Braganรงa Paulista
Sexta 4 Julho 2014
Nยบ 751 - ano XII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
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Para pensar
Jornal do Meio 751 Sexta 4 • Julho • 2014
As leis
Expediente
e o processo legislativo por dESEMBARGADOR mIGUEL ÂNGELO bRANDI JR
petem aos Estados e outros tantos que competem aos Municípios. Há temas que são concorrentes entre essas esferas. É dessa atribuição constitucional que parte toda a lógica do nosso sistema legislativo. Infelizmente, não temos nos (pré) ocupado com a etapa de elaboração legislativa, uma fase riquíssima, embrionária, com repercussões inimagináveis. Poucas pessoas participaram, ou participam desse momento legislativo. As mídias divulgam, aqui e acolá, algumas propostas legislativas; geralmente depois de aprovadas pelos Parlamentos e, em muitos casos, abordando projetos absurdos, desnecessários. Uma divulgação geralmente tardia, que tem servido de promoção pessoal para alguns que se atrevem a criticar algumas leis já publicadas. Melhor seria se cultivássemos o hábito de acompanhar as propostas desde seu nascedouro, no Congresso (Câmara e Senado), nas Assembléias Legislativas ou nas Câmaras Municipais, as chamadas Casas Legislativas. Para que uma proposta, que depois de apresentada passa a se chamar projeto, se torne lei é preciso que alguém a apresente à Casa Legislativa competente para dispor sobre
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli
Em virtude das férias do Mons. Giovanni Baresse, a coluna Para Pensar terá a colaboração do Desembargador Miguel Ângelo Brandi Jr.
Uma das formas de organização da sociedade se dá pelas normas que regulam a convivência entre as pessoas e destas com os poderes públicos e organizações. Essas normas estão escritas nas leis. E é sobre elas que escrevo um pouco. A nossa organização política é inspirada em Montesquieu (o francês Charles-Louis de Secondat, conhecido como Barão de Montesquieu; *18.01.1689- +10.02.1755). Temos três poderes públicos, com autonomias e tarefas próprias, que chamamos de prerrogativas. São eles: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. É no primeiro deles, o Legislativo, que as leis são gestadas. No nosso caso (Brasil), esses poderes estão presentes nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal, exceto o Judiciário que se apresenta apenas nas duas primeiras, embora tenha unidades instaladas nas cidades e com atuação próxima de seus destinatários. Pela nossa estrutura, os Municípios não se ocupam da tarefa de organizar um Poder Judiciário local. A Constituição Federal dispõe sobre as competências legislativas, estabelecendo alguns assuntos que competem à União, outros que com-
Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
a matéria. Geralmente, o iniciador é um integrante da Casa, um Senador, um Deputado Federal ou Estadual, ou ainda um Vereador. Pode ser também um grupo de integrantes, não apenas um. A partir da Constituição Federal de 1988, é possível um grupo de pessoas adotarem e apresentarem uma proposta legislativa, são os chamados projetos populares de lei. É a iniciativa popular atuando de maneira singular. Além da iniciativa legislativa, há outras formas de atuação direta do cidadão na vida pública: o plebiscito e o referendo. E ainda temos uma ferramenta jurídica importante e que representa outra forma de atuação cidadã: a ação popular. Sobre o plebiscito, o referendo e ação popular escreveremos oportunamente. Há uma peça que capeia um projeto de lei, é a chamada justificativa, ou carta de apresentação. É através dela que o autor da propositura, o parlamentar (ou um grupo deles, ou os cidadãos nos casos de iniciativa popular de lei) diz o que busca com a propositura. É uma peça importantíssima que deverá auxiliar o aplicador da lei que dali poderá nascer, tanto o Executivo, quanto o Judiciário. Quanto melhor
for redigida a justificativa de um projeto de lei, tanto melhor será sua tramitação (até transformar-se em lei propriamente dita), e sua interpretação e aplicação futuras. Ainda não é da nossa cultura consultar e estudar a justificativa de uma lei para saber sua inspiração, o destino pensado a ela. Eu me atrevo a dizer que não é da nossa prática cuidar, com zelo, dos textos das justificativas de projetos de lei. A importância do processo legislativo é tanta que temos uma norma federal que trata da elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. É a Lei Complementar Federal nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, uma importantíssima ferramenta para quem se dedica ao processo legislativo. Eu costumo comparar as leis às ferramentas. Uma enxada, por exemplo, ferramenta por todos conhecida, tanto pode lavrar a terra, quanto ser instrumento de um crime. Uma lei, tanto pode servir ao bem como justificar um ato inoportuno, sem verdadeiro interesse público. A lei, por si só, não é solução para os problemas de nossas vidas e de nossa sociedade. Ela é uma ferramenta, um instrumento.
Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
E escrever uma lei não é tarefa fácil, por mais simples que seja seu tema, sua finalidade. Escrever uma lei é uma arte, uma tarefa técnica também (não apenas). É preciso sensibilidade, estudo, conhecimento da matéria que se deseja regular. Sensibilidade para avaliar a oportunidade e conveniência de editar uma norma sobre aquele tema. Estudo para saber da viabilidade de edição de uma lei sobre aquela matéria. Conhecimento sobre essa matéria que será regulada, o que implica, muitas vezes, mergulhar fundo no problema social que se apresenta e que se busca enfrentar e, às vezes, solucionar. Numa outra oportunidade voltarei ao tema. Miguel Angelo Brandi Júnior
comportamento
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Solução caseira
Tecnologias antes restritas ao consultório do dermatologista ganham versões caseiras, mas médicos apontam riscos por JULIANA VINES/ FOLHAPRESS
Foto: Folhapress
Faça você mesmo
Não é mais preciso ir ao dermatologista para fazer depilação com luz pulsada, tratar queda de cabelo com “led” ou tirar uma verruga por congelamento. Muitas tecnologias de consultório já ganharam versões caseiras. O “faça você mesmo” na dermatologia chegou há pouco no Brasil, mas não é novidade nos Estados Unidos e na Europa, onde dá para comprar na farmácia equipamentos para tirar manchas da pele ou colocar unhas de gel a partir de US$ 25 (R$ 55). Por aqui, os preços são mais salgados e a variedade é menor. O tratamento mais popular é a depilação à base de luz pulsada, mas também há “canetas de led” antiespinha e até massageadores com terapia à vácuo para tratar celulite (veja ao lado). “É uma tendência que só cresce, tanto no exterior quanto no Brasil. Mas a eficácia e os riscos desses tratamentos são questionáveis”, afirma o dermatologista Davi de Lacerda. Segundo ele, as versões caseiras são menos potentes do que as tecnologias de consultório. Por um lado, isso diminui os riscos do uso por não especialistas; por outro, faz com que os equipamentos sejam menos eficazes. No caso da depilação com luz pulsada, mesmo as que são feitas em consultório não são definitivas. Os médicos falam em “redução”, em vez de “eliminação” dos pelos. “A técnica atua mais no adormecimento do pelo do que na destruição do folículo”, explica Lacerda. O problema é que, como nas versões caseiras a potência é menor, pode acontecer um efeito indesejado: estimular os folículos. “Nos equipamentos caseiros, a energia emitida é tão baixa que pode aumentar os
conhecimento foi um de hipopigmentação (manchas mais claras na pele). “Isso aconteceu na Europa. Aqui não tem nenhum caso. Nosso manual é claro sobre as contraindicações. Não é recomendado o uso em manchas escuras ou sobre tatuagens”, afirma.
Tira-verruga
pelos, em vez de diminuir”, diz a dermatologista Denise Steiner, presidente da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia). Ela não indica o uso desses depiladores em casa, já que, além de serem menos eficazes, há riscos para peles morenas e bronzeadas. “Pode causar queimaduras, porque o alvo da luz é definido de acordo com a concentração de melanina. Se a pele é mais escura, o calor pode ir para a pele”, alerta. A Philips, fabricante do Lumea, aparelho de
luz pulsada que chegou ao Brasil em dezembro de 2013 (e custa R$ 2.999), afirma que o produto é resultado de mais de dez anos de pesquisas e testes com 2.000 mulheres. “Não há estudos que relacionem qualquer risco a saúde com o uso do Lumea. E não temos nenhum registro de aumento de pelo”, diz Gabriela Moreira de Mello Hass, gerente de marketing da marca. De acordo com ela, até agora, o único caso de efeito colateral que o fabricante tem
Outra terapia tipo “delivery” é o tira-verrugas Pointts. O tratamento, vendido livremente nas farmácias e anunciado na televisão, tem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2009. Mas recentemente tem mobilizado dermatologistas, preocupados com o uso incorreto do produto. “Ele só deve ser usado em um tipo de verruga, mas o consumidor nem sempre sabe diferenciar uma verruga de uma pinta ou de outro tipo de lesão”, diz o dermatologista Murilo Drummond, professor do Instituto de Pós Graduação Médica Carlos Chagas. Segundo Steiner, a SBD já enviou um ofício à Anvisa alertando dos riscos do Pointts. “Já recebemos casos de queimaduras pelo uso desse produto. As pessoas não sabem e não devem se autodiagnosticar. Há o risco de ela tratar incorretamente um melanoma [tipo de câncer de pele], por exemplo”, diz. O Genomma Lab, fabricante do Pointts, disse em nota que um folheto explicativo deixa claras as indicações e contraindicações do produto. “O folheto é aprovado pela Anvisa. A única forma de o Pointts trazer algum tipo de risco é se o consumidor não ler o folheto devidamente e, assim, usá-lo de forma incorreta”, informou o laboratório.
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por Shel Almeida
Comemorado no dia 2 de julho, o
Entre as especializações dentro do Corpo
carreta grande, para combate à incêndio,
população ajudar, deixando a linha livre
Dia dos Bombeiros foi oficializado
de Bombeiros está também a de condução
sabendo que se precisarmos atender uma
pra situações de emergência. E quando
no Brasil em 1954. A escolha da data
das viaturas. Como geralmente trabalham
ocorrência no centro, teremos problema. É
ocorrem essas situações, sei que é difícil,
deve-se ao fato de que, nesse dia,
com veículos grandes, é preciso que o
possível entrar nas ruas, mas não é possí-
mas é importante que a pessoa consiga
em 1856, foi criado, na cidade do Rio de
profissional sabia lidar com o carro, em
vel manobrar, então estamos fazendo um
ter calma para poder passar exatamente
Janeiro, o Corpo Provisório de Bombeiros
especial nas situações de emergências. Na
estudo pra saber onde deixar essa viatura
o que está acontecendo e dizer onde está
da Corte, em decreto assinado pelo Impe-
hora de atender as ocorrências isso também
em determinadas ocorrências. Vamos levar
a ocorrência. Às vezes as pessoas ligam
rador D. Pedro II, regulamentando, assim,
é levado em conta. Antes de chegar até o
ela mais próxima possível, mas ela não
para informar um acidente e a pessoa não
o serviço de combate à incêndios no país.
local, o responsável pelo atendimento pre-
pode interferir no trabalho e também não
consegue passar o endereço. É um detalhe,
Até 1887 os bombeiros usavam um carro
para a melhor rota para que possa chegar
pode ficar em local que depois não dê pra
mas que para gente facilita muito”, explica
puxado por cavalos, onde era carregado
em menos tempo para atender a vítima,
tirar ela de lá”, conta.
