Bragança Paulista
Sexta
18 Fevereiro 2011
Nº 575 - ano IX jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
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Israel
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli
MONS. GIOVANNI BARRESE
Entrando por Jericó, depois de uns cinquenta minutos, pelas boas estradas israelenses chegamos Jerusalém. Já era tardezinha. Acomodamo-nos no hotel. Levamos desvantagem de chegar à noite de uma quinta feira: sexta é o dia sagrado dos muçulmanos; sábado o dia sagrado dos judeus e domingo o dia sagrado dos cristãos. Com essa tríplice coincidência acabaríamos por ficar limitados para a visitação de alguns lugares e para o costumeiro burburinho comercial da cidade santa dividida em quatro partes (a cristã, a judaica, a muçulmana e a armênia). Manhã de sexta feira. Por conta de termos agendado a celebração de uma missa na basílica do Santo Sepulcro o guia nos fez correr. Visitamos rapidamente o Cenáculo. Segundo os textos evangélicos ali Jesus celebrou a última ceia e lavou os pés dos discípulos (Mc. 14,12ss. Mt. 26,17ss. Lc. 22,7ss.; João 13,1ss). Lembrei aos companheiros de
viagem que na Terra Santa mais que monumentos se visitam lugares prováveis. A razão é simples: o cenáculo existiu. Veio a destruição de Jerusalém no ano setenta. Sobreviventes cristãos se lembravam do local. Vieram as invasões árabes que destruíam tudo o que era cristão. Passada a tormenta alguém se lembrava, já mais ou menos, onde era o lugar. Construíam uma igreja. Voltava a carga de invasores. Nova destruição. Nova construção. Construção transformada em mesquita. Mesquita transformada em igreja. Lugar destruído. Lugar reconstruído. Mais ou menos aqui. Mais ou menos ali. Até os dias de hoje. O que se visita hoje são lugares que a certeza mais próxima aponta. Há razões da tradição. Há razões da história. Vimos uma sala que tem sinais cristãos e sinais muçulmanos. Ali paramos a pensar – brevemente – no gesto humilde do Senhor que lavou os pés dos discípulos para dizer como deve ser o nosso
relacionamento com todos. Ali se realizou o milagre perene da Eucaristia que se perpetua na missa celebrada a cada instante pelo mundo a fora. De lá saímos em caminhada rápida para ver as ruinas das muralhas de Jerusalém (que comprovam que Jesus foi morto fora da cidade como previa a lei judaica). Passamos pelo Cardo Romano, uma espécie de rua principal construída pelo Império e que servia de marco para outras estradas. Fomos ao Muro das Lamentações. Todo mundo tinha levado papeizinhos para colocar nas fendas do paredão de pedras do antigo e destruído templo. Centenas de homens e mulheres fazendo suas orações. Os judeus ortodoxos, totalmente vestidos de preto, com chapéus de diversos tipos (de acordo com a tradição do país onde nasceram), a rezar movendo todo o cor po. Inter pretam literalmente a orientação de que se deve rezar com o corpo todo e não só com a boca. Uma
curiosidade: se alguém tem um notebook com câmera pode entrar em contato com pessoas do mundo todo. Sua imagem é captada por tecnologia sem fio a partir de uma torre instalada numa das construções vizinhas ao pátio que está à frente do muro. Na próxima vez cuidarei disso! Saímos do local e nos encaminhamos para o Santo Sepulcro. O caminho é feito por nove estações da Via Sacra, a Via Dolorosa. Infelizmente isso ficou prejudicado para nosso grupo. Por causa do horário da missa tivemos que correr. Muitos reclamaram. Mas entenderam a situação. Passamos pelas estações olhando as indicações e lembrando a que se referiam. A oração ficou no coração de cada um. Chegamos à igreja do Santo Sepulcro. Cheia de gente. Para mim novidade porque em janeiro os peregrinos e turistas diminuem em razão do inverno e recomeço dos anos escolares no hemisfério norte. Todavia vimos uma inundação
Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (mtb: 0061321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Jornal do Meio Ltda.
de coreanos e chineses. Fomos imediatamente à capela que nos estava reservada. Celebramos a Missa e nela lembramos a todos os que nos pediram oração. Interessante lembrar que se tem um tempo determinado – o que é compreensível. Não há como fazer uma celebração tranquila, recheada de cantos e reflexões. Normalmente dão quarenta e cinco minutos. Lembramos que ali estava o sinal fundamental dos cristãos: naquele lugar – por ali – Cristo foi morto e sepultado. Daquele lugar ele ressuscitou! Não há como não comover-se! (continua)
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Pesquisa científica é área promissora para jovens Estudante bragantino desenvolve projeto na UNICAMP
colaboração SHEL ALMEIDA
A pesquisa científica caracteriza- Já o Programa Institucional de se por ser um estudo planejado, Bolsas de Iniciação Científica a fim de descobrir respostas “foi criado pelo CNPq em 1988, para questões através da aplicação do visando o desenvolvimento do método científico, questões estas que pensamento científico e iniciação não encontram respostas adequadas à pesquisa de estudantes de no repertório de conhecimento dis- graduação do ensino superior.” ponível. Para que seja possível chegar O trabalho de Jonas e equipe a alguma solução para o problema destina-se a descobrir o nível levantado, cria-se uma teoria em volta de etanol presente na gasolina, dele através de hipóteses, as quais através do sensoriamento da serão confirmadas ou não durante a medida da fibra ótica, capaz de interpretar o pesquisa. Mas qual meio. De acordo é a finalidade da O desenvolvimento da com Jonas, tudo pesquisa científica? pesquisa científica é depende da senOra, serve para que muito importante para novas possibilidades melhorar a visão que sibilidade da fibra sejam encontradas se tem do país ao meio externo. “Através da respara os mais diversos Jonas Henrique Osório tipos de questões, posta do dispositivo imerso com desde as de fundo tecnológico, como o desenvolvimen- gasolina é possível descobrir to de novos softwares, até questões o que ali é etanol”, explica. ambientais, como o aquecimento “Por enquanto ainda estamos global, passando pela descoberta de em estágio laboratorial, ainda combustíveis alternativos ao petróleo. não pode ser aplicado no meio No Brasil, de forma geral, as pesqui- produtivo”, completa. E como sas científicas são desenvolvidas em isso se aplicaria no dia a dia? universidades, como