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Braganรงa Paulista

Sexta

23 Novembro 2012

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jornal do meio

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para pensar

Jornal do Meio 667 Sexta 23 • Novembro • 2012

Expediente

Morte de policiais,

Mons. giovanni baresse

Prisões e a esperança

Acompanhamos, nestes dias, em nosso Estado, o recrudescimento de ações violentas e, com elas, muitas mortes. Policiais, pessoas com antecedentes criminais, pessoas sem nenhum tipo de envolvimento com delinquência e até crianças. Afirma-se que a situação é movida por comandos de uma facção criminosa. Tão bem organizada que, mesmo seus lideres estando presos, tem tamanha ramificação que consegue passar objetivos e cobra que sejam resultados. Os governos federal e estadual travaram duro diálogo sobre cooperação ou não diante do aparente descontrole. O ministro da Justiça falou, em entrevista, que preferiria morrer a ficar preso em nossas cadeias. Sua frase foi tema de muitos comentários. Um ministro do Supremo Tribunal Federal disse que a declaração era tardia. Comenta-se, igualmente, a disseminação das ações para outros estados e para as cidades do interior. Esse quadro faz-me vir à mente a realidade vivida pelo povo judeu nos dois séculos que antecederam o nascimento de Jesus Cristo. Especialmente a situação deles na

grande colônia que se tinha formado em Alexandria, no Egito. Os reis da dinastia selêucida se empenhavam, até de modo violento, para destruir usos e costumes e a religião dos Patriarcas. Muitos, amedrontados ou levados pelo desejo de sobreviver, abjuravam suas raízes e princípios. Nesse quadro surge a literatura apocalíptica. Caracterizada pela utilização de seres fantásticos, números e diversas outras maneiras de criptografar a descrição da realidade. A finalidade é a resistência e a de não deixar morrer a esperança. O sofrimento era grande, mas a promessa do Deus libertador seria cumprida. Os dois livros dos Macabeus trazem uma descrição dramática e comovente. Situo-me, nestas linhas, no livro de Daniel, no capítulo 12, 1-3. Diz o texto: “Nesse tempo levantar-se-á Miguel, o grande príncipe, que se conserva junto aos filhos do teu povo. Será um tempo de tal angústia qual jamais terá havido até aquele tempo, desde que as nações existem. E muitos dos que dormem no solo poeirento acordarão, uns para a vida e outros para o opróbrio, para o horror eterno. Os

que são esclarecidos resplandecerão, como o resplendor do firmamento; e os que ensinam a muitos a justiça hão de ser como as estrelas, por toda a eternidade”. Trata-se aqui dum dos primeiros anúncios da ressurreição no Primeiro Testamento. Nessa linguagem está contida a realização da Esperança de um povo escravizado. A fidelidade seria recompensada pela vida. Esta não terminaria na mansão dos mortos (sheol), mas seria vivida como brilho nos céus. O mesmo linguajar apocalíptico é usado nos dois primeiros séculos cristãos. A situação é da dominação romana (sofrida por judeus e cristãos) e a perseguição dos cristãos, dentro das comunidades judaicas, que viam a crença em Jesus de Nazaré como heresia. Os evangelhos utilizam, especialmente quando falam do final dos tempos, este gênero literário. O livro do Apocalipse é o texto mais aderente a esse tipo de linguagem. Tem, igualmente, a finalidade de despertar nos cristãos a certeza de que aquele tempo duro e sofrido vai passar e a última palavra será

do Cristo, Cordeiro imolado, e dos que com “as veste brancas e folhas de palmeira nas mãos, lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro” (7,9). A verdade bíblica deve ser, para os cristãos, o ponto de referência para refletir e agir diante das situações apontadas no início destas linhas. Creio que se exige mudança de atitude em relação ao modo com o encaramos a formação de nossas famílias. A grave responsabilidade de não nos omitirmos em auxiliar a juventude a ter clareza sobre o que significa o Amor que leva ao casamento. A não baratearmos a família que a Sagrada Escritura nos aponta como aquela querida por Deus. O cuidado com a herança da fé que passamos às nossas crianças. Não se trata de enchê-las de conteúdos doutrinais. Trata-se de mostrar com a vida aquilo que cremos e em quem cremos. Não basta pedir batismo, colocar na catequese, encaminhar para a crisma. É preciso ser coerente. Para que crianças e jovens vejam que os adultos vivem aquilo que falam. Ao lado das ações pessoais e familiares

Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

é urgente uma atitude de maior participação cidadã nas estruturas sociais. Que nossas prisões não reeducam é sabido. Trabalhos como a APAC nem sempre são entendidos e valorizados. E não contam com muita gente disposta a dar seu tempo. A situação dos policiais também deve ser totalmente remodelada. No seu preparo, nas condições de trabalho, na remuneração justa e suficiente. Cabe às autoridades, que exercem o poder em nome do povo, liderar essa revitalização social. Cabe a cada um, parte do conjunto social que sofre, participar a seu modo para que Justiça e Paz se abracem (Salmo 85,11).


teen

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Do jeito que é

Para especialista, campanha de Lady Gaga pela autoestima vai ajudar adolescentes a tratarem anorexia e bulimia Por DANILA MOURA /folhapress

Na semana passada, milhões de adolescentes foram convocados por Lady Gaga a aceitarem seus corpos do jeito que eles são: magros, gordos, pouco importa. “Seja corajoso e celebre seus defeitos perceptíveis condenados pela sociedade”, escreveu ela em seu site e nas redes sociais. A campanha “Body Revolution 2013”, lançada pela cantora em resposta às críticas que recebeu recentemente por estar mais, digamos, “cheinha”, trouxe à tona uma revelação grave. Desde os 15 anos, Gaga diz sofrer transtornos psicológicos alimentares. Trocando em miúdos, ela tem bulimia e anorexia, os mais comuns do gênero, que atingem cerca de 4% da população mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde. Adolescentes respondem por dois terços da estatística. Não é sempre que os dois distúrbios ocorrem juntos. A anorexia é fruto de uma busca incansável pela magreza. Para tanto, são usados métodos como jejuns, excesso de exercícios físicos, vômitos provocados e uso de remédios, desde laxantes a moderadores de apetites. A bulimia, por sua vez, envolve dois aspectos. Primeiro a compulsão alimentar -o paciente perde o limite e come muito além do que pode. Depois, envergonhado e arrependido, recorre a vômitos e remédios para perder o que ingeriu. Nos dois casos, a realidade se turva para o paciente. Quanto mais ele emagrece, mais peso quer perder. Quanto maior a compulsão por alimentos, mais radicais os meios para expulsar a comida que foi ingerida. A causa dessas doenças pode ser genética, mas o bem-estar psicológico está intimamente ligado às manifestações dos sintomas. “Várias coisas podem funcionar como gatilho desses transtornos: falta de comunicação na família, sofrer bullying na escola, o fim de um namoro ou a busca pelo encaixe em determinados modelos de beleza”, explica o psiquiatra Takí Cordás.

Foi Cordás que criou, em 1992, o Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas, em São Paulo, o primeiro do ramo no Brasil. Na época, os atendimentos eram raros e pouco se falava do assunto. A média de atendimentos era de um a cada 15 dias. Hoje, o Ambulim, como é conhecido, tem um braço que atende adolescentes, todos gratuitamente. Cerca de 3.000 pacientes de todo o Brasil recebem tratamento (que pode incluir internação) permanente.

Tratamento Desde 2001, quando foi iniciado o atendimento a crianças e adolescentes, 94 (11% do total é de garotos) foram tratados e até hoje são monitorados pela equipe. O processo é multidisciplinar e aborda desde aspectos alimentares à reconstrução da autoestima, como pretende o projeto de Lady Gaga. Médicos, terapeutas, nutricionistas e professores de educação física são envolvidos no processo. Primeiro, se busca a conscientização do problema. Depois, a ideia de que é possível ser feliz com o corpo que se tem. “A moda, a publicidade, a TV, tudo isso trabalha para que você se adeque a um determinado padrão. Adolescentes são mais suscetíveis a essa massificação e, quando não se acham adequados a ela, podem terminar em um círculo vicioso e doentio”, alerta Takí Cordás. Pais, amigos e professores não devem subestimar episódios de compulsão alimentar ou de vômito forçado. “Às vezes, isso é a semente de algo maior e mais grave. Pouco importa se Lady Gaga vai vender mais discos por causa da campanha; o que importa é ela chamar a atenção para um problema para o qual o melhor tratamento ainda são a informação e o diagnóstico precoce”, diz Cordás.

