708 Edição 06.09.2013

Page 1

Braganรงa Paulista

Sexta

6 Setembro 2013

Nยบ 708 - ano XII jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


2

Para pensar

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

Expediente

Era o que faltava! por Mons. Giovanni Baresse

Nestes dias tivemos que presenciar algo de surreal: um deputado federal, condenado definitivamente pelo STF, por formação de quadrilha, peculato, etc., teve seu mandato preservado pelos seus pares. Bom número de deputados não viu falta de decoro na postura do preso. Outros, estrategicamente, se ausentaram, omitiram... E que desculpas! Consequência: fica estabelecido que usar dinheiro público de forma fraudulenta não é crime! Nem coisa que manche a reputação da Câmara Federal! É o que se depreende! Olhando o andamento da triste sessão eu pensava, mais uma vez, como está ficando complicado falar em honestidade. Como está difícil apresentar aos nossos jovens valores que convençam. Na semana que passou aconteceu em Atibaia um momento forte de atividades de um pro-

jeto que quer ajudar as pessoas a não cair nas armadilhas do mundo irreal e mortífero das drogas. Esse projeto leva o nome de “Freemind” (“Mente livre” em simples tradução). Teve sua origem na experiência de um homem que mudou sua visão a respeito do problema que julgava n ã o s e r s e u . Po r q u e não tinha em sua casa nenhum dependente químico. Pensava ser problema dos outros! Num encontro com um adicto numa rua, à noite, fez um caminho de conversão: “a dor do outro é minha também”. Foi contatando outras pessoas. O grupo foi crescendo. Já, há alguns meses, os participantes estabeleceram ações. Conseguiram que a Prefeitura Municipal abraçasse a ideia e o trabalho. E, corajosamente, estão construindo o caminho da liberdade. Um trabalho que tem a bela intenção de projetar uma cami-

nhada de unidade para todos os que desejam oportunidade de vida e esperança para quem é vítima das drogas. E, em alguns membros desse grupo, se faz presente também – e para eles como fundamento - a razão da fé em Jesus Cristo. Ele os moveu e move em algo que poderíamos comparar com o sonho do herói da genial obra de Cervantes, Dom Quixote! E se quisermos a apropriação bíblica, a figura de Abraão, aquele que “esperou contra toda esperança” como escreveu São Paulo (Romanos 4,18)! Apesar de todas as dores e tragédias que as drogas trazem parece que ainda falta muita sensibilidade no conjunto social. Penso mesmo que ainda não nos mexemos enquanto o drama não chega a nossas casas. Não é coisa que nos deva preocupar. Ou será que já sabemos tanto e nos convencemos que não há remédio, não há o que

fazer? Posso testemunhar que são muitos os casos que tenho tido notícia ou acompanhado ao longo dos meus anos de ministério como padre. Quanta gente já vi (e vejo) sofrer pela doença do alcoolismo e pelo uso de drogas (desde a considerada “leve” até as mais pesadas). Todas escravizando e matando. Parece, todavia, que qualquer ação que deseje mostrar, especialmente aos jovens, que não se deve fazer escolha por caminhos fáceis, está fadada à descrença. Especialmente com o contratestemunho de fatos como o que está narrado no início desta conversa. No fundo a pergunta dos jovens é marcada pelo “prá que?” Buscar a realização da vida e dos sonhos no caminho pedregoso? Mas se existem atalhos fáceis! Não é burrice empenhar- se, sacrificar- se? Se existem as chances do jeitinho, da facilidade, do

Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

Q.I., do “sabe quem eu sou?”. Se a oportunidade prazerosa está à mão, por que não mergulhar nela? Afinal, qual é a razão para esperar um amanhã, se é que ele existirá? Pais, educadores, cidadãos temos que acordar. Estamos matando, com nossa omissão, falta de clareza e falta de testemunho, a esperança e os sonhos das gerações mais jovens. A palavra do Papa Francisco encorajando os jovens a “ir contra a corrente” é alerta para nós que, quem sabe, estamos remando a favor dela!


saúde

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

3

Erro em hospital Pode ser evitado em 73% dos casos no Brasil, esse número vem de estudos da Fiocruz que embasaram novas normas de segurança do Ministério da Saúde

Por CLÁUDIA COLLUCCI /FOLHAPRESS

Até 73% dos erros que acontecem dentro de hospitais brasileiros, como medicações trocadas ou operação de membros errados, poderiam ser evitados. É o que apontam estudos da Fiocruz apresentados no QualiHosp (congresso de qualidade em serviços de saúde) e que ajudaram o Ministério da Saúde a criar novas normas de segurança hospitalar que passam a valer a partir de 2014. As pesquisas, feitas em dois hospitais públicos do Rio, encontraram uma incidência média de 8,4% de eventos adversos, semelhante aos índices internacionais. No Brasil, no entanto, é alto o índice de problemas evitáveis: de 66,7% a 73%. Em outros países, a incidência variou de 27% (França) a 51% (Austrália). Em números absolutos, isso significa que, em 2008, dos 11,1 milhões de internados no SUS, 563 mil foram vítimas de erros evitáveis. Para Walter Mendes, pesquisador da Fiocruz e consultor do comitê do programa de segurança do paciente, embora haja limitações metodológicas ao extrapolar os resultados para o resto do país, os estudos indicam a magnitude do problema. “É um quadro barra pesada. Nos países desenvolvidos, existem políticas de segurança bem consolidadas. Aqui estamos acordando com um pouco de atraso”, diz ele. Segundo Mendes, a política de segurança do paciente não pode ser vista em separado do “imenso caos” que vive a maioria dos hospitais. “A questão é adotar mecanismos impeçam que o erro chegue ao doente”, afirma. A morte da menina Stephanie Teixeira, 12, que no ano passado recebeu vaselina em vez de soro nas veias, é um exemplo de erro evitável. Os frascos eram idênticos, e os nomes dos produtos estavam em etiqueta de mesma cor. Para Angela Maria da Paz, gerente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), esses casos acontecem porque as instituições não seguem protocolos. “Existem ferramentas capazes de prevenir esse tipo de erro.” No Brasil, diz ela, os eventos adversos são subnotificados e, em geral, só se tornam visíveis quando viram caso de polícia. “Existe a cultura do castigo, as pessoas escondem, têm medo. O erro deve ser aproveitado como aprendizado, não para punição.” Para o professor Jesús María Aranaz Andrés, chefe do serviço de medicina preventiva do hospital Sant Joan d’Alacant (Espanha), a reparação do erro pode ser resolvida de várias formas, como pela compreensão e correção ou por indenização. “Só não pode haver culpabilização porque isso leva à ocultação. Se escondermos a cabeça na areia feito avestruz, não vamos aprender.” O pesquisador Paulo Santos Sousa, professor da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), diz que as mudanças devem ser de cultura. “Bactéria não tem asas. Ela passa de paciente para paciente porque alguém a carregou nas mãos. Sempre se soube que lavar as mãos é importante, mas continua sendo um desafio.” Segundo Angela Paz, da Anvisa, a agência construirá uma ferramenta eletrônica para monitorar os eventos adversos e agir na prevenção. Um dos pontos da política, segundo ela, é uma negociação com o Ministério da Educação para que as faculdades de medicina coloquem em seus currículos o tema de segurança do paciente. Outra ideia é disseminar essas informações ao paciente para que ele se torne atuante

no processo, e não um mero espectador.

Europa

Novas drogas para diabetes são de baixo risco ao pâncreas, diz agência Da reuters - Após uma revisão de estudos, a agência europeia de medicamentos não encontrou novos problemas de segurança em remédios contra diabetes à base do hormônio GLP-1, como o Victoza (liraglutida) e o Byetta (exosenatida). As drogas estimulam a produção de insulina e aumentam a sensação de saciedade --por isso acabam sendo usadas também por pessoas sem diabetes tipo 2 para perda de peso, prática que não é recomendada pela maioria dos especialistas. A revisão foi feita após pesquisas apontarem um risco maior de doenças do pâncreas em usuários desses medicamentos. Em março, a FDA (agência reguladora dos EUA) também informou estar estudando a segurança das drogas. A EMA (agência europeia de medicamentos) afirmou, no entanto, que os dados clínicos disponíveis não apontam para um risco aumentado de problemas para o pâncreas e que as pesquisas que sugeriram isso têm falhas metodológicas.

