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Braganรงa Paulista

Sexta 23 Marรงo 2012

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jornal do meio

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para pensar

Jornal do Meio 632 Sexta 23 • Março • 2012

Expediente

Deus é obrigado a retribuir!

E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

Mons. Giovanni Barrese

Lendo trechos dos livros bíblicos das Crônicas (especialmente o segundo) vê-se no autor o reflexo da mentalidade daquilo que se costuma chamar de Teologia da Retribuição. Que vai gestar a Teologia da Prosperidade. Ao analisar diferentes invasões e incursões de povos vizinhos e, especialmente, as invasões babilônicas - de modo particular a segunda - mostra que todo sofrimento ocasionado à nação foi fruto do afastamento dos reis, das autoridades e do povo dos caminhos do Senhor. Embora constantemente advertidos por profetas e outras personalidades que falavam em nome de Deus todos fizeram ouvidos moucos. Até que Deus perdeu a paciência e os deixou na mão dos invasores. Que pilharam, queimaram, mataram e escravizaram. A desgraça foi fruto da desobediência. Este modo de ver não deixa de ter lastro de verdade. Quando o ser humano assume ser critério de tudo e se fecha ao ensinamento divino o horizonte encurta e os danos do egoísmo e da ganância fazem o resto. O que é

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falho na teologia da retribuição é que não há lugar para a misericórdia. A conclusão é que Deus ama e abençoa os bons. Só amará os maus se eles se converterem. O que não é verdade e, por consequência colocam-se limites o amor divino. Embora o trecho de II Crônicas (36,22-23) fale que Deus suscitou Ciro, rei da Pérsia, como seu instrumento para a reconstrução da nação, fica sempre na sombra que a benção dependerá da conversão. O que pretendo oferecer é uma abertura para procurar entender que o amor de Deus por nós não depende daquilo que nós façamos. Em poucas palavras: Deus não nos ama porque somos bons ou porque nos portamos com o Ele quer. Deus nos ama também quando desobedientes e maus. Seu amor precede nossas atitudes. Não é consequência delas. Nos ajuda a análise que São Paulo faz na carta aos Efésios (1,3-14; 2,1-10). Somos salvos, isto é, chamados à filiação divina de forma predestinada e gratuita. É por graça e dom que em Cristo somos regenerados. Não é por causa dos possíveis méritos (se é

que possamos ter méritos diante de Deus). Nós não somos credores de Deus. Ele não nos deve nada. Mas, qual é a vantagem de obedecer-lhe? Tanto faz ser bom ou mau? As obras que fazemos não tem nenhum valor? Em primeiro lugar é preciso vencer a tentação de que levar Deus a sério não vale a pena. A tentação é forte porque, na prática, não se percebe que Deus premia os bons e castiga os maus. Basta ver os inúmeros casos de corrupção que não recebem a penalização devida! O bem que fazemos tem sentido porque reflete a escolha de vida que se fez: demonstrar o amor Daquele que nos criou e que nos sustenta! Fica, porém, o desafio: por que nem sempre quem é bom tem a retribuição devida? Este tema é muito presente na Escritura e o Livro de Jó é um belo exemplo. Em segundo lugar quero chamar a atenção para a prosperidade que seria consequência retributiva da obediência a Deus. Essa mentalidade foi analisada brilhantemente por Max Weber em sua obra “A ética protestante e o espírito do

capitalismo”. Em palavras simples: o sucesso, principalmente material significa a benção de Deus. A pobreza é sua maldição. Quem é rico é porque Deus lhe retribui. Quem é pobre nada fez para merecer a benção divina. Esse tipo de pensamento religioso é muito presente em nossos dias em muitas igrejas de viés neopentecostal. Penso que os leitores “zapeando” a TV podem ver os desafios a “dar tudo a Deus” porque Ele devolverá muitos mais. Há constantes apelos em despojar-se de toda segurança e jogar-se nas mãos de Deus! Não quero negar a fé e confiança na Providência Divina. O que está em jogo é o fugir da visão real de como a sociedade é constituída e de como a injustiça está presente nas relações humanas. As bases da retribuição e das promessas de prosperidade não levam em conta a responsabilidade humana pela maldade que gera quando não vê no ser humano a imagem e semelhança de Deus. Se tudo é questão de benção e retribuição, como é que fica quem é esmagado pela miséria e procura

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

servir a Deus de todo coração? Terá que “sacrificar” tudo o que não tem para que Deus o abençoe? Ou será que nos esquecemos de que Deus não fez e não faz diferença de pessoa e ama a todas com igual amor. E que retribuição e prosperidade dependem do procedimento justo das pessoas entre si? Valha para nós a certeza de que o amor de Deus por nós não depende de nossa bondade ou do que lhe ofertamos. Ele precisa de algo? Nossa oferta, maior que seja, pode preencher sua Infinitude? Deus fala ao nosso coração para que voltemos a Ele (livro de Oséias). Porque nos ama e nos quer felizes. Ele não quer outra coisa e nem precisa dela!


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colaboração SHEL ALMEIDA

Hoje, sexta-feira, tem início a 47° Expoagro e 20° Festa do Peão de Bragança Paulista, uma das mais famosas da região e, a mais aguardadas pelo público. Os shows, sempre com nomes de peso no cenário musical, principalmente o sertanejo, atraem gente dos mais diversos lugares. Cada noite do evento chega a receber mais de 30 mil pessoas. Este ano a festa mais tradicional e esperada pelos bragantinos traz algumas novidades. A mais relevante delas, para o público em geral, é em relação à permanência de crianças e adolescentes dentro do Parque de Exposição Dr. Fernando Costa, o Posto de Monta. Assim como no Carnaval, será preciso a companhia dos pais ou responsáveis para que os menores possam entrar na festa. A diferença é que, desta vez, de acordo com o alvará expedido para a realização do evento, apenas menores de 16 anos precisarão de acompanhantes. Para ingressar na festa na companhia de responsáveis que não os pais, os menores precisarão entregar uma declaração assinada e com firma reconhecida, autorizando a entrada. Essa autorização deverá ser feita em duas vias, cópia e original com Firma reconhecida, e ambas deverão ser entregues aos profissionais de fiscalização, que se encontrarão no Portão 2, próximo ao Parque de Diversões. Ao entregar a autorização, o menor receberá um protocolo que lhe garantirá o acesso ao recinto nos dias subsequentes, de acordo com a Declaração original. Recomenda-se que seja feita uma cópia desse protocolo, para evitar problemas em caso de perda. O protocolo servirá pra facilitar o acesso, fazendo com que não seja preciso uma nova declaração para cada noite do evento. No entanto, caso o menor esteja acompanhado de outro responsável, aí sim será necessária uma nova declaração. Ou seja, para cada responsável diferente é preciso uma nova declaração. Para os jovens entre 17 e 18 anos não será necessária a autorização, entretanto, assim como os menores de até 16 anos, eles também usarão uma pulseira de identificação de cor vermelha, que indica a proibição para compra de bebidas alcoólicas, outra medida adotada pelos organizadores para coibir o consumo de bebida alcoólica por jovens. Os maiores de idade também receberão uma pulseira, mas de cor verde, que permite a compra de bebidas alcoólicas .

