Braganรงa Paulista
Sexta 18 Junho 2010
Nยบ 540 - ano VIII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
(11) 4032-3919
AZ
sexta 18 • junho • 2010 Jornal do Meio 540
Para Pensar
2
EXPEDIENTE
HOMILIA
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli
MONS. GIOVANNI BARRESE
A pedido de nosso bispo D.Sérgio transcrevo homilia que ele me pediu para fazer na missa comemorativa do Sagrado Coração de Jesus na paróquia do mesmo nome em Francisco Morato. Essa missa comemorava, também, o encerramento do Ano Sacerdotal. Estavam presentes quase todos os padres da diocese. Alguns estavam em Roma representando o clero de nossa diocese. Somaram-se aos mais de quinze mil junto ao Papa Bento XVI. “No início desta homilia saúdo a todos, como irmãos e irmãs, título de fraternidade que constitui a nossa maior dignidade: sermos todos filhos e filhas de Deus. Saúdo os irmãos no ministério conferido pelo Sacramento da Ordem. Saúdo e agradeço ao nosso Bispo Diocesano D. Sérgio, nosso pastor que me deu a responsabilidade de falar a todos nesta solenidade do Sagrado Coração de Jesus e no encerramento do Ano Sacerdotal. A palavra de Deus abre e ilumina nossa reflexão. O centro desta festa do Coração de Jesus é lembrar o que esta devoção quer reafirmar: o amor incondicional do nosso Deus por todos nós! Um amor incansável, fiel, que não desanima nunca. O texto do profeta Ezequiel, o salmo 22 e o texto do Evangelho de Lucas trazem a mesma imagem para expressar isso: a figura do pastor e seu zelo continuado por suas ovelhas. Ezequiel traz palavra de consolo e esperança para um povo que, consciente dos seus desvios do caminho do Senhor, pensa que Deus já se cansou de protegê-lo. As desgraças da destruição do templo
Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
e de Jerusalém, somadas ao exílio da Babilônia, parecem não ter fim. Resta continuar pagando o preço da infidelidade. O profeta diz: Não! Deus mesmo virá cuidar do seu povo e com imagens bem compreensíveis da realidade do povo expressa toda a ternura de Deus para com as ovelhas dispersas. O Evangelho, retomando a mesma cena pastoril revela atitude totalmente inusitada: como é que um pastor deixa as ovelhas fora do redil, vai em busca de uma e, por um motivo tão simples e, ainda, faz uma festa? Tudo em função de manifestar a imensa generosidade de Deus. Na carta aos romanos Paulo recorda com a disposição de dar a vida outra face do amor divino. Seu projeto de amor continua fiel no desígnio de nos fazer participantes de sua vida. Mesmo quando tomamos atitudes de não desejarmos esse amor. Ele não desiste. É sempre insistente. Após recordar o que Deus quer para nós, passo a lembrar, especialmente aos irmãos presbíteros a carta do Papa Bento XVI quando abriu, há um ano, a celebração do Ano Sacerdotal por ocasião dos 150 anos da morte de São João Maria Vianney, patrono e modelo dos padres. Ele nos convida, a nós presbíteros, a um forte empenho de renovação interior. A um testemunho vigoroso do estado de vida, da vocação que abraçamos. Tomando uma frase de São Vianney ele afirma: “O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”. Também com espinhos, dor, incompreensão. Também com as falhas humanas. No real da nossa vida somos chamados
a ser exemplares, isto é, pontos de referência para que aqueles com quem convivemos e a quem somos chamados a servir tenham em nós, tipos, modelos a seguir. O papa afirma que nós devemos “habitar” a paróquia. A expressão quer ser um chamado a que tornemos a comunidade paroquial nossa casa. A fazer de nossos paroquianos irmãos e irmãs, família que se conhece, se ama, se ajuda. Chama-nos a abrir espaço aos leigos. Para que o Povo sacerdotal possa ser realidade para todo ser humano, possa chegar a todos. Nossa vida presbiteral deve ser ensinamento pelo testemunho de vida. Salienta o papa o amor que devemos ter pela Eucaristia e pela confissão, sinais da misericórdia de Deus. A experiência do amor a Cristo Sacramentado como alimento e da confissão como sinal palpável da possibilidade da superação dos pecados e de verdadeira reconciliação deve ser visível no dia a dia do serviço sacerdotal. Finalmente o papa faz uma exortação sobre a vivência dos chamados Conselhos evangélicos - pobreza, castidade, obediência. Pobreza que significa desde a vocação ao total despojamento até ao uso honesto dos nossos bens e da administração honesta e competente dos bens da comunidade. Há alguns que têm vocação para se despojar de tudo. Há outros que não conseguem seguir o chamado feito ao jovem rico. Qualquer que seja a nossa inclinação somos chamados a administrar bens pessoais ou comunitários sabendo que nosso Deus não é o dinheiro.
