Braganรงa Paulista
Sexta
27 Junho 2014
Nยบ 750 - ano XII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
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Para pensar
Jornal do Meio 750 Sexta 27 • Junho • 2014
Mais uma vez
a questão prisional Em virtude das férias do Mons. Giovanni Baresse, a coluna Para Pensar terá a colaboração do Desembargador Miguel Ângelo Brandi Jr. por dESEMBARGADOR mIGUEL ÂNGELO bRANDI JR
O Conselho Nacional de Justiça- CNJ, acaba de divulgar (quarta, 04.06) dados atualizados da população carcerária brasileira. São 715.655 presos e presas, entre os quais 147.937 em prisão domiciliar. Portanto, em regime de privação de liberdade, plena ou relativa, encontram-se mais de 567.000 pessoas. Temos desse total 32% que aguardam julgamento (presos/as provisórios/as). Com a inclusão daqueles que cumprem pena em regime domiciliar, o Brasil passa a ter a terceira maior população carcerária do mundo, ultrapassando a Rússia que conta 646.400 presos, segundo o ICPS, sigla em inglês para Centro Internacional de Estudos
Prisionais, do King’s College, Londres. Perdemos, em números, para EUA e China. Sem considerar os que cumprem pena em regime domiciliar, o déficit de vagas no sistema prisional nacional é de 210mil. Na hipótese de todos os que cumprem pena em prisão domiciliar irem para a prisão fechada, caso houvesse espaço (hipótese apenas), o déficit saltaria para 358mil vagas. Se todos os mandados de prisão em aberto fossem considerados (373.991, segundo o Banco nacional de Mandados de Prisão), nossa população carcerária seria de 1.089 milhão de pessoas. É um quadro dramático, assustador. O encarcera-
mento continua sendo fator cultural e efetivo. Bem ao contrário do que se afirma nas esquinas do País, no Brasil se prende muito. Parece fundamentalsem descuidar da revisão da nossa política de encarceramento, que se atue (governos federal e estaduais) na área penitenciária e com urgência e firmeza, investindo na adequação das prisões (reformas e ampliações), na ampliação das vagas (novas construções), na permanente formação dos agentes públicos que trabalham no sistema. Mas há uma dimensão do trabalho, sempre esquecida e importantissima, tanto quanto as outras: o en-
volvimento da sociedade no trabalho de atenção e amparo aos presos, de tal forma a proporcionar-lhes condições para a reinserção. Isso pode se dar, por exemplo, com o estímulo a convênios com entidades regulares, que assumiriam, com custos sabidamente mais baixos do que o Estado tem hoje, tarefas diárias (menos segurança), além de diversas assistências: jurídica, social, psicológica e cuidados com a estrutura física do cárcere. Há experiências bem sucedidas, Brasil afora, que podem servir de parâmetros para essa atividade, algumas recente e propositalmente inibidas, infelizmente. Sinto que as pessoas só se dão conta da gravidade e
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
importância da questão penitenciária e de seus dramas quando alguém próximo (parente, amigo) se vê encarcerado. Temos chegado tarde à questão, e sempre em situação de sofrimento e urgência. Já cuidei desse tema em artigos anteriores, mas me permito voltar a ele, desejando provocar o pensamento, os (pré) conceitos e as atitudes de todos nós. Miguel Ângelo Brandi Júnior
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por Shel Almeida
Há mais de 40 anos, todas as terças-
também se tornou uma ponte entre doares
-feiras, a Igreja do Rosário entrega
e necessitados. O dono, Seu Jayme Grasson
aos fiéis o Pão de Santo Antônio.
Sanches, se encarrega de receber doações
Atualmente, quem celebra a missa
em dinheiro e reverter em pães que serão
e abençoa os pães que serão distribuídos
doados à Igreja. Normalmente são fabricados,
durante todo o dia é o Monsenhor Correa.
para a distribuição, de 2 mil a 2.500 pães
A celebração acontece às 7h da manhã e a
franceses e mais 500 bisnaguinhas. Como o
Igreja sempre está cheia de pessoas que,
dia em que o Jornal do Meio acompanhou
segundo o Pe. Marcelo Falsarela, atravessam
a distribuição foi um dia especial, 13 de
a cidade para buscar o pão. Mais do que a
junho, Dia de Santo Antônio, pela manhã,
motivação da fé, muitos chegam motiva-
o número já ultrapassava os 3.800 pães.
dos pela fome, pois o pão distribuído será
“Doadores fixos são 58. Outros doam de vez
o alimento que terão até a próxima missa.
em quando. E muitos compram o pão para
“Alguns andam quilômetros para chegar até
eles mesmos entregarem na Igreja. Fazer
aqui. Eles chegam com uma sacola grande
parte disso é muito emocionante para nós,
para que possam levar pão suficiente para
toda terça é uma luta, todos se envolvem;
a semana. porque esse será o alimento que
Esta semana, por causa do Dia de Santo
terão em casa”, conta.
Antônio, os padeiros estão fazendo hora
Semanalmente cerca de 50 pessoas acom-
extra pra poder dar conta. É preciso começar
panham a missa em busca do pão bento. No
a fabricação uns dois dias antes e deixar só
final do dia, o número de pessoas em busca
pra assar no dia.
do Pão de Santo Antônio ultrapassa 150.