Questionamentos

de idade pode comprar a bebida e entregar ao Todas as medidas que visam o bem estar da menor. Como coibir atitudes assim? população e o cumprimento de leis são muito O que esperamos é que imagens como as mosbem vindas. As ações de coibição ao consumo tradas no programa “Profissão Repórter”, da de álcool por menores e por motoristas têm Rede Globo, filmadas ano passado em Bragança, total apoio do Jornal do Meio. No entanto, é durante a Festa do Peão, não voltem a acontecer. preciso levantar algumas questões e propor Vale lembrar que a organização da festa não uma discussão: até onde essas medidas serão se isenta da responsabilidade de preservar a realmente eficazes? Haverá uma fiscalização integridade física do público presente. Qualquer efetivamente abrangente dentro do recinto da ato ocorrido dentro do recinto que venha a festa? Os menores serão coibidos a não ingerir causar dano à população também é de responbebidas alcoólicas apenas dentro do ambiente sabilidade dos organizadores que, inclusive, da Expoagro ou também em seus arredores? Em podem responder criminalmente. Os pais serão evento menor realizado recentemente foi possível responsáveis caso o menor burle a fiscalização e consuma bebida alcoólica, perceber que essa medida não mas é de responsabilidade da é totalmente eficiente. EnO rodeio nada mais é do segurança da festa fiscalizar quanto dentro do ambiente que a diversão humana à para que isso não aconteça, do evento as pessoas recebiam pulseiras de identificação e custa do sofrimento animal que as barracas, de fatos, não vendam para menores. Dra. Irvênia Prada eram instruídas a não ingerir Esperamos, também, que bebidas alcoólicas, sendo até as ações que visam coibir o consumo de álcool convidadas a se retirar, do lado de fora, com por menores não aconteçam apenas em eventos apenas uma grade de separação, jovens menoisolados, que sejam constantes e intensificadas res de idade acumulavam garrafas de cerveja e em locais onde há grande concentração de outras bebidas. Se a ideia é coibir o consumo de bares, como no Lago do Taboão. Para que a lei álcool por menores, por que então na calçada, do seja cumprida e respeitada é preciso que haja o lado de fora do portão, ocorre consumo? Com engajamento diário e permanente. base nisso e no fato de que em todas as festas da cidade, onde há grande movimentação de Rodeio jovens, existem as chamadas “concentrações”, Outro assunto que movimentou a semana local onde as pessoas se encontram antes para diz respeito ao rodeio. De acordo com ação começar a beber, é certo que muitos menores movida pela promotoria pública de Bragança provavelmente já entrarão na festa embriagados. Paulista, uma sentença expedida pela 3° Vara Entre os diversos comentários que recebemos Cível do Ministério Público proibiu o uso de posteriores ao carnaval, vários foram os que determinados acessórios durante o rodeio relataram que pais iam até o local de desfile com profissional da 47° Expoagro e 20° Festa do os filhos, entravam com eles, mas saiam em sePeão, ação que visa reprimir os maus tratos guida, deixando os menores desacompanhados. No modelo de declaração oferecido pelos organi- aos animais. Assim que a medida foi anunciazadores do evento, há uma linha onde se lê que da muitas pessoas comemoraram a decisão. a conduta do menor é de total responsabilidade Nas redes sociais o assunto foi debatido entre dos pais. Mas, levando em consideração os membros de ONGs de Proteção Animal e relatos do carnaval e o fato de que, em geral, os simpatizantes em geral. O que se falou foi filhos não permanecem ao lado dos responsáveis que ainda não é o ideal, mas já é um grande durante a noite toda, como fazer com que esses avanço, pois é a primeira vez que uma ação em menores sejam, de fato, resguardados? Porque o defesa dos animais ganha tanta repercussão álcool é droga, lícita, mas droga. E sempre existe em Bragança. O Jornal do Meio tentou falar uma maneira de conseguir burlar a fiscalização. com alguns veterinários da cidade, que traUma lata de refrigerante pode servir como dis- balham diretamente com animais de grande farce para o consumo do álcool. Alguém maior porte, para saber quais danos o rodeio causa

Foto: arquivo/ fabiano costa

a touros, cavalos e éguas. Como nenhum se dispôs a falar, procuramos o Instituto Nina Rosa, de São Paulo, que prontamente nos pôs em contato com a Médica Veterinária Dra. Irvênia Prada, figura das mais importantes do país quando o assunto é proteção animal. Dra. Irvênia dedicou a vida a defender o bem estar animal e até hoje luta para superar paradigmas em relação àqueles que não podem falar por si. Escreveu livros e ministra palestras sobre o assunto, além de produzir estudos que têm como foco a ocorrência de dor e sofrimento em animais. Ela explica que desde o momento em que o animal é transportado já há o estresse. “Eles ficam apertados, em um lugar com luz baixa, com aquele barulho ensurdecedor o tempo todo. Nem a gente agüenta aquele barulho, imagine para eles que têm o ouvido mais sensível que o nosso”, fala. “Os defensores do rodeio dizem que os acessórios usados não causam dor. O sedem causa tanto atrito na pele que cria feridas. Mas acho inadequado falar em dor. Nem todo o sofrimento causa dor física. Há um conjunto de coisas que causam sofrimento”, avalia. “Do ponto de vista fisiológico, as provas de rodeio causam taquicardia, descarga de hormônios como a adrenalina, o aumento da pressão arterial, além da dilatação da pupila, que indica estado emocional intenso. São reações do corpo que só acontecem quando o animal vai fugir ou lutar”, explica. “Nos rodeios os animais são colocados em situações que não pediram para estar. São subjugados de tal forma, impelidos a participar de eventos que não é da vontade deles”, avalia. “O rodeio nada mais é do que a diversão humana à custa do sofrimento animal”, afirma. “O ser humano é tão inteligente, já foi à lua, por que não inventa outra diversão que não dependa do sofrimento alheio?”, questiona. Ou seja, o rodeio, considerado um evento cultural e esportivo, é, na verdade, algo totalmente cruel e desnecessário para o animal, algo que não lhe traz nenhum benefício. A ONG Faros D’Ajuda está promovendo um abaixo assinado que pede o fim do rodeio em Bragança Paulista. Até o momento 1.500 pessoas já assinaram. Se você também quer participar, acesse: www.peticaopublica.com.br/ PeticaoVer.aspx?pi=P2011N9624 Foto: arquivo/ fabiano costa

Festa do peão uma da mais famosas da região, chega a receber mais de 30 mil visitantes

Nos rodeios os animais são colocados em situações que não pediram para estar. São subjugados de tal forma, impelidos a participar de eventos que não é da vontade deles”. Dra. Irvênia Prada


delícias 1001

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Bolo de maçãs por deborah martins salaroli

Iniciando minha participação neste jornal, pensei em algo prazeroso como tomar café com a família com um cafezinho passado na hora. Tudo isso pra botar o papo em dia... Que tal? Este bolo é delicioso!!! Super fácil e rápido para fazer. Fofíssimo, molhadíssimo, gostosíssimo... Tudo de bom. Pense em todas as qualidades que a gente gosta de saborear. Muito bem: este bolo reúne todas!!! Além de tudo, ele é muito nutritivo, imagine só: até a casca da maçã é aproveitada. Vamos lá?

Bolo de maçãs Comece descascando 3 maçãs. Separe as cascas. Numa outra tigela, pique as maçãs e deixe-as de molho em suco de 1 limão. Reserve tudo. Bata no liquidificador: 4 ovos 1 xícara de óleo de milho ou girassol 1 xícara de açúcar As cascas das 3 maçãs Numa tigela, coloque:

2 xícaras de farinha de trigo 1 xícara de açúcar As 3 maçãs picadas a mistura do liquidificador 100g de nozes picadas grosseiramente uvas passas (opcional) 1 colher (sopa) de fermento em pó 1 colher (café) de canela em pó Unte uma forma com margarina e polvilhe farinha de rosca. Despeje a massa e leve assar em forno pré-aquecido (180C) por 30-40 minutos. Na próxima semana temos mais um encontro marcado. Espero por você. Beijo-delícia Deborah Deborah Martin Salaroli, amante da culinária e a tem como passatempo por influência da avó paterna desde criança. Desde abril de 2010, é criadora e autora do blog www.delicias1001.com.br recheado somente de receitas testadas e aprovadas. Alguma sugestão ou dúvida? Mande um e-mail para delicias1001@uol.com.br

