748 Edição 13.06.2014

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Braganรงa Paulista

Sexta

13 Junho 2014

Nยบ 748 - ano XII jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


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comportamento

Jornal do Meio 748 Sexta 13 • Junho • 2014

Pets Naturebas

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br

Proprietários trocam ração por comida caseira e transferem seus hábitos de alimentação saudável para cães e gatos

Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli

por MONIQUE OLIVEIRA/folha press

Carnes, de preferência com ossos e cruas, vísceras e alguns legumes para simular a vida selvagem fazem parte da dieta que cada vez mais pessoas oferecem a cães e gatos. A tendência cresce junto com o movimento “antirração”. Segundo os adeptos da comida natural, a ração é transgênica, tem muitos conservantes e é gatilho para alergias, infecções e câncer. O movimento por aqui é capitaneado por sites que divulgam obras de estrangeiros, adeptos da chamada veterinária integrativa, como os americanos Karen Becker e Marty Goldenstein --este último, autor de “The Nature of Animal Healing” (“A natureza da cura animal”). A maioria das dietas é carnívora, crua e pode contar com suplementação de cálcio, se feita sem ossos. Há a opção cozida para os pets com a dentição comprometida. As porções são medidas com rigor na balança digital, para controle do peso. No Brasil, o principal divulgador desse tipo de alimentação é o site Cachorro Verde, da veterinária Sylvia Angélico. A página recebe 200 mil visitas mensais. Conseguir uma consulta com Sylvia pode levar um mês. A veterinária diz colecionar histórias de sucesso. Sua cadela dachshund, Maya, 9, é um exemplo. Adotada pela especialista aos três, sofria com otites que cessaram após a alimentação natural.

É comum entre os entusiastas da alimentação uma preocupação com a própria saúde que é transferida ao pet. A jornalista Vanessa Musskopf, 30, é autora do blog Santa Dieta, de alimentação saudável para humanos, e passou a pesquisar sobre a alimentação natural para bichos após vários episódios de inflamação de pele em seus cães. “Levava ao veterinário e nada resolvia. Só a dieta ajudou”, conta ela. Depois da experiência, ela passou a divulgar também receitas para cachorros, como o cookie de farinha integral, maçã e ovo, que distribui aos pets dos vizinhos, como o dachshund Plínio, 4. A publicitária Mônica Duó, 28, e seu marido Guilherme Ribeiro, 27, editor de vídeo, também seguem uma alimentação saudável --evitam transgênicos e consomem orgânicos sempre que possível. E a vira-lata deles, Melanie, 2, acabou entrando na dieta. Os dois acreditam que a alimentação pode ajudar a tratar o transtorno de ansiedade dela. “Vai tomar um tempo, mas vamos nos revezar aqui”, diz Mônica. A ausência de cristais na urina também é associada à alimentação natural por alguns. “No começo, eu achei a alimentação natural absurda”, diz Kátia Possi, 35, adestradora. “Uma cadela minha já teve uma pedra na bexiga, mas depois da dieta não vimos mais nenhum cristal nos exames de urina.” Associações e especialistas ligados à

universidades são céticos quanto à alimentação natural --e só a apoiam no caso de dietas terapêuticas, quando o animal doente precisa de adaptações não existentes no mercado. “Essas alimentações podem ficar facilmente desequilibradas”, diz Marcio Antonio Brunetto, professor de nutrologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Segundo ele, pode faltar vitamina A, cloro, cálcio e zinco. Para Aulus Cavalieri Caciofi, especialista em doenças nutricionais de cães e gatos da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária da Unesp, a cura de alergias pode ser uma coincidência. “Compostos alergênicos estão em qualquer dieta”, diz. O Conselho Federal de Medicina Veterinária se diz contra a alimentação caseira. “Alimentos balanceados e de formulação fixa são os mais adequados para os animais domésticos”, adverte em nota enviada à Folha. A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação compartilha da mesma opinião e afirma que as principais empresas do segmento adotam um guia de boas práticas, com padrões internacionais de nutrição e qualidade das matérias-primas. A veterinária Sylvia Angélico, do site Cachorro Verde, diz que sempre enfrentou resistência à alimentação natural, mas segue firme. “A alimentação natural

bem-feita é mais saudável”, conta. “Mas entre uma dieta caseira malfeita e a ração, fique com a ração”, aconselha. Especialistas dizem, porém, que são necessários estudos que comparem as duas dietas.”Cabe à ciência se debruçar sobre essa questão”, diz Marco Antônio Ciampi, presidente da Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal. “A ração é uma adaptação à vida urbana.”

Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

Foto: Avener Prado/Folhapress

Vanessa Musskopf, 30, oferece biscoito integral a Plínio


comportamento

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Mães imperfeitas

Mulheres reclamam de pressão pela maternidade impecável, que gera lista de exigências e culpa e frustração por parte de quem não segue o modelo ideal

por JULIANA VINES/ FOLHAPRESS

Até seu filho completar seis

des”, afirma Juliana.

dar de mamar, seu filho não ganhava

às vezes. Mas para mim o principal

meses, Shirley Hilgert, 35, tinha

Ela criou, com a melhor amiga, Re-

muito peso. “Um pediatra disse que

problema ainda é o inverso: a pressão

vergonha de dar mamadeira

nata Calazans Pires, 34, o blog “Just

eu tinha 15 dias para engordar meu

para usar fórmula, dar mamadeira e

para ele em público.

Real Moms” (apenas mães reais), que

filho, senão teríamos que dar fórmula.

chupeta. Muitos médicos receitam

“Se alguém visse, já perguntava: ‘Por

vai na direção oposta dos blogs que

Isso me bloqueou. As pessoas falavam:

fórmula desnecessariamente.”

que você não dá o peito?’. Ele tem

retratam a maternidade cor-de-rosa.