é o caso da UNI- “Poderia ajudar na fiscalização, CAMP em Campinas. Para entender por exemplo.” O trabalho foi mais sobre o assunto, o que não é uma apresentado no XVIII Congresso tarefa fácil para quem não é da área, o Interno de Iniciação Científica da Jornal do Meio conversou com Jonas UNICAMP e recebeu o prêmio Henrique Osório, jovem bragantino, como melhor tema livre da área aluno da Universidade de Campinas, de exatas além do “Prêmio Inova que começa a dar os primeiros passos UNICAMP – Iniciação à inovação no assunto, já recebendo reconheci- 2010”. A idéia de Jonas é que ao final da pesquisa, consiga-se mento e destaque. chegar a um sensor biológico, capaz de medir microorganismos presentes em Bolsa Jonas, formou -se em 2010 em física águas poluídas. biomédica. Há dois anos vem desenvolvendo um trabalho de iniciação científica, Dedicação juntamente com uma equipe formada Para Jonas, o meio acadêmico nunca por Luis Mosquera Leiva, Juliano G. foi uma novidade. Os pais são proHayashi e Prof. Dr. Cristiano Monteiro fessores, também da área de exatas, de Barros Cordeiro (Orientador), Insti- e sempre o incentivaram a participar tuto de Física “Gleb Wataghin” - IFGW, de olimpíadas de física e astronomia. UNICAMP. Através do projeto de nome Escolher o curso, portanto, foi algo complicado – “Interferômetro Coaxial natural. No decorrer das aulas, escolheu Baseado em Redes de Período Longo o campo da biomédica, voltando-se Mecanicamente Induzidas” – Jonas para a parte da pesquisa. Já formado, tornou-se bolsista do PIBIC/CNPq. continua na universidade cursando Segundo o site da agência de fomento mestrado. Modesto, prefere falar sobre de pesquisa o “Conselho Nacional de a pesquisa científica de forma geral Desenvolvimento Científico e Tecno- do que de seu trabalho especificamenlógico (CNPq) é uma agência do Mi- te. “O desenvolvimento da pesquisa nistério da Ciência e Tecnologia (MCT) científica é muito importante para destinada ao fomento da pesquisa melhorar a visão que se tem do país”, científica e tecnológica e à formação analisa. “No Brasil ainda se luta com de recursos humanos para a pesquisa dificuldades, a área mais desenvolvida no país. Sua história está diretamente nesse setor é a de comunicação ótiligada ao desenvolvimento científico e ca”, explica. No entanto ele ressalta tecnológico do Brasil contemporâneo”. que área exige muita dedicação. Para
“Se a pesquisa dá certo é importante apresentar em congresso e publicar em revistas científicas para assegurar que o trabalho é seu” Jonas
conseguir uma bolsa como a dele, por exemplo, é preciso produzir, apresentar um projeto. Porém, nem sempre os estudos chegam ao final desejado. “Na teoria é uma coisa. A natureza é quem manda”, diz. “Mas existe a possibilidade de descobrir coisas novas, sequer imaginadas quando se inicia uma pesquisa”, explica. “Se dá certo é importante apresentar em congresso e publicar em revistas científicas para assegurar que é seu”, ensina. Jonas aproveita e fala que no Brasil o desenvolvimento científico ainda se concentra nas universidades, públicas e particulares, por falta de interesse do meio produtivo. Em países como os EUA, é comum que grandes empresas desenvolvam projetos científicos próprios, como é o caso das gigantes Apple e Microsoft, que disputam entre si a criação de novos mecanismos de aperfeiçoamento tecnológico. Ele analisa que para as empresas brasileiras sai mais barato comprar a tecnologia de uma estrangeira do que desenvolver a própria,
justamente pela falta de garantia do resultado final. “Os equipamentos são caros, exige dedicação das pessoas, e a empresa busca resultados”. Mesmo o Brasil sendo um produtor de conhecimento ainda não alcançou todo o seu potencial, ainda existe a mentalidade de não reconhecimento dos cientistas. É preciso que essa visão mude para que jovens talentos como Jonas não sejam atraídos por instituições de fora do país. Segundo dados do Censo do CNPq, a pesquisa científica no Brasil, cresceu expressivamente. Em comparação com pesquisa realizada em 2002, os grupos de pesquisa obtiveram 50% de crescimento, e o número de doutores aumentou em 94%. Além disso, atualmente existem mais de 86 mil linhas de pesquisa no país. Notou-se também participação mais efetiva das mulheres: 49% dos cadastros são delas. Para se informar a respeito, acesse os sites: www.cnpq.br www.prp.unicamp.br/pibic
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Seus Direitos e Deveres colunadoconsumidor@yahoo.com.br
O direito aos alimentos GUSTAVO ANTÔNIO DE MORAES MONTAGNANA/ GABRIELA DE MORAES MONTAGNANA
Denomina-se juridicamente “alimentos “ as prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais daquele que não pode provê-las pelo trabalho próprio. O direito aos alimentos decorre do direito à vida, consagrado pela Constituição Federal e está amparado pelos, também constitucionais, princípios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade familiar. Os alimentos devem compreender as necessidades vitais da pessoa, quais sejam: alimentação, saúde, moradia, vestuário, lazer, educação, dentre outros. E em regra devem servir para manter o status social anterior daquele que necessita da prestação alimentar. O Código Civil prevê que “podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação”. Por parentes, deve-se entender os ascendentes, ou seja, pai, mãe, avô, avó, preferindo-se os mais próximos aos mais remotos, e também os irmãos. Importante frisar que a isonomia incide sobre esse direito, podendo tanto a mulher pleitear alimentos ao marido ou companheiro, como o homem pleiteálos à esposa ou companheira. O direito aos alimentos, apesar de servir para a manutenção do status social daquele que não consegue prover sozinho a própria mantença, encontra limites. É o próprio Código Civil que estabelece quais são esses limites, dispondo: “são devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los sem desfalque do necessário ao seu sustento”. Sendo assim, os alimentos devem ser fixados den-