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informática & tecnologia

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Kinect avança

Expectativa da empresa é que desenvolvedores criem programas para que o aparelho possa ser usado no cotidiano

por BRUNO ROMANI/Folhapress

Na última quarta-feira, chegou às lojas de 12 países o Kinect para Windows, uma versão para PCs do sensor de movimentos que se popularizou entre usuários do Xbox, o videogame da Microsoft. A intenção da empresa é explorar as possibilidades do sensor de movimentos para além dos games. Por isso, diferentemente da versão para Xbox, esse Kinect, ainda sem previsão de lançamento no Brasil, mira aqueles que desenvolvem programas -e não o usuário final. Mesmo custando mais caro (sai por US$ 249), ele não funcionará assim que sair da caixa, como a versão disponível para Xbox. A Microsoft espera que os desenvolvedores encontrem novos usos para o conceito de interface natural, no qual o corpo comanda a máquina, sem intermediários. “Assim como o Kinect revolucionou o entretenimento, veremos ele revolucionar outras indústrias: educação, saúde e muito mais”, alardeou Steve Ballmer, executivo-chefe da empresa, em janeiro, nos EUA, durante a CES, uma das maiores feiras de eletrônicos do mundo. Muitos desses novos usos para o sensor surgiram fora da Microsoft: desenvolvedores se anteciparam à empresa e começaram a modificar o software do Kinect para Xbox, adaptando-o ao PC. Técnicos e empresas nos EUA e na Europa encontraram uso para o Kinect na medicina, na robótica e até no comércio de roupas, como mostra o infográfico ao lado. Inicialmente, a Microsoft ameaçou processar esses usuários, mas percebeu que poderia explorar a ideia. Decidiu então fazer e comercializar sua versão do aparelho para Windows e distribuir de graça, em seu site, as ferramentas para a criação dos programas para Kinect. O lucro viria do hardware, não mais do software. O que motiva a estratégia é o sucesso de vendas do Kinect para para Xbox: 18 milhões de unidades em um ano. A Microsoft estuda usar o Kinect em outros aparelhos. Segundo o jornal americano “The Daily”, há protótipos de notebooks que têm o aparelho embutido acima da tela, no lugar da webcam comum. A Microsoft confirmou a informação, sem dar detalhes. TAMBÉM NAS TVS Ainda segundo o “Daily”, a companhia planeja licenciar a tecnologia do Kinect para fabricantes de TV, o que segue a tendência de televisores controlados por voz. O Kinect para Xbox já atende a comandos dessa forma, e a Samsung mostrou na CES TVs com tecnologia similar. O aparelho da Microsoft foi recentemente alvo de críticas de um concorrente. Ao site “PC Pro” a SoftKinect, empresa que tem um produto parecido com o Kinect, definiu o sensor rival como “tecnologia velha”. Segundo ela, o Kinect falha em distâncias menores que 50 cm. A Microsoft diz ter alterado o Kinect para Windows para que ele funcione bem em distâncias menores. Glossário INTERFACE NATURAL O termo parte da ideia de que a interface de um computador é invisível ao usuário, ou torna-se invisível com uso repetido.

Assim, interfaces naturais dispensam acessórios que necessitam aprendizado (como mouse e teclado) para que funcionem. KINECT Acessório para Xbox que permite jogar com gestos e voz, sem usar um controle tradicional. É considerado pelo “Guinness” o eletrônico com maior volume de vendas em curto espaço de tempo -foram 18 milhões de unidades em um ano. XBOX Console da Microsoft bastante popular. Até janeiro deste ano, foram vendidas 65,8 milhões de unidades em todo o mundo Mistura de Twitter e blog, Tumblr começa a se aproximar do Brasil Descontraídos e diretos como a rede social em que trabalham, Josh Nguyen e Mark Coatney, duas das cabeças principais do Tumblr, visitaram o Brasil na semana passada com a intenção de dar mais atenção ao país. De todas as visitas a páginas no Tumblr, 2 bilhões têm origem no país. Os brasileiros representam ainda 12% do total de usuários do serviço -número somente menor do que o dos EUA, que têm 40%. Os internautas nacionais começaram a entrar no radar da empresa no fim de 2010, quando um grande número de acessos do Brasil travou os servidores do Tumblr, rede em que usuários postam textos, vídeos e fotos, de forma simples, com recursos similares aos de blogs e do Twitter. “Estamos aqui para entender como o Tumblr funciona no Brasil. Nos EUA o uso profissional em geral é muito grande. Marcas também usam muito a plataforma. Já aqui, parece que o foco é o humor”, comenta Coatney, que saiu da revista “Newsweek” para trabalhar no Tumblr. “Pretendemos voltar mais vezes nos

próximos meses, com mais pessoas.” Os executivos passaram por São Paulo para encontrar alguém que represente a marca -muitos dos candidatos foram garimpados na rede corporativa LinkedIn pelos próprios Coatney e Nguyen. Os diretores querem abrir um escritório aqui ainda no primeiro semestre, o primeiro fora dos EUA, e planejam uma tradução integral da plataforma para o português. “O Brasil é onde tudo está acontecendo, é o início de um grande protagonismo tecnológico”, diz Nguyen. Na conversa com a reportagem, os diretores se mostraram curiosos e fizeram várias perguntas ao repórter: “Você tem Tumblr? Você gosta, que função você mais usa? O Instagram é popular por aqui? Você sabe se os brasileiros usam muito o Foursquare?”. Apesar de ser o segundo país em número de usuários, o Brasil ocupa a primeira posição quando o assunto é tempo gasto na rede social. O brasileiro gasta, em média, 30 minutos por visita ao Tumblr, segundo os executivos. No mundo, o serviço atingiu no mês passado a marca de 15 bilhões de visitas a páginas por mês e cerca de 120 milhões de visitantes únicos. No início do ano passado eram 2 bilhões de visitas, o que significa um aumento de 750% em um ano. O crescimento acelerado resultou em algumas rodadas de investimento na empresa, que hoje está avaliada em US$ 800 milhões. “Temos dinheiro suficiente por enquanto, não pretendemos abrir o capital como fez o Facebook. Além disso, ainda somos pequenos para pensar nisso”, diz Coatney. Foto:Folhapress


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seus direitos e dever

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Registro de candidatos por gustavo antônio de moraes montagnana/gabriela de moraes montagnana

A Constituição Federal, em seu art. 14, parágrafo 3.o, V, prevê que a filiação partidária é condição para que uma pessoa seja eleito para um mandato eletivo, trata-se de uma condição de elegibilidade. Todo eleitor, no pleno gozo de seus direitos políticos, pode filiar-se a um partido político. Até mesmo o eleitor considerado inelegível, como o analfabeto, por exemplo, pode filiar-se a partido político, segundo recentemente entendeu o TSE. A filiação será deferida pelo partido, desde que atendidas pelo eleitor as regras estatutárias. O filiado poderá, a qualquer tempo, pedir desligamento do partido, desde que o faça por escrito, em comunicação dirigida ao órgão de direção municipal e ao juiz eleitoral da zona em que estiver inscrito como eleitor. Aquele que se filiar a novo partido deve comunicar aos mesmos órgãos, requerendo o desfiliação no dia imediato a nova filiação, sob pena de nulidade, para todos os efeitos, de ambas filiações, haja vista que não se admite a dupla filiação. Para que um cidadão possa concorrer a um cargo eletivo, deve estar filiado a partido político um ano antes da data fixada para as eleições, em regra. Considerando as eleições que ocorrerão em outubro, o candidato aos cargos em disputa devem estar filiados desde 07 de outubro de 2011. Entre os dias 10 a 30 de junho do ano eleitoral, os partidos políticos realizarão suas convenções, a fim de firmar eventuais alianças e escolher o seus candidatos, os quais, uma vez escolhidos, deverão solicitar o registro de suas candidaturas até o dia 05 de julho do mesmo ano. A forma de desenvolvimento das convenções

e as normas para a escolha e substituição de candidatos, bem como para a formação de coligações deverão obedecer, principalmente, o estatuto do partido e disposições previstas na Lei das Eleições (n.o 9.504/97). É possível que os partidos utilizem prédios públicos para realizar as convenções de escolha de candidatos, ficando responsáveis por reparar qualquer dano ao patrimônio. Nas eleições para prefeitos e vice-prefeitos, assim como para governadores e vice-governadores, presidente e vice-presidente da república, cada partido ou coligação só poderá lançar um candidato para cada cargo. Havendo coligação, os candidatos a tais cargos poderão ser de um partido e os candidatos a vice de outro partido coligado. Nas eleições para o Senado Federal cada partido ou coligação poderá lançar um único candidato ou dois candidatos a depender da eleição, caso nela haja a renovação de um terço ou dois terços das cadeiras do Senado. Levando-se em consideração que cada unidade federativa tem direito a três ano senadores no Congresso Nacional, cada um com mandato de 08 anos. Já nas eleições para vereadores cada partido político poderá registrar 150% de candidatos em relação ao número de vagas a serem preenchidas nas eleições. Sendo certo que se houver coligação partidária, esta poderá registrar número de candidatos equivalente a 200% do número de vagas em disputa. Nas eleições para as cargos de deputados estaduais ou federais, nas unidades federativas que contarem com vinte e um ou mais depu-