‘Nossa, ele está magrinho’. É pressão

O mesmo pensa a pedagoga Simone

alergia alimentar e optei pela fórmula

Em um dos posts, chamado “10 Con-

de todo lado. E quanto mais pressio-

de Carvalho, fundadora do grupo de

de leite em pó, mas não adiantava

fissões de uma Mãe Real”, elas contam

nada eu era, mais tinha dificuldade.”

apoio Aleitamento Materno Solidário.

explicar. Eu ficava péssima, pensava

que já deixaram os filhos sem tomar

De fato, a ansiedade e o medo de

Segundo ela, as campanhas ou o ati-

que não era mãe o suficiente porque

banho e sem escovar os dentes; em

não conseguir amamentar podem

vismo pró-amamentação não podem

não amamentava meu filho.”

outro texto, admitem que amamentar

barrar a produção de leite, segundo

ser responsabilizados por criar uma

Juliana Freire Silveira, 34, pensou

dói muito no começo.

o pediatra Leonardo Posternak, do

pressão sobre as mães.

durante a gravidez toda que teria um

“Recebemos comentários dizendo:

Instituto da Família. Para ele, o es-

“Os grupos estão do lado das mães,

parto normal, mas na hora H teve uma

‘Ufa, que alívio, não sou a única a

tímulo à amamentação corre o risco

fornecendo apoio e informação com

complicação e acabou decidindo por

pensar/fazer isso’. Parece que as mães

de cair no radicalismo e, em vez de

embasamento científico”, diz.

fazer cesariana. “Fiquei superchatea-

estão esperando que alguém diga

incentivar, atrapalhar.

Para Antonio Fernandes Lages, da Fe-

da. Pensava: Por que não consegui?”.

que a maternidade tem dificuldades.

“Anos atrás vi uma propaganda que

brasgo (Federação Brasileira das Asso-

As duas histórias, além de ilustrar

Quando enfrentam problemas, elas se

passava a seguinte ideia: ‘Ame seu filho

ciações de Ginecologia e Obstetrícia),

as muitas culpas da maternidade,

culpam e sentem vergonha de falar”,

oferecendo seu leite’. Muitas mulheres

o problema é o incentivo sem apoio.

podem ser vistas como efeitos de

diz Renata.

ficaram deprimidas, as grávidas tinham

“Nossa sociedade faz campanhas, mas,

medo de não conseguir amamentar. É

muitas vezes, não dá o apoio neces-

um cenário mais amplo, em que a concorrência entre mães e a pressão

Lado B

evidente que o aleitamento materno

sário quando as dificuldades surgem.

para ser “a mãe perfeita” criam uma

A pedagoga Nathália Nunes Canta-

tem de ser estimulado, mas isso não

Pelo menos 10% das mulheres não

lista de exigências, a começar pela

nhede, 31, ficou surpresa ao descobrir

pode oprimir as mulheres”, afirma.

vão conseguir amamentar. E de 15%

amamentação e o parto normal.

que amamentar era muito mais difícil

Para o pediatra Luciano Borges

a 20% dos partos serão cesariana.”

“A maternidade é muito idealizada.

do que ela pensava. “Achava que era

Santiago, da Sociedade Brasileira

Nada pode mudar isso. Mas a forma

Há um discurso, que a gente vê nos

natural. Na TV tem aquelas propagan-

de Pediatra, o problema não são as

como isso vai ser encarado, sim. “A

comerciais e na internet, de que é

das lindas de artistas amamentando

campanhas, mas a patrulha. “Não

mãe não pode ser a única responsa-

tudo lindo e fácil. A realidade não

com cara de rica.”

podemos ser os xiitas da amamenta-

bilizada. Ela precisa ser respeitada e

é bem assim, tem muitas dificulda-

Não foi bem assim. Apesar de conseguir

ção e penalizar a mãe. Isso acontece

respaldada”, diz. Foto: Ze Carlos Barretta/Folhapress

As amigas Juliana Silveira, 34, e Renata Calazans, 34, que criaram o blog Just Real Moms


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Jornal do Meio 748 Sexta 13 • Junho • 2014