Na primeira vez que fomos fazer o Pão de
“Muita gente tem o costume de guardar o
Santo Antônio, logo que comprei a padaria,
pão dentro da lata de farinha ou arroz, para
a gente não sabia disso. Deixamos para fa-
que não falte comida. Outros comem em
bricar o pão no dia e foi uma correria, meu
busca de cura para alguma enfermidade.
genro, Laércio, precisava sair daqui com o
São muitas as motivações. Para alguns é
pão quente para entregar na Igreja”, lembra
elemento de fé, mas para o povo mais pobre
e diverte-se.
é o alimento que matará a fome. Uma parte dos pães a Igreja compra, a outra parte chega
Matar a fome
por meio de donativos”. explica Pe. Marcelo.
Apesar da grande parte das pessoas lembrar
Símbolo da ação fraterna daquele que é con-
da bisnaguinha ao falar em Pão de Santo
siderado o padroeiro dos pobres, a história
Antônio, a maioria dos pães fabricados para
do pão bento vem de um fato curioso da
serem distribuídos é mesmo o tradicional
vida do então Frei Antônio. Ele sempre se
pão francês, aquele que “mata a fome”. De
comoveu com a pobreza e era seu costume
acordo com Padre Marcelo, as pessoas que
distribuir aos pobres todo o pão fabricado
vêm em busca do alimento chegam para a
no convento em que vivia. Um dia, o frade
missa das 7h e acompanham a benção dos
padeiro percebeu que os pães haviam sido
pães feita pelo Monsenhor Correia. Em
roubados e foi, aflito, avisar Antônio, que
seguida, todas juntas rezam o terço. Só
pães haviam sido guardados. Quando voltou, o frade encontrou os cestos transbordando de pães. Como lembra Pe. Marcelo, através de Santo Antônio. Jesus dá continuidade ao milagre da multiplicação
Pe. Marcelo Falsarela conta que Santo Antônio foi um maiores pregadores da palavra de Deus e defensor da Eucaristia.
então os pães começam
pediu que ele verificasse melhor o lugar onde os
Fieis rezam o terço após a benção dos Pães de Santo Antônio. Muitos andam quilômetros para poder receber doações.
Muita gente tem o costume de guardar o pão dentro da lata de farinha ou arroz, para que não falte comida. Outros comem em busca de cura para alguma enfermidade. São muitas as motivações. Para alguns é elemento de fé, mas para o povo mais pobre é o alimento que matará a fome.
a ser distribuídos por
Pe. Marcelo Falsarela
fé mas, principalmente
dos pães. “Santo Antônio foi um dos maiores pregadores do palavra de Deus
voluntários da Igreja. A fila chega até metade do salão e maioria das pessoas ali são idosas. É difícil imaginar, como contou Padre Marcelo, que muitas andam quilômetros, movidas não só pela pela fome. São pessoas, que em outra situação
e um dos grande defensor da Eucaristia. Na
passariam despercebidas, mas ali represen-
Benção do Pão de Santo Antônio, a oração
tam o símbolo máximo do cristianismo, a
diz: ‘que este pão recorde o pão que vosso
doação ao próximo. Enquanto abrem as
Filho Jesus multiplicou para as multidões
enormes sacolas para que as voluntá-
famintas”, conta. Entre os milagres atribuídos
rias possam colocar os pães, um senhor
a Santo Antônio, está a história de uma mula
chega com um saco com muitos outros
que, com fome, desprezou o capim colocado
pães, ainda quentes. Ele e as pessoas
à sua frente e dobrou os joelhos lentamente
que estão ali mal se olham, devido à
diante da Hóstia Sagrada.
pequena confusão da distribuição. Mas
Doações
Distribuição dos pães. Mais do que a fé, muitos buscam o pão motivados pela fome.
eu, que acompanho de longe, chego a me emocionar e a pensar em como faz
Grande parte dos pães que são distribuídos
sentido a frase “fazer o bem sem olhar
aos pobres da cidade chegam por meio
a quem”. São doações anônimas feitas
de doações feitas por diversas padarias.
a pessoas também anônimas. Mas é
A Igreja do Rosário acaba sendo a ponte
ali, em meio àquele anonimato que os
entre aqueles que querem doar e aqueles
sentimentos de compaixão e gratidão
que precisam receber a doação. Uma das
se encontram. Santo Antônio continua
padaria que fornecem os pães semanal-
a cumprir sua missão de olhar pelos
mente é a Panificadora Nova Cardoso, que
mais necessitados.