A transparência com que prestamos contas e fazemos os leigos conscientes e co-responsáveis na administração dos bens é para nós presbíteros fonte de tranqüilidade e segurança. O conselho da castidade é mandamento. Para todos nós. Somado ao compromisso do celibato, é o chamado a vivermos nossa vida presbiteral na pureza das palavras, dos pensamentos e das ações. Conselho e mandamento não compreendidos pela sociedade do prazer. Por isso mesmo a exigir de nós todos mais vigilância e mais oração. Obediência. Promessa que fizemos no dia de nossa ordenação presbiteral. Obediência que não é servil e infantilizante. Obediência que se caracteriza pela consciência dos serviços que se quer prestar ao Povo de Deus como colaboradores efetivos do Bispo diocesano. Obediência que exige sinceridade, lealdade e honestidade pessoal com aquele que tem a função de ser o pai e pastor de todos e com os irmãos de ministério. Junte-se a isso tudo uma espiritualidade que leve em conta a necessária abertura para acolher na comunidade as variadas formas de expressão de fé. Uma espiritualidade feita de acolhida e esforço de unidade na diversidade. Uma espiritualidade feita essencialmente da consciência que somos servidores e não senhores. Aqui me permito lembrar os textos paralelos de Mateus, Marcos e Lucas que recordam que a marca do nosso ministério é o serviço e não o poder. E quem quiser ser o maior seja o servidor de todos. Somos, pois, chamados
Jornalista Responsável: Alexandra Calbilho (mtb: 36 444)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Jornal do Meio Ltda.
a ver no lema do ano celebrativo que ora se encerra –“Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote”. - o modelo para nossa conversão e para o nosso agir. Para não se esquecer disso o “logo” do ano sacerdotal nos lembra, na cor vermelha, que somos humanos, temos sangue, que somos separados do meio do povo para servir ao povo naquilo que se refere às coisas de Deus; a cruz nos lembra nossa redenção e, seus braços alçados para o céu, a gratidão que devemos viver. Finalmente o cálice e o pão lembram que fomos ordenados para a Eucaristia: sacramento e ação de Graças pelo dom de sermos filhos escolhidos para ser expressão especialíssima do amor de Deus para com todos. Expressão concretizada na festa litúrgica que hoje celebramos. Que ordenados e leigos sejamos todos sinal do amor infinito, incansável e misericordioso do nosso Deus! Assim seja!
3
Jornal do Meio 540 sexta 18 • junho • 2010
sexta 18 • junho • 2010 Jornal do Meio 540
4
Fila do gargarejo Não é fácil ser namorada de músico por SHEL ALMEIDA
Se for à um show de uma banda ainda desconhecida do grande público e perceber que bem próximo ao palco há uma menina cantando as músicas de cor, pode ter certeza: é a namorada de um dos músicos. Elas, sempre que podem, acompanham ensaios, vão aos shows e, até ajudam nos bastidores se for preciso, tudo isso aos finais de semana, quando os casais normalmente fazem programas a dois: ou vão junto ou ficam sem o namorado. Cada uma tem sua maneira de lidar com a situação.