tro do binômio: necessidade de quem os pleiteia X possibilidade de quem os deve prestar. Deve ser feita uma ponderação para que seja evitado o enriquecimento sem causa do credor e, ao mesmo tempo preservada a dignidade deste. Tornou-se comum, na jurisprudência, a fixação dos alimentos em um terço dos rendimentos do devedor, proporção esta que não consta da lei e por isto não é obrigatória. A obrigação alimentícia mais comum é aquela que decorre da relação entre pai e filhos, ou seja, do poder familiar que detém os pais sobre seus filhos. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar enquanto menores, ou seja, até completarem 18 anos de idade. Contudo, o dever de os pais lhes prestarem alimentos pode superar essa idade, desde que ainda estejam estudando e demonstrem que dos alimentos necessitam para que logrem concluir os estudos. A jurisprudência oscila ao reconhecer qual é a idade limite em que se reconhece a dependência econômica dos filhos para com seus pais, variando entre 23 e 24 anos de idade. Uma vez fixado um valor para pagamento de pensão alimentícia, ele não permanece inalterado, podendo ser diminuído ou elevado conforme se altere as condições do credor ou do devedor, devendo ser sempre observado o aludido binômio: necessidade de quem os requer X possibilidade de quem os presta. Caso o pai ou a mãe, devedor dos alimentos, não tenha condições de prestá-los, pode o filho pleiteálos aos seus avós ou, na falta deles, aos seus irmãos, nesta ordem. Os alimentos decorrentes do parentesco são irrenunciáveis, conforme dispõe o Código Civil. Já quanto aos decorrentes do casamento ou união estável o mesmo não se pode afirmar com certeza. Muito se discute na doutrina e na jurisprudência sobre
esse assunto, prevalecendo o entendimento de ser válida a cláusula de renúncia a alimentos constante do divórcio ou da dissolução da união estável, isto porque, a partir deste momento, não subsiste mais entre as partes o vínculo familiar. Os alimentos são imprescritíveis, podendo ser exigidos de quem os deve a qualquer momento. Entretanto a prestação de alimentos já fixada em sentença ou em acordo celebrado entre as partes prescrevem em dois anos a partir da data em que se vencerem. Salvo se o credor dos alimentos for menor de 16 anos, pois, contra absolutamente incapaz não corre a prescrição. Outra peculiaridade quando aos alimentos relaciona-se ao fato de que a obrigação de prestá-los transmite-se aos herdeiros do devedor, nos limites da herança que deixou, passando ser dever destes, na proporção dos seus quinhões, a prestação alimentar ao credor do falecido. Quando não é possível ser celebrado uma composição amigável quanto aos alimentos, possui aquele que deles necessita o direito de exigir que sejam reconhecidos judicialmente, neste caso pode o credor requerer ao juiz que sejam fixados imediatamente alimentos provisórios ou provisionais, havendo ou não prova pré-constituída do parentesco, respectivamente. Não haverá prova do parentesco, normalmente, quando o pai não houver reconhecido o filho como sendo seu, devendo-se este ingressar com uma ação de investigação de paternidade, no bojo da qual poderá requerer os alimentos provisionais. Ação de alimentos proposta pelo filho ou suposto filho segue um rito especial no qual se inclui a possibilidade de ser o devedor de alimentos preso pelo prazo máximo de 30 dias, caso não pague os últimos três últimos meses de pensão ou não justifique a razão de ter efetuado a pagamento. Todo esse rigor deve-se ao fato de que esta obrigação
de natureza alimentar decorre, como já salientado, do direito à vida, sendo imprescindível para satisfazer as necessidades vitais do devedor. Mister se faz esclarecer que o cônjuge ou companheiro que tenha direito aos alimentos, porque não consegue prover a própria mantença com o seu trabalho, também poderá cobrá-los judicialmente, contudo, não se inclui como meio de coerção a prisão do devedor nestes casos. Muitos são os pontos a ser abordados sobre esse direito fundamental do cidadão, mas o que se deve ter em mira , com o fim de se evitar litígios o envolvendo, é exatamente esse seu caráter fundamental. Brigas, discussões e rompimentos de relacionamentos não podem ser utilizados como motivos válidos para que o devedor dos alimentos, dessa obrigação se esquive, ainda mais quando se fala em pensão alimentícia aos filhos, ou mesmo para que o credor exija o pagamento de quantias exorbitante e desarrazoadas. Quanto se trata de direito de família a busca deve ser a da pacificação e manutenção da harmonia entre pais e filhos, cônjuges e companheiros, ex-cônjuges e ex-companheiros. Somente assim se possibilitará que crianças e adolescentes que convivam com pais separados se desenvolvam adequadamente e se tornem adultos conscientes das suas responsabilidades tanto no âmbito familiar como no social. Até a próxima!
Advogados Gabriela de Moraes Montagnana OAB/ SP 240.034 Gustavo Antônio de Moraes Montagnana OAB/ SP 214.810 Tel.: 11 4034.0606
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Casa & Reforma
Falhas na entrega de carnês do IPTU podem gerar dívida futura Mesmo quem é isento deve receber notificação; caso contrário, será necessário ir à prefeitura por LUCIANO BOTTINI FILHO/FOLHAPRESS
Os carnês de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) começaram a ser enviados pela prefeitura de São Paulo na última sexta-feira. Contribuintes que não receberem o boleto não deverão supor que foram desobrigados do pagamento; mesmo quem fica isento recebe uma notificação. A recomendação é ficar atento às dataslimite de entrega do carnê, disponíveis no site da prefeitura (veja no quadro). O não recebimento em geral significa que houve algum problema na emissão. Nesse caso, é preciso procurar a subprefeitura do bairro ou pedir uma segunda via no site para não ser surpreendido com uma dívida futura. “Uma execução fiscal de IPTU pode levar o proprietário até a perder o patrimônio, pois nesse caso não vale a regra sobre bem de família [proibição de penhorar o único imóvel de moradia]”, reforça o advogado tributarista Plínio Prado Garcia. Quem recebe normalmente o carnê do IPTU deve conferir as informações antes de quitá-lo. Alguns contribuintes deixam até de checar o nome do titular -e pagam pelo imóvel errado, como fez a dona de casa Gisele Araújo Lima por mais de dez anos. Ela só se deu conta do engano quando um oficial de Justiça apareceu com uma execução fiscal da dívida de mais de R$ 11 mil que poderia levar à perda de sua casa, no Itaim Paulista (zona leste). A causa da troca, um erro na entrega, foi a vizinhança não ter transferido para cada morador as titularidades de imóveis que eram de um loteamento do mesmo dono.