Seu Jayme e as atendentes Édna e Elaine. “Fazer parte disso é muito emocionante para nós, toda terça é uma luta, todos se envolvem”
comportamento
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Fita sob teste por RODOLFO LUCENA/ FOLHAPRESS
Sabe aqueles esparadrapos coloridos que, de vez em quando, vemos no corpo de atletas e são usados para tratar problemas musculares? Maria Sharapova usa e Cristiano Ronaldo também, assim como Roger Federer e David Beckham. Pois uma revisão sistemática de estudos realizada por pesquisadores da Unicid (Universidade Cidade de São Paulo) e publicada na versão on-line do Journal of Physiotherapy (uma das mais importantes publicações internacionais do gênero) questiona a real eficácia do método. Esse tipo de análise, ou seja, a compatibilização estatística de resultados de testes clínicos, é considerada a fonte mais confiável para orientar a prática clínica na medicina baseada em evidências. Os pesquisadores analisaram 12 estudos clínicos realizados no mundo todo sobre os efeitos da chamada kinesio taping. As pesquisas envolviam 495 participantes que tinham dores nos ombros, joelhos, na coluna lombar e nos pés. A análise demonstrou que o uso da kinesio taping não teve efeito melhor do que o de placebos ou técnicas convencionais de tratamento. Nas raras situações em que a bandagem foi melhor, essa vantagem era ínfima e não pôde ser considerada clinicamente importante, diz o coordenador do programa de mestrado e doutorado em fisioterapia da Unicid, Leonardo Oliveira Pena Costa, e um dos autores do estudo. Doutor em fisioterapia pela Universidade de Sydney, Costa afirma: A melhora observada em alguns pacientes é real, mas é equivalente à de um tratamento placebo. A técnica foi inventada pelo quiropata japonês Kenzo Kase, que começou a desenvolvê-la nos anos 1970. Mas, diz Costa, recentemente a fita tornou-se um dos maiores cases de marketing esportivo da história, principalmente depois da Olimpíada de Sidney, em 2000. Quanto mais publicidade positiva houver, mais numerosas serão as impressões incorretas de eficácia. Mesmo quando apresento dados sobre a eficácia do método, muitos técnicos e fisioterapeutas dizem que continuarão usando, o que acho lamentável. Tratamentos eficazes podem estar sendo substituídos por um que não é melhor do que placebo.
Ela afirma, porém, que os resultados da fita em programas de reabilitação são, em sua maioria, de apoio sensorial e psicológico. Não podemos ignorar o fato de que a parte psicológica é fundamental para a performance. Para o presidente da Associação de Treinadores de Corrida de São Paulo, Nélson Evêncio, 43, a kinesio taping foi bastante útil. Na primeira vez que usei, estava com uma dor na parte lateral da coxa e me senti muito bem com a fita, com mais firmeza na articulação. Corri
Sem consenso
De fato, falta consenso sobre a eficácia da técnica entre os especialistas. Segundo a fisioterapeuta Paula Rodrigues de Sousa, o debate entre os que defendem e os que questionam a kinesio taping foi bastante acalorado no último congresso da Sonafe (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva). Sousa, que já trabalhou com a seleção brasileira de kung fu, usa a kinesio taping em casos de hematoma e inchaço. A melhora é visível, segundo ela.
Abertura da sede própria
14 de Julho
Sérgio Antônio de Lima Corretor de imóveis - Creci: 109961
Rua Nicolino Nacaratti, 416 CX 01
PREÇOS SUJEITOS A ALTERAÇÕES SEM PRÉVIO AVISO - Reservamo-nos o direito de corrigir eventuais erros gráficos e de digitação.
um treino de 30 km e a maratona de Berlim com a kinesio taping e a dor não apareceu. O fisioterapeuta Hélio Nichioka, que já trabalhou com atletas olímpicos como o ginastas Diego Hypolito e o judoca Leandro Guilheiro, também aplica a kinesio taping para alívio da dor. Meu uso está embasado em experiência clínica. Há carência de estudos até pela novidade da kinesio taping, e a ciência tem a sua própria velocidade, afirma. A mesma
carência científica é observada em palmilhas esportivas, joelheiras e cotoveleiras largamente utilizadas. Thiago Vilela Lemos, fisioterapeuta, professor da Universidade Estadual de Goiás e instrutor do método, diz que cada paciente deve ser avaliado individualmente. Acredito que novos estudos são necessários pra que os efeitos clínicos vistos pelos profissionais sejam evidenciados também nas pesquisas.
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Reflexão e Práxis
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Há liberdade no interior
do quadro tecnológico? por pedro marcelo galasso
A predominância dos caracteres tecnológicos
e, é lícito dizer, mais nos tornamos irresponsáveis haja
É como se o mundo fosse tão pequeno e tão facilmente
em nossa vida social é responsável pelo forta-
visto que meramente seguimos as normas e fazemos o
compreendido quanto uma busca pelo mundo virtual
lecimento de uma tendência social que atrela
que todos fazem.
dos sites de busca. É como se os relacionamentos hu-
nossa liberdade ao acesso aos meios informacionais.