“A gente não ‘acha’ nada no filme, é tudo baseado em pesquisas”, diz o diretor. Primeira turma de treinamento em Ciência e Saúde encerra curso. Terminaram na última sexta-feira as atividades da 1ª turma do Programa de Treinamento em Jornalismo de Ciência e Saúde da Folha. O programa tem patrocínio institucional da Pfizer. Os seis trainees, que vieram de quatro

Estados brasileiros, participaram durante o programa de palestras com médicos, cientistas e autoridades, tiveram aulas de estatística e conversaram com repórteres e editores do jornal. Eles também acompanharam a rotina dos jornalistas da editoria de “Ciência+Saúde” e elaboraram reportagens para a página. O programa de treinamento da Folha completou 25 anos em 2013, com cerca de 600 trainees formados. Foto: Zé Carlos barretta/Folhapress

Foco

Documentário brasileiro questiona adoção indiscriminada da cesariana.

Os trainees Mariana Nery,Dhiego Maia, josé Cavalcanti,Marina de Cicco, júlia Marques e Ricardo Manini

Johanna nublat

Basta que mãe e filho sobrevivam ao parto ou o nascimento deve se transformar em experiência agradável? Será que a prática excessiva de cesarianas terá impacto negativo na humanidade? Essas são algumas questões levantadas no documentário “O Renascimento do Parto” (2013, 90 min), que estreia dia 9 em São Paulo, no Rio e em Brasília e, em setembro, integrará o 6º Los Angeles Brazilian Film Festival. O documentário ouve médicos, obstetrizes, doulas e o Ministério da Saúde, numa espécie de manifesto em favor do parto humanizado -- em casa ou no hospital. “Muita gente pensa que o filme quer fazer a dicotomia entre cesárea e parto normal. Mas é mais que isso, é mostrar o absurdo do índice de cesáreas e dizer que existe o parto humanizado”, diz Érica de Paula, acupunturista, doula e responsável pela produção e pelo roteiro do filme. No filme --dirigido por Eduardo Chauvet, marido de Érica--, são apresentados malefícios das cesarianas marcadas por conveniência, como o risco da prematuridade, e as intervenções realizadas nos hospitais. Talvez a cena mais forte seja a que mostra uma episiotomia --corte na região entre a vagina e o ânus da mulher em trabalho de parto. Por outro lado, o documentário destaca o sentimento de estreitamento de laços no parto humanizado. É quando, segundo o médico francês Michel Odent, os “hormônios do amor” da mãe passam melhor para o filho. “A cabeça da mulher moderna atrapalha. Precisamos nos limpar desses contaminantes mentais, essa coisa de ‘a mulher moderna não sabe parir’”, diz no filme Naoli Vinaver, parteira mexicana. Um dos depoimentos nesse sentido é o do ator Márcio Garcia e de sua mulher, Andréa Santa Rosa, que escolheram o parto domiciliar para receber o terceiro filho. Apesar de reconhecer a importância da cesárea em casos de complicações, o filme não traz vozes dissonantes nem cita o famoso caso da australiana defensora do parto domiciliar que morreu ao dar à luz em 2012.

Foto: Carol Dias/Divulgação

Cena do documentário “O renascimento do parto”mostra mulher dando à luz numa banheira


4

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

Shel Almeida

Amanhã, sábado, sete de setembro não pode fazer nada para mudar. A classe comemora-se a independência do média foi doutrinada a ver as coisas como Brasil. Mas será que somos real- elas são, então a classe rica vem e toma o mente independentes? Vemos várias poder para si”, enfatiza. “Os movimentos indagações e questionamentos da popula- sociais tem duas vertentes. A Utópica ção, mas que mudança de fato, houve no quer transformar o ator social em sujeito país nos últimos tempos? Saímos às ruas, histórico e que aproxima o poder público gritamos palavras de ordem, entramos em da sociedade civil. E a Ideológica, em que o choque com a polícia. E o que mudou? Nos ator social não se vê como sujeito histórico, tornamos ‘independentes’ e ‘conscientes’? mas como uma peça importante para lutar No dia 17 de junho de 2013, em especial, a contra um inimigo comum. No Brasil o que população foi às ruas, em diversas cidades se vê é a segunda vertente, que suscetível a do país, em especial nas capitais. O que ser manipulada pelos dois lados”, fala. começou com poucos adeptos, dias antes, “O que se vê hoje são filhos da classe média culminou em uma adesão popular nunca frustrados por políticas sociais que não imaginada. Em Brasília, o teto do Congresso atendem a eles”, diz. Nacional foi tomado por populares. Em São “Pra ser bem realista e pragmático, não Paulo, milhares cruzaram juntos a Ponte há mudança de imediato. Talvez haja uma Estaiada. As emissoras de TV, que dias an- mudança daqui há duas gerações, no mítes ignoravam o que realmente acontecia nimo em 50 anos. Mas só vamos conseguir no país, foram obrigadas a mostrar o que perceber se o que houve neste ano de 2013 a internet já divulgava: não eram vândalos vai resultar em alguma mudança em 2018, nas ruas, era a população descontente. E porque nas eleições do ano que vem todos a violência vinha como forma de repressão ainda vão estar preocupados demais com a popular, por parte do Estado, e não de pro- Copa do Mundo. No Brasil ainda se tem a testo. “O gigante acordou” e “vem pra rua” crença de que vai aparecer um salvador da viraram gritos de guerra. Em Bragança a pátria, mas isso não existe. E não há nada grande manifestação aconteceu um pouco no horizonte que indique que ano que vem depois, no dia 21 de junho, de forma pací- vai ser diferente”, fala. fica. Milhares se reuniram na Praça Raul Leme, desceram a Rua Prof. Luiz Nardy e tomaram a Av. Pires Pimentel. Outras “Em Bragança, a grande manifestação que manifestações aconteceram posteriormente aconteceu em junho não foi consequência na cidade, mas a adesão da população já de um movimento social. Eram indivídunão foi a mesma. De lá pra cá, várias ma- os que caminhavam pelos seus pequenos nifestações continuaram acontecendo no motivos e achavam que o país iria mudar país. O Movimento Passe Livre, que foi o por mágica. Não houve coesão, não houve responsável pelos atos contra os 0,20 cen- unidade. A manifestação teve um começo, tavos das passagens de ônibus conseguiu o teve um meio e não teve um fim. Se tivesse que queria e a passagem não subiu. No Rio, acabado na Prefeitura, com os atos contra o Governador aquele momento emblemático Sérgio Cabral continuam. Mas Falar que não gosta de da colocação de cartazes, ela agora o que se vê são casos teria cumprido sua finalidade. isolados em alguns pontos política é tomar uma Mas se você perguntar hoje do país. Ao que parece, o posição política muito clara para as pessoas como acabou gigante voltou a dormir. A a manifestação, cada uma Pedro Galasso população já não está unida vai dizer uma coisa. ‘Acabou como antes e são poucos os na Prefeitura’, ou ‘acabou no que continuam ativamente na luta a favor Lago’ ou ainda ‘acabou na rodovia Fernão da melhora na educação e saúde, os temas Dias’. O desgaste do movimento social é principais que viraram bandeira durante as um processo natural, mas quando não tem manifestações. E já que amanhã é dia Sete um final, não tem uma conclusão, ele deixa de Setembro, data em que se comemora a de cumprir esse processo e as pessoas não Independência do Brasil e se volta a falar entendem, politicamente, o que aconteceu. em patriotismo fora do contexto futebo- Quem esteve ali para buscar status social, lístico, o Jornal do Meio pediu para que o pra mostrar depois fotos nas redes sociais cientista político Pedro Marcelo Galasso que esteve ali, saiu sem aprender nada. E fizesse uma análise do momento pelo qual qual foi o resultado disso? Recentemente o país está passando. A situação, de forma os vereadores rejeitaram o próprio trabageral, não é animadora. lho feito junto à população (as emendas apresentadas aos projetos de lei que tratam de alterações no Plano Plurianual e Lei de “Falar que não gosta de política é tomar Diretrizes Orçamentárias. Para justificar, uma posição política muito clara. A política alguns vereadores afirmaram faltar-lhes ainda é vista como algo negativo, é vista de experiência suficiente para entender o funforma pejorativa, mas ela faz parte do nosso cionamento da atividade para a qual foram dia-a-dia. Qualquer posicionamento é um eleitos). O que temos na Câmara hoje são ato político, até mesmo a maneira como a vereadores inexperientes e despreparados que pesam e votam pelo grupo político ao gente se veste”, explica. Pedro começa a conversa voltando ao Sete qual pertencem e não pelo coletivo”, avalia. de Setembro de 1822: “A ideia de indepen- “A política no Brasil não é política social, dência é um erro porque essa independência é política partidária. E, em Bragança, isso não estava atrelada à liberdade do povo não é diferente. A vida pública da política pelo povo. O que houve foi uma mudança brasileira não é pautada pela realidade, política e jurídica. O Brasil deixou de ser mas pelos interesses dos grupos políticos. colônia e passou a ser país. O que aconteceu O que existe não é vida pública, mas vida foi o final de um processo e não o início. eleitoreira. Aos amigos tudo e aos inimigos Foi a transferência de poder da metrópole nada. Isso independente de quem esteja portuguesa para a elite brasileira”, diz. “A no poder. O que acontece em Bragança é nossa sociedade civil hoje é muito fraca um microcosmo do que acontece no país”, do ponto de vista social e a grande culpa analisa. “E a população continua pensando é da classe média, que tem muito medo de que ‘sempre foi assim, nunca vai mudar’. E perder o que tem. Ou seja, quem deveria o que se vê é a perda da identidade geral e encabeçar um processo de mudança é me- pessoas que só vão acompanhando o fluxo drosa, não sabe se defende a mudança ou a das coisas”, fala. permanência. E no final o que se prolonga é As mudanças só irão acontecer quando a inércia. A desorganização vem do medo. A a população se conscientizar e cobrar, classe média brasileira é passiva e frustrada, de fato, que o poder público atenda as porque tem medo de mudar e tem medo da reivindicações, coisa que até agora não frustração de não poder mudar”, analisa. aconteceu, em nenhuma esfera – Federal, “Poder é uma coisa muito simples: ou você Estadual e Municipal. tem ou você não tem. A classe baixa tem a Muito se falou em melhoras na saúde e ideia de que política não é para ela, de que educação durante as manifestações. “Não é

