum produto para se proteger ou não usa um software adequado’, afirma. ‘Muita gente ainda tem a imagem de que o hacker é aquele cara novinho, com cara de nerd, que tem um monte de espinha na cara e usa óculos e bonezinho. Não é mais assim’, afirma Tricarico. Segundo o especialista, no passado, hackers criavam vírus com o simples objetivo de ficar famosos e infectar o maior número possível de computadores. ‘Hoje ninguém mais faz isso. Atualmente eles querem o anonimato, na verdade. O ataque é direcionado ao lucro financeiro’, afirma Tricarico. O cibercrime, segundo o especialista, é dominado por quadrilhas

especializadas. ‘Alguns números mostram que elas estão movimentando mais dinheiro do que tráfico de drogas no mundo’. Godinho aponta os encurtadores de URLs (endereços de sites), popularizados pelo Twitter, como uma das principais formas de disseminação de pragas virtuais nos dias de hoje. Os endereços curtos, usados principalmente para espalhar links no microblog com limite de 140 caracteres, podem esconder páginas maliciosas. Antes dos encurtadores, afirma Godinho, recomendava-se ao usuário que passasse o mouse sobre o link para descobrir sua origem. Agora, o especialista da Trend Micro recomenda que, antes de clicarem em links enviados por amigos, os internautas devem perguntar a eles a procedência dos endereços. O próprio bit.ly, encurtador de URL mais popular atualmente, permite ver para onde vão os links curtos. ‘É como na vida real. Você não vai andar na rua sem prestar atenção aos lados, ver se tem alguém o seguindo. Na internet é mais ou menos a mesma coisa’, conclui Tricarico.

Saiba mais sobre o relatório Publicado trimestralmente, o ‘The State of the Internet’ (O estado da internet) é um relatório com dados mundiais sobre ciberataques, penetração da internet e adoção de banda larga elaborado pela Akamai, empresa especializada em internet. O documento se baseia em dados de tráfego coletados por meio da rede de servidores da empresa espalhados pelo mundo. O relatório da Akamai ainda inclui ‘notícias e informações disponíveis publicamente sobre eventos notáveis ocorridos durante o trimestre, como ataques de negação de serviço, invasões de sites e eventos de rede, incluindo interrupções de serviço e novas conexões’. No documento mais recente, sobre o terceiro trimestre de 2009, destacaram-se o cresci-

mento de Rússia e Brasil como os dois países de onde se origina o maior tráfego de ataques virtuais, posições antes ocupadas por China e Estados Unidos. O relatório pode ser baixado gratuitamente em www.akamai.com/stateoftheinternet. Antes, é preciso se cadastrar no site.

Banda larga no Brasil é 35ª em ranking com 45 países A velocidade média da banda larga no Brasil , 1,08 Mbps, está abaixo da média mundial (1,7 Mbps) e da de países da América Latina como Chile (2,22 Mbps) e Colômbia (1,45 Mbps). Os dados constam do relatório ‘The State of the Internet’ elaborado pela Akamai. Com essa velocidade, o país fica em 35º em uma lista de 45 países, liderada pela Coreia do Sul, onde a banda larga atinge, em média, 14,6 Mbps. Quatro das cidades latino-americanas mais rápidas ficam no Brasil: Curitiba (1,93 Mbps), Florianópolis (1,72 Mbps), Campinas (1,63 Mbps) e Belo Horizonte (1,62 Mbps). A cidade de São Paulo não consta do relatório publicado. A cidade mais rápida no ranking é Sandy (Utah, EUA), com média de 33,46 Mbps. No Brasil, 20% das conexões são inferiores a 256 Kbps, velocidade mínima estabelecida pela UIT (União Internacional de Telecomunicações, órgão ligado à ONU) para que um serviço seja considerado banda larga. Nesse índice, apenas Síria (69%), Sudão (35%) e Índia (26%) têm um desempenho pior do que o brasileiro. Entre os países latino-americanos que constam da pesquisa, a Venezuela é o que mais se aproxima do Brasil nesse quesito, com 11% das conexões com velocidade inferior a 256 Kbps. Com uma conexão de 1 Mbps, leva-se aproximadamente 39 segundos para baixar uma música em MP3 de 5 Mbytes. Com 256 Kbps, o mesmo arquivo demora 2min36s para chegar.