tados federais, aplica-se a mesma regra acima referida. Contudo, nas unidades federativas que contam com até, no máximo, vinte deputados federais, os percentuais são de 200% e 250%, respectivamente. Regra salutar para que se garanta a verdadeira democracia, bem como a observância do princípio constitucional da igualdade material, é a que impõe a necessidade de que essas vagas, para os cargos de deputados e vereadores, sejam preenchidas, por cada partido, com o mínimo de 30% e o máximo de 70% por cada sexo. Esta exigência possui a finalidade de garantir a participação feminina na vida política da nação, haja vista o longo período em que dela foram afastadas. Se ndo assim, nenhum partido pode lançar candidatos do sexo masculino, por exemplo, que perfaçam mais de 70% das vagas disponíveis para registro. Os outros 30% devem ser reservados a candidatas do sexo feminino, ainda que não sejam todas elas preenchidas. Os partidos e coligações deverão solicitar à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as 19 horas do dia 05 de julho do ano eleitoral. Em se tratando de eleições municipais o pedido deve ser dirigido ao juiz eleitoral da zona eleitoral competente. O pedido de registro de candidatura deverá ser instruído com os seguintes documento: cópia da ata da convenção partidária que homologou a candidatura; autorização do candidato por escrito; prova da filiação partidária; declaração de bens assinada pelo candidato; cópia do título eleitoral ou certidão fornecida por cartório eleitoral, comprovando que o candidato é eleitor na

informe publicitário/sessão bragança decor idealizado por giuliano leite

Nossas avós já diziam... Vai dizer que você não se lembra de algo

muito mais valor às coisas.

escolha: no sábado dia 24/03 ou na terça dia

que sua avó carinhosamente lhe disse?

E como tudo o que é bom não tem que ficar

27/03. Para ter mais informações, entre em

Saudosas recordações de momentos bons

somente no passado, trazemos para vocês

contato conosco pelo fone 11 4033-9955.

que não voltam mais. Coisas de tempos

o Workshop “Bolsinhas da Vovó” com a

As vagas são limitadas.

distantes que teimam em não desaparecer

professora Marília Salomão. Venha passar

Assim como conselho de vovó, bolsinhas

da cabecinha da gente. No mundo do feito

horas agradáveis em nossa loja e aprenda

lindas nunca são demais!

à mão também é assim. Vira e mexe a gente

a fazer um ou dois modelos diferentes de

Abraços.

se depara com técnicas de antigamente, mas

bolsinhas de mão com o tradicional fecho

Márcia Lima Palamim

que voltam com toda força, remodeladas

metálico. Serão turmas em dois dias à sua

Casa Odinete

por novos materiais e execução facilitada. É o caso dessas bolsinhas com armação de metal, onde duas bolinhas estrategicamente posicionadas em lados opostos dão um charme para abrir e fechar. Lembro-me com muita nitidez que eu adorava abrir a delicada bolsinha para ver o que minha avó carregava lá dentro: um pequenino lenço, alguns trocadinhos e a chave da porta da frente. Era apenas disso que ela precisava para dar uma breve saidinha de casa. Bons tempos aqueles em que vivíamos com muito menos, mas dando

circunscrição há um ano; certidão de quitação eleitoral; certidões criminais (fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Eleitoral, Federal e Estadual); fotografia do candidato; e no caso de candidatos aos cargos de prefeito, governador e presidente da república, as propostas por ele defendidas. Esta última exigência, sem dúvida, permite um maior controle por parte do eleitorado em relação às atitudes dos seus mandatários políticos. Recentemente o TSE decidiu que para concorrer às eleições municipais deste ano não basta aos candidatos terem apresentado as contas de campanha das últimas eleições, que tenham participado, é necessário também que os números tenham sido aprovados, como demonstração de quitação eleitoral. Esta decisão foi bastante criticada, havendo quem entenda que contrariou dispositivo da Lei das Eleições que não exige a aprovação das contas para o registro de candidatura. Até 45 dias antes das eleições, todos os pedidos de registro de candidaturas deverão estar julgados em todas as instâncias. No hipótese de o partido ou coligação não requerer o registro de seus candidatos, estes poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral, observando o prazo máximo de 48 horas seguintes à publicação da lista de candidatos registrados, pela Justiça Eleitoral. Até a próxima! Gabriela de Moraes Montagnana Gustavo Antonio de Moraes Montagnana Advogados


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Contratos de risco Cresce número de reclamações por cobrança de taxas e valores indevidos na venda de imóveis por MARCOS DE VASCONCELLOS/Folhapress

Calhamaço com várias páginas e termos estranhos ao comprador leigo, o contrato de aquisição de um imóvel provoca dúvidas mesmo depois de concluída a transação. As taxas e os valores pagos nesse tipo de negociação têm sido mais questionados na Justiça, segundo especialistas ouvidos pela Folha. No Procon-SP (órgão de defesa do consumidor), as queixas contra incorporadoras e construtoras tiveram aumento de 26% na comparação entre o primeiro semestre de 2011 e o de 2010. Foram 1.981 reclamações nos seis primeiros meses de 2011. A alta não é proporcional ao volume de vendas do período, já que houve queda de 31,8% nos residenciais comercializados em São Paulo em comparação ao primeiro semestre de 2010. A diretora de atendimento do Procon-SP, Selma do Amaral, explica que o pagamento de taxas indevidas é o segundo principal motivo de reclamações ao órgão --dentro da categoria transações imobiliárias--, logo atrás do não cumprimento de contratos, como atraso na entrega ou defeitos. Uma das contendas é a comissão do corretor --paga ao profissional que intermedeia a venda e que varia entre 6% e 8% do valor da compra. Aqueles que adquirem o imóvel em estandes de venda têm recorrido aos tribunais e aos órgãos de defesa do consumidor para pedir ressarcimento da cobrança. Outros reclamam da cobrança de assessoria técnica contratada sem anuência, ou, ainda, de terem sido forçados a usar o serviço de despachante de determinadas empresas (veja à pág. 4). O Sati (Serviço de Assessoria Técnico-imobiliária) está entre as taxas mais questionadas. A cobrança, que costuma ser de 0,88% do valor do imóvel, é considerada imprópria pela comissão de direito urbanístico da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), explica o advogado Marcelo Manhães. A venda de um serviço extra ou a cobrança da corretagem não são ilegais. Elas se tornam irregulares quando o comprador desconhece o que está adquirindo. Para o juiz Paulo Scartezini Guimarães, não adianta os serviços constarem do contrato se não estiver claro para o cliente do que se trata. “O problema é quando a pessoa paga sem ser avisada que aquele dinheiro não servirá para amortizar a dívida da compra do imóvel”, diz. Pagamento de corretor tem de ser negociado O analista de sistemas Marcio Marchetti, 36, está na Justiça cobrando a devolução da taxa Sati e da corretagem pagas na compra

de seu apartamento, em abril de 2008. “Eles [imobiliária] me impuseram a taxa de assessoria jurídica para verificação de contrato. Se não pagasse, não conseguiria comprar”, reclama. Para o advogado Marcelo Manhães, a cobrança é ilegal. “O cliente deve ter uma relação de confiança com o advogado que lhe representa e defende seus interesses.” A imposição do serviço sem o correto esclarecimento do consumidor ou como condição para que a compra do apartamento seja realizada pode ser considerada venda casada nos tribunais. “Deve estar explícito no contrato de todas as empresas que o serviço é facultativo”, explica o advogado do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário) Rodrigo Bicalho. O advogado Marcelo Tapai, especialista em direito imobiliário, afirma que, apesar de ser possível cobrar a corretagem do comprador, o valor deveria estar embutido no preço do imóvel e ser descontado da receita da construtora ou da incorporadora. Já Bicalho afirma que isso não está previsto em lei. “Deve ser definido em contrato quem pagará a corretagem e, se o comprador paga, ele deve exigir nota fiscal”, considera. A ideia é que o documento separe o preço do imóvel da cobrança pelo serviço.