apenas 0,20 centavos”, diziam os cartazes. Mas a única reivindicação que realmente foi pontual e que obteve resultado foi justamente a que dizia respeito aos 0,20 centavos. No calor do momento se reivindica muita coisa, é “contra tudo isso que está aí”, dizem muitos. Mas, ao final, tudo se dissolve, cada um volta pra sua casa e continua a mesmo de sempre. Pegar

um cartaz, ir pra rua e postar a foto no facebook depois, não é ter consciência política. Ter consciência política é fazer das reivindicações um hábito, é lutar, dia-a-dia para a melhora do país. É cobrar de quem recebeu seu voto, que cumpra com seu papel. É sair do marasmo e da inércia e fazer alguma coisa pra mudar. É fazer, você, a diferença.

Bragança

“A nossa sociedade civil hoje é muito fraca do ponto de vista social e a grande culpa é da classe média, que tem muito medo de perder o que tem.”

Classe média

“Em Bragança, a grande manifestação que aconteceu em junho não foi consequência de um movimento social. Eram indivíduos que caminhavam pelos seus pequenos motivos.”

“A ideia de independência é um erro porque essa independência não estava atrelada à liberdade do povo pelo povo. O que aconteceu foi a transferência de poder da metrópole portuguesa para a elite brasileira.”


comportamento

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

5

Ciência Cosmética Cremes faciais e produtos para o cabelo usam apelo de genes e células-tronco para atrair consumidor

Por ALEXANDRE DALL’ARA /FOLHAPRESS

Pegando carona em pesquisas médicas e avanços recentes relacionados a células-tronco e terapia genética, empresas de cosméticos tentam conquistar o consumidor com um apelo “científico”. Há produtos que se gabam dos supostos benefícios das células-tronco de uva e maçã. É o caso do Initialist (R$ 340), condicionador da Kérastase com ativos extraídos da macieira, e do creme facial Power Charge (R$ 2.300) da La Prairie, com algas e fitoextrato de uva suíça. Já o apelo “genético” aparece na linha Renew Genics da Avon e nos produtos Active, do Boticário. As tais células-tronco usadas nos cosméticos são de origem vegetal --na verdade, células meristemáticas, que têm função semelhante às células-tronco humanas (capacidade de se dividir e formar novas estruturas). Mas, segundo o biólogo e pesquisador do Instituto D’Or Daniel Furtado, esses fatores vegetais dificilmente teriam efeito em células humanas. “O que essas células-tronco podem fazer de diferente de um extrato vegetal comum?”, questiona o biólogo, que atribui o uso das substâncias ao marketing. “As empresas se aproveitam do apelo popular da ciência para lançar esses produtos. Muitos consumidores até sabem que a publicidade é exagerada, mas o desejo de rejuvenescer os leva a buscar gratificação, na maioria das vezes, ilusória”, diz o dermatologista Davi de Lacerda. João Hansen, presidente da Associação Brasileira de Cosmetologia, diz desconhecer o efeito das células-tronco vegetais, mas afirma que o benefício delas para a pele é “perfeitamente possível”. “Se há ou não abuso na publicidade eu não sei dizer. Mas sei que as empresa de renome têm justificativa para o que estão falando, não agem só pelo modismo”, afirma.

Regulação

Para Lacerda, as empresas de produtos de beleza tentam conquistar o consumidor “manipulando termos na sua publicidade e nos rótulos”. “A maioria das empresas maquia as informações no limiar da legalidade de cada país, que no caso dos cosméticos é bastante complacente.” Cosméticos de baixo risco para o consumidor não passam por avaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) antes de entrar no mercado. Mas, segundo a agência, as fabricantes devem ter comprovação científica da eficácia dos produtos e podem ser responsabilizadas legalmente por afirmações enganosas. Em geral, os testes realizados pelas empresas são feitos com um número pequeno de voluntários que avaliam o efeito percebido do produto. “É muito subjetivo. O ideal seria comparar o produto real com outro placebo, sem eficácia”, afirma Furtado. Sobre as novas tecnologias propagandeadas pela indústria, a Anvisa diz que não existe consenso científico. “No caso das células-tronco não há como comprovar a eficácia porque não há legislação que sustente o uso dessas substâncias”, diz o gerente-geral de cosméticos da agência, Marcelo Sidi Gacia. Empresas afirmam que testes provaram eficácia dos produtos. Em resposta às críticas sobre a eficácia dos cosméticos, as empresas afirmam ter testes para comprovar os efeitos dos produtos. Alegando sigilo industrial, nenhuma delas apresentou esses estudos. A Avon explica que a linha Genics é baseada em pesquisa da Universidade de Calábria (Itália) sobre um gene que estimularia a “longevidade da pele”. Segundo a empresa, testes in vitro demonstraram que os produtos “auxiliam no estímulo à produção desses genes”. O Boticário afirma que as células-tronco de origem vegetal são “usadas pelo mercado cosmético de maneira geral” e que seus produtos cumprem os requisitos de segurança e eficácia da Anvisa. A L’Oréal, responsável pela venda do condicionador Initialiste, afirma que a fórmula do princípio ativo Complex Régénérateur teve eficiência comprovada em testes in vitro. A representante da La Prairie no Brasil não respondeu aos questionamentos da reportagem. João Hansen, presidente da Associação Brasileira de Cosmetologia, diz que todos os produtos comercializados são baseados em alguma tecnologia e em testes em

pessoas ou in vitro. (AD) Mirian Goldenberg

Campeão do sexo

A representação do brasileiro como campeão do sexo provoca uma sensação de inadequação O brasileiro é o povo mais ativo sexualmente de todo o mundo. O brasileiro faz sexo 145 vezes por ano: só perde para o grego, que faz 164 vezes por ano. O brasileiro dedica mais tempo ao sexo do que quase todos os outros países. No Brasil, cada relação sexual dura, em média, 21 minutos. A média mundial é de 18 minutos. O Brasil só perde para a Nigéria, país onde o tempo médio da relação é de 24 minutos. O Brasil, na América Latina, é o país em que homens e mulheres têm o maior número de parceiros sexuais ao longo da vida: uma média de 12, contra dez nos países da América Latina em geral. O brasileiro é o povo mais infiel do mundo.