chegam até a pedir beijo: “tem que agüentar”, fala, um pouco insatisfeita. Em uma dessas situações, teve de reagir: “Estávamos numa mesa e uma menina veio e pediu pra eu sair da minha cadeira pra ela conversar com ele. Eu disse não!” fala, indignada. Apesar dos horários complicados, o casal consegue encontrar tempo para se ver, seja na hora do almoço, depois do trabalho, ou em qualquer brecha. Namorados do tipo “grude”, um acompanha a rotina do outro, mas Gabi confessa que é quem cede mais: “acabo me anulando” diz. Para ela, Grude não importa o programa, Não posso me importar Gabriela Dias, a Gabi, tem o importante é estar com com os ensaios, tenho 19 anos e namora Marlon ele. “Os programas dele me que ficar de boa, senão satisfazem”, afirma. Antes Wolff, 21, há um ano e ele escolhe a banda do namoro Gabi quase não seis meses. Começaram o Juliana Pinhal relacionamento na mesma saía de casa. Quando surgiu época em que ele e os amigos o interesse saía para poder resolveram formar a banda de rock Luno, da vê-lo, agora, sai para estar com ele. Além qual é baixista. No começo ele ficava mais disso, conheceu novos amigos e teve novas com ela do que com os parceiros. Com a oportunidades, através dele. A compensafreqüência dos ensaios e pouco tempo para ção vem quando ele está no palco. “É meu se verem, Gabi resolveu acompanhá-lo. De- namorado que está lá”, fala, orgulhosa.” “E pois de um tempo começou a se incomodar. também rola umas olhadinhas entre a gente “Acaba perdendo a graça”, diz. No entanto, durante os shows”, ri. nunca deixou de ir. Gabi também está em Empresária todos os shows “pra não deixar ele sozinho”. Assume ser ciumenta e tenta lidar com isso. Juliana Pinhal, 21 anos, namora há nove Algumas meninas pedem para tirar foto e meses Paulo Calixto, 26, baterista do grupo de MPB Poema em Branco e Preto. Conheceram-se através de amigos em comum. Ela também acompanha o namorado em todos os ensaios e shows. Acabou se tornando amiga de todo o grupo. Hoje é tão envolvida que só falta aprender a tocar um instrumento. Ela começou a colaborar com coisas simples como tirar fotos, por exemplo. Agora, se precisar, até se encarrega da portaria dos O casal Paulo e Juliana no intervalo de um show da banda Poema em Branco e Preto shows. A parte burocrática fica por conta dela: “eles dizem que eu sou a empresária”, ri, satisfeita. “A banda veio de brinde com o namorado”, brinca e reconhece que às vezes é cansativo. De qualquer forma, tenta lidar bem com a situação. “Não posso me importar com os Gabi assiste o show de Luno, banda do namorado Marlon ensaios, tenho que
ficar de boa, senão ele escolhe a banda.” Durante as apresentações, sua atenção é toda para o namorado. “Não deixo ele tocar sem camisa!” Se nota interesse de alguma menina por ele, faz com que perceba que ela é mais do que a “empresária”. Agora, se o interesse for por outro dos rapazes, ela tenta ajudar. Paulo também não tira os olhos dela. Sempre que há um intervalo entre as músicas a procura. De acordo com Juliana, já chegou a descer do palco para abraçá-la, só para que um rapaz percebesse que é comprometida. Ele gosta que ela o acompanhe, mas entende quando tem algum compromisso. Além disso, a afinidade com os outros rapazes é tão grande, que quando ele não pôde ir com ela a um programa por causa de um compromisso pessoal, a deixou ir, mas mandou os amigos junto. Juliana acha graça e fala que todos ajudam a cuidar dela, mas confessa que às vezes “dá até raiva”.
Mãe Vera Cobrêro Loredo, 35 anos e Fabiano Câmara, 29, estão juntos há um ano e oito meses. Se conheceram numa apresentação do grupo de maracatu Baque Lua Cris, onde ele toca Alfaia, instrumento de percussão. Diferente de Gabi e Juliana, ela dificilmente vai aos ensaios. Quando vai, só chega no final, para saírem depois. Se for muito tarde, fica em casa com o filho Bruno, de seis anos. Vai aos shows apenas quando alguma amiga a acompanha, porque não gosta de ficar sozinha. Sente falta de estar com ele, mas sabe que também tem suas prioridades. Fabiano, ou “Macaco”, como é conhecido, gostaria que ela participasse mais e que se enturmasse, mas entende. De acordo com Vera, ele diz que não teria entrado no grupo se na época já estivessem namorando, mas que agora os dois o completam. Quando Vera vai aos shows não presta atenção se outras mulheres olham ou não para o namorado. E quando não vai também não pensa nisso “Não troco minha cama ou meu filho por neurose”, afirma. “Tem que confiar”. Ele, por sua vez, a incentiva a sair com as
Vera vai aos ensaios com Fabiano apenas quando pode
amigas, quando tem algum compromisso com o grupo. “No começo eu até estranhei. Não é comum um namorado que quer que você saia.” Fabiano, ao que parece, realmente sabe recompensar a namorada por sua compreensão. Já faltou a um ensaio para que os dois pudessem fazer uma viagem a sós. Vera sabe que não tem um namoro normal, principalmente aos sábados, que é quando os casais dedicam tempo a si mesmos. Tenta se adequar aos compromissos de Fabiano, levando em consideração seu compromisso como mãe. Domingo, por exemplo, é o dia que dedicam aos programas em família, com Bruno. O filho, por sinal, lhe proporcionou um dos momentos mais gratificantes em relação ao grupo do namorado. “Eles fizeram um cortejo pelo centro da cidade e o Bruno acompanhou o percurso todo tocando também”, conta orgulhosa.