Casamento Após o atraso de quase dois anos na entrega do apartamento comprado em 2008, o contador Rafael Gaya, 31, decidiu entrar na Justiça para reaver a corretagem paga. “A gente assina tudo muito pela pressa de realizar o sonho”, diz Gaya, que planejou o casamento para a data da entrega do imóvel. A ação foi julgada e o juiz determinou a devolução do valor pago em dobro. A construtora MVG Engenharia afirma que recorrerá da decisão. Falta de regra permite decisões controversas As taxas cobradas na venda de imóveis não possuem lei específica que as regulamente e, quando questionadas judicialmente, tiveram resultados favoráveis e contrários ao consumidor. Sem jurisprudência pacificada, discussões sobre cobranças nos tribunais com inícios semelhantes podem ter fins diferentes. O Tribunal de Justiça de São Paulo possui, por exemplo, decisões que mantêm a cobrança da taxa Sati e outras que a condenam. Há casos em que é classificada como venda casada, com a justificativa de que “a prestação de serviço de assistência técnico-imobiliária estava vinculada à assinatura da aquisição de imóvel”. No mesmo tribunal, a cobrança foi con-

siderada legal. Nesse caso, é sustentado que tratou-se de uma prestação de serviços comum e que “os autores assumiram o ônus do pagamento, tanto assim que receberam os recibos”. Outra taxa que causa polêmica no Judiciário é a de corretagem. Como cobrar o valor do comprador ou do vendedor depende de acordo entre as partes, as decisões levam em conta se o assunto foi “empurrado” para o cliente. Quando a cobrança do consumidor é considerada regular, a justificativa para a taxa de corretagem está no trabalho do corretor, que deve ser remunerado por quem buscava o imóvel. A decisão em favor do comprador pode ser tomada quando a compra é feita em estande de vendas. Dessa maneira, desembargadores já julgaram que o pagamento cabe “ao incorporador, que colocou no local a equipe”.

Corretagem setor deve modificar contratos Em 2011, as imobiliárias Abyara Brokers e Lopes se comprometeram em um Termo de Ajustamento de Conduta a incluir em seus contratos que a responsabilidade pelo pagamento da corretagem não é do consumidor. A regra começa a atingir todo o setor de empresas comercializadoras. Para a Abyara, cabe ao Secovi orquestrar o movimento.

Anuência Registrar desacordo ajuda em contestação Para se defender de acusações, empresas alegam que o comprador concordou com todos os termos do contrato por tê-lo assinado. No entanto, o advogado Bernardo Brandão explica que o código do consumidor prevê que qualquer cláusula pode ser anulada “caso gere vantagem excessiva para uma das partes”. Mesmo podendo discutir depois, a dor de cabeça de entrar na Justiça pode ser evitada se a euforia de fechar o negócio for deixada de lado durante a análise do contrato, aconselha a especialista em direito imobiliário Mirelle Ottoni. A discussão prévia com a construtora, apontando dúvidas ou problemas no contrato, é a melhor medida. Se isso não acontecer, especialistas recomendam assinar o documento deixando claro do que discorda. O registro pode ser feito em e-mails para a empresa questionando as taxas.

Foto:Ilustração Elder Galvão


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Foi com grande alegria que fotografei a produção pré- 15 anos da Amanda. Além de

nesta transição da menina linda com traços de mulher rendendo lindas fotos que

ser minha sobrinha é uma garota adorável que tornou uma linda tarde de domingo

usamos para apresentar na maravilhosa festa de 15 anos. Enfim um dia muito especial

num dia inesquecivelmente gostoso. A locação é uma usina de cana de açúcar

que guardo com muito carinho no meu coração.

abandonada na cidade de Capivari o que rendeu fotos maravilhosas contrastando a beleza da Amanda com as ruínas da usina. O calor era intenso, mas a vontade de fazer fotos totalmente diferentes das tradicionais superava qualquer dificuldade. Eu estava acompanhado pela minha filha mais alguns sobrinhos e coloquei todos para trabalharem comigo. Foi incrivelmente divertido explorar toda a alegria da Amanda


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Agrale Marruá

Linha Marruá ganha novo motor que polui menos, fica mais potente e mantém a disposição off-road

por Eduardo Rocha/ AUTO PRESS

O Marruá nasceu para ser, literalmente, uma arma de guerra. Tanto que a Agrale entrega para o Exército Brasileiro cerca de 60% da produção do utilitário, que gira em torno de 100 unidades por mês. Os 40% que sobram são divididos entre outros exércitos – de países como Argentina, Peru e Colômbia, por exemplo – e empresas que precisam trafegar em lugares ermos e de difícil acesso. Seja para uma concessionária de energia alcançar uma linha de transmissão no meio do mato, seja para uma mineradora enterrar o veículo nos túneis de alguma mina. As vendas ao consumidor final até existem, mas são irrisórias. Em todo o ano de 2011 foram apenas 36 unidades emplacadas. Por esse perfil absolutamente pragmático e indiferente ao mercado geral, o modelo lançado em 2003 não teria mudanças, a não ser que fosse obrigado. Foi o que aconteceu com a entrada em vigor da fase P7 de emissões do Proconve, em janeiro deste ano. Para responder aos novos padrões de emissões, a Agrale simplesmente trocou a motorização do Marruá. Passou a adotar um propulsor Cummins ISF 2.8 Euro V, norma que serviu de referência para a P7. Mas como as normas do Proconve não são exigidas para veículos militares e em outros países, o Marruá mantém para estes casos a motorização anterior, de custo mais baixo. Trata-se do propulsor diesel MWM Sprint turbo Euro III de 2.8 litros, que gera 140 cv de potência a 3.500 rpm e 36,7 kgfm de torque entre 1.800 e 2 mil giros. Já o novo motor Cummins ISF 2.8 Euro V, que atende ao Proconve P7, é bem mais moderno e eficiente. Ele tem 150 cv de potência – 10 cv a mais –, que aparecem em um regime mais baixo, a 3.200 giros. O torque ficou nos mesmos 36,7 kgfm, mas agora se mantém em uma faixa maior de utilização, entre 1.800 e 2.700 rpm. Sem abrir o capô, a única forma de identificar um Marruá dessa nova fase é examinando o painel de instrumentos, que ganhou um novo desenho e até computador de bordo. Um computador de bordo não chega a ser um

luxo esperado em um Marruá. E, na verdade, foi um efeito colateral benígno do fato de o novo propulsor utilizar vários controles eletrônicos. Para alcançar os níveis de emissões exigidos ele adota o sistema SCR – sigla em inglês para redução catalítica seletiva – que injeta Arla 32 no escape do motor. Este processo é considerado mais seguro, uma vez que é capaz de suportar até um diesel de pior qualidade, com maior teor de enxofre que o indicado, S50. Na verdade, tudo no Marruá é pensado para “aguentar o tranco”. E nem havia mesmo outro jeito para ser homologado pelo Exército Brasileiro, onde é considerado um veículo para movimentação de tropas. Ele sequer precisa precisa mais enfrentar licitações – tem uma espécie de pré-aprovação. É por conta disso que as chapas da carroceria, por exemplo, têm 1,2 mm de espessura – em carros de passeio, usa-se medidas em torno de 0,7 mm. A capacidade “off-road” também impressiona. A começar pela altura livre do solo, que é de 23 cm na linha do diferencial e 35 cm na altura dos eixos. O ângulo de ataque é de espantosos 61º e a rampa máxima é de 60%. E o utilitário suporta inclinação lateral de até 30º – nos testes práticos, já chegou a 42º. Sem snorkel, o Marruá é capaz de atravessar uma lâmina d’água de 60 cm de profundidade. Esses números se aplicam às versões civis do Marruá – AM100, AM150, AM200 e AM300. As três usam a mesma motorização e podem ter cabine simples ou dupla, com ou sem caçamba. As diferenças entre as versões são estruturais. O entre-eixos é de 3,10 m no AM100, 3,35 m nos AM150 e AM200 e 3,70 m para o AM300. Já a capacidade de carga é de 3.500 kg para os AM 100 e AM150, 4.300 kg no AM200 e 6 mil kg no AM300. Todos têm transmissão 4X2 com roda livre e sistema 4X4 sem reduzida. Os preços desse autêntico “pé-de-boi”, que não traz de série nem ar-condicionado, começam em torno de R$ 130 mil. E ainda assim, para comprá-lo é preciso ir até um concessionário e fazer a encomenda, pois não há unidades para

Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias

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pronta-entrega. Essa é a maior prova da falta de intenção da Agrale em colocar o Marruá para brigar no mercado de varejo.

