Braganรงa Paulista
Sexta 11 Julho 2014
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jornal do meio
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Para pensar
Jornal do Meio 752 Sexta 11 • Julho • 2014
A participação social
direta e indireta Em virtude das férias do Mons. Giovanni Baresse, a coluna Para Pensar terá a colaboração do Desembargador Miguel Ângelo Brandi Jr. por dESEMBARGADOR mIGUEL ÂNGELO bRANDI JR
A soberania popular, diz a Constituição de 1988, artigo 14, é exercida, de forma direta, pelo voto, direto e secreto, com valor igual para todos. Além disso, a soberania popular pode ser exercida pelo plebiscito, pelo referendo e pela iniciativa popular de projetos de lei. Eu acrescento, ainda, a ação popular, importante ferramenta judicial para defesa do patrimônio público, infelizmente pouco e mal utilizada. A importância dessas formas de exercício da cidadania é tanta que em 1998 foi editada uma lei federal que cuida de regular o assunto. É a Lei 9.709, de 18 de novembro daquele ano. Para refrescar nossa memória, lembro que o plebiscito é convocado com anterioridade a um ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo (eleitorado), pelo voto, aprovar ou não o que lhe tenha sido submetido a consulta. Já o referendo é convocado posteriormente a um ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao eleitorado ratificar ou rejeitar a matéria. Bom lembrar que em 21 de abril de 1993, em plebiscito nacional, ao qual compareceu 74.3% do eleitorado, escolhemos o regime republicano de governo (vencida a monarquia)
e o presidencialismo como sistema (vencido o parlamentarismo). Já em 2005, aos 23 de outubro, em referendo nacional, mais de 59milhões (63,94%) de eleitores rejeitou a vigência do art. 35 do Estatuto do Desarmamento (Lei Federal 10.823/2003) que proibia a comercialização de armas de fogo no território nacional. Ao contrário, 33.3milhões (36,06%) dos eleitores votaram sim à proibição. Foram esses dois os primeiros e, por enquanto, únicos plebiscito e referendo nacionais realizados. Ao lado de todas essas formas de exercício direto do poder (soberania popular), existe uma outra que é participação nos órgãos ligados às administrações, os chamados conselhos ou comissões. Acrescento, ainda, outras instâncias participativas: assembléias, audiências públicas, fóruns, convenções, conferências, consultas públicas. Recentemente a Presidenta da República expediu um decreto (8.243, de 23 de maio) que institui a política nacional de participação social- PNPS, e cria o sistema nacional correspondente, o SNPS. Muito se escreveu, apoiando e criticando a iniciativa. Li vários desses artigos. Fico, por ora, com aquilo que de positivo existe na iniciativa governamental: dar
organicidade à participação social nas ações governamentais (federais). O tempo dirá sobre a positividade do decreto. Já escrevi, em duas ou mais oportunidades, sobre a importância da participação popular nas ações governamentais e sobre o privilégio de termos, no Município, inúmeros organismos dessa natureza que proporcionam, de uma maneira ou de outra, ativa presença e participação das pessoas nas definições de políticas governamentais. Menciono alguns conselhos municipais, compostos de diferentes maneiras, que atuam nas mais diversas áreas e que são canais importantíssimos de concepção e acompanhamento de políticas públicas e, portanto, de ligação da sociedade com o governo local: Conselho Municipal (CM) de Assistência Social; CM dos Direitos da Criança e do Adolescente; CM do Idoso; CM dos Direitos das pessoas com deficiência e CM sobre Álcool e Drogas, todos eles alocados na Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social. Ligado à Secretaria de Trânsito e Segurança temos o CM de Segurança Pública. Não posso deixar de destacar o Conselho Municipal da Cidade e Política Urbana, o CONCIDADE,