O brasileiro faz sexo, em média, três vezes por semana. Frequentemente nos deparamos com pesquisas que mostram que o brasileiro é um verdadeiro campeão do sexo. Esse quadro é bem diferente do que encontro nas minhas pesquisas. Muitas mulheres que entrevistei reclamam de: - dificuldade ou impossibilidade de atingir o orgasmo; - necessidade de fingir o orgasmo para deixar o parceiro feliz; - secura vaginal, dores com a penetração, perda da libido; - incapacidade de seduzir e de agradar um homem; - falta de desejo, falta de prazer, de intimidade, de experiência e de carinho; - insegurança com o próprio corpo e com os próprios odores; - vergonha das gorduras, das estrias, das celulites, dos peitos caídos e da bunda

flácida; - medo de falar sobre o que gosta na cama. Apesar da fama de país tropical, onde supostamente viveriam mulheres e homens obcecados por sexo, o que tenho encontrado nas minhas pesquisas é uma enorme insatisfação sexual. A representação do brasileiro como um povo campeão do sexo faz com que muitas pessoas se sintam distantes de uma performance idealizada em termos de qualidade e de quantidade. A força dessa representação pode estar provocando uma grande frustração até mesmo em pessoas cuja vida sexual pode ser considerada bastante satisfatória. O mito sobre o sexo campeão do mundo, quando comparado com a realidade da maior parte dos brasileiros, parece estar escondendo, ou até mesmo produzindo, a sensação de inadequação e também a de profunda miséria sexual.


6

comportamento

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

Abaixo o leite ? Consumo de leite cai e parte dos que abandonam a bebida alega que ela causa riscos à saúde; especialistas contestam

Por MARIANA VERSOLATO /FOLHAPRESS

O leite de vaca pasteurizado ainda mantém o posto de alimento ingerido em maior quantidade pelas famílias brasileiras, mas é fato que o consumo da bebida já não é tão grande como no passado. Segundo o IBGE, esse consumo caiu cerca de 40% nos últimos 30 anos no país. Nos Estados Unidos se observa a mesma tendência. O Departamento de Agricultura do país aponta que tanto a quantidade como a frequência do consumo de leite caíram desde a década de 70. Uma das explicações do órgão americano para a queda é a oferta cada vez maior de outras bebidas, como isotônicos e águas “vitaminadas”. No Brasil, a explicação está na diversificação da alimentação nas últimas décadas, o que reduziu o consumo de produtos tradicionais como leite, arroz e feijão, e aumentou a ingestão de iogurte, refrigerante e outros alimentos industrializados. A intolerância à lactose, distúrbio que tem se tornado cada vez mais diagnosticado e comum no mundo, é outro motivo para a menor presença do leite nas dietas. Mas há ainda quem acredite em uma associação do consumo da bebida ao aumento no risco de doenças como problemas intestinais, inflamações e até câncer e transtornos como autismo. É o caso da filósofa Sônia Felipe, que lançou no ano passado o livro “Galactolatria - Mau deleite”, no qual aborda os supostos males causados pela bebida. “Todos os motivos para abolir o leite concorrem para a sua desmitificação como alimento saudável, indispensável ou louvável. Ele não é nada disso”, afirma. Ela conta que estuda o assunto há 13 anos, desde seu pós-doutorado em bioética e ética animal na Universidade de Lisboa “Meu interesse se fortaleceu por conta da decisão ética de eliminar da dieta todos os produtos derivados de sofrimento animal.” Os tais malefícios do leite, porém, são contestados por especialistas. Wagner Gattaz, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, refuta a associação do leite com doenças mentais. Ele lembra de um estudo publicado no “Schizophrenia Research” que aponta que antígenos do leite podem causar um desequilíbrio metabólico no cérebro de pessoas com esquizofrenia. “Mas não há evidências de que o leite agrave a psicose. Provavelmente são achados sem significado clínico.” Ana Carolina Cantelli, nutricionista oncológica do A.C.Camargo Cancer Center, diz que os estudos ligando o leite ao risco de câncer são controversos.”Há pesquisas mostrando que a caseína [proteína do leite] pode até proteger contra câncer de cólon. Não dá para bater o martelo.”

O nutrólogo Celso Cukier engrossa o coro sobre a falta de evidências contra o leite. “Leite integral em excesso significa gordura em excesso e pode elevar o risco de doença arterial ou renal. Fora isso, quem não tem alergia ou intolerância pode consumir leite como um complemento rico em nutrientes e cálcio.” Recomendar restrição ao consumo do leite de origem animal para quem não tem alergia ou intolerância, aliás, é proibido pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul), sob pena de processo disciplinar. Adriane Antunes, nutricionista, professora da Unicamp e autora do livro “Leite para Adultos - mitos e fatos frente a ciência”, afirma que as principais consequências negativas de uma dieta pobre em cálcio são relacionadas à saúde dos ossos e dentes e ao aumento da pressão arterial. “De qualquer forma, é possível ter uma dieta equilibrada sem laticínios.” Veganos buscam alternativas ao leite de vaca. A empresária Ana Victoria Bueno, 39, parou de consumir leite e derivados há cerca de dois anos, como “forma de respeitar a natureza”. “Não sinto falta. Tomo leite de arroz, amêndoas e aveia. Gosto de todos”, diz ela, que toma as bebidas industrializadas (veja receitas de “leites” veganos acima) Ela diz que considera o consumo de leite pior que o de carnes, apesar de também não consumi-las. “Não agrega nada, a não ser gordura. Acho que é benéfico apenas para os bezerros.” O engenheiro Arno Bollman, também vegano, diz que aboliu o leite a partir de três razões: a ética animal, a saúde e a questão ambiental. “Monitoro a saúde regularmente com exames e consultas médicas”, conta. “Depois que soube o quão cruel para com as vacas é a forma de produção do leite e de seus derivados e que encontramos as proteínas e cálcio nos vegetais, deixei de consumir o leite e seus derivados e minha saúde só tem melhorado.” S UZANA HERCULANO-HOUZEL

ao cartão de crédito “grátis”? Por que acreditam no jovem mau-caráter que oferece ajuda com o caixa automático? A suspeita da FTC e do FBI é que idosos são mais vulneráveis a fraudes e golpes não por serem ingênuos ou menos capazes cognitivamente, e sim por não detectarem sinais que inspiram desconfiança nos jovens. Uma pesquisa recente dos departamentos de Psicologia, Geriatria e Negócios da Universidade da Califórnia confirmou essa suspeita. A equipe pediu a voluntários jovens e idosos que avaliassem quão “confiáveis” ou “não confiáveis” lhes pareciam pessoas desconhecidas apresentadas em fotografias. Esse tipo de julgamento envolve a ínsula anterior, parte do córtex que monitora o estado emocional do corpo e o representa como sensação “instintiva” --aquele “aviso” visceral, ou pressentimento, de que não é para assumir um risco, entrar naquela ruela ou entregar seu cartão do banco ao jovenzinho simpático. Essa capacidade da ínsula de representar o

estado emocional do corpo, contudo, diminui com os anos. A equipe da Califórnia suspeitou, portanto, que a credulidade dos velhinhos correspondesse a uma menor capacidade da ínsula anterior de reagir a imagens de pessoas não confiáveis. De fato, enquanto jovens no estudo julgaram nada confiáveis rostos que tipicamente inspiram desconfiança, com uma forte ativação da ínsula anterior, os idosos mostraram uma ativação quase dez vezes menor --e avaliaram esses rostos como praticamente neutros. Idosos, portanto, parecem perder a capacidade de registrar na ínsula anterior o aviso visceral de que alguém não é confiável, o que pode bastar para fazê-los entregar seu dinheiro ao primeiro salafrário que aparecer. O divertido é pensar que um bom remédio para isso é a inversão do conselho usual aos jovens de pedir ajuda aos mais velhos: nesse caso, os idosos têm muito a lucrar pedindo ajuda à ínsula anterior dos mais novos. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

Velhinhos crédulos

Por que nossos avós têm muito mais chance do que nós de cair em golpes financeiros? De acordo com um estudo da seguradora MetLife, idosos nos EUA perderam, só em 2011, ao menos US$ 2,9 bilhões em esquemas financeiros, envolvendo desde pequenos golpes domésticos até fraudes mais elaboradas. O FBI e a FTC (Federal Trade Commission) daquele país confirmam que os idosos são especialmente vulneráveis a fraudes. Por que nossos avós têm muito mais chance do que nós de cair em golpes financeiros, do mais óbvio e-mail-armação

Consumo de leite cai e parte dos que abandonam a bebida alega que ela causa riscos à saúde; especialistas contestam


teen

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

7

The disc is on the table 7 Kinds of Monkeys e Sexy Fi gravam álbuns nos EUA com dois produtores badalados