Como tratar A Associação Brasileira de Psiquiatria pode indicar profissionais e centros de estudos. Mais informações: abpbrasil.org.br.

Em São Paulo, o Hospital das Clínicas faz triagens periódicas e oferece o mais completo tratamento do gênero no Brasil. Mais informações: ambulim.org.br. Depoimento “A vida da gente não pode ficar à mercê da balança” BEATRIZ* Aos 15 anos, eu comecei a provocar vômitos sempre que achava que tinha comido demais. Mas esses episódios eram raros. Por volta dos 17, eu estava bem acima do peso e fiz uma série de dietas rigorosas. Fiquei viciada em emagrecer, forçava o vômito e me obrigava a comer no máximo 700 calorias por dia (o recomendado são 2.000). Eu gostava de ser elogiada pela silhueta e caber em roupas que meu peso normal não permitia. Toda adolescente gosta disso. Mas foi se tornando excessivo, e eu não percebia que estava magra demais. É difícil para uma anoréxica entender que a busca da beleza pela magreza pode torná-la uma pessoa feia, diferente do que

ela procura. Por causa da falta de nutrientes, meu cabelo ficou ralo, minhas unhas, quebradiças, e meus dentes, fracos. Eu, que tenho 1,70 m, cheguei a pesar menos de 50 kg. Foi minha mãe quem percebeu o problema e me ajudou a buscar tratamento, depois de insistir muito. Não posso dizer que estou curada, mas o problema está sob controle. Vou a consultas regulares para monitorá-lo e fiz questão de falar sobre o assunto com minhas amigas, com meu namorado e com colegas de escola. Eu sei que na maior parte das vezes dá vergonha falar sobre isso. Mas é preciso vencer o medo. A vida da gente não pode ficar à mercê da balança. Acho bom quando famosos revelam que sofrem do mesmo problema. Isso estimula jovens como eu aceitar que têm um problema e que podem se tratar. Beatriz (nome fictício), 19, é estudante e mora em São Paulo Foto: Image Source/Emma Innocenti


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Slackline traz equilíbrio e concentração aos praticantes colaboração SHEL ALMEIDA

Ainda pouco difundido no Brasil, o três vezes por semana. “Vi algumas pessoas Slackline é uma atividade capaz de fazendo na praia também”, diz. No começo, agradar adultos e crianças. Trata-se a dificuldade é conseguir ficar em pé na fita, de um esporte de equilíbrio, onde os par- depois é conseguir dar alguns passos. “Depois ticipantes andam sobre uma fita de nylon de uns três passos você já consegue andar”, estreita e f lexível, amarrada em ár vores diz Karen. É possível observar que, enquanto alguns centímetros do chão. Em Bragança, estão em cima da fita, os praticantes mantêm um grupo de pessoas já vem praticando o o olhar sempre para frente, de maneira fixa e Slackline há cerca de um ano e meio. Os concentrada. “É um dos segredos do Slackline, encontros acontecem às margens do Lago olhar sempre pra frente, nunca para a fita. do Taboão, na Av. Dom Pedro I, próximo à Isso ajuda no equilíbrio e na concentração”, Av. Marcelo Stéfani. De acordo com Lucas explica Karen. “Você tem apenas que sentir Vilchez, um dos primeiros praticantes do a fita e ficar concentrada nisso”, diz Raíssa. Slackline na cidade, quem trouxe o esporte pra cá foram os amigos Fidelis Lenzini e Pedro Serrano. “Eles conheceram na Bahia. Para o atleta e professor de jiu jitsu Juninho Quando voltaram, convidaram alguns amigos Boi, a prática do Slackline tem muitas vane começamos a nos reunir. Aos poucos foi tagens. “Traz benefícios para a musculatura parecidos com os do pilates, é capaz de enchegando mais gente,” fala. Marcelo Branco também faz parte do primeiro treter a família toda, além de que, aqui em grupo de praticantes em Bragança. “No começo Bragança, a gente aproveita mais o espaço vinham umas seis pessoas”, fala. Aos poucos, do Lago”, afirma. “Quem quer vir aprender outras foram se juntando ao grupo, alguns é só chegar. Todo mundo se sente à vontade convidados, outros que se aproximaram por porque ninguém aqui é profissional”, diz Elaine iniciativa própria. Foi assim com Raí Donizete. Carvalho, que estava com o grupo pela segunda vez. As únicas “Estou praticando necessárias há três meses. PasTraz benefícios para a musculatura coisas sava por aqui pra para praticar o parecidos com os do pilates, é capaz Slackline são as fazer caminhada. Vi, gostei e acabei me de entreter a família toda, além de fitas próprias para juntando ao grupo”, que, aqui em Bragança, a gente o esporte, a catraca conta. “Os caras que as prende e aproveita mais o espaço do Lago árvores. “É preensinam bastante”, diz. “É um esporte ciso que seja em Juninho Boi que chama a atenárvore por causa ção, as pessoas vêm d a força que o por causa da curiosidade”, explica Marcelo. “A corpo exerce na fita, já que as árvores têm molecada vem, a criançada fica olhando com raízes bem fundas”, explica Karen. Alguns vontade, a gente convida e alguns tentam”, praticantes sobem descalços na fita, outros completa Lucas. Hoje, cerca de 20 pessoas de tênis. De acordo com Douglas Ramos, participam do grupo assiduamente. E todos depende de cada um. “Pra começar é melhor dizem a mesma coisa: depois que começaram, descalço, pra sentir bem a fita e pegar mais não conseguiram mais parar. confiança. O tênis é bom por causa da queda”, diz. Como não tem controle sobre onde vai cair, o calçado protege os pés de pedras A prática do Slackline começou nos anos 80, ou qualquer outra coisa que possa estar no nos campos de escalada do Vale de Yosemite, chão. “Por isso algumas pessoas preferem no EUA. Nos tempos vagos, os escaladores praticar na praia, já que a areia é fofa”, diz esticavam as fitas de escaladas e ficavam an- Marcelo. “Existem até algumas modalidades dando, praticando o equilíbrio. Bem propício na água”, conta. “Esse esporte também pode ao verão, o esporte é muito sociável. Raíssa ser um complemento para outros, como surf Montagnani e Eduardo Kosovicz começa- e skate, já que também mexe muito com o ram há pouco tempo e já se sentem muito a equilíbrio”, diz. A maneira de utilizar a fita vontade, tanto com o esporte, quanto com também depende da prática de cada um. Os o grupo. “A vibração aqui é muito boa. Dá iniciantes precisam da ajuda de alguém para pra fazer muita amizade”, diz Raíssa. “Em se apoiar e conseguir ficar em pé. Lucas senta qualquer lugar com árvores dá pra montar. na fita e consegue se levantar, além de fazer Vejo muito em São Paulo”, diz Eduardo. algumas manobras, como abaixar-se esticar Além disso, o Slackline também é capaz as pernas, por exemplo. Douglas tem uma de trazer equilíbrio ao praticante, não só maneira bem diferente e inusitada de ficar quando está em cima da fita. “Um amigo era em pé. Ele senta na fita e começa a pular, muito afobado. Veio praticar, ficava irritado como em uma cama elástica, até que seu quando não conseguia. Aos poucos foi se corpo chegue a uma altura suficiente para concentrando e agora consegue andar pela que fique em pé. O rapaz chega até a deitar e fita”, conta Eduardo. “Dá pra ver a evolução se sentar na fita. “A evolução também é uma dele no esporte e como isso o fez ter foco coisa bem individual. Ele está praticando há e concentração na vida também”, completa uns cinco meses e já consegue fazer manoRaíssa. Para Karem Piniano, a prática do bras que normalmente levariam mais Slackline é viciante. Ela pratica há três meses, tempo de prática”, diz Lucas.