Sabemos que a sociedade opera com determinados pa-
manos e a resolução das questões sociais pudessem ser
Entretanto, a medida que nos atrelamos aos meios
drões e normas sociais e que sem estes a vida em socie-
construídos e vividos nas redes sociais e nas postagens
informacionais nos são impostas práticas e normas
dade seria marcada por um arranjo social problemático
de mensagens que expressariam nossa indignação.
de comportamentos que não nos libertam, mas nos
e, provavelmente, violento. No entanto, é irresistível
É como se a História fosse reduzida aos vídeos e as
impõem hábitos e formas de condutas homogeneiza-
pensar que caminhamos para a mesma direção, pois
imagens históricas e apresentados a todos nós sem
das e pasteurizadas, pois ocorrem dentro dos limites
os limites técnicos dos meios informacionais são, na
reflexão, tal qual imagens de uma vida social que nos
técnicos e físicos dos meios em questão. É como se as
verdade, limitações de caráter técnico muito aquém das
parece distante, pois com ela não temos nem reflexão
práticas sociais e antropológicas fossem definidas e pré-
potencialidades e das possibilidades da vida humana, ou
e tão pouco curiosidade, pois a imagem da imagem
-concebidas pelos aparatos tecnológicos e suas formas
seja, somos capazes de criar um mundo mais complexo
falaria por si só.
de funcionamento limitando nossas ações aos que seus
e mais dinâmico do que qualquer meio informacional
Caso seja necessário um exemplo para as ideias expostas
programas e limites físicos prescrevem.
será um dia capaz de criar.
acima, basta pensarmos no seguinte – não é assustador
Esta visão não é fatalista e muito menos apocalíptica,
Além disso, a infinitude daquilo que já criamos ao longo
assistir inúmeras pessoas próximas fisicamente, mas
ela é, tão somente, uma dentre várias leituras que po-
da História, bem como a nossa capacidade social para
entorpecidas e controladas, totalitariamente, por seus
dem ser feitas quando pensamos a forma cm a qual as
criar os meios informacionais, são provas vivas de que
pequenos aparelhos eletrônicos? Não é assustador ima-
pessoas se comportam frente aos meios citados.
o universo imaginativo e especulativo humano é muito
ginar que todos estão próximos, mas distantes em suas
A homogeneização cria uma segurança de comporta-
amplo para ser reduzido pelo universo, aparentemente
relações e em seus contatos diretos, confiando em uma
mento e uma ideia perversa de igualdade, já que todos
infinito daqueles meios.
rede informacional que aparenta nos oferecer liberdade
fazem o mesmo e, o que é mais acalentador, da mesma
Limitar nossa visão ao universo do meio técnico infor-
e nos controla de forma sutil e quase absoluta?
forma. É como se a ideia de normalidade se impusesse
macional é impor ao nosso desenvolvimento histórico
via os meios informacionais. Curioso é que a medida
uma cegueira, é como se nos colocássemos uma máscara
Pedro Marcelo Galasso – cientista político, professor
que nos ligamos a esta nova forma de dinamica social
cujo único horizonte é aquele apresentado pelos visores
e escritor.
mais somos incapazes de perceber seus contrassensos
dos computadores.
p.m.galasso@gmail.com.br
Casos e Causos
Juro que é verdade por Marcus Valle
JURO QUE É VERDADE CLXIII
na banca num domingo e pediu para trocar pela revista
É a chamada loteria ao contrário.
Conhecida figura da sociedade vai a um baile no
ISTO É. Passou a fazer isso todas as semanas....o Pardal
JURO QUE É VERDADE CLXVI
Clube Literário e já chega de fogo. As garotas fi-
não gostava...mas como a revista VEJA voltava impecável
Eu não sou pão duro, quem convive comigo sabe. Mas,
cavam sentadas lado a lado, apreciando a dança no salão.
(sem amassar), ele permitia a troca. Num sábado o cli-
reconheço que as vezes...só as vezes....eu tenho uns es-
Ele se dirige à primeira moça e pergunta: QUER DANÇAR
ente comprou a VEJA, no mesmo dia à tarde trocou pela
pasmos de ações parcimoniosas. Me lembro que tinha
? A garota diz: SÓ TÔ OLHANDO...NÃO DANÇO. Ele faz
ISTO É...mas no dia seguinte, domingo, quis trocar pela
uma churrascaria na cidade em que eu ia sempre. Um
a mesma pergunta para garota ao lado e ela diz: ESTOU
revista ÉPOCA. Daí, o Pardal que não tinha boca pra
belo dia eu vi que eles colocaram uma placa :
ESPERANDO MEU NAMORADO. Persistente ele chega
nada, estressou: NÃO..NÃO...DUAS TROCAS NUM DÁ.
RODÍZIO $25,00....MINIRODÍZIO $20,00 Perguntei qual era a diferença, e o garçom me explicou
na terceira....e recebe uma resposta direta: NÃO....MUITO OBRIGADA. Mas como todo bêbado é obstinado ele
JURO QUE É VERDADE CLXV
que eram 20 espécies de carne no RODÍZIO e 15 no
convida a quarta menina e ela surpreendentemente se
Certa vez a secretária Carol, chegou ao trabalho as 8 e
MINIRODÍZIO (não tinha picanha, filé, coração e mais
levanta e diz : VAMOS.