Capitão Doratiotto. De acordo com ele,
as pipas d’água. Foi apenas em 1887 que a
levando em consideração, principalmen-
corporação passou a receber equipamentos
te, o trânsito. “Existe a preocupação de
População
adequados, em especial uma bomba d’água
onde é a ocorrência e por onde o resgate
“Não fazer ligações desnecessário pro
to os de trânsito quanto os domésticos.
com mangueira. Em 1891 o efetivo aumentou
vai. Esta semana estamos recebendo uma
193 é uma maneira importantíssima da
“A população de forma geral peca nesse
hoje os Bombeiros enfatizam muito o trabalho de prevenção de acidentes, tan-
e, 50 aparelhos telefônicos foram adquiridos para agilizar o trabalho. Além dos cavalos, os bombeiros passaram a contar também com bicicletas. Nos dias de hoje é difícil imaginar o trabalho dos bombeiros sendo realizado de maneira tão inusitada. Mas, assim como as cidades foram crescendo e sendo modificadas, aconteceu o mesmo com o trabalho da corporação, que além de combater incêndios, passou a atender chamadas com vítimas. De acordo com o Capitão Ulisses Doratiotto de Oliveira, responsável pelo 19º Grupamento de Bombeiros e pelo subgrupamento de Bragança Paulista, a prioridade em atendimento são as ocorrências que envolvem risco de vida, ao meio ambiente e ao patrimônio. “A gama de atendimento é bem ampla: emergências em que envolvem risco, como acidentes de trânsito, parada cardiorrespiratória, colapso de uma estrutura, incêndio, animal em local de risco, animal agressivo, entre outras”. Para ele, que está há 25 anos no Corpo de Bombeiros e desde 2005 é comandante em Bragança, a atividade é muito gratificante. “Os Bombeiros minimizam a situação de emergência, e a população tem confiança no atendimento”, fala.
Ocorrências
O Capitão Ulisses Doratiotto de Oliveira é responsável pelo 19º Grupamento de Bombeiros e pelo subgrupamento de Bragança Paulista que abrange as cidades de Atibaia, Serra Negra, Lindóia e Amparo e cuja sede é Jundiaí.
Em Bragança Paulista a corporação conta com um efetivo de 32 pessoas e é responsável pelo atendimento de oito municípios: Morungaba, Tuiuti, Pedra Bela, Socorro. Joanópolis, Pinhalzinho e Vargem, além de Bragança. Dentro do grupo existem profissionais com determinadas especializações, como mergulho, altura, resgate, incêndios e área administrativa. “Como a gama de ocorrências é muito abrangente, cada um vai fazer um curso de especialização na área que tem mais aptidão. Todos estão aptos a fazer o resgate, mas algumas equipes tem aptidão maior em determinadas áreas, então, dependendo da ocorrência, sabemos qual equipe encaminhar”, explica o Capitão. Uma curiosidade é que para cada tipo de ocorrência existe um alarme específico. “Pra resgate é um alarme, pra incêndio é outro. Às vezes a informação é que o acidente envolve um carro com vítima, chega lá e são dois carros e mais vítimas. Quem está no local já informa e pede reforço”, fala. E, segundo Capitão Doratiotto, aquela cena que está no imaginário popular, do alarme tocando, os bombeiros correndo e vestindo a roupa especial é real. “Não é só coisa cinematográfica não, é daquele jeito mesmo”, brinca.
Parte do Efetivo do Corpo de Bombeiros de Bragança, que conta com 32 profissionais e atende 8 cidades da região.
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Em emergências, existe a preocupação de traçar uma rota que tenha menos trânsito e nas quais a viatura possa ser manobrada. aspecto de segurança, comete muitos atos inseguros, deixa a criança na cozinha enquanto tá mexendo com fritura, deixa o botijão com o mangueira velha, demora pra trocar. As pessoa precisam ter alguns cuidados pra evitar acidentes. Se vai fazer algum trabalho de construção, tomar cuidado com a rede elétrica. No trânsito, a gente fala sempre do motoqueiro, mas o pedestre também influencia muito no acidente, ele atravessa em local inadequado, não utiliza a faixa de pedestre. O pedestre também tem a sua responsabilidade, de andar em local certo, respeitar o farol. Existe muito o problema de não aplicar as regras de segurança e também o problema de educação, não saber respeitar a vez do outro, o que também gera acidentes”.
Novos bombeiros Segundo Capitão Doratiotto uma ou duas vezes por ano abre-se concurso público
Simulação de resgate. Equipe são divididas por especialização: incêndios, resgate, altura, mergulho, entre outras.
para preencher novas vagas na corporação. Como os bombeiros estão ligados à Polícia Militar, para aqueles que foram selecionados, o primeiro ano de curso é básico e igual para todo tipo de função. No segundo ano é que se escolhe um módulo específico, que pode ser para bombeiro, policial militar, policial florestal, etc. Além da prova escrita e classificatória, os candidatos também passam por avaliação física, médica e psicológica, antes de ir para a escola de formação.