por Shel Almeida

Mesmo que hoje seja mais comum basquete Jason Collins, e a atriz Ellen Page. ver pessoas homossexuais se assu- Tudo isso acaba sendo uma motivação para mindo e levando uma vida longe que homossexuais sejam mais respeitados do “armário”, ainda é claro que o e se assumam com mais naturalidade. Se caminho a percorrer continua árduo. há poucas décadas os gays escondiam a O preconceito ainda está lá fora e em seu sexualidade em público, hoje é comum ver maior nível. Agressões com motivações casais jovens, de meninos e de meninas, se abraçando, andando de mão dadas, homofóbicas acontecem todos os dias. Mesmo em Bragança, que costumava ser demonstrando carinho na rua. É o começo conhecida como uma cidade pacata, esse para que a próxima geração não precise tipo de crime também aumentou, e junto “assumir” qualquer coisa, para que os com ele a transfobia e a lesbofobia, outros jovens de amanhã simplesmente “sejam”, tipos de agressões que atingem a população homossexuais, heterossexuais ou bissexuais. LGBT diretamente, mas que acabam sendo colocadas dentro da mesma nomenclatura. Muita gente ainda tenta minimizar, dizendo Para a psicóloga Patrícia de Mello Zaitune, que heterossexuais são agredidos todos do CTA – Centro de Testagem e Aconseos dias. Sim, é verdade. Mas existe uma lhamento, não é tão simples quanto parece grande diferença em você ser agredido e para que um jovem homossexual se assuma. ser heterossexual e, em você ser agredido “Tudo depende de onde ele está, de como a por ser heterossexual. Isso simplesmente família, o trabalho e os amigos entendem e não existe. recebem isso. Depende da criação de cada Nenhum homem apanha por ser heteros- um também. Se a aceitação fosse melhor sexual e nem por ser considerado muito não haveria tanto crime homofóbico. Tem masculinizado. Na verdade, isso é come- família que acolhe, mas tem família que remorado e incentivado. Por outro lado, é prime desde cedo e a pessoa acaba achando fato que os homossexuais apanham por que se tratar, vai deixar de ser gay. serem quem são, por se sentirem livres Isso tudo acaba causando ainda mais sopara se relacionarem com quem quiserem frimento. Quando uma criança nasce, os e, alguns, por deixar sua feminilidade mais pais já fazem a vida dela, que profissão vai evidente. A diferença é que hoje gays e ter, com quem vai se relacionar. lésbicas sabem que mesmo que ainda E quando percebem alguma tendência não seja o ideal, nenhuma luta é em vão. homossexual, já querem cortar. Mas pra A maioria não sente mais a necessidade aprender a aceitar os filhos não existe rede se esconder porque sabe que não está ceita, se tivesse seria fácil”, afirma. fazendo nada de errado, sente orgulho de A grande questão é que mesmo que o meser quem é e de fazer parte de um grupo nino seja mais delicado ou a menina mais que conquistou direitos porque lutou por valente, isso não quer dizer que eles sejam eles. E continua lutando. homossexuais, pois se trata de estereótipo Porém, se hoje gays e lésbicas estão se de gênero. sentindo mais à vontade para viver uma “Muitos pais não deixam os filhos brincarem vida longe da clandestinidade afetiva, existe com bonecas porque acham que assim eles também uma reação para isso. serão gays. Existe um temor em relação a A sociedade ainda vê os homossexuais isso no processo de educação. O que eles como seres exóticos e ainda se acha no acham é que devem mostrar para o filho direito de reagir ao que “foge do normal”, como ele tem que ser, que homem não ao que não segue padrão pré-estabelecido chora, por exemplo. Mas o que a gente vê de relações heteronormativas. aqui na saúde é o contrário. Quem mais Para Airton Paes, representante local do tem medo de tomar vacina ou de colher Fórum LGBT do Estado de São Paulo, a sangue são os homens”, fala Tânia Guelpa mudança que vem acontecendo nas últimas Clemente, assistente social responsável pelo décadas, se deve também à mídia. “Temos programa DST/AIDS e Hepatites Virais de mais visibilidade porque a mídia expôs ao Bragança Paulista. mundo quem somos e que ser gay não é ser Segundo Tânia, muitos jovens homosseum monstro e nem anormal. Hoje os jovens xuais procuram o programa não porque encontram a sociedade mais preparada para estão com algum problema de saúde, mas aceitar e respeitar, mas é claro que ainda sim porque precisam de apoio na hora de existe muito preconceito. O que trouxe se assumir. muita visibilidade também, no decorrer “Os que estão na faixa de 22 anos são os dos anos, foram as Paradas Gays. que mais chegam até nós pedindo conseQuando fizemos a primeira em Bragança me lhos, e depois voltam para contar que se lembro que 90% dos que estavam ali eram revelaram para família. Mas, na maioria jovens adolescentes que tinham no rosto das vezes, infelizmente, acaba sendo uma uma expressão de conquista e de liberdade. experiência muito traumática. A mãe acaba Hoje existe o advento da internet, que au- aceitando melhor do que o pai e os irmãos xilia muito os jovens gays a se encontrarem geralmente já sabem e dão mais apoio. Mas, e se conhecerem e a criar fortalecimento. na maioria das vezes, o que acontece é que Esses grupos ajudam a si próprios a terem o pai e a mãe não assumiam que sabiam, forças para aceitarem sua preferem acreditar que sexualidade e não terem não é verdade. É uma medo de se mostrarem, mistura de preconceito de serem felizes, de e de proteção, de como amarem e lutarem por a sociedade vai encarar seus direitos. e também de que eles, Hoje o mundo gay está os pais, vão sofrer premudado, os jovens gays conceito” diz. já não sentem vergonha “Tem família que não e sim orgulho. Sonham aceita porque foge do em namorar e serem ideal. Aceita quando é felizes, ter companheiros na família dos outros, e com eles formarem mas não quando é na uma família. própria. É a falsa aceiComo Aírton explica, tação. E assim acaba se muito disso se deve à passando para frente o forma como a mídia, preconceito. É também Tânia Clemente em especial, a televisão, uma mania de querer tem encarado a homossexualidade. As agradar e dar satisfação pra sociedade, sobre novelas atuais trazem personagens gays o que os outros vão pensar”, diz Patrícia. com mais frequência e os relacionamentos “Eu já vi situações terríveis. Pai que deu homoafetivos estão sendo mostrados com carro, pagava a faculdade do filho, comprou mais naturalidade, mesmo que ainda de um apartamento. Aí o filho se revelou gay forma discreta. Na novela Viver a Vida, o e ele tirou tudo. Ele acha que se der um casal romântico principal mudou no meio castigo o filho vai ver que o lugar dele não da história e deixou de ser a mocinha e o é ali, que ele não pode ter esse comportamocinho heterossexuais para se tornar o mento. E o castigo vai trazer o filho de volta casal gay Félix e Nico. A novela Em Família, para o caminho certo. É uma inabilidade no ar atualmente, um dos romances mais de se tratar com os filhos de uma forma celebrados e aguardados é do casal de igualitária, ” fala Tânia. mulheres Marina e Clara. Por mais que muito disso aconteça mais pelo marketing do que pela questão social de fato, “Existem muitos gays infelizes, casados é um avanço. Mesmo que de forma lenta, com mulher, que se dizem ex-gays, mas a mudança está acontecendo. que estam fazendo tudo contra a vontade, Celebridades nacionais e internacionais por conta do preconceito que receberam e também têm saído do “armário” com mais recebem em casa. frequência, como o cantor Ricky Martin, Em casa sempre é pior. Tem pai que não a cantora Daniela Mercury, o jogador de deixa o filho fazer nada que seja considerando

Aceitação

É preciso que haja uma desconstrução desse preconceito, começar a pensar nisso desde o nascimento dos filhos, em um processo de reconstrução do que é considerado normal.

‘de menina’. Controla o menino o tempo todo, até nos gestos”, diz Marlene Lopes de Sales, agente do programa DST/AIDS. Mesmo que esse menino não seja gay, porque isso tem a ver, novamente, com estereótipo de gênero, com certeza será uma criança reprimida. “Só quando a criança já é maior é que ela vai descobrir para onde sua sexualidade está direcionada, se gosta de menino ou de menina, se é hétero ou homossexual. Não é opção. É a orientação sexual de cada um. Ninguém escolhe ser hétero, então porque acham que com quem é gay é diferente? A sexualidade de cada um é nata, é a es-

sência da pessoa”, fala Patrícia. “Por que alguém escolheria algo que a fará sofrer? Não existe isso. É preciso que haja uma desconstrução desse preconceito, começar a pensar nisso desde o nascimento dos filhos, em um processo de reconstrução do que é considerado normal”, afirma Tânia. Alguns pais já fazem isso e é evidente que seus filhos são muito mais felizes que os filhos daqueles que não aceitam a homossexualidade dentro de casa. E o que todo pai e toda mãe quer é que seus filhos sejam felizes. O que está faltando e muitas vezes eles são incapazes de enxergar, é a aceitação.

Airton Paes é representante do Fórum LGBT do Estado de São Paulo. Para ele, a internet ajuda os jovens gays a se unirem e se aceitarem.

Tânia Clemente é assistente social e atende jovens homossexuais em busca de apoio. “Infelizmente, se revelar para a família acaba sendo uma experiência muito traumática.”

Infeliz

A agente Marlene, a psicóloga Patrícia e a enfermeira Luzia. Equipe do Programa DST/AIDS e do CTA. A aceitação depende de como família, trabalho e amigos entendem e recebem a homossexualidade.