Por MIGUEL MARTINS /FOLHAPRESS

Na hora de produzir um disco, bandas brasileiras sem contrato com gravadora costumam ter orçamento apertado. Mas, com o dólar mais barato nos últimos anos, gravar nos EUA com um produtor renomado vem deixando de ser opção exclusiva a medalhões. Este ano, dois grupos independentes estão lançando discos “made in USA”. “Search for Gold”, da banda-projeto 7 Kinds of Monkeys, e “Nunca Te Vi de Boa”, do quinteto brasiliense Sexy Fi, foram registrados pelos produtores americanos Jack Endino e John McEntire, respectivamente. O primeiro, de Seattle, foi um dos pilares da cena grunge da cidade nos anos 1990 e já gravou Nirvana, Soundgarden e Titãs. O segundo --do Oregon, mas baseado em Chicago-- é baterista da banda Tortoise e trabalhou com nomes como Teenage Fanclub, Stereolab, Blur e Tom Zé. Apesar dos currículos de respeito, Endino e McEntire não estavam fora da realidade das bandas quando gravaram seus discos no começo de 2011, período em que o dólar estava abaixo de R$ 1,70. “Dependendo do projeto, é viável”, diz Amaro Lima, cantor e compositor do 7 Kinds of Monkeys, que agendou oito dias de gravação com Endino. Lima pagou metade dos custos da produção --a outra parte veio por incentivos da Lei Rubem Braga, da Secretaria de Cultura de Vitória (ES). Já o Sexy Fi teve o disco todo bancado pelos integrantes da banda. O guitarrista João Paulo Praxis diz que chegou a consultar opções no Brasil antes de fechar com McEntire por três semanas. “Custou o mesmo que em um bom estúdio do Rio ou São Paulo”, calcula, incluindo passagens e estadia na conta. Como a gravação pode durar de dias a anos, uma forma de prever gastos de uma produção é saber quanto custa a hora de aluguel do estúdio. Nesse quesito, enquanto alguns estúdios bem equipados de São Paulo, como YB, NaCena

e Midas, cobram mais de R$ 200 por hora, Jack Endino diz que os melhores (e mais caros) de Seattle custam no máximo US$ 85 (R$ 170). Dependendo dos preços das passagens e da estadia da banda, pode ser uma opção viável. Há também os gastos com o produtor. Mas Endino, por exemplo, não tem um preço fixo. “É como você perguntar quanto custa um carro. Você quer o econômico ou o de luxe’? Faço disco de todos os formatos e tamanhos”, diz. Lima ficou satisfeito com o resultado e o custo-benefício de “Search for Gold”. Mas ele também relativiza a experiência de gravar nos Estados Unidos. “No meu caso, queria fazer um disco de rock. Mas, se quisesse gravar samba, iria para o Rio. Se quisesse experimentar, faria em casa.” “Os Titãs riam do meu português”, diz Jack Endino Em janeiro, Jack Endino criticou, em sua página no Facebook, as bandas brasileiras que cantam em inglês, dizendo não entender nada das letras que ouvia. Depois de vários comentários de internautas e artistas nacionais contrários à opinião do produtor de Seattle, ele mencionou a concorrência que os grupos daqui enfrentam. “Vocês [bandas brasileiras] estão competindo com milhões que falam a língua. Então, não basta serem bons. Vocês precisam ser os melhores”, disse, na época. Endino assina a produção de “Search for Gold”, álbum do 7 Kinds of Monkeys, cujas faixas --escritas pelo capixaba Amaro Lima-são todas cantadas em inglês. Segundo o produtor norte-americano, o vocalista não se encaixa nas críticas que publicou na rede social quase dois anos depois de produzir o álbum. “O inglês do Amaro é muito bom”, afirma. Em 2011, ele gostou tanto das músicas do brasileiro que resolveu dar uma ajuda na cozinha. “A ideia [do Amaro] era contratar um baixista e um baterista nos Estados Unidos, mas

acabei assumindo o baixo para ele dar uma economizada”, diz o produtor, que aparece no encarte do disco como um dos integrantes do 7 Kinds of Monkey. Quanto ao inglês, Endino diz ter ajudado Amaro “apenas com algumas palavras, um

pouco do sotaque e da gramática”. Detalhes, que segundo Endino, podem passar despercebidos por quem não fala a língua no dia a dia. “Os Titãs costumavam rir do meu português, porque eu sempre trocava as palavras de lugar”, lembra. Foto: Fabio Seidl/Divulgação

A banda brasiliense Sexy-Fi, que produziu seu disco com John Mcentire. Foto: Fabio Seidl/Divulgação

A banda 7 kinds of Monkey, que gravou lbum com Jack Andino (seg. esq.)


8

Reflexão e Práxis

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

O papel da mulher

na sociedade contemporânea, parte 2 Por pedro marcelo galasso

A organização do movimento feminista é o grande diferencial dessas lutas posteriores à década perdida passando a ser cortejada por políticos e partidos políticos. É curioso notar, segundo Hobsbawn, que a participação feminina aumentou nos espaços deixados pela desorganização dos movimentos operários. O que mudou, portanto, não foi a participação feminina no mercado de trabalho, mas a sua nova posição dentro do universo político, seja ele institucional ou informal. Mesmo assim, a maioria das mulheres, incluindo as casadas, não entrou no mercado de trabalho ou no ensino superior pensando em uma busca por direitos e igualdade sociopolítica. Fatores como a pobreza, a docilidade das mulheres e a falta da mão de obra masculina levaram a mulher a preencher estes espaços, provocando uma diversificação de atividades que vão além

das “restrições” do setor terciário, no que tange a participação produtiva feminina, nem sempre acompanhada de participação política. Nos países subdesenvolvidos, ocorreu a passiva não cooperação das populações mais tradicionais, já que independentemente do que dizia a lei, a mulher era considerada inferior. Uma das questões ligadas a esta passiva resistência é o dilema: “como pode uma mulher combinar carreira ou emprego com o casamento e a família?”. Tal opção ou possibilidade de resposta é particularmente difícil para as mulheres dos países mais pobres. A busca por eunomia, ou melhor, por igual tratamento e igual oportunidade, teve início com as mulheres educadas da classe média estadunidense e europeia o que gerou alguns atrasos importantes para a discussão de temas importantes como a licença maternidade, tema fundamental para

as mulheres trabalhadoras dos países mais pobres. O que se buscava era a ação afirmativa. Além disso, quando o trabalho infantil foi proibido no Ocidente algumas mulheres saíram em busca de trabalho para, simplesmente, compensar o orçamento familiar, algo que era atribuição dos filhos homens. Para ajudar nesta busca houve a redução do número de filhos e das famílias nucleares, promovida por iniciativa das próprias mulheres com o auxílio dos métodos contraceptivos. Além disso, houve também a busca pelo prazer puro e simples do sexo e do orgasmo sem a preocupação com a redução da prática sexual da função reprodutiva. Somado a isso houve a mecanização do trabalho doméstico, com, por exemplo, as máquinas de lavar. Há que se lembrar que esta ajuda líquida podia ser pequena quando existia a necessidade de contratar alguém para cumprir as

atribuições que antes cabiam às mães. O grande incentivo era a autonomia e a liberdade, a busca pela posição de indivíduo, uma pessoa por si só, muito além da mãe e esposa. Com o passar do tempo, o salário das mães se tornaram fundamentais para o orçamento familiar, criando a demanda mais recente, a busca por um melhor padrão de vida e de status financeiro, exatamente ao que assistimos atualmente. Entretanto, vale a pena pensar qual a ideia que os meios de comunicação têm sobre a figura feminina e a imposição desumana e irresponsável de padrões de beleza e de comportamento que, por vezes, são inalcançáveis ou fúteis para algumas mulheres que podem ser estigmatizadas quando não afeitas a estas imposições. Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

antenado

‘Satã’ faz de Pellizzari um escritor irlandês Por CASSIANO ELEK MACHADO /folhapress