Equilíbrio

Concentração

Douglas Ramos consegue realizar diversas manobras no Slackline. É capaz de sentar e deitar na fita.

Lucas Vilchez é um dos primeiros praticantes de Slackline na cidade. “Quem trouxe o esporte para a cidade foram o Fidelis Lenzini e Pedro Serrano, depois de uma viagem pra Bahia”.

Enquanto Raíssa anda em uma fita, Lucas caminha por outra. Prática é sociável e ideal para o verão.


informática & tecnologia

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O guardião da web Internet Archive, a grande biblioteca da rede, lança serviço gratuito com 350 mil programas de TV dos EUA

PorALEXANDRE ARAGÃO

Tudo o que foi dito em programas jornalísticos de 21 canais da TV dos EUA, nos últimos três anos. Grátis, on-line e com sistema de busca. Esse é o recém-lançado TV News: site com 350 mil programas atualizado a cada 24 horas e aberto para ser pesquisado por qualquer pessoa. O serviço integra o Internet Archive (archive. org), instituição sem fins lucrativos criada em 1996 pelo nova-iorquino Brewster Kahle, 51. Pouco modesto, ele trata o portal como a reedição da Biblioteca de Alexandria, em referência à mítica coleção egípcia de livros que teria sido incendiada pelos romanos. “Nosso projeto é muito menor”, diz Kahle, em videoconferência com a Folha. “Mas, se o objetivo da internet for construir a nova Alexandria, podemos chegar bem perto.” O Internet Archive possui toneladas de arquivos, além de registros históricos de páginas da web -uma “máquina do tempo” que é o serviço mais popular do site. Kahle diz que pensa grande e leva em conta o bem comum, princípios aprendidos durante um estágio no Laboratório de Inteligência Artificial do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Em 1982, graduado em ciência da computação e engenharia, começou a trabalhar com bancos de dados. Assim criou a Alexa, empresa de análise de informações que vendeu à Amazon, em 1999, por US$ 250 milhões. Quando questionado sobre quanto investiu no Internet Archive, Kahle limita-se a dizer: “Milhões”. Há outras três fontes principais de dinheiro: usuários do site, a Fundação Alfred P. Sloan -criada por um ex-presidente da General Motors- e a Fundação Hewlett, de William Hewlett, cofundador da HP. IGREJA DA INFORMAÇÃO Uma parte do dinheiro foi gasta com uma antiga igreja em San Francisco que virou sede. Na entrada, estátuas ocupam bancos de madeira que antes serviam aos fiéis. Funcionários com mais de três anos de casa têm direito a uma escultura de seu rosto. “Nosso QG abriga principalmente pessoas”, diz. Elas ficam em um salão com piso de madeira, sem baias separando seus espaços de

trabalho -o fundador fica em uma sala com porta de vidro. “Mas também temos aqui parte dos nossos servidores.” Na parede da igreja, em um recuo adornado por um arco romano, um computador preto com luzes azuis exibe o logotipo do Internet Archive. Outros países abrigam servidores. Um deles fica, inclusive, na cidade de Alexandria. No Brasil, há um centro para escaneamento. Trata-se da biblioteca do Ministério da Fazenda, no Rio. Como em outras coleções parceiras, livros antigos são escaneados para depois serem postos na rede. “Enquanto conversamos, estou olhando para essas obras”, conta Kahle, referindo-se a um censo rural da Bahia, de 1920. É assim que Brewster Kahle idealiza o acesso à informação no Internet Archive: rápido, integral e on-line. Internet Archive já soma 150 bilhões de sites Ferramenta que “volta no tempo” e mostra versões de páginas como elas eram é o serviço mais popular do portal O projeto mais ambicioso e que atrai mais visitantes ao Internet Archive é o Wayback Machine, espécie de radiografia do passado da web. Por meio de robôs, o site varre grande parte das páginas on-line e guarda cópias -24 horas por dia, desde 1996. Hoje, é possível acessar pouco mais de 150 bilhões de sites antigos. O intuito, diz o fundador Brewster Kahle, é preservar a memória. “A internet é um registro de nosso tempo.” Páginas que impedem a varrição por robôs, como o Facebook, não aparecem na ferramenta. O Wayback Machine é uma das divisões do Internet Archive, que separa seus sistemas de busca por tipo de arquivo. Há textos, vídeos, música ao vivo e, com o TV News, programas jornalísticos da televisão. No total, são 6 milhões de documentos. Inspirado na biblioteca visual da Universidade Vanderbilt, em Nashville (EUA), o TV News é pioneiro ao disponibilizar jornalísticos de maneira organizada e on-line. “A Vanderbilt é a avó dos arquivos de TV nos Estados Unidos”, diz Kahle. No entanto, o

acervo da universidade, gravado desde 1968, possui apenas um sumário na rede. Para assistir ao material é preciso pagar uma taxa para recebê-lo em DVD, pelo correio. A experiência foi importante para definir legislação em relação a direitos autorais. Em 1972, a rede de TV CBS processou a Vanderbilt e foi derrotada. “Desde então, podemos disponibilizar os vídeos da TV, desde que o acesso seja público”, explica John Lynch, diretor da biblioteca. Antiguidades No caso dos livros, estão à disposição somente obras em domínio público segundo as leis americanas -ou seja, volumes com mais de 70 anos. Por meio de convênios com bibliotecas públicas e particulares, o Internet Archive financia a digitalização em troca de acesso às obras. Desde 2010, outra iniciativa, a DPLA (Biblioteca Digital Pública da América, em inglês), negocia com donos de direitos autorais uma forma de acesso gratuito e on-line a ao menos parte de todas as obras lançadas nos EUA. “A ideia final é realizar uma aliança de associações privadas e fazer uma biblioteca disponível para todas as pessoas”, explicou o historiador Robert Darnton, diretor da biblioteca de Harvard e principal mentor do projeto, em visita à Folha em maio. O processo de escaneamento de livros é custoso. Primeiro, é analisado o estado de conservação da obra. Em seguida, deve-se escolher o formato do arquivo para, então, começar a digitalização. Além da complexidade técnica, o custo é o principal empecilho para o aumento do número de bibliotecas digitais no Brasil. “À medida que surgirem softwares gratuitos [de digitalização], a tendência é que haja mais bibliotecas”, diz Fernando Modesto, professor do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da USP. Na própria instituição há um centro de escaneamento de obras antigas. A biblioteca Brasiliana surgiu a partir do acervo pessoal do empresário e bibliófilo José Mindlin, morto em 2010. Por meio do site brasiliana.usp.br, já é possível acessar e baixar parte dos livros. (ALEXANDRE ARAGÃO)

Prateleiras Digitais Os tipos de arquivos disponíveis no Internet Archive (archive.org) Livros antigos Os 3,6 milhões de arquivos são fonte rica para pesquisas. Há um bom número de autores americanos. É o caso de Francis Scott Fitzgerald, cuja obra está quase completa para download -como o romance “Este Lado do Paraíso” (bit. ly/fscottfitzgerald). Há também obras-primas como “Tristes Trópicos” (bit.ly/tropicos), do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, relato de uma viagem pelas tribos indígenas do Centro-Oeste brasileiro Vídeos raros São 989 mil registros em vídeo. Há desde comerciais antigos, como os do cigarro Chester King -dos intervalos da série “Além da Imaginação”-, até um demonstrativo da Apple, de 1985, sobre o computador Lisa (bit.ly/apple-lisa), parte do acervo da Universidade Stanford Wayback machine Composto por imagens capturadas por robôs que monitoram e “fotografam” todas as páginas da web, tem pouco mais de 150 bilhões de registros. O site é, como o nome diz, uma viagem no tempo: reproduz, por exemplo, a homepage do YouTube em abril de 2005, dois meses após seu lançamento Notícias da tv americana Guarda todos os programas jornalísticos das principais emissoras de TV dos EUA dos últimos três anos. A principal vantagem é a busca por palavras: o TVNews permite procurar tanto em determinado período de tempo quanto por palavras ou redes específicas. Assim, dá para assistir a todos os programas que anunciaram a morte de Osama Bin Laden (bit.ly/ morte-osama) Documentos históricos Há documentos variados, como censos da população brasileira do início do século passado e a carta de Pedro Álvares Cabral ao rei de Portugal Música ao vivo O catálogo possui raridades, como um show do Grateful Dead no Madison Square Garden, em 1979 (bit.ly/grateful1979)