Agenda 19 de junho
Baque Lua Cris se apresenta sábado, no Galpão BuscaVida.
03 de julho
Poema em Branco e Preto e Luno tocam sábado juntos no Dharma Rock Bar.
Conheça o site das bandas
www.baqueluacris.blogspot.com/ www.myspace.com/lunosp www.myspace.com/poemaembrancoepreto
5
Jornal do Meio 540 sexta 18 • junho • 2010
sexta 18 • junho • 2010 Jornal do Meio 540
Casa & Reforma
6
Fórmula matemática para obter preço de m2 de usado é imprecisa Método mais indicado deve levar em conta os valores de ao menos cinco bens semelhantes na mesma região
por EDSON VALENTE /FOLHAPRESS FOTO: PATRÍCIA ARAUJO/FOLHAPRESS
A alta média do valor dos imóveis usados na cidade de São Paulo é precisamente mensurável -18,36% no primeiro trimestre deste ano, segundo pesquisa do Creci-SP (conselho de corretores). Calcular o preço do imóvel que se quer negociar, contudo, passa por uma matemática nem tão exata. Especialistas destacam as limitações de uma fórmula criada com esse fim. “As variáveis são muitas”, frisa Celso Amaral, diretor da empresa de pesquisas imobiliárias Geoimovel. Não basta considerar a depreciação, que envolve rede elétrica e hidráulica envelhecendo, além de áreas comuns malcuidadas, cita João da Rocha Lima, professor do Núcleo de Real State da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo). É preciso incluir a inserção urbana da unidade, afirma. “Alguns equipamentos e a facilidade de transporte são elementos de valorização, como quando chega uma linha do metrô ou surge um shopping nas imediações.” O método mais indicado para chegar a um valor é a comparação. “Com ao menos cinco imóveis semelhantes, à venda ou vendidos recentemente na mesma região”, ensina Nelson Nór Filho, membro do Ibape-SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia). “Para uma estimativa rápida, porém apenas aproximada, parte-se do preço praticado para FOTO: ZANONE FRAISSAT/FOLHAPRESS
FOTO: LUIZ CARLOS MURAUSKAS/FOLHAPRESS
imóveis novos semelhantes, depreciando-os em relação à idade e à conservação da construção”, diz Nór. Nesse caso, é necessário aplicar um fator de depreciação sobre o valor do metro quadrado da construção nova equivalente; confira abaixo como estimar o preço de um apartamento usado.
Retrato de Nelson Nór, engenheiro civil
Mercado em alta reduz impacto de reforma
Celso Amaral, da Geoimovel. Nelson Nór, do Ibape-SP, observa que “o ganho costuma ser maior que o investimento, desde que o imóvel seja funcional”. “Se é muito antigo, pode não valer a pena por pedir uma transformação maior, caso de uma moradia sem suíte ou de instalações elétricas que não atendem às necessidades atuais”, frisa. Em relação a espaços de lazer, imóveis mais novos levam vantagem. “Itens como sala gourmet no condomínio valorizam o empreendimento”, menciona Emanuela Veneri Leme, diretora da Arbimóvel Consultoria para o Mercado Imobiliário. Na avaliação por comparação, João da Rocha Lima, da Poli-USP, destaca o “nível de detalhe mais fino”, como a existência de armários e seu estado de conservação. “Se estão destruídos, o imóvel de R$ 200 mil pode ser negociado por R$ 180 mil”, exemplifica. A qualidade de revestimentos e de metais sanitários também é um diferencial.