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A escolha dos metais

Informe Publicitário por Giuliano Leite

precisa de cuidados

Já citei em outras matérias que

dicionais modelos de torneira - possui

tudo em uma obra deve ser bem

alturas variadas, para a cuba de apoio,

pensado e programado e quando

o ideal é o uso de torneiras de bica alta

falamos de metais não é diferente. Na

para proporcionar um maior conforto

hora de construir ou reformar - um ba-

no momento de lavar as mãos.

nheiro, por exemplo – cada detalhe fará a diferença. No caso das, pesquisar é de

Misturador Convencional: assim como

suma importância, pois existem modelos

as torneiras de monocomando, com os

específicos para cada local de uso. Será

misturadores também é possível unir água

necessário saber que a praticidade é

quente com gelada. A diferença é que exis-

fundamental, mais poderemos cair “nas

tem duas alavancas que podem ser abertas

garras” da boa conversa do pessoal de

juntas, misturando as temperaturas, ou

vendas e acabarmos por escolher pelo

podem ser abertas individualmente.

desenho que elas possuem. Por isso é importante comprarmos de acordo com

Lavabos

nossas reais necessidades. No mercado

Grandes queridos dos projetos de decora-

encontraremos uma variedade absurda

ção, esses pequenos ambientes, voltados

de modelos e para que possam entender

principalmente para os convidados, rece-

um pouco mais sobre as torneiras, vamos

bem cada vez mais investimentos. Nesse

a alguns exemplos:

caso é muito importante saber aliar o lado estético à funcionalidade. É preciso tomar

Monocomando: sempre uma boa opção,

cuidado com torneiras mal posicionadas,

pois varia da água quente para a fria,

devendo evitar usar misturadores, por

com apenas uma alavanca e regula a

ser um ambiente de curta permanência,

temperatura e vazão da água além de

fazendo com que a funcionalidade fique

aliar conforto, beleza e praticidade.

desnecessária. Caso o ambiente tenha água quente e fria, modelos monocomando são

Temporizada: as torneiras com tempori-

os mais indicados.

zador, indicadas para os mais ecológicos e preocupados com economia de água,

Banheiros

além de casas com crianças que, por

Para os banheiros, a regra é apostar em

vezes, esquecem a torneira aberta, são

metais de boa qualidade que estejam em

acionadas com um botão ou com um

sintonia com a linguagem do banheiro.

sensor de movimento, interrompendo

Essa harmonia entre componentes evi-

o fornecimento de água automatica-

tará que os acabamentos e a decoração

mente após determinado tempo.Tam-

fiquem muito pesados.

bém utilizadas em shoppings e outros

Dica

estabelecimentos, ajuda bastante no racionamento de água.

- A torneira ou misturador deve ter uma altura mínima de distância entre a cuba,

De parede: boa opção para decoração de

para melhor acesso das mãos. Fique

banheiros pequenos por ocuparem pouco

atento, pois cada modelo de cuba exige

espaço. Para um ambiente mais “clean”,

uma altura mínima diferente.

deixa mais acessível à limpeza do lavató-

- A saída da água da torneira ou misturador

rio, com aquecedor embutido em alguns

deve estar alinhada com a cuba, a fim de

casos, trazendo um conforto ainda maior.

evitar respingos ou transbordamentos.

Mesa: conectada diretamente na cuba,

Informações técnicas sobre os mode-

a torneira de mesa - um dos mais tra-

los: perflex.com.br

Em breve! Inauguração da sede própria

Sérgio Antônio de Lima Corretor de imóveis - Creci: 109961

Rua Nicolino Nacaratti, 416 CX 01

PREÇOS SUJEITOS A ALTERAÇÕES SEM PRÉVIO AVISO - Reservamo-nos o direito de corrigir eventuais erros gráficos e de digitação.

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Reflexão e Práxis

Jornal do Meio 748 Sexta 13 • Junho • 2014

Os bons samaritanos por pedro marcelo galasso

Alguns ditos populares tratam das boas

identificar e se identificar com o povo e isto ocor-

plenamente os interesses populares.

intenções e, para aqueles que acompanham

re porque ele é cheio de bondade e livre das más

Nos períodos eleitorais, os bons samaritanos se

a política brasileira, este tema é recorrente

intenções, incapaz de trair os votos que recebeu,

multiplicam e alguns aproveitam para alavan-

e comum. Todos os anos somos bombardeados de

incapaz de trair a confiança de seus eleitores e

car suas candidaturas. Pretendem, desde cedo,

figuras políticas que se colocam como diferentes,

incapaz de trocar a sua ideologia da bondade por

apresentar suas propostas e sua missão aos seus

pois pretendem participar da vida pública com

interesses políticos e partidários vis e que podem,

futuros e possíveis eleitores.

a única missão de governar para o povo.

eventualmente, prejudicar o povo ou lhe trazer

Entretanto, fica a reflexão – se temos tantos

Esta colocação é estranha por si só já que o pres-

alguma dificuldade.

bons samaritanos na política brasileira, por que

suposto básico dos políticos eleitos é governar

É por isso que os bons samaritanos sempre abrem

continuamos a assistir desmandos na esfera pú-

para o povo.

suas falas com as reivindicações populares e sempre

blica? Se os bons samaritanos, têm a intenção

No entanto, a diferença do candidato bom samari-

abrem seu espaço nas tribunas para que o povo

de ajudar a todos, sem distinção, por que estes

tano é ser desprovido de qualquer intenção pessoal

seja ouvido. Além disso, eles se esforçam para

candidatos de todos acabam por esquecer o seu

ou partidária, pensando tão somente no povo.

fazer com que o horário das sessões na Câmara

discurso e suas promessas ligando-se a um ou

Mais estranho ainda é pensar nesta entidade cha-

de Vereadores aconteça nos momentos que favo-

outro grupo político?

mada o povo. Esta entidade é elevada a categoria

reçam sua participação. Com isso, vemos os bons

Curioso mesmo é imaginar como alguém ainda

de quase santa, com a mesma facilidade com que

samaritanos se empenhando para trazer o povo às

acredita nesta figura indistinta chamada de bom

é culpada por todos os erros, os desmandos e as

sessões para que ele possa expressar seu apreço

samaritano político.

péssimas escolhas. O povo é algo indistinto e

e cumprir publicamente as suas promessas e já

difícil de identificar já que nele cabe tudo, o que

que ele está acima dos interesses partidários e dos

Pedro Marcelo Galasso – cientista político, pro-

é bom e o que é ruim.

interesses pessoais as conjunturas políticas e os

fessor e escritor.