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comportamento

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Ciência e ioga mostram elo entre

postura e hormônios Por DANILA MOURA /folhapress

O efeito poderoso das posturas observado na pesquisa de Amy Cuddy pode ser explicado pela neuroendocrinologia --ciência que estuda a relação entre os sistemas nervoso e endócrino. “Essa conexão começa com a percepção física do corpo no espaço, que manda estímulos nervosos ao hipotálamo, região do cérebro que regula a hipófise, espécie de gerente-geral de todo o sistema hormonal”, explica Fabio dos Santos, cardiologista especializado em medicina integrativa em Harvard. Isso, segundo o médico, referenda a influência da postura nos níveis hormonais que, por sua vez, estão ligados a emoções primárias, como medo, e a impulsos básicos, como lutar ou fugir. “O que me surpreendeu no estudo foi a rapidez com que a postura produziu efeitos nesse sistema”, diz Santos. Mesmo que o experimento tenha provado um efeito hormonal rápido, nada garante que ele perdure, segundo o psicólogo Fernando Elias José, mestre em cognição pela PUC do Rio Grande do Sul. “Pode funcionar momentaneamente, mas usar só a postura é pouco para uma mudança comportamental.” Para o psicólogo, as evidências da pesquisa são frágeis: “O número de participantes é pequeno e as reações a desafios, em um experimento, não são iguais às reações em uma situação real, como uma entrevista de emprego”. Também faltou isolar variáveis que podem ter influenciado o resultado, como o fato de o participante praticar ou não atividades físicas, acrescenta Fabio dos Santos. SUPER-HOMEM DEMAIS Para adeptos da ioga, a relação entre posturas e mudanças hormonais não é surpreendente. “A ioga mexe com áreas do corpo ligadas a determinadas redes de nervos que, quando estimulados, mandam impulsos para as glândulas produzirem mais ou menos hormônios”, afirma o biólogo e professor de ioga Anderson Allegro, da Aruna Yoga. A ioga usa tanto posturas de extroversão quanto de introversão. “Ficar super-homem demais também não é legal”, diz Allegro. As diferenças não param por aí. Na pesquisa americana, a mudança interior ocorre após meros dois minutos na posição de poder, enquanto na ioga as transformações de comportamento são percebidas após um bom tempo de prática contínua. A neurociência também tem estudado a

relação entre corpo, emoções, cognição e comportamentos. “O António Damásio [neurocientista português] tem essa descrição da postura do vencedor que foi usada na pesquisa: peito aberto, cabeça para cima”, conta a terapeuta corporal Lucia Merlino, que estuda os conceitos de consciência e imagem corporal de Damásio para o seu doutorado sobre comunicação e ensino do movimento. Para ela, a mudança interior acontece quando a pessoa chega a uma organização melhor do corpo e consegue adaptar suas posturas às demandas da vida, na interação com as outras pessoas. “Você pode até querer ficar na postura de vencedor, mas às vezes é impossível fazer isso por causa de limitações do próprio corpo. Nesse caso, é preciso antes aprender a se soltar, ganhar amplitude”, diz Merlino. (IARA BIDERMAN) ‘Se você faz a pose, mesmo fingindo ganha poder’ A psicóloga Amy Cuddy, 40, ensina liderança e negociação na Harvard Business School (EUA). E estuda o aspecto menos óbvio das relações profissionais: a comunicação não verbal. Cuddy pesquisa como a linguagem corporal afeta a carreira e investiga de que forma as posturas podem causar mudanças comportamentais e fisiológicas profundas. A psicóloga, que atualmente estuda a relação entre liderança e níveis de cortisol, fala sobre seu trabalho nesta entrevista à Folha. Reportagem - Por que a sra. resolveu investigar posturas de poder? Amy Cuddy - Observando meus alunos percebi uma relação entre as posturas e sua participação nas aulas. Os que mostravam poses poderosas participavam mais e tinham melhores notas. Resolvi testar se o desempenho dos alunos mais retraídos poderia ser influenciado por meio das posturas corporais. Qual é a relação entre posturas e hormônios? Estudos mostram que quem assume a liderança de um grupo muda seu perfil hormonal: produz mais testosterona e menos cortisol. Sabemos que esses hormônios mudam conforme situações exteriores: se você fica parado no trânsito, o cortisol sobe; se você vai competir, a testosterona aumenta, mas, se perder, os níveis desse hormônio baixam. Nessas situações, as posturas corporais também são afetadas. Resolvemos pesquisar se o caminho inverso

era possível: usar a organização do corpo para mudar as reações fisiológicas e comportamentais às situações estressantes. Há diferenças para homens e mulheres ou para pessoas de diferentes meios sociais? Na pesquisa, o efeito hormonal foi o mesmo para ambos os sexos e pessoas de diferentes etnias, mas os participantes ficavam sozinhos em uma sala enquanto faziam as poses. É possível que ocorram diferenças quando há interação com outras pessoas, porque temos normas sociais sobre as posturas apropriadas para homens, mulheres, jovens, subalternos. Por que o efeito permanece depois que a pessoa deixou de fazer a postura de poder? Se a pessoa enfrenta um desafio se sentindo confiante e relaxada, passa a mensagem de que tem poder. Os outros percebem a

força e reforçam a sensação de confiança, o que sustenta o nível hormonal. Em quais situações as mudanças posturais podem ser úteis? Em entrevistas de trabalho, quando é preciso falar em público ou confrontar um superior ou tomar decisões que envolvem riscos. Tenho recebido mensagens de pessoas que mostram como as aplicações são amplas: desde professores que precisam enfrentar uma classe de alunos muito agressivos até uma idosa que vai a uma consulta e tem medo de fazer perguntas ao médico. A sra. se considera uma pessoa poderosa? Tenho autoconfiança, mas nem sempre foi assim. No começo da carreira, fingia estar confiante. Se você faz pose de poderosa, mesmo fingindo, ganha esse poder de verdade. Foto: Divulgação

A psicóloga e professora de Harvard Amy Cuddy ILUSTRAÇão : FOLHAPRESS


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saúde

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A Cura pela Rede

Diagnosticado com tumor no cérebro, artista italiano abre sua ficha médica na internet e dá impulso à ideia de uma terapia “colaborativa” por MARIANA VERSOLATO /FOLHAPRESS

Um diagnóstico de câncer no cérebro, um site com todos os exames e dados clínicos, um convite para que as pessoas sugiram uma cura. O resumo lembra um episódio de “House” no qual o médico da TV tem uma paciente que pede, em seu blog, opiniões sobre a terapia. Mas trata-se da iniciativa “La Mia Cura Open Source”, do artista e professor de design digital Salvatore Iaconesi, 39. No início de setembro, o italiano criou o site www.artisopensource.net/cure, no qual anunciou ter a doença e fez um chamamento. “Este é um convite aberto para participar da cura. Há cura para o corpo, espírito, para a comunicação. Pegue as informações sobre a minha doença e me dê uma cura: crie um vídeo, um mapa, um texto, um poema, um jogo ou tente achar uma solução para o meu problema de saúde.” No mesmo dia em que lançou o site, dois médicos escreveram, comentando as imagens da ressonância magnética e outros exames disponíveis no site. Um mês depois, mais de 60 especialistas se manifestaram. A iniciativa surgiu de um desejo de receber outras orientações sobre seu tratamento além das dos médicos que cuidam dele. revisão por pares “Não me senti à vontade com um veredicto único e autoritário dos médicos. Ao compartilhar os dados, permiti uma abordagem mais científica, similar à revisão por pares, porque