Entre os fatores que contribuem para a individualização do preço do imóvel usado, estão o estado de conservação, o padrão de acabamento e os equipamentos das áreas comuns. Quem vai vender um usado precisa dimensionar o custo-benefício de reformá-lo para elevar seu valor. “Em um mercado muito aquecido como o atual, por mais que a unidade esteja “detonada”, seu valor não será muito diferente do de uma bem conservada”, opina Marcelo Lara, CEO da Marcelo Lara Negócios Imobiliários. “Com a demanda alta, os proprietários não abaixam [os preços]”, justifica. “Se um usado em bom estado custa R$ 300 mil, o em más condições sai por R$ 20 mil ou R$ 30 mil a menos.” Em casos pontuais, o lucro pode justificar O QUE ALTERA O PREÇO o desembolso. “Em DO IMÓVEL Higienópolis [centro de São Paulo], é comum imóveis dobrarem de Para cima A proximidade a estação de metrô e terminal de valor depois de uma ônibus tem valorizado os imóveis do Bairro do Sacomã com infraestrutura urbana reforma”, assinala • Áreas verdes próximas • Armários bem conservados • Boa vista • Equipamentos que geram economia de insumos no condomínio, como sistema de reúso de água e aquecimento solar • Infraestrutura no entorno, como escolas e supermercados • Transporte público próximo • Vagas de garagem • Varanda Para baixo
Feira Livre desvaloriza imóvel da rua Tavares Bastos com Raul Pompéia, na Vila Pompéia
• Dificuldades de acesso • Bares, casas de show e estádios nos arredores • Feira livre na porta • Proximidade de favela • Vista para cemitério
7
Jornal do Meio 540 sexta 18 • junho • 2010
Antenado
CRÍTICA/’FLORES DAS FLORES DO MAL’
Tradução virtuosista preserva a qualidade poética de Baudelaire Coletânea de Guilherme de Almeida recria em português a força e a precisão escultural dos versos do poeta francês por MARCELO COELHO /FOLHAPRESS
Nem tudo o que Charles Baudelaire
‘Flores das Flores do Mal’, correspondem
Não se trata apenas de saber rimar e repro-
Almeida: ‘uma ilha preguiçosa e molenga
escreveu nas suas ‘Flores do Mal’
bastante à imagem crispada do escritor
duzir o sentido dos poemas. Nesta coletânea,
e sem dono’.
traz a aura maldita e demoníaca que
francês, oferecendo ao leitor brasileiro uma
originalmente publicada em 1944, Guilherme
‘Remorso póstumo’ falaria apenas de um ‘mo-
o título sugere.
excelente introdução ao universo de um dos
de Almeida consegue fazer com que o ritmo
numento construído em mármore negro’ se
Mas os 21 poemas que Guilherme de Almeida
criadores da poesia moderna.
psicológico da leitura, em português, mante-
o poeta brasileiro não tivesse preferido, com
(1890-1969) escolheu para traduzir, nas suas
‘Eu sou um cemitério odiado pela lua,/On-
nha a teatralidade, o ‘timing’ nas surpresas e
mais concisão, construir um ‘negro mausoléu
de, como remorsos maus, vermes
nos gestos de cena, que Baudelaire manejava
de mármores’ mais baudelairiano e definitivo,
compridos/Andam sempre a atacar
à perfeição.
sem dúvida, do que em francês.
meus mortos mais queridos’, diz um
O lugar de cada palavra no verso, a pontua-
A nova edição bilíngue inclui as notas e
dos poemas a que Baudelaire deu o
ção, as quebras de sintaxe, as acelerações e
comentários de Guilherme de Almeida à
nome, tipicamente romântico, de
retardamentos na prosódia são indispensáveis
própria tradução, além de um posfácio de
‘Spleen’ (algo como ‘melancolia’ ou
para dar aos poemas de Baudelaire não só a
Marcelo Tápia e de alguns dos desenhos
‘tédio’).
cor e o tom, mas o ‘nervo’ que precisam ter
(bem pouco ‘malignos’, aliás) feitos por
‘Aleijão monstruoso’, no poema
em português.