Dados do imóvel devem ser checados Metragem ou área total construída equivocadas fazem com que o imposto seja calculado de maneira errada. Embora o IPTU seja o imposto mais lembrado pelos brasileiros -foi citado por 47,4% dos 2.016 entrevistados em 336 municípios em uma pesquisa da Esaf (Escola Superior de Administração Fazendária) em 2010-, nem todo mundo toma os devidos cuidados ao pagá-lo. “Para não ser lesado, é preciso prestar atenção a vários detalhes”, adverte o advogado
FOTO: CRIS KOMESU, FOLHAPRESS
A dona de casa Gisele Araújo Lima em sua casa, no Jardim Miriam, com os IPTUs que pagou por engano de outra casa
Plínio Salgado. Os principais são a alíquota do imposto, a metragem e a área total construída do imóvel. A partir da área e da metragem, a prefeitura estipula o valor venal do bem -base de cálculo do IPTU-, que não pode ultrapassar o seu preço de mercado. Em cada cidade, a alíquota pode variar segundo o uso, a localização e o tamanho do imóvel (leia mais no quadro). Durante dois anos (2008 e 2009), o assistente social Ademir Candido pagou um IPTU por 300 metros quadrados de um imóvel de metade do tamanho. Na verdade, ele recebia também a cobrança da propriedade do vizinho. No ano passado, Candido reclamou com a Secretaria de Finanças de São Paulo. “Não fazia sentido, uma vez que eu já havia feito o desdobro do terreno administrativamente na prefeitura”, diz. Ele conta que já havia entregue à prefeitura uma planta do imóvel assinada por um engenheiro e outros documentos, mas, para a Secretaria de Finanças, tudo continuava o mesmo. Foi preciso outro pedido e, dessa vez, ele espera pela remessa do carnê a partir de 14 de janeiro para saber se a conta virá certa. Taxas cobradas no boleto também são ques-
tionáveis para alguns juristas. O Tribunal de Justiça de São Paulo já julgou ilegal cobrar taxas sobre serviços públicos que não podem ser divididos pelo uso de cada contribuinte, como a de limpeza pública -diferente da de coleta de lixo residencial- e a de incêndio -que só poderia ser imposta pelo Estado.
Inquilino que não paga IPTU pode ser processado
A maioria dos contratos de aluguel, tanto comercial como residencial, deixa o IPTU como mais um dos encargos a serem pagos pelo locatário, como o condomínio e outras despesas do imóvel. O proprietário, contudo, precisa acompanhar de perto o pagamento do imposto. Isso porque, se o inquilino não quitá-lo, o proprietário do imóvel sofrerá as consequências e poderá até ser acionado na Justiça. O locatário, se esse for o acordo entre as partes, deverá pagar o IPTU enquanto estiver usando o imóvel, mesmo se o contrato não for renovado por escrito. Nessa situação, se o imposto ficar atrasado por causa do inquilino, o proprietário deverá pagar a dívida e mover uma ação contra o inquilino.
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Informática
Tecnologia
FOTO: DIVULGAÇÃO
Caça ao iPad
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Superfeira de tecnologia realizada em Las Vegas aponta rumos da indústria por RODOLFO LUCENA/FOLHAPRESS
A indústria de eletrônica de consumo vai bem, obrigado. Esse parece ter sido o principal recado a emergir de uma feérica CES, maior feira do setor no mundo, realizada na semana passada em Las Vegas. A dolorosa queda nas vendas sofrida em 2009 passou, indicam números esgrimidos pela indústria. E as perspectivas para este ano são róseas: expansão de 10%, chegando a uma receita global perto da emblemática marca de US$ 1 trilhão. Vários fatores contribuíram para a retomada. Um dos mais significativos, segundo a Consumer Electronics Association, que organiza a feira, foi o impacto exercido nos consumidores por produtos inovadores que chegaram ao mercado no ano passado, notadamente celulares inteligentes e, claro, os tablets _leia-se iPad, da Apple, que chacoalhou a indústria com a velocidade e o número de vendas, que superaram os 7,5 milhões de unidades em cerca de seis meses. Por isso mesmo, inovação foi a palavra de ordem das 2.700 empresas que demonstraram sua força nos pavilhões do Centro de Convenções de Las Vegas, atraindo cerca de 140 mil visitantes, segundo os organizadores. A palavra inovação, no geral, pode ser traduzida para tablet, os aparelhos eletrônicos com tela sensível ao toque que se transformaram em meio de diversão e instrumento de trabalho. Eles já haviam despontado no ano passado, timidamente, surgindo mais como uma resposta antecipada ao burburinho de então, que apontava o próximo lançamento de uma surpresa pela Apple. Hoje, porém, a ordem é caçar o iPad, buscar tirar alguma fatia do mercado dominado pela empresa dirigida por Steve Jobs. Todas as grandes empresas presentes mostraram suas armas prontas para chegar às lojas ou anunciaram que em breve terão concorrentes que, prometem elas, serão rivais à altura da sedução exercida pelo iPad. Se terão, só os consumidores poderão dizer. O certo é que os novos tablets oferecem recursos superiores (pelo menos, do ponto de vista da especificação) aos disponíveis no modelo da Apple atualmente no mercado, a começar pelo tamanho. Os principais candidatos a rivais vêm com tela de 10,1 polegadas e trazem processador mais potente que o do iPad, além de câmeras para videoconferência e para captura de imagens e porta USB, para comunicação direta com outros dispositivos. Outra tecnologia onipresente na Consumer Electronics Show foi a 3D, vista em televisores de todos os tamanhos e demonstrada em celulares e tablets. Como vem acontecendo em grandes feiras do setor nos últimos anos, a indústria repete que ‘este é o ano do 3D’. Talvez não seja, pois os preços ainda são altos e há falta de conteúdo. Mas que está no caminho, está.
Novo sistema Android, do Google, arma rivais da Apple
O sistema operacional Android, lançado pelo Google para equipar celulares inteligentes que concorrem com o iPhone, a Apple, está recebendo os últimos
retoques de um banho de loja superespecial para transformá-lo no coração dos tablets que chegam ao mercado para disputar espaço com o iPad. Batizado de Honeycomb (favo de mel), o Android 3.0 está prestes a chegar ao mercado; versões não definitivas foram mostradas em diversos aparelhos na CES. A julgar pelo desempenho no segmento de smartphones, onde, segundo estatísticas da comScore, superou a presença poderosa do iPhone no mercado norte-americano, o produto tem boas chances no novo território. Toshiba e Motorola são algumas das empresas que pretendem ter o Honeycomb, assim como a Asus, pioneira no terreno dos netbooks (laptops superpequenos), que também embarca no trem dos tablets. O sistema do Google, porém, não terá águas calmas: além do desafio de conquistar espaço em território dominado pela Apple, vai enfrentar outros concorrentes da peso. A Microsoft não anunciou programa específico para o formato, mas seu Windows 7 é o coração de máquinas de diversos fabricantes, com destaque para um aparelho da Samsung que oferece teclado deslizante _ótimo recurso para quem digita grande quantidade de texto, mas que torna o tablet um pouco mais pesado. Além disso, a Research in Motion, que tem uma legião de fãs de seu BlackBerry, demonstrou o PlayBook, um tablet com tela de sete polegadas, que vem com um sistema específico.