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Comportamento

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Lá e cá

Como se organizam as famílias em que pais separados dividem de maneira equilibrada o tempo com os filhos

por RACHEL BOTELHO /FOLHAPRESS

Para uma parcela crescente de filhos de casais separados, faz parte da rotina acordar na casa do pai e dormir na casa da mãe (ou vice-versa). Essa situação ganhou mais força em 2008 com a aprovação de uma lei que determina que, quando não há acordo sobre a guarda do filho, a guarda compartilhada pode ser aplicada. Segundo profissionais e associações de pais ouvidos pela reportagem, a tendência é que a divisão da guarda se torne a regra também na prática. Embora a guarda compartilhada não envolva, obrigatoriamente, uma divisão equilibrada do tempo de convívio da criança com o pai e a mãe, ela facilita essa situação porque ambos passam a ser igualmente responsáveis pelos filhos. ‘Compartilhar a guarda é compartilhar também as decisões sobre a vida da criança: onde ela vai estudar, que esporte vai fazer, como vai ser gasto o dinheiro’, diz Analdino Paulino, presidente da Apase (Associação de Pais e Mães Separados). Casais em litígio ainda têm dificuldade para obter esse tipo de acordo, assim como aqueles que moram em cidades diferentes, mas, segundo pais e profissionais, essas são situações em que ela se faz mais necessária. ‘Se o casal se entende, nem precisa ter a guarda compartilhada no papel. Já a mãe que tem a intenção de afastar o pai da criança toma todas as decisões sozinha’, diz a terapeuta familiar Roberta Palermo. A advogada Sandra Regina Vilela, especialista em direito de família, diz que, se os pais brigam por tudo, compartilhar a guarda é ‘impossível’. Mas algumas vezes, o conflito pode ser mitigado. Segundo ela, é uma realidade recente os pais quererem conviver com os filhos e participar de decisões sobre suas vidas. ‘Eles não aceitam mais o papel de provedor e só. Mas as mulheres resistem à guarda compartilhada no papel. Para elas, é como abrir mão de algo próprio da mulher’, diz. Para Palermo, muitos pais nem pensam em ter a guarda do filho, assim como vários juízes resistem a entregá-la ao pai, mas é hora de mudar isso.

Brinquedos e uniforme em dobro O publicitário Alexandre Borges, 39, divide com a ex-mulher as responsabilidades sobre a filha, Giulia, 7, desde a separação, três anos atrás. O processo, segundo ele, foi natural. ‘Sempre fui muito participativo e tinha uma relação muito forte com minha filha’, afirma. Quando Giulia era bebê, ele mostrava tanta desenvoltura com as fraldas que seus amigos chamavam-no de ‘folguista’. ‘Eles brincavam porque, quando a babá não estava, eu assumia essas tarefas.’ Depois de ‘muita conversa e muita negociação’, segundo ele, a ex-mulher aceitou selar um acordo de convivência e responsabilidade compartilhadas. Mesmo assim, a adaptação foi complicada. Tudo era novidade: a casa do pai, a casa da mãe, o novo padrasto. ‘Tivemos maturidade para conduzir esse processo e lutei para que discussões sobre outros assuntos não contaminassem essa [sobre a relação com a filha].’ Hoje, a menina divide os fins de semana e as férias entre os pais, mas passa a maior parte do período letivo com a mãe. Às terças e em quintas alternadas, dorme na casa do pai. ‘Não é meu sonho. Acontece também de eu levá-la a outras atividades, mas tento não ser invasivo no tempo dela com a mãe’, diz, ressaltando que Giulia tem duas casas completas, com brinquedos, roupas, uniforme duplicados, inclusive. Uma psicóloga acompanha a garota de perto e sempre que há sinais de crise todos se encontram no consultório. ‘Acho que parte do sucesso se deve a isso.’ Segundo ele, é positivo o fato de ambos dividirem as responsabilidades em relação aos interesses da filha e às decisões que precisam tomar sobre seus estudos e sua saúde. Já as decisões ‘pequenas’, sobre dormir ou não na casa de uma amiga, por exemplo, nem sempre são compartilhadas. Para Alexandre, esse sistema ajudou ainda a reduzir a tensão pós-separação. ‘É como um air bag. Ninguém quer bater o carro, mas, se bater, pelo menos não dá com a cara no vidro.’