Primeiras impressões

Caxias do Sul/RS – O Agrale Marruá não é para frouxos. Nem para quem busca bons-tratos e delicadezas. Isso fica explícito em cada detalhe do utilitário. A forração das portas e do teto são em chapas plásticas rígidas moldadas, como aqueles que se usam nas costas dos encostos de ônibus e o piso é coberto por uma manta de borracha vulcanizada. Depois de uma sessão “off-road”, pode-se tranquilamente dar uma mangueirada no carro, sem medo de estragar alguma coisa – tem até ralos para escoar a água. O quadro de instrumentos é completo, com conta-giros, computador de bordo e muitas luzes-espia. O desenho do painel segue uma impecável lógica de praticidade, sem preocupações com design. Em meio a todo estoicismo do Marruá, encontra-se algum conforto nos bancos, firmes na medida correta, e no grande espaço interno, inclusive na ótima altura livre do habitáculo. Na versão testada – AM100 cabine dupla com caçamba para cinco passageiros – há um vão entre os dois assentos dianteiros de cerca de meio metro, ocupado por um assento extra na versão para seis pessoas. Mas a mesma filosofia pragmática volta a ser aplicada ao exterior do veículo. Para-lamas, portas, caçamba e vidros são retos, sem detalhes. As dobradiças das portas são externas, sem firulas nem acabamentos esmerados. O capo ainda apresenta dois grandes vincos, que só têm mesmo a função de ganhar altura na área do motor. A função da carroceria é reduzida ao básico. Ou seja: cobrir e proteger os ocupantes, as entranhas do veículo e nada mais. Em movimento, o Marruá continua na sua aparente falta de poesia. Não há maiores preocupações em filtrar as irregularidades do solo. Menos ainda de bloquear a entrada

de ruídos. Ele também não se mostra muito afeito a encarar mais ousadamente as curvas. A direção hidráulica só alivia mesmo o peso em baixas velocidades, para manter a boa manobrabilidade. Já a pega do volante é agradável, mas o câmbio é um clássico queixo-duro, com engates bem secos. Nada que instigue uma condução mais esportiva. Por outro lado, consegue manter um bom ritmo de viagem, mesmo que a estrada seja sofrível. Nesse quesito, em relação à diversão, quanto pior melhor. Depois de alguns quilômetros de estrada de terra, o AM100 chegou à trilha usada como campo de provas, nos arredores de Caxias do Sul. É um trecho com pedras, buracos, valões, rio e barrancos. E é aí que no Marruá se sente em casa. Antes de encarar o trecho mais pesado, é preciso descer do jipe e engatar a roda-livre – uma trava engata o cubo das rodas dianteiras ao eixo de tração. Depois disso, é preciso acionar a alavanca que acopla o 4X4. O Marruá não tem reduzida. A primeira marcha, que tem uma relação de velocidade/rotação curtíssima, de aproximadamente 7 km/h/1000 giros, funciona como marcha-trator. Numa descida acentuada, o freio-motor mantém a velocidade baixa, sem que seja preciso utilizar o freio. Esta marcha-trator credencia também o utilitário a encarar rampas bem íngremes e subir barrancos – no que se vale também do excelente ângulo de ataque, de 61º. A grande altura livre para o solo simplifica a transposição de obstáculos, como pedras e pequenos troncos. As travessias de lâminas d’água também são bem facilitadas. Todas as características do Marruá atendem à lógica de buscar o máximo de desempenho em situações fora-de-estrada, com simplicidade e robustez. Essa grande capacidade “off-road” do utilitário da Agrale tornaria bastante perdoável a falta de conforto e requinte. Não fosse, claro, o preço salgado. Para isso, o mercado não tem perdão.


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Quase na hora por Augusto Paladino/AUTO PRESS

A BMW está pron-

Foto: Divulgação

ta para lançar a segunda geração do Série 1 no Brasil. O modelo será apresentado à imprensa no próximo dia 12 de março e inicialmente comercializado em apenas uma versão, a 118i Sport. Ela é equipada com um motor de apenas 1.6 litro, mas turbinado para render 170 cv e 25,5 kgfm de torque a apenas 1.500 rpm. As outras versões do modelo, sempre com motor a gasolina, deverão chegar ao longo de 2012. A 118i Sport será vendida por cerca de R$ 120 mil e já pode ser reservada em algumas concessionárias.

BMW Série 1


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Bela viola por Augusto Paladino/AUTO PRESS

A Jaguar caprichou

Foto: Divulgação

no desenho da nova XF Sportbreak. A segunda station wagon da história da marca inglesa segue o desenho elegante do sedã, mas ganhou traços únicos na traseira. O modelo era a versão que faltava para a Jaguar concorrer diretamente com o BMW Série 5 Touring e a Mercedes-Benz Classe E Estate. Os motores serão os mesmos do sedã, cuja gama parte de um quatro cilindros diesel de 2.2 litros e 190 cv e segue até o furioso V8 de 5.0 litros com compressor e 510 cv do XF R.

Jaguar XF Sportbreak


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Grande esporte por Augusto Paladino/AUTO PRESS

Estava demorando para a Mini criar uma versão esportiva do crossover Countryman. A maior novidade da marca para o Salão de Genebra foi a configuração apimentada John Cooper Works. A versão tem o mesmo apelo esportivo do hatch, do conversível e do mais recente cupê da marca. Além das alterações visuais, que incluíram rodas maiores – de 18 polegadas – e novos elementos aerodinâmicos, sob o capô do John Cooper Works funciona o eficiente 1.6 litro THP de 215 cv em conjunto com a tração integral All4. O conjunto é capaz de levar o maior Mini já produzido – tem 4,09 metros de comprimento – do zero aos 100 km/h em 7 segundos e a velocidade máxima de 223 km/h.

Foto: Divulgação

Mini Countryman John Cooper Works


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Automotivas por Augusto Paladino/AUTO PRESS