Pra saber mais sobre o trabalho do Corpo de Bombeiros de Bragança Paulista, acesse: www.facebook.com/bombeirosbraganca
Um blog também está sendo preparado e o endereço logo será divulgado na página.
Acidentes em estrada geralmente contam com trabalho em equipe: bombeiros, policiais e SAMU em ação.
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Reflexão e Práxis
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A Festa por pedro marcelo galasso
Nos dias em que temos a realização da Copa do
confusas de um passado recente de nossa História.
No que se refere a cidade de Bragança Paulista, fica a
Mundo, no Brasil, assistimos a confirmação de
Faço referência a retomada de ideias propagandeadas
sensação de que nos grandes eventos tudo pode. Desde
algumas ideias defendidas por pessoas, figuras
durante a Ditadura Militar de 64, como a expressão
o fechamento de ruas por bares até o descumprimento
públicas ou não, com diferentes interesses e visões so-
Pátria de Chuteiras, que representavam a ideologia da
de regras básicas de civilidade e de cidadania, pois é
bre os benefícios ou malefícios do importante evento.
felicidade e do sucesso do Milagre Brasileiro, que ocul-
estranho que um povo tão patriota seja capaz de atos
Para começar, é preciso lembrar que os responsáveis
tava o que ocorria nos porões da Ditadura. A retomada
que ferem diretamente as regras da sociedade brasilei-
pela Copa tinham a convicção de que logo após o seu
de uma ideia como esta, sem o seu contexto original,
ra. Para comprovar tal ideia, basta passar pelos locais
início as pessoas abraçariam a ideia devido a uma série
ou seja, a retomada destas ideias sem a lembrança do
onde as pessoas se reúnem para torcer e observar, por
de fatores que variam desde os feriados e as dispensas
período ditatorial mostra o quão desatentos nós somos
exemplo, o não cumprimento da Lei Seca ou a venda
do trabalho até a possibilidade uma festa tão grande e
com relação ao nosso passado histórico.
de bebidas alcoólicas para menores.
alegre quantas outras tantas que temos por aqui, como
É claro que a Copa trará benefícios ao Brasil, sobre is-
Novamente, é como se o Brasil fosse coberto pelo manto
o Carnaval. A chance de aproveitar um dia, ou parte
so não há dúvidas. Entretanto, devemos refletir sobre
da permissividade e pela ideia de que ninguém, nem
dele, fora do ambiente de trabalho é irresistível para a
o seguinte – quem serão os beneficiados? Qual o real
o Poder Público, pretenda acabar com a festa popu-
maioria que espera ansiosamente o momento da festa
alcance do tão propagandeado legado da Copa? Como
lar. No entanto, quando as coisas saem do controle a
e da diversão.
clubes de futebol falidos e com dívidas monstruosas
responsabilidade recaia sobre o Poder Público e sobre
Além disso, temos o conforto e a segurança promovida
serão capazes de manter tamanha estrutura?
aqueles que aproveitam a festa de uma maneira mais
pela sensação de pertencimento a nação que se expressa
Outra questão curiosa e embaraçosa é a teoria conspi-
tranquila e correta.
nas bandeiras e nas camisas com as cores da seleção
ratória da compra da Copa para uma possível vitoria
E, para encerrar, é notório que nada se diga sobre a
brasileira, recheada de prováveis heróis, pessoas que têm,
brasileira através do PT e da presidente Dilma. Curio-
repressão sobre as manifestações contra a Copa e que
em sua maioria, uma origem humilde e que venceram
sa, pois não seria a primeira vez que o país que sedia
deveriam ocorrer devido aos princípios democráticos
na vida através de seu esforço em um esporte conside-
o evento sairia campeão sob as mesmas suspeitas, e
que regem nosso país, mas que “sujam” a imagem do
rado a paixão de todos os brasileiros. Com isso, temos
embaraçosa, pois fazer uma afirmação nesse sentido,
Brasil e ferem o mundo preciso e nem sempre honesto
um critério curioso de identidade nacional, o amor ao
sem provas, é tentar dar uma maior conotação política a
da grande organizadora do evento, a FIFA.
futebol, bem como um dado de união de nossos senti-
algo que, por si só, já é um ato político. Isso sem contar
mentos e aspirações coletivas. É claro que o futebol é
que a Copa acontece no mesmo ano das eleições para
Pedro Marcelo Galasso – cientista político, professor
uma modalidade esportiva apaixonante e importante,
os cargos mais importantes do Brasil e até agora pouco
e escritor.
mas a paixão quase cega sobre ele nos traz imagens
se falou sobre isso.