Henri Matisse (1869-1954) para uma
‘Bendição’, ou ‘enfermo que coxeia’,
Miraculosamente, as traduções de Guilherme
edição francesa em 1947.
em ‘O Albatroz’, a figura sombria de
de Almeida conseguem fazer mais do que isso:
Baudelaire (1821-1867) se exprime
em alguns momentos, acrescentam ainda
em versos de precisão escultural, que
mais força e ‘modernidade’ ao original.
o virtuosismo vocabular e rítmico
O ‘soleil monotone’ (sol monótono) de
de Guilherme de Almeida, talvez o
‘Perfume Exótico’ se torna ‘um sol morno
maior ‘técnico’ da moderna poesia
de sono’. No mesmo poema, a ‘ilha pregui-
brasileira, faz reviver de modo as-
çosa’ de Baudelaire (‘île paresseuse’) ocupa
sombroso em português.
todo um verso nas mãos de Guilherme de
FOTO: DIVULGAÇÃO
O poeta Charles Baudelaire
FLORES DAS FLORES DO MAL
Autor: Charles Baudelaire Tradução e seleção: Guilherme de Almeida Editora: 34 Quanto: R$ 39 (144 págs.) Avaliação: ótimo
sexta 18 • junho • 2010 Jornal do Meio 540
8
Ídolos à moda antiga Nem só de “boy bands” vive o panteão de ídolos dos teens, como mostram fãs de “coroas” por TARSO ARAUJO/FOLHAPRESS
A gente sabe que o show business
do astro, conseguiu ingresso na primeira fila
não para de revelar jovens artistas,
e levou um cartaz pedindo um abraço. Foi
com variados talentos. Mas tem uma
parar no camarim do Rei.
FOTO: FERNANDO RABELO/FOLHAPRESS
turma que curte mesmo são os sucessos do
“Não preciso nem dizer que foi a maior
tempo dos seus avós.
emoção da minha vida, né?”, diz Ana, que
O ídolo de Ana Luiza Machado, 18, por
perdeu o sono e mal dormiu naquela noite,
exemplo, foi apresentado a ela justamente
véspera de vestibular.
pela avó. Desde a infância, Ana ouvia Roberto
Em abril, ela veio de Belo Horizonte, onde
Carlos na casa dela. Quando a menina tinha
mora, para a exposição comemorativa dos
11 anos, a avó ganhou um DVD ao vivo
50 anos de carreira do ídolo, que aconteceu
do artista da jovem guarda, de 69 anos. E
em São Paulo. Junto com ela, veio James
nasceu a paixão.
Lima, 15, de Teresina (PI), que cuida do site
“Compro todos os CDs, DVDs, revistas e livros
robertocarlosbraga.com.br.
que saem com ele. Acompanho tudo que sai
“Toda as semanas a gente escreve alguma coisa.
na mídia e sei todas as letras”, diz.
Dá muito trabalho, às vezes atrapalha até a
A dedicação é tão especial que todas as
escola. Mas é bom ver aquilo funcionando”,
de ver seu ídolo vivo: ela nasceu em 1996,
despesas com o ídolo vêm de suas próprias
diz o jovem.
sete anos após a morte de Nara Leão. “Ela
economias. Na turnê de 50 anos de carreira
A carioca Angélica Pires, 14, não teve a sorte
era maravilhosa e a vida dela foi incrível”,
FOTO: RODRIGO CAPOTE/FOLHAPRESS
diz a jovem, sobre a cantora símbolo da
Angélica, 14 anos é fã de Bossa Nova
bossa nova, movimento surgido no Rio nos anos 1950. No caso dela, o ídolo não foi apresentado pela família. Ela descobriu o estilo a partir de Tom Jobim e de suas pesquisas pelo
Ana Luiza, 18, e James, 15, na mostra de seu ídolo
universo do músico.
todo o mundo”, diz ele, que ficou chateado
Seu gosto não é sempre compartilhado
com a quantidade de anúncios que colocaram
pelas amigas. “Elas estranham um pouco.
em uma edição especial do programa dela,
Umas gostam, outras, não. Algumas acham
em março.
antiquado”, diz.
Ao contrário de Angélica, ele prefere não tocar
O paulistano Jefferson Pereira, 17, é fã da
muito no assunto com os amigos. “Eles têm
apresentadora Hebe. “Não sou fanático por
outros papos”, diz.
ela. Mas é a rainha da televisão, gosto do
Mas falar sobre ela não lhe faz falta. Afinal,
respeito e do jeito carinhoso com que ela trata
ídolo, cada um tem o seu.