Entretanto, os bons samaritanos da política sabem

conchavos não o desviam de sua missão, defender

p.m.galasso@gmail.com.br

Casos e Causos

Juro que é verdade por Marcus Valle

JURO QUE É VERDADE CLV

PASSEI UMA NOITE SEM COMPANHIA

O Claudio Simões, famoso arquiteto, no começo de sua carreira, caiu no conto

Daphnis mandou na lata: É ...DESDE QUE INVENTARAM A MULHER INFLÁVEL.

de um estelionatário. O rapaz transitava bem na sociedade local, e pegou um

A piada gerou certo mal estar ,mas foi contornada. À noite nos reunimos (os sete)

bom dinheiro do Claudio, para comprar umas canetas importadas usadas em projetos

no bar do hotel, e o rapaz, ao falar de carros, veio com mais uma de suas histórias

de arquitetura. O Claudio estava feliz, esperando as canetas que viriam dos EUA, e

extraordinárias: UMA VEZ EU FUI DE ATIBAIA A SÃO PAULO EM DEZ MINUTOS.

quando ele comentou comigo do negócio eu falei: NOSSA...ESSE CARA É ESTELI-

Daphnis, fritou o cara : É....60 KMS EM 10 MINUTOS DÁ UMA MÉDIA DE 360 KMS

ONATÁRIO...VOCÊ PERDEU O DINHEIRO.

POR HORA.

O Claudio ficou furioso e imediatamente ligou na casa do cara... e evidentemente

Mal estar e silêncio na mesa. Tentei salvar e disse: ACHO QUE ELE FALOU DE

disseram que ele não estava. Como na época não tinha identificador de chamadas,

TREVO A TREVO DE CADA CIDADE.

eu liguei, dei meu nome e o cara me atendeu na hora. Falei pra ele que esperasse um

O cara aproveitou a deixa : É CLARO ....DE TREVO A TREVO

momento e passei o telefone pro Cláudio. O diálogo foi maravilhoso (acompanhei

Mas o Daphinis, como um corregedor (e corrigidor) estava implacável:

pelo outro telefone):

DE TREVO A TREVO SÃO 48 KMS...EM 10 MINUTOS..DÁ 288 KMS DE MÉDIA...

-CADÊ MINHAS CANETAS ?

MENTIRA

-ALÔ...ALÔ...EU NÃO TÔ OUVINDO DIREITO

Ele e as meninas não saíram mais com a gente

-PARA DE SER SACANA....CADÊ AS CANETAS? ENTÃO ME DEVOLVE A GRANA... -ALÔ.....ALÔ....O TELEFONE TÁ RUIM.....e click....desligou

JURO QUE É VERDADE CLVIII Quando eu era adolescente, e faz tempo, muito tempo. o rapaz pedia a garota em

JURO QUE É VERDADE CLVI

namoro. Ela podia responder SIM e ai era a glória (momentânea é claro); VOU PENSAR

Outro dia estávamos comentando sobre raças de cães e suas características. Lembra-

que era 90% de um não educado trazido por uma amiga; e NÃO, que era uma forma

mos que os Border Collies são mansíssimos e os labradores, mansos e pesados. Dai

direta usada só pelas mais cruéis. Um amigo meu resolveu, sem maiores cuidados,

veio à gozação: tinha uma garota que é tão ruim, tão ruim que o Border dela morde

pedir em namoro uma garota bonita, que era do tipo cruel. A resposta foi um pouco

todo mundo. Outro disse que o Joãozinho é tão econômico, tão econômico....que

diferente das três tradicionais; TÁ LOUCO? NEM MORTA.

confundem o LABRADOR dele com GALGO.

Anos depois......mais de 20....ele cruzou com a moça numa festa e ela, solteira e não tão formosa, se aproximou dele e começou a se insinuar de forma direta. Mostrando que

JURO QUE É VERDADE CLVII

não tinha nenhum trauma do passado ele disse: NOSSA ....ESTOU CONVERSANDO

1990. Maceió. Eu, Paulinho Lisa e Daphnis, conhecemos três garotas e um rapaz de

COM UM FANTASMA. e saiu.

São Paulo, e passamos a sair com eles. O cara era bonzinho e prestativo, mas contava

A garota não deve ter entendido nada, e quando, glorioso ele nos contou a história

mentiras variadas. No fim do dia ele disse: NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS EU NÃO

em grupo, alguém disse: FOI A VINGANÇA DOS NERDS


Saúde

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Jornal do Meio 748 Sexta 13 • Junho • 2014

Talento Inflamado Brasileiro entra na lista da revista “Cell” que elenca cientistas com menos de 40 anos em destaque internacional

por REINALDO JOSÉ LOPES/FOLHA PRESS

Profissional financiado pelo CNPq

Argamassa à base de gesso, água e cal

Biólogo investiga reação a parasitas dentro de células

Aquela que é responsável por conduzir a calunga, no Maracatu (Folcl.)

Deserto no qual vivem os tuaregues

(?) Danson, ator dos EUA Berram

Tony Scott, cineasta inglês

Antecede São veno nome da didos na médica sex shop (abrev.) Olá!

Vitamina essencial à formação dos ossos Parte não destacável do cheque (pl.)

Querer, em inglês A maior (?) 9000, cidade do selo de Amapá qualidade

Qualidade atribuída a quem quer ter tudo

(?) Rosa, atriz Acovardarse (fig.)

"(?) Normais", série de TV e filme

Anno Domini (abrev.)

(?) card: chip GSM (Telecom.) Planalto, escarpa ou vale (Geog.)

José (?), lutador brasileiro, detentor do cinturão dos pesos-penas do UFC

Agência de regulação sanitária (sigla)

Aparelho cardíaco que pode sofrer interferência (?) Lourendo celular ço estilista (Med.) brasileiro O Brasil, em 94 (fut.)

(?) Ney, diva da Era do Rádio brasileira A nave do ET (pop.) O J do baralho

"Arma de guerra" na festa do pijama

Pronome associado a Deus (Rel.)

Asno, em inglês "Estados", em CEI

Pronome do vocativo Ocidental (abrev.)