55 horas. O escritório onde trabalha fica numa rua de
duas que eu não guardei). Pedi o MINI , mas a minha
Ele segura a mão da moça, dá um passo em direção
grande declive (Dr. Tosta). Ela viu uma barata morta
mulher falou que queria o RODÍZIO COMPLETO, pois
do salão, se vira, aponta a cadeira vazia (que seu novo
no corredor da entrada. Pensou em varrer, mas como a
adorava picanha.
par ocupava), e diz triunfante: DAQUI PRÁ LÁ....VÃO
vassoura estava longe (na parte de baixo do escritório),
O garçom me disse que normalmente não serviam as 2
TUDO Á P.Q.P.
achou mais fácil chutar o bicho pra fora. Chutou e.... por
espécies na mesma mesa...mas que como eu era cliente,
enorme acaso....a barata bateu no pescoço de uma mulher
abririam uma exceção.
JURO QUE É VERDADE CLXIV
que subia a esquina .....e que ao ver que era uma barata
E ai...começou o surrealismo...o garçom servia a carne
Na praça central de Bragança tem a famosa Banca do
que grudou no cabelo (mulheres adoram esse bicho)...
para minha mulher ....e as vezes eu era avisado...ESSA O
Pardal, que vende jornais, revistas e outras publicações.
quase desmaiou....mas depois homenageou a mãe da
SR. NÃO PODE. Aguentei umas duas rodadas, de veto,
O Pardal tinha um cliente que todo sábado comprava
Carol...e soltou outros adjetivos como : LOUCA, VACA,
mas depois cai em mim e falei pro garçom:
a revista VEJA. Depois de algum tempo, o cara voltou
MALDITA etc.
ESTOU MUDANDO PRO RODÍZIO
antenado
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Boca do Paraíso Novos livros com poemas atribuídos a Gregório de Matos e análise da obra desmontam imagem popular do ‘Boca do Inferno’, que seria uma invenção de críticos e historiadores
por NELSON DE SÁ /FOLHA PRESS
Base da manteiga
Rio da Rússia e do Cazaquistão Luz que pode cortar o aço
Roentgen (símbolo) Acarinhar; afagar Defeito no motor A cova do indigente
Grand (?), circuito do tênis mundial Rodopiei; dei voltas
Falece Estação russa desorbitada
Revistas em quadrinhos (bras. fam.)
Ácido (?), substância da urina
Ritual religioso Famosa praia de Niterói (RJ) Gaivota (bras.)
Sufixo de "maltase": fermento Texto lavrado ao fim da reunião
Móvel para guardar bebidas
Qualquer objeto inanimado 24 horas
Brinquedo giratório de parques 56
Solução C O L O M B O E C A B R A L
BANCO
A G A N U R A A T S L A A SA L E G I O R R B E R G I A I B A O I S S S E
Coleção gregório de matos Edição e estudo: João Adolfo Hansen e Marcello Moreira Editora: Autêntica Quanto: Entre R$ 43 e R$ 49 por volume (entre 400 e 592 págs. por volume)
Descobridores da América e do Brasil
S E N A N P A C P R R I M A T U A R I C R O
Tarado
Junto com os manuscritos, por vezes, aparecia uma “Vida” do poeta, que “não é uma biografia, como compreendida hoje”. Servia como prólogo, introduzia o poeta como um personagem. “O que aconteceu a partir do século 19 é que a Vida’ deixou de ser lida como gênero
(?) Coralina, poetisa brasileira
Conteúdo do poço artesiano, no sertão
A C A R I C I A R
As visões românticas culminam em Antonio Candido, de “Formação da Literatura Brasileira” (1957), “que afirma que não existe, na Colônia, um sistema coeso de autor-obra-público”. É exatamente o que a nova edição de Gregório refuta. Autor da história literária mais influente ou, como descreve Hansen, “totem que já virou tabu”, Candido vê ausência de condições materiais no século 17 para a disseminação literária --da proibição de imprensa pela Coroa portuguesa ao analfabetismo. “Mas hoje a gente sabe que existia um sistema absolutamente consistente”, questiona Hansen. Havia outros modos de escrever e ler, na Salvador então com 30 mil habitantes e no Recôncavo Baiano com 150 mil. Muitos dos poemas de Gregório são descritos como “Tonilhos para cantar” ou “Letrilhas para cantar”. O próprio levava consigo uma viola de cabaça. “Era prática difusa entre a população pouco letrada”, diz Moreira. “Escravos memorizavam e cantavam as poesias, acompanhando-se de viola.” Mais importante, as poesias circulavam na Bahia em forma manuscrita, nas folhas volantes que seriam recolhidas depois no códice “Asensio-Cunha”. “As sátiras eram lançadas sob frinchas de portas, à noite, e afixadas em lugares públicos, para serem lidas em voz alta.”