“Daniel Pellizzari é o maior escritor sérvio da literatura brasileira. Além disso, é também o maior escritor argentino da literatura brasileira. E ainda arruma tempo para ser o maior escritor russo da literatura brasileira.” Foi assim que o escritor Joca Reiners Terron apresentou Pellizzari, quando o autor gaúcho (nascido no Amazonas e hoje radicado em São Paulo) publicou seu primeiro romance, “Dedo Negro com Unha” (DBA), em 2005. Sete anos, dez meses e catorze dias --2875 dias-- se passaram até que Pellizzari publicasse seu segundo romance, “Digam a Satã Que o Recado Foi Entendido”. A obra, lançada pela Companhia das Letras, mostra que Daniel Pellizzari, 39, mudou bastante. Com ela, passa a ser o maior escritor irlandês da literatura brasileira. Não só pelos fatos aqui elencados: 1) o livro é ambientado em Dublin; 2) cita tantos lugares reais, obscuros ou famosos, da cidade, que seria possível criar um site só com suas referências no Google Maps; 3) personagens da mitologia celta, como a deidade pré-cristã Crom Cruach, pontuam toda a obra; 4) há mais cenas com “pints” de cerveja escura em pubs quase escuros do que em toda a ficção do Brasil. Mais do que tudo isso, “Digam a Satã Que o Recado Foi Entendido” tem uma voz irlandesa. Ou várias vozes. Polifônico (como as obras do maior autor irlandês, James Joyce), o romance tem

seis narradores diferentes, quatro deles nativos, além de um polonês perturbado e um sujeito das Ilhas Maurício. Os narradores se cruzam. Três deles trabalham numa agência de turismo especializada em lugares mal-assombrados --inventados por eles mesmos--; outros três militam numa seita celta (e ufóloga), que conspira para trazer de volta à Terra um antigo deus-serpente. Pellizzari, o autor “irlandês”, passou apenas 32 dias no país, e em 2007. Mas viveu parte da adolescência com os grossos óculos enfiados em livros e sites ancestrais sobre mitologia celta e temas congêneres. O ocultismo também não lhe é estranho. “Digam a Satã...” ironiza ou faz escárnio com estes elementos. Como com quase tudo. Desajuste e desencanto, características dos personagens (e de muita literatura irlandesa), dão certo humor (negro) ao livro. “É o humor do condenado gargalhando diante da forca”, opina o próprio Pellizzari. “A risadinha de patíbulo, para conseguir lidar com coisas impossíveis de vencer.” É assim até com o amor, tema da coleção. “Onde há pessoas existem problemas, não consigo enxergar o amor escapando a essa lógica”, diz. Digam a satã que o recado foi entendido Autor: Daniel Pellizzari Editora: Companhia das Letras Quanto: R$ 37 (184 págs.)

Foto: Renato Parada/Divulgação

O escritor e editor Daniel Pellizzari


SPASSU da Elegância

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

Levando o bouquet Por Ana Carolina Serafim e Nazaré Brajão

Não há uma regra, mas as cerimonialistas de casamento orientam a noiva a segurar o bouquet de noiva com a parte interna do pulso no osso lateral do quadril, para que o bouquet fique posicionado mais para baixo e um pouco de lado. A justificativa: assim o bouquet de noiva não tapa a visão do vestido. Outras preferem posicionar o bouquet mais ao centro, na altura da cintura. Não existe um certo e errado, mas sim o gosto e preferência da noiva. O bouquet de Kate Middleton, por exemplo, estava posicionado no centro, da cintura para baixo. Repare que esteticamente esta é a maneira mais harmoniosa de se segurar o bouquet de noiva, pois ele fica centralizado e coerente com o resto do figurino. Oras, o bouquet faz parte do look da noiva. E não tapa uma parte do vestido, mas sim ressalta a beleza da imagem da noiva. De todas as maneiras, o

importante ao segurar o bouquet de noiva é fazê-lo de maneira bem natural. Nossa dica é que você não fique calculando muito a posição que o bouquet deve estar, pois isso pode fazer com que você fique com o braço “engessado”. Em um contexto geral, mais importante do que o bouquet estar aqui ou ali, é que a noiva esteja tranquila, sorridente e relaxada para cruzar o altar radiante em direção ao seu noivo! Mande suas sugestões para nosso e-mail, spassuplazanoivas@yahoo.com.br Podemos auxiliá-los em suas dúvidas! Acesse nosso Facebook: Spassu Plaza. Ou se preferir, venha conhecer nossa loja, estaremos prontas para atendê-los.

9


10

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013


Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

11

Foi com imensa alegria que fotografei o ensaio pré-wedding desse lindo casal: Leticia e Humberto. Um casal apaixonado e divertidíssimo. Foi uma manhã maravilhosa no condomínio Vale das Águas onde pudemos desfrutar de uma paisagem maravilhosa, sem contar a disposição do casal. Demos muitas risadas e nos divertimos muito durante a sessão. Em breve os dois estarão abrilhantando essa coluna com as fotos do casamento, que eu não vejo a hora de fotografar. Enquanto isso espero que curtam esse pré-wedding.


12

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013


veículos

veículos

Caderno

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

13


14

veículos

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

Citroën lança o C4 Lounge para renascer no disputado segmento de sedãs médios por Michael Figueredo/autoPress

Já faz tempo que a Citroën perdeu o fôlego no segmento de sedãs médios. No ano passado, o C4 Pallas patinou na média mensal de 330 unidades – bem longe dos 1.200 emplacamentos dos bons tempos e mais ainda dos líderes Toyota Corolla e Honda Civic, que vendem em torno de 4.500 carros por mês. A marca francesa, no entanto, volta ao jogo agora com o novo C4 Lounge. O modelo é baseado na plataforma do C4 hatch europeu – que só chega aqui no ano que vem – e tem no acréscimo de tecnologia e desempenho seus principais argumentos para tentar abocanhar as almejadas 1.500 unidades mensais. As vendas começam no final de setembro. Além de engarrafar ainda mais o mercado brasileiro de sedãs médios, o C4 Lounge tem uma outra missão, mais ampla e ainda mais complicada. O modelo chega para ajudar na tarefa da filial latino-americana de aplacar a crise vivida pelo grupo PSA Peugeot-Citroën na Europa. O três volumes argentino será mais um que vai tentar reduzir a dependência das vendas europeias e driblar a recessão local. “Por ser destinado à América Latina, China e Rússia, terá grande peso para a PSA aumentar suas vendas fora de Europa, algo fundamental no processo de recuperação do grupo”, afirma Carlos Gomes, presidente da PSA América Latina. As mudanças mais marcantes do C4 Lounge estão no design. A frente ostenta a atual identidade visual global da marca. O capô apresenta dois vincos bastante pronunciados que conferem agressividade à vista frontal do carro. A grade dianteira remete à utilizada no C3, com frisos cromados que vão de um farol a outro e formam, ao centro, os “chevrons” do logotipo da Citroën. Abaixo, luzes diurnas de leds em forma de “L”. Nas laterais, mais vincos, com destaque para os inseridos nas caixas de rodas traseiras, que dão um perfil másculo ao carro. A última coluna é mais inclinada, o que diminui a massa no balanço traseiro. Na traseira, lanternas bipartidas com filetes de leds, ligadas por um friso cromado. O sedã conta duas opções de motores. A primeira, oferecida na versão de entrada e nas intermediárias, é o 2.0 flex, que entrega 143 cv de potência com gasolina ou 151 cv com etanol, sempre a 5.250 rpm. O torque é de 20,2 kgfm e 21,7 kgfm, respectivamente, alcançado a 4 mil rpm. A unidade de força pode ser acoplada a um câmbio manual de cinco velocidades ou a uma nova caixa automática de seis marchas que finalmente aposenta a “caquética” de quatro relações que reprimia as vendas do Pallas. O outro propulsor, disponível apenas no modelo de topo da gama, é o 1.6 THP a gasolina. O propulsor turbo oferece 165 cv a 6 mil rpm e torque de 24,5 kgfm desde as 1.400 rpm até os 4 mil giros. Para essa motorização, a transmissão é sempre a automática de seis velocidades. O C4 Lounge mantém a distância entre-eixos do Pallas – são 2,71 metros. Mas a Citroën resolveu valorizar o acabamento. O painel de todas as versões é revestido pelo mesmo material emborrachado usado no DS4 e as portas são forradas com um tecido “soft-touch”. As versões seguem a nomenclatura inaugurada no Brasil pelo hatch C3. A de entrada é a Origine, que conta com ar-condicionado manual com saída de ar no console traseiro, volante multifuncional, computador de bordo, freios ABS com EBD, trio elétrico, airbags frontais, faróis de neblina, direção eletro-hidráulica, rádio/ CD/MP3/Bluetooth e coluna de direção ajustável em altura e profundidade. Esta configuração custa R$ 59.990 – sempre com câmbio manual. A intermediária Tendance deve representar 50% do mix e ainda conta com ar-condicionado automático de duas zonas, sensores de estacionamento traseiro, crepuscular e de chuva e retrovisor interno eletrocrômico, por R$ 62.490 – ou R$ 66.990 com o câmbio automático. Já na Exclusive 2.0, oferecida por R$ 72.490, o sedã passa a oferecer sistema keyless, controle de estabilidade, airbags laterais e de cortina. O topo da gama tem a Exclusive THP, que custa R$ 77.990 e adiciona sensores de estacionamento dianteiro e de ponto cego, câmara de ré, central multimídia com navegador GPS e tela colorida de sete polegadas e quadro de instrumentos com iluminação e LCD. Nas versões Exclusive, a transmissão é sempre automática.