‘Uma criança precisa de pai e mãe presentes para crescer e se desenvolver com qualidade’, diz. A terapeuta é contra a alternância de casas, no entanto. ‘Pode gerar um caos.’ Uma alternativa seria morar em bairros próximos, o que permitiria ao pai levá-la à escola e a outras atividades, por exemplo. Para a professora de psicologia e psicanálise da USP e da PUC-SP Miriam Debieux Rosa, passar cada dia em uma casa diferente é apenas uma das formas de dividir a guarda do filho e talvez não seja a ideal porque traz dificuldades de ordem prática. ‘Vejo uma queda no rendimento das crianças por conta de dormir cada hora num lugar, não se fixar, não ter uma casa que seja o centro de suas coisas. E, quanto menor ela é, mais difícil para se adaptar à mudança de rotina’, afirma. Além de morar perto para facilitar buscar objetos eventualmente esquecidos, os pais têm que verificar, com a criança, se o material escolar está sendo levado para a casa do outro ou para a escola e se a lição foi feita. ‘Isso acarreta uma perda de autonomia para a criança. Nas fases de prova, vale deixá-la em uma só casa para que a criança possa se concentrar’, sugere. Na opinião de Silvana Rabello, psicanalista e professora de psicologia da PUC-SP, a complexidade da rotina não deve ser pretexto para evitar um acordo com duas casas. ‘O que está em jogo não é a praticidade da vida. Para a criança pequena, toda a vida subjetiva ainda está em constituição. Nesse sentido, os pais têm um papel fundamental a exercer: ensinar um olhar sobre o mundo, a lidar com a angústia, com as relações humanas’, acredita. Daí a importância de a criança conviver tanto com o pai quanto com a mãe, em sua opinião. ‘Poder usufruir dos recursos dos dois é uma riqueza. Quando um exagera, o outro faz o contraponto. Vejo crianças que sofreram danos imensos por terem ficado com a mãe quando o pai era a figura amorosa marcante na vida dela’, afirma Rabello.

Acordar em uma casa e dormir em outra Um ano e meio atrás, quando a união do engenheiro Sandro Marino, 27, acabou, a convivência diária com Laura, 8, e Giuliana, 4, passou a ser quinzenal. A mãe, a advogada Isabela, 26, ficou com a guarda das meninas, como ainda ocorre na maioria dos casos no Brasil, mas o arranjo durou apenas quatro meses. As crianças, e Sandro, não conseguiram se adaptar ao afastamento imposto pela nova rotina. O juiz foi sensível aos apelos do pai e propôs que compartilhasse com a mãe o tempo e as responsabilidades sobre as meninas, sem tirar a guarda de Isabela. ‘Eu teria metade do dia e a mãe, o resto. O resultado foi muito interessante. Se fosse trocar a guarda, demoraria muito e as duas teriam que passar por uma avaliação psicológica’, afirma ele. Desde então, as meninas têm duas camas cada uma. Durante a semana, elas acordam em uma casa e vão dormir em outra. A escola, no meio do caminho, faz a ponte entre os dois lares. Sempre juntas, elas alternam também os fins de semana com um e com outro. ‘A adaptação foi muito legal. Eu posso ter minha vida e a mãe, a dela’, diz Sandro. Isabela acha que, agora, está funcionando, mas nem sempre foi assim. ‘Nossa comunicação é muito ruim e talvez isso interfira um pouco. No início, elas não sabiam o que iam fazer no dia, porque eram muito pequenas, e tinham que se adaptar muito rapidamente. Cada casa tem uma rotina, uma educação diferente’, diz. Com Sandro, por exemplo, elas podem ver TV até um pouco mais tarde e assistir, no estádio de futebol, a um clássico como Palmeiras e Corinthians, o que já foi motivo de discussão entre o ex-casal. Apesar de estar muito satisfeito, o pai acredita que compartilhar a rotina não é bom para todas as famílias. ‘Não vale a pena se o pai não tinha um convívio frequente com eles antes, se não tem disponibilidade. Eu as levo à escola, faço natação com a Giuliana. Antes, só sabia o que a Laura me contava’, diz.