Low profile – Tão discretas quanto a própria minivan Livina foram as recentes modificações visuais que a Nissan promoveu para a linha 2013. O modelo ganhou uma grade frontal ligeiramente diferente da anterior, além de novos pacotes de equipamentos. Agora, todas as versões trazem airbags frontais de série e o preço parte dos R$ 44.990 para a mais barata com motor 1.6 16V de 106 cv, que também vem com direção com assistência elétrica e ar-condicionado. Sistema de som e rodas em liga leve só a partir da configuração intermediária, a S, que custa R$ 46.990. Luxo supremo – A Mercedes-Benz quer mesmo comemorar em grande estilo os 60 anos de produção de grandes cupês luxuosos. Para isso, lançou o CL Grand Edition, que reúne detalhes exclusivos a toques de esportividade da divisão AMG. O supercupê ganhou rodas de 20 polegadas e pintura especial, disponível apenas nas cores preto, prata e branco, mas em tons diferentes da linha comum. A lista de equipamentos beira a soberba, com itens de conforto dignos da mais alta estirpe, como os deliciosamente supérfluos bancos massageadores. A Grand Edition vem somente no CL500, com o V8 de 435 cv ou na CL600, que usa o V12 de 517 cv. Argolas verdes – De olho nos custos crescentes do petróleo e na onda ecológica, a Audi pretende ampliar rapidamente seu porfólio de modelos híbridos e elétricos. A alemã deverá lançar até 2014 versões ecologicamente corretas – chamadas e-tron – dos novos A3, A4 e do enorme utilitário Q7. As pesquisas se concentram em reduzir os custos de produção da tecnologia, para torná-la viável ao público. O primeiro da lista deverá ser o A8 e-tron, totalmente elétrico, previsto para 2013. A Audi quer ser a maior vendedora de carros elétricos e híbridos do mundo até 2020, com pelo menos uma versão ecológica em cada segmento onde atua. Sucesso anunciado – A Hyundai tem razões para comemorar. A marca sul-coreana registrou um crescimento de 28% nas vendas globais em fevereiro, em relação ao mesmo mês de 2011. Foram 360.979 carros comercializados ao redor do mundo, com destaque para o mercado norte-americano, onde os sedãs Sonata e Elantra têm alcançado notável sucesso. Além deles, o cupê Veloster também impulsionou as vendas. Apenas nos Estados Unidos, o crescimento chegou a 18% em relação a fevereiro do ano passado e o total passou aos 53.647 carros emplacados. Atraso polêmico – A chinesa Chery enfim anunciou oficialmente o recall no hatch S18, cerca de um mês após a denúncia de falhas no pedal de freio do modelo. O modelo chegou a ter as vendas suspensas para a correção em um problema no pedal de freio, que poderia se entortar em frenagens mais fortes devido à fragilidade da peça. Antes da detecção do defeito, 52 unidades do carro foram vendidas e, segundo a marca, todos os proprietários já foram convocados para a substituição do componente. Os carros ainda em estoque foram consertados antes da venda. Inglês milionário – A Land Rover tem conseguido se manter rentável sob a batuta da indiana Tata. Agora, a marca inglesa atingiu o recorde de 1 milhão de unidades do Discovery, o jipe criado para ser o “meio do caminho” entre o mais simples Defender e o luxuoso Range Rover. Para comemorar o feito, a Land Rover irá promover uma expedição que seguirá da sede da empresa em Birmingham, na Inglaterra, até Pequim, na China. Serão mais de 13 mil quilômetros percorridos em 50 dias, a tempo de chegar para a abertura do Salão de Pequim, em 23 de abril.


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Ultramaratonistas O que move esse seleto grupo de corredores capaz de enfrentar provas sem fim, temperaturas extremas e dores no corpo? por RODOLFO LUCENA /Folhapress

Eu estava exausta, com fome e muita sede. Tinha câimbras alucinantes nas mãos. Não conseguia segurar o garfo, e as pessoas me olhavam com cara de espanto.” Manuela Vilaseca, 34, tinha acabado de completar uma corrida por vales e montanhas da Patagônia, no sul da Argentina. Depois de 34 horas e 27 minutos, foi a campeã feminina nos duríssimos 160 km de La Mision, a primeira ultramaratona da atleta carioca, dona de uma loja de quadros e molduras. Ultramaratonas são corridas a pé em distâncias maiores do que os 42.195 metros da já exaustiva maratona. Há desafios de todo o tipo: 50, 80, 160 quilômetros... Também podem ser disputadas por tempo, ganhando quem faz mais quilometragem ao longo de seis horas, 48 horas, seis dias ou mais. Há provas no asfalto nosso de cada dia, mas as que mais seduzem são as realizadas em montanhas ou trilhas, em condições extremas de temperatura, que testam não só a resistência, mas a própria capacidade de sobrevivência do corredor. Não são empreitadas para qualquer um. Mesmo assim, é crescente o número de pessoas que buscam esse gênero de aventura. Nos Estados Unidos, o número de concluintes aumentou em 50% de 2008 a 2010. No Brasil, não há estatísticas, nem mesmo sobre o número total de provas. Foram pelo menos 20, segundo compilação do site Atividade Fisica (www. atividadefisica.net), mais que o dobro de maratonas convencionais realizadas no país no ano passado.

Poucos apaixonados

Algumas provas ficam em poucas dezenas de participantes. A mais tradicional no Brasil, a Supermaratona de Rio Grande, de 50 km, teve no ano passado 208 concluintes. Em sua primeira edição, em 1994, foram 27. São poucos, mas apaixonados. “Depois que descobri as ‘ultras’, toda aquela quilometragem foi me envolvendo, dava uma sensação de ser superpoderosa por papar tanto chão”, diz Débora Simas, recordista da BR 135, corrida de 217 km em montanhas de Minas Gerais e São Paulo. A norte-americana Pam Reed, primeira mulher a vencer a ultramaratona de Badwater, que tem 217 km e é considerada a mais difícil do mundo, concorda. “Completar uma ultramaratona pode mudar a sua vida. É preciso ser um atleta de um tipo especial. Você tem bolhas, perde as unhas, sofre câimbras, tem dores estomacais e outros tipos de problema. É muita coisa apenas para provar para você mesma que é capaz. Se você faz uma ‘ultra’, faz qualquer coisa”. Essa consciência “’ou essa crença-- é um dos maiores motivadores dos “ultras”, na opinião da psicóloga do esporte Katia Rubio, professora e pesquisadora da USP. “Vivemos em uma sociedade em que somos desafiados a todo o instante a nos superar, seja no trabalho, seja nas relações afetivas e sociais. O esporte acaba casando como uma luva, porque ele é socialmente aceito e recomendando, ainda que seja para atividades tão fora do padrão.” Motivações psicológicas à parte, os ultramaratonistas dizem se sentir bem com o que fazem. “Gosto pela possibilidade de, sem ficar ofegante, correr horas ao lado de um amigo e falar sobre vários assuntos”, diz João Gabbardo dos Reis, médico que, no ano passado, correu 160 km em uma prova de 24 horas. “O melhor tempo de minha vida veio agora, aos 56 anos.” Essas provas exigem mais maturidade dos desafiantes.

Treinos longos

Valmir Nunes, principal ultramaratonista do país e treinador, afirma: “O ideal é a pessoa começar com provas de menores distâncias, fazer algumas maratonas e depois passar para a ‘ultra’. Tem que gostar de treinos longos.” A grande exigência para quem quer enfrentar esse desafio é ter tempo para treinar. Jornadas de quatro, cinco horas

Foto: /Folhapress

correndo em ritmo descansado são a recomendação de vários treinadores. Os treinos podem ser divididos (duas horas pela manhã, duas à tarde, por exemplo), mas interferem na rotina. Mesmo assim, os mais jovens vêm se aventurando nessa trilha. Aos 31, o empresário Gustavo Fabiano fez a sua primeira “ultra” no ano passado, apesar de correr desde a adolescência. “Correr uma maratona não me satisfazia mais, a superação dos limites sempre me interessou”, diz ele, que participou em julho de uma corrida noturna de 12 horas. Tirou o primeiro lugar na sua faixa etária e ficou tão entusiasmado que já se inscreveu para correr uma prova de 24 horas. Essa fome por mais e mais é uma constante. Militar da Força Aérea, Jorge Cerqueira, 45, se apresenta como Jorge Ultramaratonista e fez cinco provas do gênero em 2011. Mesmo número contabilizado pelo jornalista Harry Serrao, 38, um dos poucos brasileiros a enfrentar com sucesso os 246 km da Spartathlon, prova que vai de Atenas a Esparta, na Grécia. O analista de sistemas Marcio Villar, 44, deixa os dois para trás: completou seis, uma delas de 217 km na neve, sob 50º C negativos. E sonha em bater o recorde mundial de sete dias em esteira. Parece absurdo, considerando que especialistas em esporte recomendam no máximo duas maratonas por ano. E pode ter ares de compulsão, alerta o psicólogo do esporte e ultramaratonista Oscar Francisco Prisco Silva. “[O risco] é que traga para a pessoa uma satisfação momentânea, um bem-estar tão grande que ela perca a noção da realidade. O apaixonado é endorfinado, vive intensamente o momento, mas não planta nada para o futuro.”