p.m.galasso@gmail.com.br
Casos e Causos
Juro que é verdade por Marcus Valle
JURO QUE É VERDADE CLXVII O Zé Antônio Pignatari é uma pessoa muito educada. Uma vez, nos anos 80, ele e sua mulher (na época noiva), convidaram um amigo que estava de namorada nova (eles não conheciam) para jantar na Pizzaria Caruso. Cada um dos casais foi com um carro, e se encontraram na porta da pizzaria. A namorada do amigo foi apresentada rapidamente e eles entraram se dirigindo para uma mesa nos fundos. No caminho, o cara parou e cumprimentou uma amiga, e a namorada não gostou. Sentaram-se, o garçom veio para anotar os pedidos, mas a namorada do amigo estava brava e falou: EU NÃO VOU COMER NADA. O Zé tentou contemporizar com a moça, sugerindo um vinho, mas ela continuou birrenta: EU NÃO VOU BEBER NADA. O namorado falou que ela estava nervosa à toa, e ela rebateu: EU NÃO VOU FALAR COM VOCÊ. Daí, o cara se irritou e disse : SE NÃO QUER COMER, NÃO QUER BEBER, NÃO QUER CONVERSAR....NÃO HÁ O QUE FAZER AQUI COM VOCÊ. Levantou-se e foi embora, largando a namorada com o Zé e a noiva. No dia seguinte o cara ligou, e se justificou: DESCULPE...MAS ELA ME IRRITOU MUITO...E EU LARGUEI ELA COM VOCES PORQUE IA ACABAR EM BAIXARIA. Diplomático, Zé Antônio falou: É..... FOI UM POUCO CONSTRANGEDOR A GENTE TER FICADO COM A MOÇA, QUE A GENTE NEM CONHECIA....MAS...SE FOI PRÁ EVITAR COISA PIOR....VOCÊ AGIU CERTO. JURO QUE É VERDADE CLXVIII Final dos anos 70. Aparece em Bragança um rapaz, fino, boa aparência, sempre bem vestido, e variando carros luxuosos. Uma amiga minha, muito pragmática (no popular....interesseira) começou a namorar o cara. Além de todos esses predicados externalizados, nas conversas ele deixava escapar sua amizade com autoridades importantes, nas esferas estadual e federal.
Enfim...o homem era o verdadeiro príncipe encantado e minha amiga estava nas nuvens. Certo dia fomos a casa dela, havia um grupo grande e o namorado sensibilizou-se com o problema de um dos presentes.... pediu pra usar o telefone ( na época não havia celular) e ligou prontamente (a cobrar) na linha privativa do ministro da justiça, que era o Petrônio Portela. Todos ficaram impressionados na sala, inclusive com a forma que ele falava com o ministro: E AI PETRÔNIO....A GENTE PRECISA SE VER MAIS...EU TAMBÉM SOU OCUPADO...MAS A GENTE PEGA UM AVIÃO E SE ENCONTRA. Desconfiado dele (ela dizia que eu tinha inveja), corri até a outra sala e peguei a extensão do fone..... chamei-a através de gestos discretos...ela foi até mim e eu disse: PEGUE O FONE E OUÇA COMO O MINISTRO GOSTA DELE. Ela pegou o aparelho e só ouviu ...TUM TUM TUM...e a gente ainda ouvia a voz dele na outra sala conversando com o Petrônio. Resultado: ela deu um fora nele....e ele ficou puto comigo. Mandou recado que eu a partir daquela data era inimigo dele. Mandei um recado de volta; POR FAVOR....NÃO ME PREJUDIQUE COM O GOVERNADOR, NEM COM O PRESIDENTE. JURO QUE É VERDADE CLXIX O famoso e altamente competente jornalista BOB FERNANDES, morou em Bragança Paulista, salvo engano, dos 9 aos 19 anos de idade. Seus pais continuaram residindo mais um tempo na cidade, numa rua calma e tranquila. Certa vez eu, ele e um outro amigo (que era policial civil) saímos , mas numa distração, trancamos a chave do carro dentro. O policial pediu para que uma viatura da polícia desse uma carona até sua casa para pegar a chave reserva. No caminho, como já era tarde, resolvemos deixar o Bob na casa dos pais. A viatura (era uma VERANEIO) estacionou na rua ( que era residencial), e vi que alguns moradores, curiosos, saíram à janela das casas. O Bob desceu,
e eu gritei com voz enérgica: E QUE ISSO NÃO SE REPITA ....DESSA VEZ VOU DAR UMA CHANCE.... NÃO ADMITO DROGAS. A mãe do Bob, também saiu à porta por causa do barulho, e perguntou: O QUE ACONTECEU ? Ele respondeu calmamente: NADA ...É O MARCÃO. Ela falou : AH...e voltou pra dentro. JURO QUE É VERDADE CLXX O Julinho Maia quando tinha uns 15 ou 16 anos, foi acampar com seu amigo Fran em Ubatuba, no Camping da Vovó. Sua irmã Renata lhe deu de presente uma bermuda de surf, toda colorida, com um desenho diferente. Ele adorou o presente e levou para usar na praia, Estava ele com a bermuda no camping, quando de repente, aconteceu uma coisa inusitada: aparece um garoto, mais ou menos da mesma idade, acompanhado do pai, que começou a gritar: VOCÊ ROUBOU MINHA BERMUDA. Julinho, ficou perplexo, e tentou explicar que ganhou a bermuda da irmã, mas o menino e o pai, insistiam na falsa acusação. O negócio virou um tremendo bate boca, e no final o Julinho irritado (jovens não primam pela habilidade) tirou a bermuda e jogou numa fogueira do camping...na frente do pai e do filho. Depois ...o rapaz achou a bermuda dele e se desculpou... se retratando para os donos do camping (isso porque o pai do Julinho, foi até lá, e ameaçou processar pai e filho pela acusação falsa). Quando soubemos da história, perguntamos pro Julinho porque ele queimou a bermuda. Ele disse: SEI LÁ ...EU ERA MOLEQUE.... EU ACHO QUE EU LEMBREI DAQUELA HISTÓRIA DA BÍBLIA...ONDE DUAS MULHERES DISPUTAVAM UMA CRIANÇA....E O REI....SÁBIO DISSE QUE IA CORTAR O NENÊ NO MEIO Pelo visto , no caso da bermuda , nem o rei Salomão resolveu.......e nem poderia resolver.
comportamento
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Só eu tenho uma vida de m...? É no Facebook que muitos procuram amores, fazem amigos e encontram o reconhecimento que buscam por MIRIAN GOLDENBERG /FOLHA PRESS
as coisas mais banais e, principalmente,
rarem com a felicidade alheia ou ficam
encontram o reconhecimento que tanto
frustrados com o tipo de relacionamento
procuram.
que encontram.