9
Jornal do Meio 540 sexta 18 • junho • 2010
Comportamento FOTO: PATRICIA STAVIS/FOLHAPRESS
Vida cigana Conheça a rotina de jovens que leem mãos, mas não entendem os livros
Daiana, Juiana, Juliana, Maiara, Sônia, Luana e Valéria Soares. Jovens que vivem em acampamento cigano, em Embu, no bairro Jardim São Marcos
por DIOGO BERCITO /FOLHAPRESS
Luana Soares, 14, estende a mão a estranhos para lhes vender notícias do futuro. A garota, cigana, segue a profissão das mulheres de sua família: leitura da sorte. Nas ruas, nem todos reagem bem. “Tem quem ache que é mentira!”, diz a garota. A vida que Luana leva foge à regra também em outros quesitos. Ela não tem RG nem endereço fixo. Frequentou a escola apenas por três meses. E, desde janeiro, está casada com o cigano Igor Soares, 14, seu primo.
Os dois moram em Embu, a 27 km de São Paulo, em um acampamento nômade. Ocupam uma das 14 barracas erguidas em chão de terra. Penduradas, panelas prateadas fazem as vezes de decoração, ao lado de panos coloridos. O sustento da comunidade em que vivem Luana e Igor vem da leitura de mãos, feita pelas mulheres, e da camelotagem e criação de cavalos, a cargo dos homens do grupo. “Não sinto falta de nada”, diz Diego Soares, 15. O garoto passa o dia empinando pipa e quer se casar cedo, como manda o costume,
mas ainda não tem pretendente. Está esperando a garota certa? “As mulheres têm que se casar virgens, os homens, não”, diz. “Seria estranho, né?” Daiane Soares, 19, nem se lembra quando foi que se casou. “Acho que faz uns seis anos”, calcula. Mas é rápida para dizer quantos vestidos tem: dez, todos coloridos.
SORRISO AMARELO
CAMINHO ANTIGO
Saiba mais sobre os ciganos As comunidades ciganas provavelmente se originaram no norte da Índia e migraram para a Europa há cerca de mil anos, onde levam vidas nômades Entre os clãs ciganos que vieram ao Brasil no século 16 estão principalmente os rom, os sinte e os calon
Outro número de que os jovens no acampamento Como em geral não são registrados, os ciganos se lembram rápido é o enfrentam problemas legais; não têm RG, CPF ou de dentes de ouro: quase endereço fixo todos têm. A leitura de mão e a criação de cavalos são atividades A boca de Carlos Soares, 19, tradicionais entre os ciganos de todo o mundo tem 16 deles. Custaram cerca de R$ 2.000, no total. Fonte: ONG Embaixada Cigana Carlinhos, como é conhecido, nunca foi à escola, mas planeja começar a estudar. “Quero ler as placas e as coisas que estão nos livros”, diz. A escolaridade é uma das principais preocupações das autoridades no que diz respeito aos grupos ciganos. “O jovem se muda muito e tem dificuldades para estudar”, diz Perly Cipriano, subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do governo federal. Já Nicolas Ramanush, presidente da ONG Embaixada Cigana, aponta outra dificuldade. “Quando conseguem se matricular na escola, são maltratados e não voltam.” Carlinhos confirma o preconceito. “Pensam que somos ladrões.” Para se defender, recorre à língua dos ciganos, que funciona como código secreto. Não há informações oficiais a respeito de quantos brasileiros são ciganos hoje. Dados do IBGE apontam apenas que há acampamentos em 290 cidades do país. “Há quem fale em 300 mil, 400 mil indivíduos”, afirma Perly Cipriano. “Mas não podemos afirmar com Carlinhos Soares, 20 certeza.”