Primeiras impressões

Mendoza/Argentina – Entre os sedãs médios, agressividade estética não chega a ser uma palavra de ordem. Ainda assim, o C4 Lounge consegue chamar a atenção por algumas soluções adotadas pelos designers, como os destacados vincos do capô, que criam uma atmosfera agressiva para quem o vê o carro de frente. O mesmo acontece com as linhas pronunciadas nas caixas de rodas traseiras, que resultam num aspecto de movimento. O maior atrativo do novo sedã, porém, está no interior. O acabamento é elogiável, além dos materiais escolhidos, que agradam tanto ao toque quanto aos olhos. A versão testada foi a Tendance com câmbio automático. Basta sentar-se no banco do motorista para logo encontrar a melhor ergonomia. Ao girar a chave e pisar no pedal da direita, é notável a relação mais curta da primeira marcha. O C4 Lounge, inclusive, é bom de arrancadas. Já nas retomadas, nem tanto. A nova transmissão automática demorar a ler os estímulos do condutor, o que impede que o carro seja mais decidido em ultrapassagens. Nas charmosas estradas da região de vinícola de Mendoza, aos pés da Cordilheira dos Andes, o C4 Lounge mostrou comportamento dinâmico distinto. Se em trechos sinuosos, oferece firmeza e estabilidade, em linhas retas, principalmente em velocidades mais elevadas, o volante fica mais leve que o ideal. A pequena cidade argentina tem em comum com as vias brasileiras a baixa qualidade das pavimentações. As imperfeições, no entanto, são absorvidas com competência pela suspensão. Após pouco mais de 100 quilômetros ao volante, hora de passar para o banco traseiro. E a cabine se mostra mesmo bem espaçosa. Há lugar para as pernas de um adulto com 1,80 metro sem qualquer tipo de aperto. O mesmo já não acontece com a cabeça, que eventualmente roça o teto do carro. No entanto, duas pessoas de estatura mediana conseguem conviver tranquilamente no banco de trás.

Ficha técnica

Citroën C4 Lounge Motor 2.0: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.199 cm³, três cilindros em linha, com quatro válvulas por cilindro com abertura variável na admissão. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico. Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré ou automatizado de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Potência máxima: 143 cv e 151 cv com gasolina e etanol a 5.250 rpm. Aceleração 0-100 km/h: 9,5 segundos com câmbio manual e 10,8 segundos com câmbio automatizado. Velocidade máxima: 211 km/h. Torque máximo: 20,2 kgfm e 21,7 kgfm com gasolina e etanol a 4 mil. Diâmetro e curso: 77,0 mm x 78,9 mm. Taxa de compressão: 10,5:1. Motor 1.6: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, alimentado por turbina de hélice dupla, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Comando duplo de válvulas no cabeçote com sistema de variação de abertura na admissão e escape. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico. Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração. Potência máxima: 165 cv a 6 mil rpm. Torque máximo: 24,5 kgfm a 1.400 rpm. Aceleração 0-100 km/h: 8,8 segundos. Velocidade máxima: 215 km/h. Diâmetro e curso: 77,0 mm x 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,0:1. Suspensão: Dianteiro tipo pseudo McPherson e traseira com travessa deformável. Molas helicoidais, amortecedores hidráulicos pressurizados à gás e barra estabilizadora nos dois eixos. Não possui controle de estabilidade. Pneus: 225/45 R17. Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EDB. Carroceria: Sedã em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,62 metros de comprimento, 1,78 m de largura, 1,50 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina. Peso: 1.392 kg em ordem de marcha. Capacidade do porta-malas: 348 litros. Tanque de combustível: 60 litros. Produção: El Palomar, Argentina. Lançamento no Brasil: 2013.

Itens de série: Origine 2.0: ar-condicionado manual com saída de ar no console traseiro, volante multifuncional, computador de bordo, freios ABS com EBD, trio elétrico, airbags frontais, faróis de neblina, direção eletro-hidráulica, rádio/CD/MP3/Bluetooth e coluna de direção ajustável em altura e profundidade. Preço: R$ 59.990. Tendance 2.0: Adiciona com ar condicionado automático de duas zonas, sensores de estacionamento traseiro, crepuscular e de chuva e retrovisor

interno eletrocrômico. Preço: R$ 62.490 (R$ 66.990 com o câmbio automatizado). Exclusive 2.0: Adiciona keyless, controle de estabilidade, airbags laterais e de cortina. Preço: $ 72.490 Exclusive THP: Adiciona sensores de estacionamento dianteiro e de ponto cego, câmara de ré, central multimídia com navegador GPS e tela colorida de sete polegadas e quadro de instrumentos com iluminação e LCD. Preço: R$ 79.990 Foto: Michael Figueredo/Carta Z Notícias

Fotos: aaa


Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

15

VENHA CONFERIR O C4 LOUNGE, A MAIS NOVA SENSAÇÃO DA CITROËN.

MOTOR TURBO THP DE 165 CV MOTOR 2.0 FLEX 151 CV

Sistema Keyless

Sistema Start/Stop

SAM – Smart Alert Move

Câmbio automático Auto 6

Central multimídia

Teto solar elétrico

Respeite a sinalização de trânsito.

Le Mans Bragança Paulista | Av. José Gomes da Rocha Leal, 1.910 | 11 4892-6000


16

veículos

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

Notícias

automotivas por Augusto Paladino/autopress

Para a família – A Honda se antecipou e mostrou a versão final da variante perua do Honda Civic europeu – bem diferente do brasileiro – antes do Salão de Frankfurt. Batizado de Tourer, o carro segue as linhas do hatch vendido na Europa e tem capacidade de carregar até 1.668 litros no porta-malas. Na parte mecânica, o Honda Civic Tourer terá duas opções de motorizações: 1.8 litro a gasolina de 142 cv e 17,7 kgfm de torque e outra turbodiesel 1.6 litro capaz de produzir 120 cv e 30,6 kgfm. A perua também possui uma nova suspensão traseira adaptativa, que permite o componente ser alterado em três modos por meio dos amortecedores eletrônicos: econômico, normal e dinâmico. Mais um – Depois de hatch, sedã e sportback, a Audi prepara para o Salão de Frankfurt, em setembro, a apresentação de uma minivan do A3. O modelo é idealizado para encarar, de igual pra igual, o futuro monovolume de tração dianteira da BMW e o Mercedes Classe B. Por diversas vezes durante entrevistas, executivos da Audi demonstraram interesse de lançar um A3 mais alto e espaçoso, “sem perder o tradicional estilo elegante”, nas palavras de Wolfgang Durheimer, um dos chefões da marca. De entrada – O grupo PSA Peugeot Citroën vai lançar uma nova linha de baixo custo. Trata-se da linha “C-Line”, que terá seu primeiro modelo mostrado no salão de Frankfurt, no próximo mês. Ele antecipa o substituto do atual C2 e segue um conceito que a marca chama de “simplicidade despojada”, baseado no Lacoste Concept de 2010.

fazer bastante barulho com o superesportivo LFA, a Infiniti irá se aventurar no segmento. A divisão de luxo da Nissan prepara um modelo para ser lançado em 2017 ou 2018. Os conceitos já mostrados Essence e Emerg-e devem servir de inspiração para o futuro modelo. Na questão mecânica, a marca japonesa poderá um ajudinha das pistas. A equipe de Fórmula 1 Red Bull Racing pode ser a parceira de desenvolvimento do motor que equipará o futuro veículo. Problema de combustível – A General Motors do Brasil convoca 12.235 unidades do Chevrolet Sonic, com fabricação entre abril de 2012 e maio de 2013, para inspeção e troca, se necessário, da tubulação de combustível e instalação de isoladores entre as tubulações. A GM informou que estes componentes foram produzidos fora da dimensão especificada, o que pode causar atrito e vazamento entre as tubulações de gasolina e ar-condicionado, gerando risco de incêndio. Mais informações no www.chevrolet.com.br.