acesso um sistema de pessoas que discutem, comparam e indicam soluções”, disse à Folha. “No fim, separei as estratégias que poderiam ser úteis, incluindo cirurgia, estilo de vida e dicas de alimentação.” Em geral, pacientes vão ao médico em busca de informações, mas Iaconesi inverteu os papéis, e ele é que começou a levá-las aos médicos. “Não é que eu diga: ‘Oi, vocês não sabem nada sobre mim e a internet me disse que esse é o jeito de me curar’. O que faço é pedir para conversar e confrontar informações. Quando explico dessa forma, eles ficam interessados”, diz. Sua alimentação no hospital, por exemplo, foi reformulada a partir das sugestões. Open source Para disponibilizar os exames em seu site, o italiano precisou dar um jeitinho: “hackeou” e abriu os arquivos dos seus exames, entregues a ele em um CD. Iaconesi diz que os dados estavam em um formato disponível só para profissionais e, por isso, só poderia mandá-los a outros médicos. Isso fez com que ele começasse uma luta pela abertura do formato de dados médicos, o que levou quatro deputados do Partido Democrático italiano a pedir que o ministro da Saúde considere a entrega de fichas clínicas digitais abertas aos pacientes. “A digitalização das informações de saúde é útil porque anula as distâncias e os tempos”, afirmam os deputados em documento. Rafael Schmerling, oncologista do Hospital

São José (SP), afirma que os pacientes sempre recebem seus exames em CD ou em fotografias, mas não há interesse ou necessidade de manipular as imagens. “Ele criou uma nova demanda”, afirma. A história de Iaconesi fez ainda com que ele fosse convidado a se apresentar na rede de conferências TEDx Transmedia, em Roma. Quanto às outras curas que ele pediu aos internautas, foram mais de 300 respostas em pouco mais de um mês, como cartas desejando melhoras e manifestações artísticas. O artista Patrick Lychty criou uma réplica do tumor que pode ser impressa em 3D. O músico Vincenzo Scorza deveria se apresentar ontem, em Palermo, e utilizar as imagens do tumor em projeções. E a dançarina brasileira Sheila Canevacci Ribeiro fez uma performance na PUC-SP em homenagem a Iaconesi. “As respostas dão uma sensação boa porque há positividade. As pessoas constroem algo em vez de ficarem tristes”, conta Iaconesi. ‘Milésima opinião’ também pode ter seus riscos Não é de hoje que pacientes usam o “potencial curativo” da internet e trocam informações sobre doenças em sites e blogs pessoais. O caso de Salvatore Iaconesi, porém, é um ponto fora da curva, dizem oncologistas. “É interessante porque ele inverte o processo, os médicos é que o procuram. Mas é tão fora da prática clínica que não sei dizer o quando

pode ser benéfico”, diz Rafael Schmerling, oncologista clínico do Hospital São José. “Isso pode fazer todo o sentido para ele, que lida com tecnologia. É um caso único. Ele está conseguindo uma segunda, terceira, até uma milésima opinião, mas também corre o risco de receber sugestões de tratamentos sem eficácia.” Max Mano, oncologista do Hospital Sírio-Libanês, conta que muitos de seus pacientes criaram blogs, pelos quais conversam com outras pessoas com câncer. “O resultado dessa exposição é individual e muito variável. Ao mesmo tempo que as pessoas criam uma rede de apoio, elas podem ficar expostas à pilantragem e descompensarem psicologicamente depois de ficar sabendo que alguém com o mesmo problema piorou.” A decisão de Iaconesi de exibir as imagens de seu tumor e anunciar a doença também é incomum, dizem. Em geral, as pessoas contam que têm um câncer para pouca gente, apesar de o enfrentamento da doença ser melhor porque já não se trata mais de sentença de morte, segundo Schmerling. Da mesma forma, nem todos querem participar do processo de escolha de tratamento e saber todos os detalhes, como fez o artista. Os oncologistas afirmam que o paciente mostra o quanto quer saber. “Grande parte do nosso sucesso tem a ver com essa sensibilidade”, diz Mano. (MV)


antenado

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Crítica romance

“Vaclav & Lena” É adorável e delicado. é uma comovente narrativa sobre o amor juvenil, sem ser ingênuo ou idealista por NELSON DE OLIVEIRA Foto: Divulgação

Romances como “Václav & Lena” parecem superficiais, até mesmo desnecessários, num debate polarizado. O primeiro livro de Haley Tanner jamais será um monumento literário, como “Ulysses”, de James Joyce, ou outros artefatos complexos do alto modernismo produzidos por Virginia Woolf e William Faulkner. Tampouco será um sucesso absoluto de público, como os best-sellers de fantasia mística de Paulo Coelho, J.K. Rowling e Stephenie Meyer. Enquanto best-sellers e long-sellers (clássicos que vendem relativamente bem há décadas ou séculos) trocam insultos e balaços, “Vaclav & Lena” atravessa, sem ser notado, o descampado entre as duas trincheiras. Mas o romance de Haley Tanner chega às livrarias brasileiras cercado de adjetivos perigosos. Nas orelhas, na quarta capa e no release da editora, expressões de afeto avisam que temos em mãos uma narrativa adorável, delicada, sobre o amor juvenil, sobre como o forte abraço emocional pode superar as circunstâncias. São expressões muito perigosas porque podem estar disfarçando a verdade: que se trata de um romance piegas e sentimental. Felizmente, não é o que acontece. “Vaclav & Lena” é adorável e delicado, sem ser piegas e sentimental. É uma comovente narrativa sobre o amor juvenil, sem ser ingênuo ou idealista.

Separação

Na primeira parte do romance, intitulada “Juntos”, Vaclav e Lena têm dez anos e vivem na comunidade de imigrantes russos de Brighton Beach, no Brooklyn. A amizade é a maneira que encontraram de resistir à pobreza e à segregação.

O maior desejo de Vaclav é se tornar um mágico mundialmente respeitado, como seu herói Harry Houdini, outro imigrante. Sua melhor amiga, Lena, é uma órfã problemática, retraída, com dificuldade até para aprender o inglês. Um dia, Lena desaparece da vida de Vaclav. Na segunda parte, “Separados: Vaclav”, e na terceira, “Separados: Lena”, os dois já estão com 17 anos, mais maduros, mais estáveis financeiramente. O afeto não arrefeceu um grau sequer. Nesses sete anos de separação, Vaclav, o aprendiz de mágico, tentou entender o sumiço da amiga, enquanto Lena, a ex-assistente do aprendiz de mágico, tentava desvendar o mistério que cerca a história de seus pais. Na última parte do romance, “Juntos Outra Vez”, o reencontro resolve o conflito principal da trama -a separação física dos apaixonados- e dá início a outro, mais monstruoso. A separação física cede lugar a outra separação, mais íntima. Na feliz analogia proposta pelo narrador: “o mundo se separou, se juntou e se separou outra vez; o mundo está se batendo como dois címbalos”. Nem monumento nem best-seller, nem clássico nem mero entretenimento, o romance de estreia de Haley Tanner segue sossegado pelo caminho do meio, indiferente ao fogo cruzado. NELSON DE OLIVEIRA é doutor em letras pela USP e autor de “Poeira: Demônios e Maldições” (Língua Geral). Vaclav & lena Autor Haley Tanner Editora Intrínseca Tradução Maria Luiza Newlands Quanto R$ 29,90 (272 págs.) Avaliação ótimo

A escritora Haley Tanner


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Foi com muita alegria que fotografei o ensaio pré wedding deste lindo casal, Emília e Tiago.

Um piso antigo de padrão quadriculado também serviu na composição de outra foto.

Foi um dia muito agradável porque nos divertimos muito.

Achei linda.

A locação foi uma ruína numa fazenda o que deixou as fotografias mais interessantes ainda.

Enfim, depois de concluído o trabalho, compartilho algumas fotografias nesta coluna

A pedido do casal que queria algo diferente, o local não poderia ser mais apropriado. Foi

para que vocês apreciem e vejam que as vezes até num lugar menos provável é possível

uma verdadeira aventura entrar nos destroços de uma casa em ruínas que havia no local.

fazer belas imagens.