Uma atriz de 32 anos contou:
Um empresário de 39 anos disse: “Eu
“O meu ‘Face’ é uma espécie de diário. Nele
deletei meu perfil do Facebook. É muita
coloco tudo o que acontece no meu dia,
gente idiota, infantil, exibicionista, carente,
desde os momentos mais divertidos até as
competindo para ver quem tem mais ami-
maiores bobagens. Quando mudo a minha
gos ou recebe mais curtidas. É ridículo ver
foto do perfil, dezenas de amigos dizem
alguém que tem 5.000 amigos no Facebook
que sou linda. Escrevo uma frase boba e
e não tem um amigo de verdade. Além de
muitos curtem. No dia do meu aniversário,
ter muita gente grosseira, mal-educada e
centenas de amigos enviam mensagens
desagradável. É uma verdadeira egotrip,
carinhosas dizendo que sou especial e
além de ser completamente ‘fake’”.
querida. É uma injeção maravilhosa no
Uma professora de 57 anos reclamou: “Eu
meu humor e na minha autoestima”.
me sinto miserável cada vez que entro no
Não é à toa que muitos ficam conectados
Facebook. Quanto mais tempo fico, mais
durante muitas horas do dia, buscando
deprimida eu me sinto. Vejo minhas ami-
algum tipo de diversão, elogio ou reco-
gas felizes, magras e lindas, viajando para
nhecimento.
lugares incríveis com os maridos e filhos,
Um analista de sistemas de 43 anos disse:
empolgadas com novos projetos. Cada
“Estou viciado no Facebook. É um para-
vez que entro no Facebook me sinto mais
íso sexual. Nunca foi tão fácil encontrar
insatisfeita com a minha vidinha solitária,
mulheres para transar e namorar. Nem
medíocre e banal. Será que só eu tenho
preciso me esforçar para seduzir; basta
uma vida de merda?”. Será?
Perversão explorada através da internet
Sua queda possibilitou a reunificação da Alemanha
O Sol (poét.) Neônio (símbolo)
EscoaCrime do douro de Ivone Lara, motorista terrenos sambista que atropealagados carioca la e foge
Demóstenes (Ant.)
O segundo maior polo moveleiro do Paraná
O da prova cabe ao acusador (jur.)
Culto; erudito (?) logo: apenas Gado para abate
O azul de Artes Gráficas (?) Franco, Ministro da Secretaria de Aviação Civil
Fruta que traz prosperidade (Folcl.) Unidade Orçamentária (sigla)
És-sueste (abrev.) Que descreve
Caracterização dos seres vivos
"The Walking (?)", série de TV (?) Bordosa, criação de Angeli
Terras natais Gastar com o uso
( ?) II, rei aquemênida que libertou os judeus do exílio
Ruminante semelhante ao veado Um dos vértices do triângulo amoroso
Guerrear
Actínio (símbolo) Dama, no baralho A escola militar de Resende (RJ) Vestes obrigatórias em alguns estabeleci- Desinência mentos de nominal do ensino masculino Principal móvel da biblioteca
BANCO
Letra do logotipo do Twitter
Germinar Caio (?), tribuno da plebe, em Roma Prestar atenção Informação temporal na ficha de filmes 25
Solução
M
Muitos ficam angustiados ao se compa-
Dispositivo contra incêndio Enche
E
e antigos amores, fazem amigos, registram
Conjunto de leis que regulam a forma de participação dos cidadãos no governo Popocatépetl Falta de apreço
B U
No entanto, não funciona assim para todos.
D I O R L IM E S N U S O M Ã U O E A D R E I A S A M O A C S O O MA R T A R A N O
É no Facebook que muitos buscam novos
© Revistas COQUETEL
F P E N E B E D O O O F R I R A L D I V O A T R G R E G O
interessa mais”.
E
fantástico mundo do Facebook.
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
H A R M A N
de ser muito fácil deletar quem não me
T
e mulheres de todas as idades: o
N
É tudo muito direto, rápido e fácil. Além
D H V I L I U R O D L E T RA C I A N T OÃ T M O R E E S E X PO S I T I L P C I R O A T A L N I F O O C AR G O I E S T A
mostrar algum interesse e fazer um elogio.
nova realidade que atinge homens
4/dead — febo — sota. 5/graco — rafar. 6/agomar. 8/umuarama. 10/expositivo — vilipêndio.