Sem fazer alarde – De forma discreta, a Mini relançou no Brasil a linha John Cooper Works para o Cooper hatch, R$ 136.950, cupê, por R$ 141.950, conversível, de R$ 151.950 e roadster, o mais caro, que custará R$ 156.950. O pacote esportivo inclui kit aerodinâmico, rodas de liga leve de 17 polegadas, suspensão mais firme, freios redimensionados, além da possibilidade de personalizar as cores da carroceria e do teto. O motor também é mexido e passa a gerar 211 cv. Por isso, as variantes JCW são R$ 17 mil mais caras que a versão S convencional de qualquer um dos carros citados. Os Segue a fila – Ninguém fica sozinho por muito tempo no crossovers Countryman e Paceman JCW chegarão ao mundo das marcas de luxo japonesas. Depois da Lexus mercado brasileiro até o final do ano.


veículos eículos

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

17

Para a família por Augusto Paladino/autopress Foto: Divulgação

A Honda se antecipou e mostrou a versão final da variante perua do Honda Civic europeu – bem diferente do brasileiro – antes do Salão de Frankfurt. Batizado de Tourer, o carro segue as linhas do hatch vendido na Europa e tem capacidade de carregar até 1.668 litros no porta-malas. Na parte mecânica, o Honda Civic Tourer terá duas opções de motorizações: 1.8 litro a gasolina de 142 cv e 17,7 kgfm de torque e outra turbodiesel 1.6 litro capaz de produzir 120 cv e 30,6 kgfm. A perua também possui uma nova suspensão traseira adaptativa, que permite o componente ser alterado em três modos por meio dos amortecedores eletrônicos: econômico, normal e dinâmico.

Honda Civic Tourer

veículos eículos

Em briga de cachorro grande por Augusto Paladino/autopress

Para se dar bem nos Estados Unidos é preciso ser forte no segmento de picapes – setor que tem os dois carros mais vendidos por lá: Ford F-Series e Chevrolet Silverado. E para tentar roubar uma fatia maior de mercado desses modelos, a Toyota vai começar a vender nas próximas semanas a Tundra 2014. A picape sofreu um reestilização no começo do ano será comercializada em quatros versões e carrocerias de cabine simples, dupla e CrewMax – todas com opções 4X2 ou 4X4. A Tundra 2014 terá ainda três motorizações: V6 4.0 litros de 270 cv – associado a uma caixa automática de cinco relações –, V8 de 310 cv e outro V8 5.7 litros de 381 cv – ambos com transmissão automática de seis velocidades.

Foto: Divulgação

Toyota Tundra


18

veículos

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

Pirelli lança o pneu radial Diablo Rosso II para motos médias de olho na sofisticação do consumo por Eduardo Rocha/AutoPress

As vendas de motocicletas no Brasil já não mostram a pujança do início da década. Por outro lado, o mercado vem dando claros sinais de que as exigências do consumidor de duas rodas está maior. Enquanto os segmentos de baixa cilindrada patinam na falta de crédito, os modelos mais sofisticados ganham participação. Como acontece com a motos médias, entre 150 e 400 cc, que hoje já representam 7% da frota – cinco vezes mais que há 10 anos, quando eram apenas 1,4% do total. Naturalmente, este “amadurecimento” do consumo atrai as fabricantes de motopeças, que passam a oferecer produtos um pouco mais sofisticados. Caso da Pirelli, principal fabricante de pneus para o mercado de duas rodas no Brasil, com 42% de participação. A marca acaba de apresentar a linha de pneus radiais Diablo Rosso II, especificamente para motocicletas street de 250 e 300 cc. O Diablo Rosso II não é o primeiro do gênero no mercado brasileiro – a Michelin lançou um produto similar, importado, há poucas semanas. A diferença é que o pneu da marca italiana é feito no Brasil. E a promessa da Pirelli é que o preço será apenas 10% maior que o do pneu com estrutura diagonal. Esta diferença se torna ainda menos expressiva com os resultados de campo: o Diablo Rosso teve durabilidade 20% maior que o pneu convencional. Além disso, apresentou melhora também em outros aspectos. A dirigibilidade foi incrementada em 15%, a performance no piso molhado em 20%, a estabilidade em 10% e a aderência em piso seco ficou 10% maior. Esta evolução de amplo espectro é reflexo do conceito do novo pneu e repete o que já aconteceu em automóveis nos anos 1970, caminhões nos anos 1990 e em motocicletas grandes na década passada. A estrutura radial fica transversal em relação ao sentido de rodagem, enquanto as cintas internas são longitudinais. Esta configuração faz com que o pneu mantenha o formato, mesmo em altas velocidades. Com isso, fica mais fácil controlar a área de contato com o solo e reduz as deformações nas curvas. Por isso mesmo, a Pirelli está investindo na associação do novo pneu à esportividade. Junto com o ganho na estrutura, o Diablo Rosso II traz mudanças também no desenho. Na área central, a banda de rodagem é praticamente um pneu slick, já que há pequena necessidade de drenagem quando se está em linha reta. Na área lateral, as ranhuras são produndas e curtas, que ajudam a aumentar o volume da água drenada sem reduzir muito a área de contato com o solo. No caso do pneu dianteiro, estas ranhuras alcançam a borda da banda de rodagem, o que

assegura a dirigibilidade. No traseiro, elas são interrompidas antes, para criar um outra área lisa, slick, que favoreça a aderência em curvas de maior inclinação. Segundo os executivos da Pirelli, o custo dos pneus em modelos de média cilindrada gira em torno de 5% do valor da motocicleta. Isso significa que os 10% a mais no custo do Diablo Rosso II representariam um aumento de 0,5% no preço da moto se for adotado como primeiro equipamento. É pouco, mas as montadoras precisariam de um bom motivo para promover uma mudança como esta – como, por exemplo, a percepção de maior valor por parte do consumidor. De qualquer forma, como a Pirelli fornece simplesmente todos os pneus originais dos modelos médios feitos no Brasil, não chega a perder com a manutenção dos pneus convencionais como equipamento de fábrica. De qualquer forma, a Pirelli acredita que a mudança é inexorável. A estratégia da empresa é iniciar a venda do Diablo Rosso II no mercado de reposição. E conforme o pneu ganhar vendas, a unidade de Gravataí, no Rio Grande do Sul, aumentaria a produção e também o espectro de medidas – por enquanto, a linha tem apenas dois pneus dianteiros e quatro traseiros, todos com aro 17. A expectativa da marca é que em cinco anos, aproximadamente 1 milhão de Diablo Rosso II sejam comercializados – o que significaria algo como 10% da frota de motocicletas street de 250 cc e 300 cc que rodam no Brasil.

Primeiras impressões

Mogi Guaçu/SP – A Pirelli reuniu alguns dos principais modelos street e esportivas de média cilindradas no Autódromo Velo Cittá. A ideia era colocar à prova as alardeadas qualidades do Diablo Rosso II. Estavam lá, devidamente calçadas, as Dafra Next e Roadwin, as Honda CBR 250R e a CBR 300 e a Kawasaki Ninja 300. Na sequência das voltas, o ganho de confiança em relação aos novos pneus aumentava. Certamente não para uma busca suicida do limite de aderência, mas pela clara percepção de estabilidade transmitida na rodagem e nas frenagens. Como qualquer pneu radial, a rigidez da banca de rodagem do Diablo Rosso “rouba” um pouco do conforto do veículo. A suspensão acusa um pouco mais as irregularidades do piso. Em contra-partida, ficam bastante exaltadas a firmeza de trajetória, principalmente na roda traseira, e a obediência aos comandos na direção, nesse caso, na dianteira. Até que se invente um novo conceito, a adoção de pneus radiais é um caminho sem volta. Foi exatamente por isso que chegou tão rapidamente aos modelos de média cilindrada.

Fotos: Divulgação


veículos eículos

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013

19

Conceito real e imediato por Augusto Paladino/autopress Foto: Divulgação

Depois de adiar bastante, a Ford finalmente mostrou as imagens do conceito do Everest, o utilitário esportivo a ser feito na base da Ranger. O modelo chega apenas em 2014 para competir com os Toyota SW4, Mitsubishi Pajero Dakar e Chevrolet Trailblazer. O novo SUV será apresentado ao público em um salão ainda esse ano – talvez o de Frankfurt ou o de Moscou, ambos em setembro, ou mais provavelmente o de Los Angeles, em novembro. Deve começar a ser vendido a partir de 2014 nos principais mercados da América do Sul – Brasil inclusive –, Ásia e Oceania.

Ford Everest Concept


20

Jornal do Meio 708 Sexta 6 • Setembro • 2013


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.