Ballmer prevê Windows em toda a parte
‘Seja qual for o equipamento que você usar, hoje ou no futuro, o Windows estará presente nele’, foi a previsão feita pelo presidente da Microsoft em sua palestra na véspera da abertura da CES. Steve Ballmer anunciou que a Microsoft está desenvolvendo com parceiros uma tecnologia que permitirá casar o Windows diretamente com o processador. Além de trabalhar com a Intel e a AMD, seus tradicionais parceiros, também tem como colaboradora a ARM, conhecida por seus processadores para celulares e tablets.
3D ainda tem longo caminho pela frente
Televisores com capacidade de mostrar imagens que parecem ter três dimensões tomaram conta dos estandes da CES. Se os tablets de vários tamanhos atraíam olhares em balcões fechados, as TVs dominavam a paisagem em estandes gigantes, com demonstrações ao vivo da capacidade de capturar e apresentar imagens 3D. Em alguns estandes, a novidade eram óculos mais leves, menos deselegantes, mais fáceis de usar. Mas o pulo do gato é o desenvolvimento de tecnologia 3D sem que seja necessário o uso do acessório. A Toshiba já vende no Japão, desde o ano passado, uma linha de aparelhos 3D sem óculos; são televisores com tela de 12 polegadas que custam em torno de US$ 1.400 (cerca de R$ 2.500). A empresa experimenta a tecnologia em laptops e também demonstrou protótipos de TV 3D sem óculos em
formato maior. Já a concorrente LG trouxe protótipo de tablet com 3D sem óculos. Ainda nesse terreno, o mundo dos games também deve se beneficiar, pois a Nintendo promete para dia 26 de fevereiro seu videogame 3DS. Deve chegar em breve ao mercado, custando em torno de US$ 300 (cerca de R$ 520). Enquanto não se consolida a tecnologia 3D sem óculos, a indústria procura de todas as formas demonstrar a viabilidade dos aparelhos no atual estágio. LG, Panasonic, JVC e Samsung, dentre outras, faziam impressionantes apresentações em aparelhos de diversos tamanhos. É certo que as imagens estão muito melhores, mostradas em telas mais brilhantes, com cores esplêndidas, especialmente se você comparar com os modelos mais pedregulhosos em que o 3D veio ao mundo e engatinhou nos últimos dois anos. Outro avanço importante é o maior ângulo de visão aceito pelas TVs 3D (nas primeiras demonstrações da tecnologia, há alguns anos, você deveria ficar em um ponto específico e olhar para o visor de uma certa forma, ou não conseguiria ter a ilusão de tridimensionalidade). Na CES, muitas empresas apresentaram filmadoras 3D voltadas para o mercado doméstico, custando em torno de US$ 1.000 (R$ 1.750). No outro extremo, havia aparelhos profissionais, de altíssima resolução, que chegam ao mercado por US$ 21 mil (R$ 37 mil).
O Xoom, da Morotorola FOTO: REUTERS/STEVE MARCUS
Os Tablets da Sharp, Galapagos e-Media na CES 2011 FOTO: REUTERS/RICK WILKING
O Tablet da Lenovo na CES 2011 FOTO: REUTERS/STEVE MARCUS
O tablet da Motorola Xoom
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Teen
Hacker do bem
Jovens ativistas usam a tecnologia para obter dados em sites do governo e garantir o acesso a informações de interesse público por CARLOS MINUANO/FOLHAPRESS
Com o WikiLeaks, parte da internet ganhou ares de guerrilha. Tropas de adolescentes conectados na rede armaram verdadeiras trincheiras digitais em defesa de Julian Assange, dono do site. É claro que há algo mais em jogo. A polêmica em torno do site que publica documentos sigilosos e que já virou até game envolve temas controversos como a liberdade na rede e o direito à livre circulação das informações. Entretanto, os ataques, sem critérios éticos, colocaram os hackers na mira da ala que defende um controle rígido da internet. O tiro pode ter saído pela culatra. Ou seja, o lobby pelo controle da web pode ganhar mais força. No lugar da garantia de liberdade na rede, talvez o futuro traga mais perseguição e censura. Um caso que ilustra os prováveis efeitos da polêmica é o da mineira Núbia Soares, 23. Ela não tem nenhuma relação com o australiano Assange, mas afirma ter sido alvo de um respingo do caso. Ela diz que foi ameaçada e pressionada a pedir demissão da Câmara Municipal de Belo Horizonte, onde trabalhava há cinco anos. O Motivo: divulgou dados públicos na internet e faz parte de uma comunidade hacker. O objetivo da tribo de que jovem faz parte é, no entanto, usar a tecnologia para garantir o direito à informação. O imbróglio teve início há dois meses, quando Núbia publicou em seu Twitter que o órgão municipal comprava pacotes com cem copos descartáveis para água, de 200 ml, por R$ 22, sendo que o preço de mercado era R$ 4. Ela também questionou a aquisição de 500 CDs por R$ 56 a unidade. A informação já era pública, mas só então se espalhou por redes sociais até ganhar as páginas da imprensa local. “Comecei a ser vigiada.” O clima no trabalho, diz, azedou de vez quando ela participou do encontro em Belo Horizonte do grupo Transparência Hacker, cujo objetivo é justamente clonar sites de governos que contenham dados de interesse público e transferi-los para locais mais acessíveis. O foco eram os portais da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa de BH. “Colegas pararam de conversar comigo, e diretores disseram que eu não podia ter divulgado informações sem consultá-los”, diz. “Mas os dados que divulguei são abertos. Isso é censura.” Procurada pela reportagem, a Câmara Municipal de BH nega as acusações e alega que houve falha de digitação dos dados polêmicos divulgados por Núbia. O fato coloca em xeque a transparência praticada por governos e órgãos públicos, apesar de o acesso a esse tipo de informação
FOTO: RODRIGO CAPOTE/FOLHAPRESS
“do bem” de todo o Brasil se reúnem periodicamente para trocar informações sobre como tornar dados públicos acessíveis via internet. Pedro Markun, 24 anos, Daniela Silva (em pe), Liane Lira, 27 anos, Bruno Barreto, 21anos, Diego Casaes (em pe), 23 anos, e Miguel Peixe, 19 anos em frente do escritorio onde se reunem