"(?) do Calendário", comédia britânica (?) nobre, elemento como o hélio (Quím.) 94

Solução

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BANCO

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Leishmaniose

Um dos trabalhos recentes da equipe, publicado na revista “Nature Medicine” de julho do ano passado, foi demonstrar como as moléculas do inflamasoma se comportam durante a leishmaniose, causada por protozoários do gênero Leishmania. “Não sei se nós conseguiríamos aplicar facilmente esse tipo de conhecimento para controlar uma infecção, já que gerar inflamação também danifica o hospedeiro”, explica Zamboni. “Não é uma coisa assim tão simples.” De qualquer maneira, o biólogo não hesita em afirmar que o único jeito de enfrentar micro-organismos nocivos com mais eficiência a exemplo das bactérias, cada vez mais resistentes a antibióticos é aumentar o conhecimento sobre a biologia deles. Só assim é que surgem ideias indicando novos caminhos. “Daí a importância da pesquisa básica”, ressalta. (RJL)

É assinalado no anverso do envelope da corres- Em (?): pondência teoricamente Calma; silenciosa Matériaprima das Sobremeantigas sa como cópias da o flã (Cul.) Bíblia hebraica

Joia utilizada em volta da cabeça, especialmente por noivas Passei óleo em

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O grande desafio de Zamboni e de seus colaboradores é entender como funciona o contra-ataque aos chamados parasitas intracelulares, ou seja, aqueles que precisam se instalar dentro das células de seus hospedeiros. Essa é uma categoria vasta de inimigos da saúde humana, que inclui todos os vírus, muitas bactérias e muitos micro-organismos mais complexos, como os patógenos causadores da leishmaniose, da doença de Chagas e da malária. A equipe da USP de Ribeirão Preto está ajudando, entre outras coisas, a elucidar o funcionamento do inflamasoma, um conjunto de moléculas, entre as quais a enzima caspase-1, que deflagra uma resposta inflamatória (como indica seu nome) quando uma célula detecta que um desses parasitas invadiu seu interior. Essa reação tem algo de kamikaze: a célula, ao “perceber” bioquimicamente a invasão, inicia sua autodestruição e, ao mesmo tempo, envia uma mensagem de emergência ao sistema de defesa do organismo, recrutando para o local outras células cuja missão é deter a infecção daí o processo inflamatório.

© Revistas COQUETEL

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Nascido em Jaboticabal (SP) em família de paulistas são-paulinos, Zamboni foi para Brasília com os pais com apenas um ano de idade. E lá cresceu. Tanto o pai quanto a mãe eram professores universitários (ele de artes plásticas, ela de letras), mas ele diz que, desde que se entende por gente, seu maior interesse já era pela biologia. “Quando eu era pequeno, ficava contando quantas vezes uma barata d’água ia para um lado ou para o outro”, ri ele. Aos 13 anos, junto com o pai, pôs-se a cultivar orquídeas, o que hoje ele considera “quase uma terapia”. Aproveitando o calor ribeirão-pretano, boa parte de suas 300 plantas são oriundas da Bahia e outras regiões quentes. Foi o estudo dos micro-organismos, no entanto, que acabou por fisgá-lo, numa iniciação cien-

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

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Insetos e orquídeas

tífica ainda no ensino médio, sob orientação de Isaac Roitman, da UnB (Universidade de Brasília), onde depois cursou biologia. Fez seu doutorado na Unifesp, em São Paulo, e um pós-doc na Universidade Yale, nos EUA. Sua mulher, Tiana Kohlsdorf, também é bióloga e leciona na USP de Ribeirão Preto eles têm dois filhos, Bruno, 6, e Carolina, 4.

3/ass — sim. 4/want. 6/relevo. 7/diadema — estuque. 8/amarelar — reinaldo.

A revista científica “Cell”, uma das mais importantes do mundo, fez uma lista de 40 cientistas de peso com menos de 40 anos de idade como forma de comemorar seu quadragésimo ano de existência. Curiosamente, o único brasileiro da lista, Dario Simões Zamboni, 38, que estuda processos inflamatórios, diz que nunca teve a sorte de emplacar um estudo na “Cell”. “Se eu fosse escolher uma revista para publicar um trabalho de impacto, certamente seria a deles”, brinca Zamboni, professor da USP de Ribeirão Preto. “Outras publicações importantes, como a ‘Nature’ ou a ‘Science’, priorizam mais a novidade, os assuntos mais quentes. A ‘Cell’ é aquele espaço onde você consegue contar uma história de pesquisa de maneira completa, com dez figuras.” Essa, inclusive, é uma das principais críticas de Zamboni aos rumos que a ciência brasileira tem tomado. Para o biólogo da USP, as agências de fomento à pesquisa do país, ao supervalorizar a quantidade de artigos que cada cientista publica, acabam atrapalhando as tentativas de montar esse tipo de história completa o que reduz o impacto da pesquisa brasileira. “Na área biológica, você tem duas maneiras de ver um fenômeno: ou você simplesmente o reporta, descrevendo-o, ou você tenta ver o que está por trás do fenômeno, por que ele acontece. A maneira mais completa de fazer as coisas é juntar tudo num só ‘paper’ [artigo científico]. E as agências de fomento do Brasil têm de olhar com uma atenção especial as pesquisas que fazem as duas coisas, o que não acontece hoje”, explica. “Se eu sou cobrado apenas por número de ‘papers’, acabo desistindo, ainda mais com as barreiras que nós temos para importar reagentes para pesquisa.”


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Jornal do Meio 748 Sexta 13 • Junho • 2014

Versão diesel de oito marchas chega para reforçar a linha do Jeep Grand Cherokee por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AUTO PRESS