Renata (?), ex-miss e apresentadora esportiva da Band (TV) A visão da pessoa com catarata Uso profano de pessoa, lugar ou objeto sagrado
Seu plebiscito foi proposto por Dilma após os protestos de 2013 Tecla de áudio (TV)
A
Diferentemente de outras edições, a Coleção Gregório de Matos evita extrair e reagrupar os poemas. “Mantivemos a disposição tal como foi pensada no século 18”, diz Marcello Moreira. Pela ordem, vêm primeiro os poemas com “louvores e vitupérios à nobreza”. Depois, “louvores e vitupérios aos agentes da Igreja Católica, clérigos, freiras”. Por fim, os poemas “dedicados às mulheres, algumas de qualidade, outras, não”. Entram aí “as putas da Bahia, que merecem castigo, a Babu, a Andresona”. Uma passagem: “Puta Andresona [...] Tu te finges não ser senão honrada,/ E nunca eu vi mentira mais provada [...] Entram na tua casa a seus contratos/ Frades, Sargentos, Pajens, e Mulatos,/ Porque é tua vileza tão notória,/ Que entre os homens não achas mais que escória”. A sequência dos poemas “faz uma encenação de toda a hierarquia” colonial, diz João Adolfo Hansen, questionando edições contemporâneas que recortam e alteram a ordem, como a de James Amado (Record, 1990). “Ele escreveu texto dizendo que Caetano Veloso era cavalo do exu Gregório”, critica. “Vi na Bahia o movimento negro dizendo que Gregório era abolicionista.” O quinto volume da coleção traz um longo ensaio de Hansen e Moreira, em que detalham não só as opções da edição, mas as diferenças com a crítica literária hoje predominante sobre Gregório de Matos e Guerra.
Desilusão; desesperança
© Revistas COQUETEL
C
Sistema
Poemas acompanham hierarquia da sociedade colonial na Bahia
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
R D E F O R M S A P C O L I A T D I
literário e passou a ser lida como documento empírico”, diz Hansen. “E a partir daí a psicologia entrou. O homem era um doente, um nevropata, um tarado.” A poesia atribuída a Gregório, na realidade, “propõe muitas deformações dos tipos que ela ataca”. Segue as convenções clássicas da sátira, em que “o poeta deve usar maledicência, pornografia, termos chulos”. Quando desqualifica os índios “pela ideia de que seu pênis é pequeno”, é para atingir “os descendentes de Diogo Álvares e Catarina Paraguaçu, que haviam recebido títulos de nobreza da Coroa”. O que Gregório --ou quem quer que tenha escrito-- afirma é que “a verdadeira aristocracia é branca, católica, tem sangue, família”. Em outras palavras, diz Hansen, “a desigualdade era algo evidentemente natural”. Distante do Gregório antropofágico dos concretistas ou do “arauto da independência”, o poeta que surge na nova edição “tem a racionalidade da Corte, é integrado à hierarquia, exige que a boa ordem seja mantida”.
3/ati — fan. 4/slam — ural. 5/laser. 6/icaraí.
O que se sabe do homem Gregório de Matos e Guerra (1663?-1699?) é muito pouco. Por exemplo, de próprio punho, sobrevive uma única assinatura, no livro de matrícula do curso de direito canônico na Universidade de Coimbra, em Portugal. Mas ele foi, mais do que um homem, um gênero literário na Bahia do século 17, dizem João Adolfo Hansen, 72, da USP, e Marcello Moreira, 47, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. No final deste mês, chegam às livrarias cinco volumes com os poemas atribuídos a Gregório, editados e analisados por ambos. Reproduzem o códice (manuscrito em pergaminho com as folhas unidas como num livro) “Asensio-Cunha”, reunido no século 18, antes da lenda. O Gregório proto-nacionalista e obsceno, imagem que resiste até hoje, teria sido uma invenção dos críticos e historiadores românticos do século 19, diz Hansen. “Eles transformaram a poesia na expressão psicológica de um indivíduo-autor.” Assim, Silvio Romero (1851-1914) “vai dizer que Gregório não era nem índio nem branco nem negro: já era mazombo, um autêntico nacionalista”. E José Veríssimo (1858-1916) “vai dizer que é um canalha, um neurótico”.
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Pastilhas
democráticas Informe Publicitário por Giuliano Leite
Além dos acabamentos de porcelanatos com texturas de madeiras outra mágica para transformar o visual da casa ou do estabelecimento comercial é investir em pastilhas. O revestimento faz sucesso em qualquer reforma por sua beleza (principalmente os modelos de vidro), apesar de ser um pesadelo para os pedreiros, dado a dificuldade que alguns modelos apresentam na instalação e, pelo custo nem sempre muito camarada. Daí ser preferencialmente usadas em detalhes, painéis, faixas ou ainda paredes pequenas. Pesquisando um pouco, para entender que a variedade de formatos, cores e materiais (porcelana, vidro, cerâmica e bambu, coco, etc) é grande, assim como a gama de preço. Sem falar nas opções que imitam o efeito, tais como modelos autocolantes e placas cerâmicas. E por encontramos muitas opções é que devemos tomar muito cuidado no momento da compra para não finalizar o projeto com algo que não combine com o contexto geral. No que diz respeito às de vidro, vamos a alguns comentários: As pastilhas de vidro são um material bastante comum para o revestimento de piscinas, pois são produzidas em uma incrível variedade de cores e padrões. Translúcidas, elas podem ser incolores ou coloridas, e ainda é possível criar desenhos executados como mosaico especialmente para a sua piscina. Devido ao tamanho reduzido das pastilhas, a quantidade de rejunte é grande, o que pode prejudicar a assepsia da piscina. Entretanto, como o aspecto final é muito bonito, muitas vezes as pastilhas de vidro são as escolhidas. O revestimento em azulejo comum, bastante popular há algumas décadas nesse
tipo de piscina têm cada vez mais perdido espaço para a aplicação de pequenas pastilhas em vidro. Tal mudança em seu revestimento amplia ainda mais as possibilidades de decoração e personalização das piscinas de concreto por meio da confecção de mosaicos e combinações de cores variadas. Outra vantagem das pastilhas em relação ao uso de azulejo é a menor chance de quebra. Depois da aplicação vem a dúvida, como limpá-las adequadamente? Aqui vão algumas dicas da limpeza após a colocação das pastilhas de vidro: • Deixar a argamassa de rejuntamento secar por pelo menos 15 a 30 minutos. • Fazer a limpeza com esponja macia, limpa e úmida. • Finalizar a limpeza com pano limpo e seco ou estopa de primeira, limpa e seca. • E algumas dicas para a limpeza de pastilhas recém aplicadas em pisos internos e externos: • A pastilha só deve ser submetida á limpeza final depois de transcorridas, no mínimo, duas semanas do rejuntamento do piso. • O piso deve ser escovado (escova plástica ou vassoura de piaçava, por exemplo) com água quente e um detergente neutro, sendo, em seguida, enxaguado abundantemente. • Evitar a lavagem do rejuntamento com soluções de ácidos, o que pode acabar prejudicando sua durabilidade. Até a próxima e boas compras!