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Seus Direitos e Deveres colunadoconsumidor@yahoo.com.br

BENEFÍCIO PARA IDOSOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA GUSTAVO ANTÔNIO DE MORAES MONTAGNANA/ GABRIELA DE MORAES MONTAGNANA

O respeito a dignidade da pessoa humana sempre foi um importante atributo das sociedades modernas. Trata-se de garantir ao indivíduo que suas necessidades vitais e básicas sejam respeitadas, mesmo que não esteja em um patamar de igualdade de direitos com os outros membros da sociedade. Por isso, nossa Constituição Federal prevê que assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social. Dentre seus objetivos, estão a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice. Como forma de materialização de tais objetivos, há a previsão da garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. A lei a que se refere a Constituição Federal é a n° 8.742/93, que dispõe sobre a organização da assistência social. Dentre outros assuntos pertinentes ao tema, referida lei regulamenta o BPC-LOAS: um benefício de prestação continuada, pago pelo Governo Federal, cuja operacionaliização do reconhecimento do direito é feita pelo Instituto Nacional do

Seguro Social – INSS. O BCP-LOAS é um direito assegurado por lei, que permite o acesso de idosos e pessoas com deficiência às condições mínimas de uma vida digna. O amparo assistencial, no valor de um salário-mínimo, é pago ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que não exerça atividade remunerada e também às crianças (zero a doze anos de idade) e adolescentes (entre doze e dezoito anos de idade) portadores de deficiência incapacitante para a vida independente, bem como aos abrigados em Instituições Públicas e Privadas no âmbito nacional, que comprove carência econômica para prover a própria subsistência. Para que haja concessão do LOAS, não há necessidade de contruibuição junto ao INSS. Possuem direito ao benefício pessoas nas condições acima mencionadas que não recebam nenhum benefício previdenciário, ou de outro regime de previdência e que a renda mensal familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente. Sobre esse requisito, vale salientar, que há entendimentos jusrisprudenciais no sentido de aumentar a renda mensal familiar para ½ salário mínimo. Nesse caso, o requerente que tiver o pedido negado pelo INSS, em virtude

da renda mensal familiar ser superior a renda ser superior a ¼ do salário mínimo vigente, pode requerer o direito junto ao Poder Judiciário, com fundamento nos posicionamentos jurisprudenciais. Para a concessão do benefício às pessoas com deficiência, avalia-se se a deficiência incapacita o requerente para o trabalho. Tal avaliação é realizada pelo serviço de perícia médica do INSS. Para cálculo da renda familiar é considerado o número de pessoas que vivem na mesma casa: assim entendido: o requerente, cônjuge, companheiro ou companheira, filhos menores de 21 anos, pais, e irmãos não emancipados ou menores de 21 anos. O enteado e menor tutelado equiparam-se a filho mediante a comprovação de dependência econômica e desde que não possua bens suficientes para o próprio sustento e educação. O enteado e menor tutelado equiparam-se a filho mediante a comprovação de dependência econômica e desde que não possua bens suficientes para o próprio sustento e educação. O benefício assistencial pode ser pago a mais de um membro da família desde que comprovadas todas a condições exigidas. Nesse caso, o valor do benefício concedido anteriormente será incluído no cálculo da