Na propriedade havia um enorme salão com um falante papagaio que não parava de

Espero que curtam.

chamar os cachorros do local. Aproveitei e coloquei o Louro na composição o que rendeu uma foto muito interessante.


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por Igor Macário/Auto Press

Em 1999, a Fiat inaugurou o bem sucedido filão dos modelos aventureiros, com a primeira geração do Palio Adventure. No entanto, as últimas reestilizações da station a deixaram “abrutalhada” demais, com um certo exagero no uso de adereços “off-road” utilizados para deixar a pacata Palio Weekend com um jeitão fora-de-estrada. Esse excesso de “musculatura” a distanciou do conceito original do modelo e abriu espaço para a linha Trekking, lançada em 2009, muito mais comedida nos adereços e com motor menor. O objetivo da “aventureira light” é atrair justamente os compradores que não querem, ou precisam, de tantos “anabolizantes lameiros” como o diferencial blocante Locker ou o motor 1.8. E, claro, um preço mais em conta que os mais de R$ 50 mil pedidos pela Adventure. Agora, junto com o restante da linha 2012, a Trekking passou por uma leve reestilização e segue firme como uma das poucas stations nacionais sobreviventes. A participação da versão Trekking se mostra significativa nas vendas da linha. Tanto é que 22% das 1.600 unidades mensais da Weekend são desta configuração. Um percentual importante no esforço da Fiat de alcançar a Volkswagen SpaceFox para resgatar a liderança do segmento – a station da marca alemã acumula pouco mais de 1.700 emplacamentos mensais. O Palio Trekking usa o já conhecido motor 1.6 16V E.Torq. São 117 cv a 5.500 rpm e 16,8 kgfm a 4.500 rpm com etanol no tanque. O câmbio é sempre um manual de cinco marchas – não há opcional do automatizado Dualogic, restrito à Adventure. Segundo a Fiat, o conjunto é suficiente para levar a station de zero a 100 km/h em decentes 9,8 segundos e à velocidade máxima de 184 km/h. O visual é o mesmo já conhecido desde a apresentação. Em junho desse ano, a gama passou por leve reestilização e ganhou detalhes para se aproximar dos lançamentos mais recentes da Fiat. A faixa cromada na dianteira busca uma longínqua referência ao badalado 500, mas manteve praticamente inalterado o caráter do modelo. As linhas gerais continuam iguais, com praticamente o mesmo perfil desde o lançamento da primeira Palio Weekend em 1997. Atrás, as lanternas horizontalizadas são elegantes e a última reestilização certamente é uma das mais bem sucedidas do carro. Os protetores em plástico escuro são usados com parcimônia e não pesam no visual do modelo.

O problema é que, ainda que seja razoavelmente mais barata que a Adventure, o custo/benefício não ajuda a Trekking. Os R$ 43.360 cobrados pela station deixam de fora um simples ar-condicionado. A lista de equipamentos é exígua, com vidros e travas elétricas, direção hidráulica e faróis de neblina. Além disso, airbags frontais e freios ABS também são de série. E nem adianta partir para os opcionais, que não agregam muito mais do que um aparelho de som com entradas USB e conexão Bluetooth ou vidros elétricos atrás. Não há airbags laterais ou qualquer item mais luxuoso. A seu favor pesa o fato de que, com o mínimo de conforto, ela custa cerca de R$ 45 mil. Ou seja, razoavelmente mais barata que os R$ 51.510 de uma Palio Adventure, ou que os R$ 54.644 de uma Volkswagen Space Cross, as outras duas únicas aventureiras do mercado.

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.6 16V da Palio Weekend Trekking se sente bem mais à vontade em rotações altas. Só a partir de 3 mil giros ele entrega um bom desempenho. Depois que se atinge isso, o propulsor move a perua sem dificuldades. Nota 7. Estabilidade – O acerto de suspensão já conhecido da antiga linha Palio beneficia o conforto, mas entrega uma estabilidade apenas razoável. Nas curvas feitas em alta velocidade, a carroceria rola sem muita cerimônia. Nota 6. Interatividade – Foi o que a Fiat mais investiu na discreta reestilização. O interior ficou efetivamente mais moderno com o novo rádio, painel de instrumentos e volante. Mas manteve o ineficiente posicionamento das saídas de ar. Nota 7. Consumo – O computador de bordo da Palio Weekend mostrou uma média de 8,1 km/l com gasolina. O InMetro não fez testes com a Palio Weekend. Nota 7. Conforto – Se prejudica um pouco a estabilidade, a suspensão macia beneficia o conforto dos ocupantes. Ela absorve bem as imperfeições do asfalto. O espaço interno é condizente com a proposta de uma perua compacta. Nota 7. Tecnologia – A perua não recebe atualizações na plataforma desde 2004, mas o motor é moderno. A lista de equipamentos desta versão é fraca e deixa de fora até o ar-condicionado. Nota 6. Habitabilidade – É um dos grandes destaques de qualquer perua. O porta-malas da Weekend é um ponto alto: leva 460 litros e

ainda pode ficar maior com o rebatimento dos bancos traseiros. Os acessos são corretos e a oferta de porta-objetos no interior é bem razoável. Nota 8. Acabamento – É um ponto fraco desde o lançamento da antiga linha Palio. Os plásticos são rígidos e os encaixes apenas aceitáveis. Falta algum requinte ao padrão de revestimentos. Nota 6. Design – Não chega a ser algo em que a Palio Weekend se destaca, mas também não é algo negativo. A versão Trekking adiciona adereços “lameiros” sem muito espalhafato. Nota 7. Custo/benefício – Apesar de não ser um carro propriamente caro, a Palio Weekend Trekking peca pela lista de equipamentos exageradamente enxuta. Para ser bem equipada, vai a R$ 45 mil. Ao menos ainda é consideravelmente menos que a Space Cross, a representante off-road da Volkswagen. Nota 7. Total – O Fiat Palio Weekend Trekking somou 67 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Prova de resistência Sentar ao volante do Palio Weekend Trekking é como reencontrar um velho conhecido. Mesmo com as pequenas mudanças promovidas pela Fiat no primeiro semestre desse ano, o interior é praticamente o mesmo da quarta reestilização do Palio, de 2004. Apenas o rádio é semelhante ao usado em outros modelos e o cluster de instrumentos veio do Uno. O espaço continua limitado pela pouca largura do habitáculo, o que força algum contato entre motorista e passageiro, principalmente no caso de ocupantes mais corpulentos. A ergonomia também deixa a desejar, com as saídas de ar-condicionado baixas, que dificultam a refrigeração da cabine. O motor 1.6 E.Torq até tem bons 16,8 kgfm de torque, mas ele só aparece por completo a elevadas 4.500 rotações e, na casa dos 2 mil giros há pouca força disponível. Isso torna a movimentação pelo trânsito urbano um tanto lenta e cansativa, já que é necessário estar sempre atento ao conta-giros para se extrair um desempenho satisfatório. O câmbio com relações relativamente longas contribui para a sensação de cansaço do 1.6. Pelo menos, o motor trabalha com suavidade e não reclama de giros mais altos – acima de 3.500 rpm –, quando entrega boas respostas e empurra sem dificuldades os 1.187 kg do modelo. Dinamicamente, a station tem um comportamento previsível e coerente com a proposta. A traseira é um tanto leve e “samba” um pouco em pavimento irregular, como ruas de paralelepípe-

do, mas em asfalto liso, o modelo vai bem. Em estradas sinuosas, a carroceria inclina – graças à maciez da suspensão –, mas nada que chegue a assustar. Ao menos, o conjunto trata bem os ocupantes e transmite boa sensação de robustez para encarar ruas esburacadas.