Poder curativo

Porém, a corrida em distâncias muito longas tem potencial curativo, segundo o empresário campineiro Roberto Filho, 34: “Tive problemas emocionais e até pensei em tirar minha vida. No ano passado, decidi voltar a correr e encarar um desafio maior que minha depressão, uma corrida de 12 horas.” Tendo corrido no máximo, até então, os 15 km da São Silvestre, conseguiu 84.475 metros no desafio. “Foi muito acima do que podia imaginar. Foi tão bom que superei a depressão. Sempre que vejo algo difícil na frente, lembro que tenho que ser ultra em tudo, pois é devagar que se chega longe.” Ultramaratona é ‘insano’, diz médico Quer aval para fazer ultramaratona? Não conte com os médicos. Para eles, os eventuais benefícios da atividade não compensam os riscos. “Ninguém precisa desse volume de treino e de provas tão exigentes para se beneficiar da atividade física. E é praticamente impossível fazer uma ultramaratona sem prejudicar, no mínimo, o aparelho locomotor”, diz Paulo Zogaib, professor de medicina do esporte da Unifesp. Fazer ultramaratona é “insano”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho, Ricardo Cury. “Mesmo na maratona tradicional, o risco de lesões é grande. E cresce exponencialmente com o aumento do esforço exigido”, afirma. A sensação de bem-estar por ter cumprido o desafio pode superar danos para alguns, diz Zogaib. Mas a maioria não sai ilesa da prova. Além dos efeitos da sobrecarga nos músculos e articulações, o excesso afeta os sistemas endócrino e imunológico e o coração. “O músculo cardíaco também entra em fadiga”, diz Zogaib. Há, sim, uns poucos atletas que conseguem manter os riscos sob controle. Para os outros, o prêmio pode ser uma lesão por toda a vida. “Do ponto de vista fisiológico, não há dúvida de que esse tipo de atividade está descartado”, diz Zogaib.


antenado

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Modernização japonesa “E Depois”, de Natsume Soseki, aborda impasses da modernização japonesa

por ALCINO LEITE NETO /Folhapress

O Japão é um continente literário ainda pouco conhecido no Brasil. Obstáculos de ordem cultural e editorial limitaram por aqui as traduções da prosa e da poesia do país, que floresceram antes do século 8º e durante mais de mil anos conheceram vários períodos de esplendor. Pouco a pouco, entretanto, algumas editoras vão superando essa lacuna brasileira -entre elas destaca-se a Estação Liberdade. A editora tem se concentrado em autores do século 20, como Yasunari Kawabata (1899-1972), Nagai Kafu (1879-1959), Masuji Ibuse (1898-1993), Jun’ichiro Tanikazi (1886-1965) e o badalado Haruki Murakami. Mas também traduziu clássicos do século 19, como Kakuzo Okakura (1862-1913), e um autor crucial para a fundação da literatura moderna no país, Natsume Soseki, de quem editou em 2008 “Eu Sou Um Gato” (1905) e agora publica “E Depois” (1909). Soseki (1867-1916) é o rebento literário mais expressivo da Restauração Meji, período histórico que se iniciou em torno de 1868 e foi o início da modernização das estruturas políticas e administrativas do Japão e do seu esforço de aderir ao modelo de economia capitalista.

“E Depois” aborda as consequências dessas mudanças na vida da nova burguesia do país e de seus filhos, como Daisuke Nagai, o protagonista do livro. Como os dândis em voga na Europa no início do século 20, ele passa o tempo cultivando a literatura, as artes e padecendo do “an’nyui” (tédio, do francês “ennui”, como explica a tradutora Lica Hashimoto, numa das esclarecedoras notas). O foco de Soseki são as aflições amorosas (a paixão por uma mulher casada), familiares (a recusa de um casamento arranjado), existenciais e psicológicas deste personagem, indeciso entre a tradição e a modernidade, os modos orientais e os ocidentais, a revolta e a indiferença. Nos interstícios do drama de Daisuke, porém, o autor aponta para impasses ainda maiores -sinalizados por greves, escândalos de corrupção e “o crescente aumento da pobreza na cidade de Tóquio”-, que configuram “E Depois” como um sólido e afiado romance social. E depois Autor Natsume Soseki Editora Estação Liberdade Tradução Lica Hashimoto Quanto R$ 49 (288 págs.) Avaliação ótimo

Foto: Folhapress

escritor japonês Natsume Soseki, autor de “Eu Sou um Gato”.

teen

Quase famosos

Agência paulistana traz nomes do novo pop conhecidos só na internet, como All Time Low, The Maine e The Pretty Reckless

por THALES DE MENEZES /folha Press

Enquanto grandes nomes do rock e pop mundial vêm cada vez mais ao Brasil, uma empresa aumenta sua fatia nesse mercado com um foco bem específico: o chamado rock alternativo teen. O nome já explica muito: Web Rockers. A produtora de shows trabalha com grupos que são conhecidos no Brasil pela internet, muitos ainda sem disco lançado por aqui. No comando da operação, em São Paulo, o casal Marcio Faveri e Patrícia Tinajero organiza turnês de bandas gringas no Brasil e também no Chile e na Argentina. “Empresas maiores focam em medalhões e grandes festivais. São nomes para um público de 25 anos para cima. A molecada não quer saber deles”, teoriza Faveri, 40. Segundo ele, grupos brasileiros que seguem a linha de Restart, NX Zero e Cine “praticamente plagiam bandas lá de fora; a Web Rockers optou por trazer os originais.”

Ingressos esgotados

São bandas de pop rock, algumas ligadas à cena de skate, outras mais pesadas. Talvez o nome mais conhecido seja o quarteto All Time Low. Quando a banda veio ao Brasil, em janeiro do ano passado, os ingressos esgotaram. O All Time Low volta a São Paulo no dia 20 de maio e os ingressos já estão sumindo. “Eles são o novo Blink 182”, sentencia Faveri. Antes disso, em março, acontece em São Paulo, Rio e Curitiba a primeira edição do “Next Generation Fest”, evento que a empresa vai realizar duas vezes por ano. A segunda edição está confirmada para setembro. A “festa da próxima geração” traduz a proposta da empresa: mostrar antes bandas que ainda vão fazer sucesso. Em março, o line-up é The Ready Set, A Rocket to the Moon e We Are the In Crowd. “Nosso trabalho é ‘real time’, trazemos a banda para cá quando está começando a estourar por lá”, diz Faveri. Segundo ele, o Mayday Parade, que vem para a segunda “Next Generation Fest”, foi convidado para o Lollapalooza. “Aqui será

headliner, diante de seu público. Lá tocaria à tarde, para pouca gente ver.”

Foto:divulgaçÃo

Musa loira

O nome mais bombado na escalação 2012 da Web Rockers é The Pretty Reckless. A banda faz três shows no Brasil em agosto, comandada pela loira Taylor Momsen, atriz da série “Gossip Girl”. Mesmo com uma musa da internet no vocal, talvez a banda não repita a histeria provocada pelo quinteto The Maine, que a empresa trouxe ao Brasil no ano passado. “Citibank Hall lotado com 3.500 pessoas e mais 1.000 na rua. No hotel, quase 300 garotas na porta, tipo Beatles”, conta Faveri. As fãs chegaram a morder os seguranças. A Web Rockers está na ativa desde 2008 e trouxe ao Brasil Toy Dolls, ZZ Top, Social Distortion e Pennywise. Em 2009, o casal estava na Itália, e Patricia viu na TV o Anberlim. “Convenci o Marcio a trazê-la porque era a banda que influenciava o Fresno, que estava no auge naquele ano”, conta ela. “Nos especializamos no mercado teen. Eram os emos, mas hoje ninguém mais quer ser chamado assim”, diz Faveri, ressaltando que não trabalha com patrocinadores. “Nunca recebi um real de empresa alguma. A gente vive do dinheiro dos ingressos.” Antenado com a moçada que caça música na rede, esse dinheiro deve aumentar.

O que vem por aí

The Ready Set A banda americana de emo-pop, liderada por Jordan Witzigreuter (foto), vem pela primeira vez ao Brasil em março. Ouça “Love Like Woe”: bit.ly/aHv4bi The Pretty Reckless A banda da musa Taylor Momsen deve fazer em agosto o show mais concorrido da Web Rockers em 2012. Ouça “Miss Nothing”: bit.ly/heafvo

A cantora americanaTaylor Momsen


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Jornal do Meio 632 Sexta 23 • Março • 2012


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