Tenho me deparado com uma
8
antenado
Jornal do Meio 751 Sexta 4 • Julho • 2014
Artista revisita estratégias
do surrealismo
Em duas mostras simultâneas, português Fernando Lemos exibe novos desenhos e intervenções sobre fotografias por SILAS MARTÍ/ FOLHAPRESS
Fernando Lemos é uma espécie de arquiteto às avessas. “Tenho apreço por tudo que é demolição, mas deveria ser construção”, diz o artista português. “Tudo que é demolido se torna um novo projeto. Eu procuro o que não se construiu, aquilo que se perdeu.” Ele descreve dessa forma a engenharia por trás de suas imagens, fotografias e desenhos que expõe agora em duas mostras simultâneas em São Paulo, onde se radicou. Enquanto na galeria Fass está uma série de fotografias com intervenções do artista, imagens violentadas com lâminas e outros materiais para revelar turbilhões insuspeitados de cores, o oposto da destruição está agora no Consulado Geral de Portugal. Lá, o artista mostra um conjunto de 36 desenhos. São cenários que ele construiu em preto e branco e que parecem amortecer os
contornos das figuras que se insinuam ali. “Quero encontrar a fisionomia daqueles que não têm cara nem máscaras, ir à procura do que não está visível”, diz Lemos, 88. “São propostas cenográficas em busca de uma peça, como se alguém fosse ocupar esse cenário.” Lemos orquestra então dois movimentos opostos --a procura do que enxerga como desejos que se perderam debaixo da superfície da impressão fotográfica, numa espécie de cirurgia visual, e a arquitetura de espaços fantásticos para enquadrar novos devaneios e fantasias. Nesse ponto, o artista, que se firmou como um dos maiores nomes da fotografia surrealista, parece retomar estratégias daquela vanguarda. Numa operação análoga aos primórdios do surrealismo, em que sonhos e visões
do inconsciente serviam de alicerce para alegorias sobre desejos secretos, Lemos desbasta as camadas das fotografias para reinventar contornos de acordo com a visão desejada pelo fotógrafo. “Esse desejo, no fundo, é uma falta”, diz Lemos. “Faço fotografia como se estivesse desenhando. Meu traço vai em busca do desejo que não deu certo, o sonho de coisas que aparecem, mas que ninguém sabe de onde vieram.”
teia”, diz Lemos. “Às vezes, a ausência é mais importante do que a presença, como na escultura. É um ato científico isso de descascar ruínas e documentos para discutir as formas.” Nessa arqueologia do traço, Lemos também lembra a importância de cada gesto. “O artista deve saber que não há gestos gratuitos”, afirma. “Os meus são como um carimbo que se torna vivo.”
Arqueologia do traço
Fernando lemos Quando: na Fass, de ter. a sex., das 11h às 19h; sáb., das 11h às 17h; até 12/7; no Consulado Geral de Portugal, de seg. a sáb., das 12h às 17h; até 9/8 Onde: Fass, r. Rodésia, 26, tel. (11) 30377349; Consulado, r. Canadá, 324, tel. (11) 3084-1800 Quanto: grátis
Dessa mesma forma, as figuras estranhas que habitam suas composições surgem com a espontaneidade do traço. Não estavam pensadas para existir naquele lugar, mas ganham seus contornos como se emergissem de um pântano de manchas e cores. “São coisas que parecem presas numa
Foto: Folhapress
Fotografia ‘Ilusão de Sereias!’ da série “Ex-Fotos’, de Fernando Lemos
Abertura da sede própria
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veículos eículos
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Classe executiva Versão alongada do sedã Audi A8 chega ao mercado brasileiro em agosto; preço é estimado em R$ 450 mil
por RODRIGO MORA /FOLHA PRESS
Sentado no lugar do motorista e
independentes. O banco é quase inteira-
com as posições do assento e do
mente reclinado ao toque de um botão, e
volante já definidas, resta acertar
o da frente pode ser afastado. O conforto é
a altura do cinto de segurança da versão
complementado por um apoio que permite
alongada do Audi A8. No entanto, a au-
deixar as pernas plenamente esticadas.
sência do mecanismo na coluna central
Os comandos do massageador, do ar-
do carro causa estranheza.
-condicionado e do sistema multimídia
Logo descobre-se o motivo: esse ajuste
ficam no centro --não há espaço para um
é feito eletricamente. Pequenos motores
terceiro ocupante.
controlam também as regulagens do en-
Apesar do tamanho, o A8L é fácil de ser
costo de cabeça, dos apoios laterais do
conduzido, embora isso pouco importe
banco e da coluna de direção.
ao dono: ele apenas precisa saber que o
Nível elevado de luxo, mas que raramente
4.0 V8 (435 cv e 61,2 kgfm de torque) é tão
é desfrutado pelo dono do carro. Ele quase
poderoso quanto sua conta bancária, e
sempre viaja no banco de trás, já que a
que a suavidade tanto nas trocas das oito
razão de existir do A8L--e de seu preço
marchas quanto no diálogo da suspensão
estimado em R$ 450 mil-- são os 13 cm a
com o piso vai garantir o mesmo conforto
mais de entre-eixos.
do escritório.
É ali que está o máximo da mordomia. De
Isso não faz com que o Audi seja a refe-
um lado, o executivo tem uma mesinha
rência do segmento. O sonho atual dos
para apoiar o laptop. Do outro, o espaço é
altos executivos é o Mercedes Classe
destinado para o descanso após mais um
S, que ostenta, entre outras evoluções
dia de trabalho.
tecnológicas, suspensão que “lê” o piso à
Foto: Divulgação
Volante, cinto de segurança e bancos têm ajustes elétricos Foto: Divulgação
frente e ajusta o nível de amortecimento
Pernas esticadas Os assentos traseiros têm regulagens
automaticamente. Porém, custa cerca de R$ 150 mil a mais que o rival.