comportamento
Cabeçadas nada bonitas O problema maior de cabecear a bola é que, na maioria dos casos, o dano não é imediatamente visível por SUZANA HERCULANO-HOUZEL /FOLHAPRESS
Nesta semana tem início a temporada
tudos independentes: cabecear a bola.
uma rede de computadores que ainda funcionam,
daquele que é provavelmente o esporte
Lances lindos, como a cabeçada de Pelé defend-
mas que não mais trocam informações uns com
favorito do brasileiro: sentar no sofá para
ida miraculosamente pelo goleiro inglês Gordon
os outros.
acompanhar o progresso de um esquadrão de 11
Banks na Copa de 70, escondem uma física nada
Ao longo do tempo, as pequenas interrupções nas
componentes que defende a honra do seu país
bonita: a aceleração e desaceleração do cérebro
fibras da substância branca se tornam visíveis
em face de múltiplos ataques estrangeiros. São
dentro da cabeça enquanto absorve o choque de
em imagens do cérebro --inclusive em amadores:
batalhas até que pouco sangrentas, e visivelmente
uma bola viajando a 75 km/h, e então a arremessa
o estudo do Hospital Albert Einstein, nos EUA,
menos violentas do que as dos campos de futebol
a 45 km/h em direção ao gol. Durante uma partida,
mostrou que quanto mais cabeceiam a bola, mais
americano ou hóquei, que levam a fama de per-
jogadores expõem seus cérebros a uma quantidade
esses jogadores sofrem danos em seus cérebros--
igosos para seus jogadores.
média de 6 a 12 impactos assim. Treinos são ainda
que se correlacionam com pequenos, mas visíveis,
Mas, de acordo com dois estudos recentes, um
piores, com cerca de 30 cabeçadas por sessão.
problemas de memória.
canadense e um americano, também o futebol
O problema maior de cabecear a bola é que, na
Defender seu país, é claro, sempre tem seu
faz estragos e ao cérebro, sobretudo. O estudo
maior parte dos casos, o dano não é imediata-
preço. Nesta Copa, serão as canelas, joelhos e
canadense mostrou que, dependendo de quem
mente visível --mas está lá e vai se acumulando
cérebros dos nossos jogadores. Ao menos eles
conta, a chance de concussão é ao menos tão
ao longo do tempo. São pequenas lesões causadas
são bem pagos...
grande em jogos de futebol quanto no truculento
pela quebra das fibras na substância branca que
Suzana Herculano-Houzel é neurocientista, profes-
futebol americano, deixando jogadores com prob-
interconectam as várias partes do cérebro e que
sora da UFRJ e do livro “Pílulas de Neurociência
lemas de memória. Cotoveladas e cabeçadas entre
se partem quando estiradas muito rápido --por
para uma Vida Melhor” (ed. Sextante) e do blog
jogadores são grandes culpados, mas um outro
exemplo, quando o cérebro recebe, ou dá, uma
www.suzanaherculanohouzel.com
inimigo foi apontado recentemente por dois es-
pancada na bola. O resultado é equivalente a
suzanahh@gmail.com
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veículos
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Lei que regulamenta desmanches
Normatização possibilita o uso de peças reaproveitadas para reduzir os custos das apólices. Redução de roubos e furtos dependerá de fiscalização, diz federação das seguradoras. por RODRIGO LARA/FOLHA PRESS
Os desmanches de veículos sempre
cobrado baixe”, afirma Eduardo Dal Ri,
que não podem ser vendidos também
nos desmanches, incluindo itens como
tiveram sua atividade relacionada
diretor da Sul América Seguros.