Ficha Técnica

Fiat Palio Weekend Trekking 1.6 16V Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, 1.598 cm³, quatro cilindros e quatro válvulas por cilindro com comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto seqüencial e acelerador eletrônico Transmissão: Câmbio manual de cinco velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração. Potência máxima: 115 cv com gasolina e 117 cv com etanol a 5.500 rpm. Aceleração 0-100 km/h: 9,8 s. Velocidade máxima: 184 km/h. Torque máximo: 16,2 kgfm com gasolina e 16,8 kgfm com etanol a 4.500 rpm. Diâmetro e curso: 77,0 mm x 85,8 mm. Taxa de compressão: 10,5:1. Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços oscilantes inferiores, molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira independente, com braços oscilantes inferiores longitudinais, molas helicoidais e amortecedores telescópicos hidráulicos. Não oferece controle eletrônico de estabilidade. Pneus: 175/70 R14. Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EBD de série. Carroceria: Station wagon em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,25 metros de comprimento, 1,65 m de largura, 1,58 m de altura e 2,46 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série. Peso: 1.187 kg. Capacidade do porta-malas: 460 litros. Tanque de combustível: 51 litros. Produção: Betim, Brasil. Reestilização: 2012. Itens de série: Airbags frontais, freios ABS, vidros dianteiros e travas elétricas, direção hidráulica, computador de bordo, faróis de neblina, abertura interna do porta-malas, limpador e desembaçador traseiro. Opcionais: Ar-condicionado, rádio/CD/MP3/ USB/Bluetooth, banco do motorista com ajuste de altura, sensor de estacionamento traseiro, vidros traseiros elétricos, rodas de liga-leve aro 14, volante revestido em couro com comandos do som. Preço básico: R$ 43.360 Preço da unidade testada: R$ 50.474. Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias


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por Eduardo Rocha/Aauto Press

O luxo tem de ir aonde o dinheiro está dando sopa. E, por causa da crise financeira, ele está mais fácil em mercados pouco maduros, como os de países emergentes, do que em outros já consolidados, como o europeu. Por lá, é preciso um enorme esforço para atrair novos consumidores. Já no Brasil, o espírito “novidadeiro” e a disponibilidade financeira dos que povoam o topo da pirâmide criam um ambiente propício para produtos de nicho. Esta composição permite um bom retorno com operações nem tão grandes assim. Foi com essa expectativa que a Triumph definiu sua estratégia para se implantar oficialmente no país. Com um investimento inicial de R$ 19 milhões, a marca montou uma sede em São Paulo, um centro de distribuição de peças em Louveira, próximo da Campinas, e uma fábrica em Manaus. A atividade industrial da Triumph no Brasil começou com a montagem de três modelos: a big trail Tiger 800XC, a street retrô Bonneville T100 e a naked Speed Triple. Cada uma delas têm segmentos bem especificados para atuar. A Tiger tem preço de R$ 39.900, o que a coloca na mesma trilha da BMW F 800 GS. Ela chega com um propulsor de três cilindros de exatos 799 cc, que rende 95 cv de potência e 8 kgfm de torque. E vem equipada com ABS desligável, computador de bordo e sistema de monitoramento da pressão dos pneus. A mira da clássica Bonneville T100 está na Harley-Davidson 883. Tanto pelo design clássico quanto pelo preço, de R$ 29.900. A motocicleta mais barata da Triumph no Brasil

tem um motor de dois cilindros com 68 cv e 7 kgfm – que para reforçar o visual retrô esconde o sistema de injeção eletrônica em carcaças que simulam carburadores. O terceiro modelo, a Speed Triple, tem um motor três cilindros de 1.050 cc e 135 cv de potência, com 11,3 kgfm de torque. A naked da Triumph custa R$ 42.900 e está destinada a um segmento um pouco mais povoado que os dois outros modelos montados em Manaus. Ela vai encarar japonesas como Kawasaki Z1000, Suzuki Bandit 1250 e Honda CB 1000 R. Ela vem com ABS de série, computador de bordo com contador de voltas e monitoramento da pressão dos pneus. Além dos modelos que vão ganhar a plaquinha da Zona Franca de Manaus, inicialmente outros três modelos serão importados para ampliar a ação da Triumph no mercado: a aventureira Tiger Explorer e as customs Thunderbird Storm e Rocket III. A Tiger Explorer é uma maxitrail com um propulsor de três cilindros e 1.215 cc, capaz de gerar 137 cv de potência e 12,3 kgfm de torque. Ela custa R$ 62.900 e vai brigar com Yamaha Superténéré e BMW R 1200 GS. A custom Thunderbird Storm também tem a configuração clássica da marca, com três cilindros. O propulsor de 1.597 cc rende apenas 86 cv de potência, mas tem robustos 14,9 kgfm de torque. E consegue lidar com os 339 kg do modelo com relativa facilidade. O terceiro modelo importado, Rocket III, é o mais emblemático da marca. O motor tem exagerados 2.294 cc – 2.3 litros! – distribuídos

Fotos: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias e Divulgação (em movimento

nos inexoráveis três cilindros da marca. Ele rende bons 147 cv de potência e brutais 22,5 kgfm de torque – tem 50% a mais de torque que a Thunderbird, apesar de pesar apenas 28 kg a mais, ou 367 kg no total. Ela é, por enquanto, a motocicleta mais cara da marca no Brasil: R$ 69.900. A briga da Rocket é com as Harley mais encorpadas, como a Electra Glide Ultra Limited e a Road King Classic. Em um segundo momento, a Triumph pretende trazer outros modelos também bastante simbólicos da linha, como a superesportiva Daytona e a gran turismo Trophy. Por enquanto, a marca tem apenas uma concessionária no Brasil, em São Paulo, mas pretende abrir três novas lojas, ainda no primeiro trimestre

de 2013 – estão confirmados Rio de Janeiro, Porto Alegre e Ribeirão Preto. Até o fim do ano, seriam oito concessionárias, que responderiam pela venda de 2 mil unidades em 2013. Em 2014, o total chegaria a 12 revendas. A ideia é crescer fortemente as vendas para chegar às 5 mil unidades anuais – exatamente a capacidade de produção da linha em Manaus. Caso alcance este objetivo, a Triumph responderia por aproximadamente 12% das vendas de motocicletas acima de 500 cc – praticamente o dobro da participação mundial da marca neste segmento, onde tem 5,8% do mercado. Com esses números, o Brasil passaria a ser o quarto maior mercado da Triumph, atrás apenas de Estados Unidos, Inglaterra e França.


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Informe publicitário Fotos: Divulgação