ser reconhecido na Constituição. O Brasil carece de uma lei que regulamente esse instrumento político. “Informações são ocultas em camadas de PDFs e em links”, observa Daniela Silva, coordenadora do Transparência Hacker. Fazer valer o direito à informação é o objetivo desses “hackerativistas”. De maneira criativa, e usando a tecnologia, eles fazem pressão para que o país deixe de figurar entre os piores no ranking de acesso a dados abertos. No ano passado, ciberativistas redigiram um manifesto (www.livreacesso.org) em defesa da aprovação de uma lei de acesso a informações públicas no país. A trupe de ativistas on-line surgiu em 2009. “O primeiro alvo foi o blog do Planalto”, diz Pedro Markum, 24, coordenador do bando hacker. O clone do site oficial acrescentava apenas um detalhe que o governo havia suprimido: o espaço de comentários dos leitores. Era só o começo de uma série de hackeadas bem sucedidas. As ações do grupo se concentram em espécies de mutirões tecnológicos chamados de Transparência Hackday, que chegam a durar um final de semana inteiro. Organizado em várias regiões do país, o evento
reúne jovens de diferentes tribos. Uns mais politizados, outros nem tanto, mas todos apaixonados por tecnologia. Bruno Barreto, 21, chegou à primeira maratona hacker sem saber bem o que faria, mas navegando meio de bobeira na internet teve uma ideia que quase lhe rendeu um emprego. “Encontrei uma reclamação não atendida no SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) da Prefeitura de São Paulo, comecei a mexer e vi que era possível acessar todas”, conta. Barreto avançou no projeto e conseguiu criar um banco de dados com mais de um milhão de reclamações. O jovem hacker faz uma análise a partir dos dados coletados: “Toda semana abre um buraco na mesma rua e bairros mais ricos apresentam menos problemas”. A iniciativa não passou incólume. “Fui chamado para ir à prefeitura, apontei falhas de segurança no site e sai de lá com uma proposta de emprego”, conta.
Residência hacker
Enquanto a transparência entre governo e sociedade segue travada, para os jovens do Transparência Hacker a coisa é cada vez mais séria.
Em dezembro do ano passado, eles anunciaram outra ação: duas microbolsas de R$ 2.000 para projetos de abertura de dados. Um dos primeiros selecionados foi o Leigos, uma plataforma colaborativa de interpretação e tradução da legislação. “Vamos passar o “juridiquês” para um português inteligível”, explica Miguel Peixe, 19, um dos autores do projeto. Outras duas bolsas serão lançadas no Campus Party, que começa hoje e segue até domingo. Para quem quiser mudar o mundo a partir de novos usos da tecnologia, o grupo vai anunciar outro experimento, também no Campus Party: a residência hacker. “Será um espaço de convivência entre ativistas e desenvolvedores”, diz Pedro Markun. A cada edição do projeto, serão selecionados dois participantes que dividirão durante no máximo três meses um apartamento mobiliado, no centro de São Paulo. “Não sabemos onde isso vai dar”, admite Markun. Os participantes não terão que pagar nada. A única contrapartida, adverte Markun, é que toda a produção da residência seja desenvolvida em licenças livres.
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Comportamento
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Novas senhoras
Brasileiras e europeias encontram seu caminho entre as tentativas de rejuvenescer e a aceitação das marcas que o tempo traz por ANNETTE SCHWARTSMAN/FOLHAPRESS
AfrancesaCatherineDeneuveeabrasileira Suzana Vieira, além da profissão de atriz, têm em comum a idade -67 e 68 anos, respectivamente- e a exposição na mídia. Mas qual das duas está envelhecendo melhor? A antropóloga Mirian Goldenberg, 52, acha que é mais fácil envelhecer na Europa do que no Brasil, onde a cultura obriga as mulheres a parecerem mais jovens. “As brasileiras envelhecem antes que as europeias, cultural e subjetivamente, apesar de, na aparência, serem jovens por mais tempo.” Para a terapeuta familiar Tai Castilho, 67, a mulher mais velha no Brasil é vista como carta fora do baralho. “Na Europa, além de haver mais respeito, as mais velhas são consideradas belas.” Segundo Goldenberg, nossa cultura valoriza menos a maturidade do que a jovialidade e a carne dura. “Muitas mulheres percebem a aparência como veículo de ascensão social e como capital no mercado de trabalho, de casamento e de sexo”. Assim, é difícil a passagem do tempo não ser entendida como perda de capital. Ainda comparando brasileiras e europeias, Goldenberg garante que as alemãs que entrevistou para suas pesquisas não se preocupam tanto com a aparência. Segundo a dermatologista Meire Gonzaga, 38, excluindo as francesas, que dão muita importância à estética, não se observa o mesmo nos outros países europeus. “As alemãs não se cuidam nem quando são jovens nem quando envelhecem.” Por aqui, a questão é outra. O Brasil é o segundo país no mundo em número de cirurgias plásticas e o terceiro consumidor de cosméticos, atrás de EUA e Japão, sem contar os tratamentos como aplicações de laser, botox, ácido hialurônico etc. Para Gonzaga, o objetivo dos procedimentos menos invasivos não é deixar o paciente parecendo mais novo, mas atenuar linhas que deixam o rosto mais pesado. Mas há quem não se contente com a mera suavização de sinais ou mesmo com os resultados das plásticas. “As cirurgias têm limitações, você não consegue 100%, e sim 90%. Só que alguns pacientes não se satisfazem com 90%, e querem sempre mais e mais”, diz o cirurgião Antonio Carlos Herrmann de Andrade, 51. “A medicina pode colocar uma prótese de 1.500 g na sua mama, mas um bom cirurgião jamais faz isso.”