FOTO: PATRICIA STAVIS/FOLHAPRESS
FOTO: PATRICIA STAVIS/FOLHAPRESS
Josiane Soares, 16
Seus Direitos e Deveres
sexta 18 • junho • 2010 Jornal do Meio 540
10
colunadoconsumidor@yahoo.com.br
PRESERVAR O PASSADO É CONSTRUIR O FUTURO GUSTAVO ANTÔNIO DE MORAES MONTAGNANA/ GABRIELA DE MORAES MONTAGNANA
Conforme prevê a Constituição Federal, constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem as formas de expressão; os modos de crer, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Pode-se perceber que a Constituição não faz restrição a qualquer tipo de bem, podendo ser considerado patrimônio cultural tanto bens materiais como imateriais, móveis ou imóveis, bastando que estejam relacionados com a identidade, ação e a memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Porém, é categórica ao prever que é dever do Poder Público, com a colaboração da comunidade proteger o patrimônio cultural brasileiro. Assim, esses bens, como pertencem a todos, devem ser utilizados sem comprometimento de sua integridade, para que outros titulares inclusive a geração futura, possam também exercer com plenitude o mesmo direito. Isso porque a preservação do Patrimônio Cultural possibilita a valorização do passado e a memória coletiva das cidades. É certo que a destruição da casa dos antepassados dos
habitantes de uma cidade, de antigos cinemas, bares, teatros e outros prédios históricos, para dar lugar aos gigantes edifícios de aço e concreto deixam nossas cidades poluídas, sem emoção, perdendo os seus habitantes um pouco da identidade e identificação com o local onde vivem. A preservação de prédios, por exemplo, serve para transmitir às gerações posteriores os episódios históricos que neles tiveram lugar e também como referência urbana e arquitetônica para o nosso momento atual. Pode-se afirmar que o futuro não é nada sem o passado, já que é nele que aquele se constrói. Somente preservando as conquistas passadas e atuais e que se pode constatar o avanço da humanidade. Sem se falar que a preservação do patrimônio cultural corresponde a preservação da identidade de um povo. Ademais, nenhuma graça há em não se ter história para contar. Por estas razões é que o legislador, atento ao fato de que com a medida que sociedade se desenvolve mais descartáveis e substituíveis se tornam os bens que conquistam, previu uma série de normas que obrigam o poder público e toda a comunidade preservar o patrimônio histórico-cultural. Um dos instrumentos de proteção mais conhecidos é o tombamento. Trata-se o tombamento de ato administrativo consiste na intervenção no patrimônio público ou privado que cria restrição ao pleno uso do bem, com o escopo de preservá-lo. Sendo assim, com o intuito de preservar,
com o tombamento as coisas não poderão, em caso nenhum, ser destruídas, demolidas ou mutiladas nem, sem prévia autorização especial do ente responsável pelo tombamento, ser reparadas, pintadas ou restauradas. A responsabilidade de conservação passa a ser também do Poder Público, em se tratando de bem de propriedade particular, ainda que de forma supletiva. Cumpre esclarecer, contudo, que o tombamento não é constitutivo da importância cultural do bem, mas meramente declaratório. A importância cultural de um bem é determinada por seu conteúdo, por suas características e peculiaridades. Desta forma tanto o bem tombado como aquele não tombado podem ser tutelados em juízo, por meio da ação civil pública ou até mesmo por meio de ação popular. Os danos aos bens dotados de valor cultural devem ser previstos, prevenidos, reparados e reprimidos. Ocorrendo, portanto dano, de qualquer natureza, intensidade, dimensão, extensão ou expressão, sobrevirá o inafastável dever de repará-lo pela pessoa física ou jurídica, de direito privado ou público que, direta ou indiretamente tenha contribuído para a sua causação. A responsabilidade, nesse caso, é objetiva e por isso, independe da verificação de culpa daquele que contribui para o dano, seja praticando atos que levem a destruição ou danificação, seja omitindo-se no seu dever de fiscalização. Sendo certo que a reparação deve ser integral, devendo-se priorizar a reconsti-
tuição do bem ao seu estado original. Com a mesma intenção de preservar o patrimônio cultural o legislador previu como sendo crime a conduta daquele que danifica bens de valor artístico, arqueológico ou histórico. Há de se ressaltar que o direito penal só se preocupa em punir condutas que atinjam bens jurídicos considerados de grande relevo para a sociedade, como o é o patrimônio histórico e cultural. Vê-se que tais bens são de grande importância, merecendo especial atenção do Estado e de toda a sociedade. Além de estar contribuindo para a preservação da identidade de um povo, outros fatores se agregam, podendo ser citado o desenvolvimento do turismo como um dos mais notórios, fortalecendo a economia das cidades. Não se esqueçam, o patrimônio históricocultural pertence a todos, indistintamente e deve ser preservado para que dele também possa usufruir as futuras gerações. Há de se frisar, por fim, que a preservação desses bens não deve impedir a sua utilização. Devendo-se incentivar o seu uso sustentável, ou seja, utilização com o máximo de preservação. Afinal, preservar o passado é construir o futuro! Até a próxima!! Advogados Gabriela de Moraes Montagnana OAB/ SP 240.034 Gustavo Antônio de Moraes Montagnana OAB/ SP 214.810
11
Jornal do Meio 540 sexta 18 • junho • 2010
sexta 18 • junho • 2010 Jornal do Meio 540
12
13
Jornal do Meio 540 sexta 18 • junho • 2010
sexta 18 • junho • 2010 Jornal do Meio 540
14