A concessionária Luchini, há seis anos em Bragança, nutenção, e equipe de venda especializada. “A intenção é que recebeu pela primeira vez a classificação Classe A, todas as concessionárias atinjam o título Classe A. É a meta concedida pela Chevrolet àquelas que se destacam da Chevrolet”, diz Edson. em relação à qualidade do serviço prestado pela em- A Luchini possui oficina com equipamentos modernos e presa aos clientes da marca. O título concedido anualmente tecnologia de ponta, com toda a infra-estrutura necessária faz parte do Programa Concessionária Nível A, seleção que para revisão, manutenção e reparo dos veículos. A equipe de analisa o desempenho das revendedoras Chevrolet a partir de mecânicos é altamente capacitada e recebe avaliação consum rigoroso processo. “Esse primeiro título que recebemos se tante, de acordo com o padrão de qualidade Chevrolet. Além refere ao ano de 2011, mas já estamos próximos de atingi-lo disso, a Luchini garante atendimento rápido e oferece o Novo novamente, referente a 2012”, fala o Gerente Operacional Edson Serviço Chevrolet, considerado uma revolução no serviço de de Oliveira. “É a primeira vez que a concessionária Luchini em manutenção. Bragança recebe o prêmio. Em Jundiaí a classificação Classe A já foi conquistada diversas vezes”, explica Edson. Para que uma Padrão de excelência concessionária obtenha o título, alguns critérios são examina- Para atingir a satisfação do cliente, a Chevrolet utiliza não dos, entre eles o ISC, ou Informações da Satisfação do Cliente; apenas o Programa Concessionária Nível A, mas também o o treinamento e a qualificação dos funcionários; o sistema de Programa Excelência em Vendas, que desenvolve diversos performance de veículos; a qualidade de gestão; o market share, processos a fim de atingir o padrão de atendimento. De que é a participação da empresa acordo com Edson, o programa em seu ramo de atuação; a retiestá em fase de implantação na rada de veículos e a compra de “Essa meta foi atingida por todos. concessionária Luchini de Bragança peças e acessórios na fábrica; o Paulista. “Esse padrão de atendimento É um exercício manter a equipe já faz parte da loja, mas agora será índice de retenção de clientes, a excelência no atendimento e as motivada e manter o padrão, é implantado oficialmente”, explica. instalações da concessionário. Os processos para se chegar a esse Para Edson alcançar a meta da tão trabalhoso quanto alcançá-lo” padrão começam com a estruturação classificação Classe A é difícil do Departamento de Recurso HuEdson de Oliveira e requer a dedicação de toda a manos da concessionária e chegam equipe. “São eles que estão em até os processos operacionais, como contato direto com o cliente, portanto, essa meta foi atingida entrega e test-drive. Essas ações desenvolvidas pela Chevrolet por todos. É um exercício manter a equipe motivada. Manter demonstram o esforço e empenho da rede de veículos em o padrão é tão trabalhoso quanto alcançá-lo”, avalia. Um dos atingir um padrão de excelência em serviços e, assim, poder principais itens considerados na classificação final do prêmio oferecer o melhor aos consumidores. No entanto, apenas a é o ISC, medido a partir das vendas realizadas e que reflete os venda não é suficiente para que o cliente seja fiel à concesesforços da concessionária em conquistar os clientes. “É um sionária. É preciso que o trabalho pós-venda também seja mix de bom atendimento com a satisfação do cliente, funciona eficiente e atenda às necessidades de cada cliente. Dessa forma, a Chevrolet oferece aos consumidores um completo serviço a partir da empatia que o cliente tem com a equipe”, diz. de manutenção, elaborado de acordo com as necessidades Tradição reais dos usuários da marca, gerando satisfação e confiança Tradicional no segmento de revenda de automóveis, a Luchini é por parte dos clientes. Entre os serviços oferecidos, estão a referência em compra de veículos Chevrolet. A história do Grupo Revisão Chevrolet, plano de manutenção preventiva a partir Luchini começou em 1944, em Jundiaí, a partir dos esforços dos de 10 mil km, que tem como vantagens tabela de preços irmãos Abílio, Flávio e Mário Luchini, que decidiram montar o fixos, manter a garantia do carro e usar peças genuínas. Além próprio negócio, abrindo uma oficina mecânica. Com a pros- disso, a rede oferece também alguns serviços que facilitam o peridade, passaram a revender produtos e tratores agrícolas da dia-a-dia do usuário. Um deles é poder realizar agendamenempresa que, mais tarde, se tornaria a Massey Ferguson. Com as tos de serviços online. Assim que a concessionária recebe a dificuldades impostas pelo governo em relação às importações, solicitação, entra em contato com o cliente a fim de marcar a em 1952 os irmãos Luchini precisaram repensar os negócios revisão. Há ainda a Agenda Chevrolet, um lembrete para que e, assim, escolheram a marca Chevrolet. Em 1957 a Luchini se o cliente não esqueça as preocupações com o veículo. Com consolidou como concessionária da marca. Mais de meio século a utilização desse serviço, quando qualquer compromisso depois, a concessionária se mantém atual e moderna, com lojas relacionado ao carro estiver próximo, o cliente será avisado em Jundiaí, Itatiba, Atibaia e Bragança Paulista. O objetivo da por email. É possível cadastrar vários veículos, cada um empresa é sempre oferecer o melhor atendimento e manter a com a própria agenda e alertas. Os alertas sobre as revisões qualidade dos serviços e produtos Chevrolet. A estrutura das periódicas baseados na quilometragem atual do carro e na lojas oferece amplas instalações, showroom, oficina para ma- média de quilômetros rodados diariamente.

Edson de Oliveira, Gerente Operacional da Luchini, em Bragança. “A intenção é que todas as concessionárias atinjam o título Classe A. É a meta da Chevrolet”.


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Notícias

Automotivas por Augusto Paladino/autopress

Orgulho das origens – Depois de Idea, Punto e Palio Weekend, chegou a vez do Uno receber a Série Itália na linha da Fiat. A configuração é baseada na versão de entrada do subcompacto, a Vivace, e chega com preço de R$ 31.430. Os destaque são os adereços estéticos no exterior que remetem às cores da bandeira italiana. O “recheio” é composto de rodas de liga leve, ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, faróis de neblina e conta-giros. O motor é o 1.0 de 75 cv. Sexto elemento – Visando dar ainda mais exclusividade ao Lancer Evolution X, a Mitsubishi lança a série limitada Carbon Series para o seu sedã esportivo. Como o próprio nome já sugere, a versão recebe diversos elementos de fibra de carbono em toda a carroceria. Dentre eles estão o defletor dianteiro, as entradas de ar do capô, espelhos retrovisores, extrator de ar e suporte da placa. Na traseira, a Mitsubishi trocou o imenso aerofólio da versão comum por um mais discreto, também feito de fibra de carbono. O motor é o mesmo 2.0 turbo de 295 cv. O preço é de R$ 218 mil, R$ 7 mil a mais que o Evolution X tradicional. Longe daqui – A Renault prepara para o fim do mês o lançamento da versão GT do Fluence, equipada com motor 2.0 turbo de 180 cv e visual quase inalterado. Enquanto isso, na Europa, o sedã médio ganha o seu primeiro face-lift. A dianteira foi redesenhada e ganhou inspiração na quarta geração do Clio, apresentada no Salão de Paris, no fim de setembro. Por dentro, os principais destaques são a adoção de um velocímetro digital e um novo sistema de entretenimento com tela sensível ao toque. O Fluence também ganhou um novo motor a gasolina, com 1.6 litro e 115 cv. Alterações significativas – Desde que foi lançado em 2007, o Nissan GT-R nunca passou por grandes mudanças estéticas – a maior delas foi em 2010, com uma dianteira levemente modificada. Entretanto, a marca japonesa faz constantes atualizações no conjunto mecânico de seu superesportivo. Na linha 2013 do GT-R, a Nissan trocou os injetores do motor 3.8 V6 biturbo,

assim como o sistema de refrigeração. Aliado a alterações na suspensão, o modelo de 549 cv conseguiu completar o lendário circuito de Nürburgring, na Alemanha, em 7 minutos e 18 segundos, exatos 3 segundos mais rápido que a linha 2012. Complicações em casa – A Renault não está bem das pernas no mercado francês. A marca divulgou seus números de vendas em outubro e, apesar de ter se mantido na liderança do ranking local, teve queda de 25,5% nos emplacamentos em relação ao mesmo mês de 2011. O Grupo Renault – que incluiu também a romena Dacia – comercializou 47 mil unidades no último mês e alcançou a participação total de 23,8% no mercado local. A Renault ainda lembra que a quarta geração do Clio ainda não teve as vendas computadas. Chamada de colisão – A General Motors inicia um recall para 2.741 unidades do Chevrolet Classic fabricadas entre 3 de julho e 10 de outubro deste ano. Todos os exemplares envolvidos na chamada são equipados com airbags dianteiros. De acordo com a empresa, a falha está na barra de impacto do para-choque dianteiro que, em caso de colisão frontal, pode interferir no funcionamento adequado das bolsas infláveis. Os consumidores devem comparecer a uma concessionária da Chevrolet para realizar a troca da peça sem custos. Vento revolto – A Lamborghini marcou para o dia 12 de novembro em Miami a apresentação da primeira variante do Aventador, o seu modelo topo de linha. Trata-se da configuração conversível do superesportivo, antecipada no Salão de Genebra deste ano com o conceito Aventador J. A marca italiana, que pertence ao Grupo Volkswagen, ainda não confirmou detalhes sobre o descapotável, mas espera-se que ele mantenha o V12 de 6.5 litros capaz de gerar 700 cv, assim como a tração integral. Depois do evento, o modelo segue para o Salão de Los Angeles para a sua estreia mundial no final do mês.


Jornal do Meio 667 Sexta 23 • Novembro • 2012

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Jornal do Meio 667 Sexta 23 • Novembro • 2012

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