Para pôr mais lenha nessa fogueira de vaidades, vale introduzir outra questão polêmica: há quem diga que o envelhecimento não é um processo natural, e sim uma doença a ser combatida. Esse é o caso da dermatologista norte-americana Zoe Diana Draelos, que garante que o segredo para retardar os efeitos do tempo está em como cuidamos do corpo. Sua receita inclui fugir do sol entre as 10h e as 15h, aplicar na pele substâncias que previnam o dano oxidativo (a destruição das células por radicais-livres), controlar o açúcar e o peso e adotar uma dieta de vegetais e frutas -com muito chá-verde, mirtilo, framboesa e amora, ricos em antioxidantes. Além de controversa, essa teoria, na visão da gerontóloga Myrian Spinola Najas, 51, adota uma vertente muito dermatológica para se justificar. “Todos os órgãos envelhecem juntos, a pele é só uma das manifestações”, diz a professora da Unifesp. Ela explica que procura conscientizar os pacientes de suas limitações e tratar de uma “beleza” não só física, mas global. “A meta é ver uma pessoa de 75, 80 anos com massa muscular, caminhando firme.” Najas diz que é difícil fugir da questão da vaidade, que, ao contrário da pele e dos órgãos, não costuma esmorecer com a idade. Ela cita como exemplo a enorme dificuldade em fazer com que as idosas brasileiras usem andador ou bengala. “Na Europa, elas não estão nem aí, acham importante ter segurança. Já as brasileiras preferem não sair de casa do que usar um dispositivo desses, principalmente na faixa dos 70, 75 anos”, conta. Para ela, isso reflete a dificuldade que temos em aceitar o envelhecimento. “Precisamos quebrar esse tabu.” Outra ideia que assola as mulheres maduras é o conceito de que homens grisalhos são charmosos e as mulheres, descuidadas. A historiadora Marina de Mello e Souza, 53, cabelos brancos desde os 26, ignora essa “proibição” há mais de dez anos. Ela diz que só sente olhares maldosos por parte de algumas mulheres -e que os homens elogiam. “Acho que elas se sentem um pouco denunciadas pelos meus cabelos brancos”, brinca. Tabus, tratamentos, cirurgias, comparações tudo isso para tentar responder a uma pergunta: como envelhecer dignamente e feliz? “Creio que é tendo um projeto próprio que não começa aos 50 anos, mas muito antes, e percebendo o envelhecimento como uma con-
tinuidade desse projeto, e não ruptura”, diz Goldenberg. Quem sabe a geração dos anos 60, que reinventou a sexualidade e abriu as portas para novas formas de casamento e família, não vai inventar também uma nova maneira de envelhecer?
Para francesas, ritual de beleza é tradição
As mulheres francesas parecem ser mesmo uma exceção entre as europeias. Em artigo publicado em julho no “NewYorkTimes”,anorte-americana Ann M. Morrison trata da graça com que elas envelhecem. A autora afirma que, na França, as mulheres podem se esquecer de tudo conforme o tempo passa, menos do senso estético. O texto diz ainda que, no país em que a “beleza é uma tradição passada de geração a geração”, as francesas gastam US$ 2,2 bilhões por ano em tratamentos faciais -tanto quanto as espanholas, alemãs e inglesas juntas, segundo dados de 2008. Morrison compara o jeito de envelhecer das francesas com o de suas compatriotas, e conclui que a principal diferença está na forma como encaram os cuidados pessoais. “Enquanto a americana prioriza a praticidade, as francesas enxergam o cuidado com a pele,
Bruna Lombardi, 58
os cabelos e o corpo como um agradável e gratificante ritual.” Entre os comentários que a reportagem suscitou no site do jornal, um comprova a tese de que é mais fácil envelhecer na França do que no Brasil ou nos EUA. Assinado por uma leitora do Arizona, afirma que no país conhecido pela elegância de suas habitantes, uma garota de 20 anos não é vista como particularmente sexy. “Ela pode ser engraçadinha e promissora, mas isso é tudo. Uma francesa de mais idade pode ser absolutamente sexy. Ela é segura de si, e os homens se sentem atraídos por sua autoconfiança.”
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PROCLAMAS DE CASAMENTO - CARTÓRIO DE REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS DE BRAGANÇA PAULISTA - Rua Cel. Leme, 448 - Tel: 11 4033-2119
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ESTADO DE SÃO PAULO Cidade de Bragança Paulista
Bel. Sidemar Juliano - Oficial do Serviço de Registro Civil das Pessoas Naturais desta cidade e Comarca de Bragança Paulista, faz saber que do dia 2 a 8 de fevereiro de 2011 foram autuados em cartório os seguintes Proclamas de Casamento:
Protocolo: 160/2011 - FELIPE RAFAEL FERREIRA e GISELE BUENO DE CAMARGO. Ele professor de educação física, solteiro, natural de Bragança Paulista-SP, nascido no dia 17/09/1980, res. e dom. à Rua Santa Rosa, 07, Jardim Comendador Cardoso – Bragança Paulista, filho de PAULO ELISEU FERREIRA e de SILVANA APARECIDA DE OLIVEIRA FERREIRA. Ela analista de suporte, solteira, natural de Bragança Paulista-SP, nascida no dia 03/09/1981, res. e dom. à Rua Major Fagundes, 3-A, Lavapés - Bragança Paulista, filha de ANTONIO CARLOS BUENO DE CAMARGO e de SONIA MARIA DE OLIVEIRA CAMARGO Protocolo: 161/2011 - DOUGLAS RAMOS DA SILVA e VERÔNICA VANESSA DE CAMPOS. Ele ajudante geral, solteiro, natural de São Paulo-SP, nascido no dia 03/02/1984, res. e dom. à Rua Espírito Santo, 283, Parque dos Estados – Bragança Paulista, filho de ALOILSON GOMES DA SILVA e de TEREZA CAETANO RAMOS DA SILVA. Ela faxineira, solteira, natural de Bragança Paulista-SP, nascida no dia 16/06/1988, res. e dom. à Rua Espírito Santo, 283, Parque dos Estados – Bragança