Assentos traseiros são reclináveis e trazem massageadores. Foto: Divulgação
Sistema de iluminação usa câmeras para baixar ou aumentar o facho e não ofuscar carros em sentido contrário. Foto: Divulgação
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veículos
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Trabalho pesado Mitsubishi Pajero Dakar 2015 mescla luxos de SUVs modernos, alta capacidade off-road e soluções à moda antiga
por HAIRTON PONCIANO VOZ /FOLHA PRESS
A primeira constatação, depois de escalar o degrau e chegar ao banco do motorista, lá nas alturas, é que nesse carro é preciso virar a chave seletora, esquecer os parâmetros de conforto comuns em um automóvel urbano e se preparar para encarar uma vida mais simples. O Pajero Dakar chega à linha 2015 mesclando modernidade e rusticidade em doses parecidas. Antes de assumir o volante, é preciso subir na vida. As versões mais baratas do Pajero Dakar custam R$ 146.990, preço do modelo 3.2 a diesel de cinco lugares e do 3.5 V6 flex de sete ocupantes. A unidade testada, HPE a diesel com dois assentos extras, sai por R$ 172.990. Quem está na cidade vê tudo de cima, pois a estatura do modelo é de 1,84 m (contan-
do o rack). E quem precisar rodar pelo campo ou em um caminho com obstáculos naturais vai agradecer aos céus, porque a altura livre em relação ao solo é de 21,5 cm.
Peso do volante
É impossível não notar as enormes borboletas para trocas manuais de marcha colocadas atrás do volante. Parece coisa de carro esportivo. Porém, essa impressão se esvai ao ligar o motor e fazer o primeiro esterço de direção. O turbodiesel manifesta-se com um forte ruído de carro nascido para fazer força, e a direção tem respostas bem lentas. É preciso virar o volante sem dó para as rodas obedecerem. Além disso, é um pouco pesada. O lado civilizado aflora quando se aciona
o sistema que mescla GPS e DVD com tela sensível ao toque. O navegador não se limita a dar as direções: ele avisa se há trânsito no caminho escolhido. É uma prova de que o jipão com nome inspirado em ralis tem um lado urbano.
Rural
A face rural e despojada volta a revelar-se quando são verificados dados como consumo e autonomia do tanque de 90 litros. Não há computador de bordo, nem relógio no quadro de instrumentos --afinal, a vida no campo é regida pelo sol. Quem exige confortos civilizados não vai ter do que reclamar no que se refere aos bancos, forrados de couro e com ajustes elétricos nos assentos dianteiros. Os
traseiros são rebatíveis, e liberam acesso para a terceira fileira, que acomoda duas crianças. Ali, adultos passam aperto. O barulho do motor pode incomodar a quem não está precisando dos 180 cv ou dos 38 kgfm de torque, mas o robusto motor 3.2 de 16 válvulas será fundamental nas subidas escorregadias. Claro que os méritos não são apenas dele: a carroceria montada sobre longarinas aguenta qualquer tranco. A transmissão automática tem cinco marchas, e a tração (4x2, 4x4 e reduzida) é selecionada à moda antiga, por meio de uma alavanca de acionamento duro colocada no console. É aquela peça que ninguém na cidade sabe muito bem para que serve, mas está lá se um dia o dono precisar. Afinal, pagou-se por tudo aquilo. E muito bem pago.
Foto:Folhapress
MITSUBISHI PAJERO DAKAR HPE TURBODIESEL ACELERAÇÃO
(de 0 10 a0km/h)
13,6s
RETOMADA
4, 70 m 1, 82 m2
1, 84 m ,80 m
(de80km /h a120 km/h)
11,4s
CONSUMO (diesel)
1 km/l Urbano 9, Rodovi ário 13,6 km/l
Fonte:Instituto MauádeTecnologia (11)4239-3092. O IMT seresponsabiliza pelosensaios,não pelo conteúdodo texto
veículos eículos
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Farol alto por EDUARDO SODRÉ/FOLHA PRESS
O que achei foi uma avenida abarrotada de carros e motoristas impacientes, que ouviam o jogo pelo rádio Pegar um carro e rodar por uma São Paulo fantasma durante 90 minutos. A experiência não era original foi explorada recentemente em um comercial da Citroën, mas pareceu interessante, coisa de filme pós-apocalíptico. O único empecilho era a realidade. Deixei a garagem da Folha às 15h55, minutos antes do pontapé inicial de Brasil X
México. Imaginei encontrar ruas desertas e sinais abrindo e fechando sem carros ou pedestres para cruzá-los. O que achei foi uma avenida 23 de Maio abarrotada de veículos e motoristas impacientes, que naquele momento ouviam os primeiros minutos do jogo pelo rádio. E antes fosse somente pelo rádio. A tecnologia levou televisões para dentro dos carros em celulares, aparelhos de GPS e sistemas multimídia que exibem imagens mesmo com o automóvel em movimento. Agora, aquele motorista que mal sabe
posicionar-se dentro da faixa de rolagem pode conduzir 1.000 quilos de lata a 80 km/h enquanto acompanha a Seleção. Chego à Moema (zona sul de São Paulo) perto do intervalo do primeiro para o segundo tempo. O trânsito flui um pouco melhor, e resolvo seguir até a marginal Pinheiros. No meio do caminho, um Jeep Cherokee prateado invade minha pista e quase causa um acidente. A jovem ao volante estava olhando um mapa no celular, que segurava com a mão direita. Procurava uma rota me-
nos congestionada para chegar a qualquer lugar, e quase não chega a lugar algum. Dirijo até a marginal Tietê, onde finalmente encontro aquilo que imaginei ser o tema dessa coluna: uma avenida vazia, com um ou dois carros alheios ao jogo de futebol. O segundo tempo já começou. Rodo mais um pouco e retorno à região central de São Paulo. Bares cheios, ruas vazias, cinco minutos para o jogo terminar. Talvez a experiência tivesse dado melhor resultado na Copa de 1950, quando havia menos carros nas ruas.
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