A Grande Cherokee já está no Brasil nas versões Laredo e Limited sempre a gasolina, mas a grande aposta da Jeep é mesmo na nova versão diesel. Mais especificamente, a Jeep aposta na afinada combinação do propulsor 3.0 litros CRD Turbo Diesel V6, produzido pela italiana VM Motori, com o novo câmbio automático de 8 marchas da alemã ZF, com acionamento manual através de borboletas no volante – que substituiu o antigo de 5 velocidades. Com a incorporação total da Chrysler à Fiat – desde janeiro desse ano, ambas formam juntas a Fiat Chrysler Automobiles –, o intercâmbio de tecnologias entre as marcas do grupo tende a se incrementar. A VM Motori é uma subsidiária da FPT, tradicional empresa de motores do Grupo Fiat que tem grande expertise na produção de propulsores diesel para automóveis na Europa, onde o combustível é fartamente utilizado em carros de passeio. Agora incorporada à linha 2014, a motorização diesel fabricada na cidade de Cento, na região italiana da Emilia-Romagna, vai continuar a tarefa de dividir por aqui as vendas da linha Grand Cherokee com o Pentastar V6 a gasolina – esse sim 100% Chrysler. O vigoroso “cuore italiano” do utilitário é um Multijet II, com turbo de geometria variável e sistema de injeção common-rail de última geração. Ele é capaz de render 241 cv a 4 mil rpm e 56 kgfm de torque entre 1.800 e 2.800 rpm. Com diversos componentes em alumínio, o novo propulsor de 3.0 litros tem seis cilindros dispostos em duas bancadas em V a 60°. Segundo o Grupo Chrysler, o off-road de quase 2.400 kg tem aceleração de zero a 100 km/h em apenas 8,2 segundos e velocidade máxima de 202 km/h. O Grand Cherokee diesel promete uma espantosa autonomia de 1.433 km – aproximadamente a distância entre o Rio de Janeiro e Campo Grande, a capital do Mato Grosso do Sul. Nas versões a gasolina, a autonomia fica em 1.135 km. Para isso contribui a ótima média rodoviária prometida – 15,4 km/l – e também o gigantesco tanque de 93,1 litros. Na cidade, a Jeep fala em impressionantes 10,8 km/l, com 13,3 km/l de consumo combinado. Afinado com a cartilha “ecologicamente correta”, o marketing da empresa ainda afirma que a emissão de CO² baixou 10% em relação ao modelo antigo: agora é de 198 gramas por quilômetro, em ciclo combinado cidade/estrada. Até um recurso Eco Mode, que prioriza sempre a marcha mais alta possível, foi introduzido na linha 2014 para reduzir o índice de consumo e de emissões. Ele é ativado automaticamente quando se liga o carro e pode ser desativado através de um botão no painel, quando se quer mais desempenho. No asfalto, para ter ainda mais diversão sem se preocupar com ecologia, basta acionar o modo Sport no botão Selec-Terrain. A caixa de transferência Quadra-Trac II conta com 4X4 integral e reduzida. Já conhecida desde o modelo anterior, a tecnologia Selec-Terrain permite que o motorista adapte o sistema de tração integral de acordo com as condições do solo. Operada através de um botão giratório no console central, coordena eletronicamente as diferentes combinações do conjunto motor/transmissão, sistemas de frenagem, controle de aceleração, mudança de marchas, caixa de transferência, controle de tração e controle eletrônico de estabilidade. O Grand Cherokee diesel desembarca no Brasil apenas na versão “top” Limited. No interior redesenhado, também está presente o novo sistema multimídia com GPS da Garmin e tela sensível ao toque de 8,4 polegadas, já apresentado em janeiro nas versões a gasolina. No console, destaca-se a nova alavanca do câmbio de oito marchas, revestida em couro – revestimento que se espalha pelo habitáculo, pontuado por detalhes cromados e em madeira. Tudo para justificar os vultosos R$ 239.900 pedidos pelo Grand Cherokee Limited diesel nas concessionárias - R$ 20 mil a mais que a Limited 3.6 V6 a gasolina.

Primeiras impressões

Campos do Jordão/SP – No bem cuidado asfalto da estrada que leva à badalada cidade serrana paulista de Campos do Jordão, o motor italiano do Grand Cherokee trabalha forte – mas sem alarde. No interior, o silêncio impera e a trepidação é tão pouca que quase não parece um carro a diesel. O câmbio ZF de 8 marchas representa uma evolução considerável em relação ao antigo de 5 marchas, que eventualmente parecia

indeciso, principalmente nas marchas iniciais. Agora, com a nova transmissão, o elástico propulsor da FPT esbanja força em qualquer giro. Mesmo com mais de duas toneladas e meia nas costas – 2.393 kg do carro mais dois passageiros –, o jipe tem retomadas bastante vigorosas. Nos trechos sinuosos, embora a suspensão pareça um tanto macia, o utilitário esportivo da Jeep mostra boa estabilidade. Logo o motorista percebe que eventuais exageros nas curvas são prontamente corrigidos pelos eficientes sistemas eletrônicos – controle de rolagem, de estabilidade, de tração, etc. Mesmo nas freadas abruptas, o mergulho é discreto. Os novos pneus 265/50 R20 – os do modelo antigo tinham 18 polegadas – também dão boa contribuição ao conjunto. Por melhor que seja a performance no asfalto, ela é inapelavelmente empanada quando o Grand Cherokee diesel chega em seu próprio terreno. Nas trilhas de “off-road”, o jipão norte-americano não se intimida com obstáculos de qualquer tipo, sejam valões ou pirambeiras. A tecnologia a bordo e a óbvia robustez do conjunto mecânico e da estrutura monobloco de aço tornam situações normalmente temerárias em quase banais. Na lama ou na pedra, tanto nas subidas quanto nas descidas, os recursos eletrônicos propõem soluções adequadas para um deslocamento célere e seguro. Para facilitar, o Selec-Terrain tem cinco ajustes: Auto, de automática, Sand (areia), Mud (lama), Snow (neve) e Rock (pedra). Quando a questão é de força, o propulsor entrega 56 kgfm de torque – quase 60% a mais que os 35,6 kgfm do V6 a gasolina. É nas horas difíceis, nas trilhas mais sinistras, que o “motorzão” prova seu valor. O ótimo trem de força junto com a suspensão robusta e confortável e o aparato tecnológico sofisticado credenciam o novo Grand Cherokee diesel a ostentar com justiça o nome Jeep. E isso não é pouca coisa.