Paulista, filha de JOÃO FRANCISCO DE CAMPOS e de MARCIA MONTEIRO CARDOSO DE CAMPOS Protocolo: 164/2011 - GABRIEL NUNES DE BARROS e ANA PAULA SENONI MARTINS. Ele comerciante, solteiro, natural de Bragança Paulista-SP, nascido no dia 26/11/1981, res. e dom. à Rua Alfredo Ortenzi, 116, Jardim São José - Bragança Paulista, filho de MAURO NUNES DE BARROS e de ROZELI RAMOS DE BARROS. Ela comerciante, solteira, natural de Bragança Paulista-SP, nascida no dia 12/10/1984, res. e dom. à Rua Alfredo Ortenzi, 116, Jardim São José - Bragança Paulista, filha de CELIO JORGE MARTINS e de MARIA CRISTINA SENONI Protocolo: 176/2011 - LUCAS DE OLIVEIRA CARDOSO e DAIANE CRISTINA GONÇALVES PEREIRA DA SILVA. Ele funcionário público municipal, solteiro, natural de São Paulo-SP, nascido no dia 12/08/1984, res. e dom. à Rua Achiles Luiz Guilhardi, 177, Águas Claras - Bragança Paulista, filho de MILTON CARDOSO e de ELI ALVES DE OLIVEIRA. Ela estudante, solteira, natural de Jundiaí-SP, nascida no dia 13/01/1989, res. e dom. à Rua Achiles Luiz Guilhardi, 177, Águas Claras - Bragança Paulista, filha de JOÃO PEREIRA DA SILVA FILHO e de MARIA JOSÉ GONÇALVES Protocolo: 177/2010 - ADILAR JOSÉ CARNIEL e ADRIANA MORAES DE OLIVEIRA. Ele comerciante, divorciado, natural de São José do Cedro-SC, nascido no dia 30/07/1967, res. e dom. à Rua São Paulo, 258, Vila Municipal - Bragança Paulista, filho de DIAMANTINO CARNIEL e de ROSA DELLOSBEL CARNIEL. Ela corretora de imóveis, divorciada, natural de Bragança Paulista-SP, nascida no dia 03/06/1974, res. e dom. à Rua São Paulo, 258, Vila Municipal - Bragança Paulista, filha de LAZARO ANTONIO DE OLIVEIRA e de DARCI APARECIDA DE MORAES OLIVEIRA Protocolo: 182/2011 - REGINALDO LUIS BIRAL e DINÁ APARECIDA TOGNOLO. Ele empresário, divorciado, natural de Itatiba-SP, nascido no dia 17/11/1968, res. e dom. no Rancho Santo Expedito, nº 60, Araras dos Pereira - Bragança Paulista, filho de JOÃO BAPTISTA BIRAL e de MARIA HELENA BREDARIOL BIRAL. Ela comerciante, divorciada, natural de Bragança Paulista-SP, nascida no dia 06/06/1974, res. e dom. no Rancho Santo Expedito, nº 60, Bairro Araras dos Pereira - Bragança Paulista, filha de JOÃO FRANCISCO TOGNOLO e de ZILDA VERONESI TOGNOLO Protocolo: 183/2011 - JOSÉ MARIA DE MELO e PALMIRA SOUZA AMARAL. Ele ferramenteiro, solteiro, natural de Santo Antônio do Amparo-MG, nascido no dia 15/05/1969, res. e dom. na Estrada dos Correia, Bairro do Toró - Bragança Paulista, filho de ANTÔNIO GONÇALVES DE MELO e de ODETE PEREIRA DE MELO. Ela do lar, solteira, natural de Medina-MG, nascida no dia 29/03/1979, res. e dom. na Estrada dos Correia, Bairro do Toró - Bragança Paulista, filha de SINVALDO JOSÉ DO AMARAL e de MANOELITA ORNELAS DE SOUZA Protocolo: 184/2011 - EUGENIO ULHANO JUNIOR e DENISE DE SOUZA RIBEIRO. Ele gerente comercial, solteiro, natural de Itatiba-SP, nascido no dia 12/12/1980, res. e dom. à Rua Catorze, 200, Bloco F, Apartamento 11, Parque Brasil, Condomínio Berbari II - Bragança Paulista, filho de EUGENIO ULHANO e de APARECIDA MORETTI. Ela enfermeira, solteira, natural de Bragança Paulista-SP, nascida no dia 04/11/1979, res. e dom. à Rua Catorze, 200, Bloco F, Apartamento
11, Parque Brasil, Condomínio Berbari II - Bragança Paulista, filha de JOSÉ CARLOS RIBEIRO e de MARIA APARECIDA DE SOUZA RIBEIRO Protocolo: 186/2011 - SEBASTIÃO JOSÉ DOS SANTOS e CELIA PESCARI PAIVA. Ele aposentado, divorciado, natural de Alcobaça-BA, nascido no dia 03/08/1964, res. e dom. à Rua Treze, nº50, Jardim São Miguel - Bragança Paulista, filho de MANOEL JOSÉ DOS SANTOS e de ROSALINA MARIA DOS SANTOS. Ela estudante, solteira, natural de São Paulo-SP, nascida no dia 03/01/1995, res. e dom. à Rua dos Lírios, 264, Vila Garcia - Bragança Paulista, filha de WILSON DUARTE PAIVA e de ROSA MARIA PESCARI Protocolo: 187/2011 - SÉRGIO APARECIDO DE OLIVEIRA e MARIA NIVA DA SILVA. Ele serralheiro, divorciado, natural de Munhoz-MG, nascido no dia 22/07/1967, res. e dom. à Rua Expedicionário Sargento Antônio Esteves, 109, Parque Brasil - Bragança Paulista, filho de IRINEU MATHIAS DE OLIVEIRA e de BENEDITA CEZAR. Ela costureira, divorciada, natural de Tupanatinga-PE, nascida no dia 06/11/1960, res. e dom. à Rua Dr. José Hermenegildo Pereira Guimarães, 513, Vila Gato - Bragança Paulista, filha de JOSÉ ALVES DA SILVA e de DJANIRA MARIA ALVES Protocolo: 194/2011 - ATILIO AFONSO FASANO e MÁRCIA REGINA BARIANI. Ele engenheiro civil, solteiro, natural de São Paulo-SP, nascido no dia 02/01/1953, res. e dom. à Rua João Marques do Prado, 110, Jardim São Cristovão - Bragança Paulista, filho de ETTORE FASANO e de LINA MALZONE FASANO. Ela advogada, divorciada, natural de GuarulhosSP, nascida no dia 09/10/1967, res. e dom. à Rua João Marques do Prado, 110, Jardim São Cristovão - Bragança Paulista, filha de NELSON BARIANI e de DIRCE DE SOUZA BARIANI Protocolo: 195/2011 - LEONARDO MAGALHÃES ROSATTO e TATIANE CRISTINA MOLINA. Ele operador logístico, solteiro, natural de São Paulo-SP, nascido no dia 10/11/1987, res. e dom. à Rua Nicola Brochetta, 42, Jardim São Miguel – Bragança Paulista, filho de MARLI APARECIDA ROSATTO. Ela auxiliar de produção, solteira, natural de Bragança Paulista-SP, nascida no dia 06/07/1990, res. e dom. à Rua Nicola Brochetta, 42, Jardim São Miguel - Bragança Paulista, filha de JONAS MOLINA e de ÂNGELA APARECIDA DE GODOY MOLINA
Bragança Paulista, 8 de fevereiro de 2011 Sidemar Juliano – Oficial SERVIÇOS, CONSULTAS E INFORMAÇÕES: visite nossa página na Internet: www.cartoriobraganca.com.br
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