renda familiar. Quando houver superação das condições que deram origem a concessão do benefício ou pelo falecimento do beneficiário, o benefício deixará de ser pago. O benefício assistencial é intransferível e, portanto, não gera pensão aos dependentes. Além disso, o beneficiário não recebe décimo terceiro salário. Há de se ressaltar, por fim, que a Assistência Social, realizada pelo Estado, tem lugar quando a família não cumpre seu papel social. A Constituição Federal prevê o dever dos pais de assistir os filhos menores e os maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade (CF, art. 229). Ademais, a família tem o dever de amparar as pessoas idosas (CF, art. 230). Estes dois dispositivos conjugados deixam claro que o Estado deverá intervir quando a família não puder fazê-lo, prestigiando, assim, o dever de solidariedade que deve imperar nas relações familiares. Até a próxima!! Advogados Gabriela de Moraes Montagnana OAB/ SP 240.034 Gustavo Antônio de Moraes Montagnana OAB/ SP 214.810


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INFORME PUBLICITÁRIO

Santa Casa presta homenagem às suas proffiissionais Para lembrar o Dia Internacional da Mulher, a diretoria da Santa Casa de Bragança escolheu cinco profissionais para representarem todo o corpo funcional feminino em uma homenagem. As funcionárias, no próximo dia 08, receberão um certificado que reconhece o trabalho brilhante, realizado com competência, garra e amor. “Esta certificação”, afirmou o provedor, Sr. Enir Hernandes Acedo, “foi a forma mais

próxima que encontramos para homenagear direta e indiretamente todas as mulheres que trabalham na instituição, posta a impossibilidade de certificar a totalidade das colaboradoras”. Os nomes das funcionárias a serem homenageadas permanecem em sigilo e só serão revelados no momento em que forem entregues os certificados. A participação e a presença da mulher na vida econômica hoje são reconhecidas por

toda a sociedade. Na Santa Casa esta realidade não é diferente: 73,98% do seu quadro funcional é ocupado por mulheres e 45 cargos de chefia e supervisão estão com a equipe feminina. Do total de funcionárias, 16,78% têm curso superior e 28,04% delas têm nível técnico. Dentro desta equipe, a Santa Casa emprega 177 mulheres com idade entre 18 e 29 anos, 147 entre 30 e 39 anos, 78 entre 40 e 49 anos e 33 funcionárias com idade acima dos 50 anos. As profissionais com mais tempo de instituição são: Vicentina André, há 46 anos no hospital; Maria Inês de Moraes, do Setor de Nutrição e Dietética, com 35 anos de casa; Márcia Aparecida O. A. Moraes, enfermeira, está há 29 anos na empresa; Dailza Aparecida S. Pereira, técnica em enfermagem, com 28 anos de serviços prestados; e Ivone Aparecida Moreira, recepcionista, registra 27 anos dedicados à Santa Casa. A valorização do trabalho feminino no hospital é uma constatação. Assim também ocorre com funcionários, de ambos os sexos, que buscam por aprimoramento profissional. Em outras diferentes situações a diretoria incentiva e investe em seu quadro de empregados. Isto pode ser confirmado por meio de treinamentos, cursos, palestras e simpósios promovidos ou patrocinados pela instituição. Somente no último fim de semana de fevereiro, diversas profissionais da enfermagem participaram de eventos que acrescentaram maior informação e qualidade às suas atividades: a 12ª Jornada de Infecção Hospitalar e Maternidade, no Hospital Santa Joana em São Paulo, e um treinamento no Hospital Modelo em São Paulo, para conhecerem a rotina das cirurgias oftalmológicas, já que acontecerá um mutirão de cirurgias semelhantes, neste mês, através do programa “Pró Santa Casa”.


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