Ficha técnica

Jeep Grand Cherokee Limited Diesel Motor: Diesel, dianteiro, longitudinal, 2.987 cm³, seis cilindros em V a 60º, turbo de geometria variável, quatro válvulas por cilindro e comando duplo no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção direta common-rail Transmissão: Câmbio automático com oito velocidades à frente e uma a ré com opção de mudanças manuais sequenciais atrás do volante. Controle eletrônico de tração e cinco configurações para os dispositivos dinâmicos. Tração integral com reduzida. Potência máxima: 241 cv a 4 mil rpm. Torque máximo: 56,0 kgfm entre 1.800 e 2.800 rpm. Diâmetro e curso: 83,0 mm x 92,0 mm. Taxa de compressão: 16,5:1. Suspensão: Dianteira independente com braços curto e longo, molas helicoidais, amortecedores a gás, barra estabilizadora. Traseira independente do tipo Multilink com molas helicoidais, amortecedores a gás, braço de controle inferior e superior. Oferece controle eletrônico de estabilidade. Pneus: 265/50 R20 Freios: Discos ventilados na frente e atrás. ABS com EDB de série. Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,83 metros de comprimento, 1,94 m de largura, 1,80 m de altura e 2,91 m de distância entre-eixos. Airbags dianteiros, laterais, do tipo cortina e para joelhos do motorista. Capacidade off-road: Ângulo de 26,3 º de ataque, 26,5º de saída, 18,8º de rampa e 218 mm de altura livre para o solo. Peso: 2.393 kg em ordem de marcha. Controle eletrônico de descida Capacidade do porta-malas: 457 até 1.554 litros. Tanque de combustível: 93 litros. Produção: Detroit, Estados Unidos. Lançamento no Brasil: Abril/2014. Itens de série: Ar-condicionado dual zone, sete airbags, ajuste automático de altura do facho dos faróis, ajustes lombares para os bancos dianteiros, bancos dianteiros com ajustes elétricos e aquecidos, câmara de ré, coluna de direção com ajustes elétricos, controle de tração e estabilidade, controle de velocidade em descidas, faróis bixenônio, sensor de luminosidade, acabamento interno em couro, sensor de chuva, monitor de pressão dos pneus, sistema de entretenimento com tela de 8,4 polegadas, sistema de entretenimento com navegador GPS integrado, volante revestido em couro com comandos do áudio, cruise control e rodas de liga leve de 20 polegadas. Preço: R$ 239.900.

Fotos:Luiz Humberto Monteiro Pereira/carta Z Notícias


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Espirito esportivo Peugeot 3008 é modelo familiar para quem curte dirigir e não precisa de muito espaço por RODRIGO RIBEIRO/FOLHA PRESS

O Peugeot 3008 modelo 2015 chegou à pista de testes na véspera de seu lançamento no Brasil, na semana passada. A frente atualizada é sua principal novidade, com faróis e grade redesenhados. Felizmente, o que há de melhor não mudou: o motor 1.6 turbo (165 cv) que faz o carro chegar aos 100 km/h em pouco menos de 10 segundos. Eis o principal recurso desse legítimo crossover francês: o conjunto mecânico. Os adversários em sua faixa de preço (R$ 99.990) têm motores 2.0 flex (Hyundai ix35, Honda CR-V e Kia Sportage) ou a gasolina (Toyota RAV-4). Todos são pelo menos 1,5s mais lentos que o modelo produzido em Souchaux, a quase 500 quilômetros de Paris. Porém, ser rápido não é a principal qualidade de um carro de apelo familiar. Quem tem filhos sabe o quanto o espaço é importante, e nesse quesito o 3008 está em desvantagem. Os passageiros do banco traseiro dispõem de menos espaço para as pernas em comparação aos rivais. Com a necessidade de atender a diferentes públicos, esse Peugeot está mais próximo das minivans de luxo, como a Mercedes

Classe B, do que dos utilitários urbanos do porte de um BMW X1. Os modelos alemães estão entre os rivais do 3008 na Europa, o que força a fabricante francesa a entregar um produto mais refinado e tecnológico. Por exemplo, a suspensão traseira tem um sistema pressurizado que compensa a rolagem da carroceria em curvas mais acentuadas. Dessa forma, o crossover comporta-se como um hatch nas situações em que os utilitários mais sofrem. O 3008 também causa boa impressão com revestimentos bem cuidados, mais refinados que os vistos nos concorrentes de origem asiática. A linha 2015 chega em versão única (Griffe), equipada com teto panorâmico, controles de tração e de estabilidade, seis airbags e rodas de 17 polegadas. A profusão de botões e os grafismos dos sistemas de som e de navegação pareciam modernos em 2011, mas soam datados agora. O câmbio de seis marchas é suficiente para a proposta. Um de seus recursos é “segurar” a rotação após uma acelerada mais forte. É útil em uma ultrapassagem na estrada, mas causa incômodo em algu-

mas situações na cidade, como em uma troca de faixa, quando é preciso aumentar a velocidade e reduzi-la repentinamente. Após essa manobra, o giro permanecerá alto por alguns instantes.

Firme e bom de curva, o 3008 é uma opção interessante para famílias cujos motoristas querem um carro mais interativo, ligeiramente esportivo, e que não precisam de muito espaço na cabine. Foto: Folhapress

Foto: Folhapress


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Exagero Acessórios podem prejudicar revenda do veículo por RODRIGO RIBEIRO/FOLHA PRESS

Originais ou não, equipamentos caros muitas vezes não adicionam valor aos carros usados Rodas, DVDs, adereços visuais e incrementos mecânicos além da medida são rejeitados pelo mercado Passou o tempo em que as opções de acessórios para carros resumiam-se a tapetes de borracha e calhas de vidros. Hoje, dependendo do orçamento, é possível instalar desde sistemas multimídias até incrementos visuais e mecânicos em um veículo zero-quilômetro. Porém, o investimento precisa ser pensado, para não se tornar um prejuízo na revenda. “Não adianta colocar um DVD player caríssimo, pois esse valor não será agregado ao preço do carro no ato da revenda”, diz Osvaldo Ocanha, gerente de marketing do Auto Shopping Cristal.

Rebaixado

Casos extremos, como veículos rebaixados e com o motor modificado, nem são aceitos nas lojas. Quando isso ocorre, todo o trabalho do antigo proprietário se perde. “O consumidor busca o carro mais original possível e o lojista retira as customizações feitas no veículo”, afirma Ocanha. Outro entrave para a compra é a ori-

gem dos equipamentos. Homologados pelos próprios fabricantes, acessórios autorizados sugerem confiança ao consumidor. “Se comprados e instalados em nossos concessionários, todos os rádios, alarmes e itens adicionados ao carro não rompem a garantia de fábrica”, diz Décio Martins, gerente de produto de pós-venda da Volkswagen do Brasil. Além de violarem a proteção de fábrica em carros zero-quilômetro, equipamentos comprados em lojas especializadas ou importados pelo consumidor podem trazer outros problemas. “Descobrimos sistemas multimídia que interferiam até no computador de bordo do carro”, afirma Martins. O especialista destaca que esses acessórios são, em média, 20% mais caros que seus similares. Por outro lado, o consumidor deve ficar atento aos valores, muitas vezes exagerados, cobrados nas concessionárias. De acordo com Ricardo Dilser, assessor técnico da Fiat, essa diferença acontece devido ao processo de homologação. “Os equipamentos passam por um procedimento na fábrica, onde são realizados vários testes seguindo os padrões de qualidade adotados para o desenvolvimento de acessórios originais”, diz.

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