é outro fator importante, pois ajuda a
componentes de motor e carroceria. Há,
economizar matéria-prima.
contudo, restrições.
ao improviso e, em alguns casos, à ilegalidade. A falta de controle sobre o
Fiscalização
Os contratos de seguro “popular” deverão
“Componentes ligados à segurança, como
trajeto percorrido por um veículo entre
Se ao menos no papel a ideia de atacar
especificar que o carro poderá ser conser-
suspensão, freios e airbags, não poderão
chegar a um local do tipo, ser desmontado
a cadeia criminosa regulamentando a
tado com o uso de peças reaproveitadas.
ser vendidos. A partir do momento em
e ter suas peças vendidas dava margem
atividade dos desmanches funciona, seu
a operações criminosas.
sucesso na prática depende de um fator.
Restrições
ela ficará responsável pela qualidade do
Evitar isso é uma das principais motiva-
“Os benefícios que essa lei pode trazer só
O consumidor final terá a possibilida-
produto”, diz Eduardo Dal Ri, diretor da
ções da Lei nº 12.977, sancionada no fim
acontecerão mediante uma fiscalização
de de comprar as peças diretamente
Sul América Seguros.
de maio pela presidente Dilma Rousseff.
rígida e constante, especialmente por
A ideia, por meio da regulamentação das
demandar um amplo controle sobre a
empresas que atuam no setor, inibir a
venda das peças”, afirma Neival Freitas,
ocorrência de roubos, furtos e latrocínios.
diretor executivo da Federação Nacional
No estado de São Paulo, normatização
de Seguros Gerais (FenSeg).
similar foi sancionada em janeiro pelo
Sérgio Barros, diretor do grupo BB e Ma-
governador Geraldo Alckmin.
pfre, também vê a medida como positiva. “Ela tende a regulamentar um mercado
Base de dados
que, até então, não possuía instrumentos
Com a regulamentação, os desmanches
legais de controle e fiscalização, além de
precisarão ter registro no Detran e
tornar mais saudável a compra de peças
na Secretaria da Fazenda. O Contran
usadas no mercado, tanto por questões
(Conselho Nacional de Trânsito) será
ambientais, como a reciclagem, como
o responsável por manter uma base de
por questões econômicas”, diz.
dados com informações dos veículos e
“As empresas de desmontagem terão
Nova regra prevê reciclagem de componentes
que se adaptar e atender às exigências
Além do possível barateamento de algu-
de controle operacional, como fluxo de
mas modalidades de seguro e da esperada
peças em estoque e emissão de notas
redução nos índices de roubos e furtos,
fiscais”, diz Luiz Pomarole, diretor geral
a lei dos desmanches tem um viés ecoló-
da Porto Seguro.
gico. O descarte de fluidos dos veículos
das peças.
também seguirá critérios que evitarão a
Desconto na apólice
contaminação do solo.
A medida torna possível a criação de se-
“Esse processo deverá ser realizado em
guros “populares”, prevendo a utilização
área apartada do restante da operação,
de peças reaproveitadas para efetuar
que, além do piso impermeável, deverá
reparos.
conter canaletas de contenção de fluidos,
“Cerca de 30% do preço de uma apólice
a exemplo daquelas que há em postos de
diz respeito à cobertura por roubos e
combustíveis”, explica Luiz Pomarole,
furtos. Diminuindo a ocorrência desse
diretor geral da Porto Seguro.
tipo de crime, a tendência é que o valor
A reciclagem de componentes veiculares
que a seguradora utilizar um item usado,
veículos eículos
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Foco
Ferramenta online auxilia motoristas a avaliar e escolher concessionárias por RODRIGO LARA/FOLHA PRESS
A internet mudou a forma como os brasileiros compram carros. De acordo com uma pesquisa feita em 2013 pela consultoria J.D. Power, 43% dos entrevistados buscam na rede informações sobre veículos e em qual revenda devem comprá-los. Para ajudar esses motoristas indecisos, a 4Life, empresa especializada em marketing digital, criou um repositório online de avaliações de concessionárias, feitas pelos próprios consumidores. “A ideia veio do mercado norte-americano. A busca por opiniões de outros consumidores é bem comum por lá, e a decisão de onde e o que comprar passa por uma consulta nessas ferramentas”, diz Igor Kalassa, presidente da 4Life. Chamado de ISC Digital, o portal foi criado em setembro de 2013. Desde então, foram feitas mais de 9.000 avaliações por consumidores de 3.500 concessionárias cadastradas em todo o país. “Não há custo para as revendas cadastrarem-se ou burocracia para os consumidores fazerem suas avaliações. Apenas filtramos comentários impróprios”, diz Kalassa. O presidente da 4Life acredita que faltam no Brasil referências para a avaliação online de produtos e serviços. “Existem sites para reclamações, mas não de avaliações. Muitas vezes, um produto que não agrada gera críticas que atingem o vendedor”, diz o executivo.
Foto: Ivan Ribeiro/ Folhapress
Estrelas
O consumidor pode avaliar a loja com notas que vão de uma a cinco estrelas ou por uma resenha sobre a experiência de compra. O endereço é www.iscdigital.com.br. Algumas concessionárias cadastradas disponibilizam um computador com o sistema. As revendas podem responder os consumidores.
Segundo o ISC, mais de 3.500 revendas já foram avaliadas
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