instância privilegiada de participação social na área das políticas de urbanismo, mobilidade e de uso e ocupação do solo (plano diretor, por exemplo). Esse organismo está ligado à Secretaria Municipal de Planejamento. Na área cultural, e ligado à respectiva Secretaria, temos o Conselho Municipal de Cultura. Com vínculo na Secretaria do mesmo nome, recordo o Conselho Municipal do Meio Ambiente. Na área da saúde, cito o Conselho Municipal da Saúde, importante espaço de definição de políticas e projetos em área tão sensível e importante. Noutra área tão importante quanto a saúde, temos o Conselho Municipal de Educação. São apenas alguns exemplos de organismos municipais. Tudo isso não dispensa o importante papel do Legislativo e de suas comissões permanentes, que promovem audiências públicas sobre diversos temas ligados aos interesses públicos. Afinal, a Câmara Municipal, ao lado de seu papel primordial de editar leis, também atua no assessoramento do governo e da sociedade locais, além da função fiscalizadora. No Legislativo existem espaços importantes de participação social, não estabelecidos em comissões
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
ou conselhos, mas materializados em tribuna livre, audiências públicas, sessões de debates etc. Não podemos esquecer, repito, da possibilidade de apresentação de projeto de lei popular à Câmara Municipal (art. 48 da Lei Orgânica). A proposta deve ser subscrita por, no mínimo, cinco por cento dos eleitores locais. São vedados projetos que versem sobre matérias de iniciativa privativa do Prefeito ou da própria Câmara. Dá para perceber que não são poucos, nem desimportantes os espaços existentes que garantem a participação social nas ações governamentais locais. Todos somos convocados a exercer nossa cidadania e caminhos e meios não faltam. Miguel Ângelo Brandi Júnior
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por Shel Almeida
Como, atualmente, cada vez mais que chegam sem base nenhum de língua pessoas têm acesso a cursos univer- inglesa alcançam um nível bem razoável ao sitários, a concorrência, consequen- final do curso. Com relação a isso, todo o temente, também aumenta. O diferencial semestre, o Centro Paula Souza disponibihoje, além do diploma de uma graduação, liza pelo menos uma vaga de intercâmbio é ter também, alguma especialização na para o melhor aluno de cada Fatec e cada área de atuação. Os estágios, por sua vez, Etec, para uma curso de um mês fora do contribuem para unir teoria e prática e país, para estudar o idioma. A Fundação contam pontos na hora de concorrer a Fullbright soube desse trabalho do Centro uma vaga de emprego. Outro fator im- Paula Souza e ofereceu essas 12 bolsas portante e, por muitas vezes primordial, para os alunos de Fatec do Estado de São é a fluência em um segundo idioma, em Paulo inteiro. Só pra ter uma ideia, hoje especial, o inglês. Na hora de escolher só a Fatec tem mais de 70 mil matrículas, novos candidatos a uma possível vaga de eram 12 bolsas, tivemos 330 inscritos, 15 emprego, o empregador irá levar tudo isso de Bragança, três passaram pra segunda em conta. Se aprimorar na profissão que fase e a Nauali foi selecionada. você escolheu para si, não serve apenas As bolsas Fullbright são bolsas para espara enriquecer o currículo. A experiência tudo tecnológico mesmo. Elas vão fazer pessoal que vem disso é o que, no fim das um ano de graduação, específica da área financeira, em instituições fora do país. contas, será o grande diferencial. Duas jovens estudantes do curso de Gestão Isso é um diferencial enorme porque é Financeira da Fatec de Bragança Paulis- muito valorizado no mercado de trabalho. ta, ambas com 20 anos de idade, terão a Quando elas voltarem vão estar a alguns oportunidade de experimentar um pouco quilômetros a frente”, fala Douglas de de tudo isso: estágio, estudo de uma no- Almeida Ribeiro, coordenador do curso va língua e, quem sabe, até mesmo uma de Gestão Financeira da Fatec de Bragança Paulista. especialização na área. Nauali Almeida Ghattas e Juliana Rosa Sebastião, concorreram juntas com diversos alunos das Fatecs de todo o Estado, a doze Para Nauali, a expectativa é de que será vaga para um intercâmbio nos Estados uma experiência muito boa, tanto pelo Unidos, para dar continuidade ao curso lado pessoal, quanto pela carreira. “Vai ser em uma Community College americana. uma coisa que nunca vivi antes. A gente Foram apenas doze vagas, para cerca de vai conviver com pessoas de outros paí330 inscritos. Para estarem entre os esco- ses. Além de toda a parte acadêmica, vai lhidos, as jovens bragantinas precisaram ser uma experiência de convivência. Vai passar por teste específico da área e tive- ser um período de amadurecimento. Na ram suas notas, currículo, frequência nas questão profissional, acho que é algo que aulas e conhecimento em inglês avaliados. a gente nem consegue medir agora, é uma Todo o processo começou em novembro, dimensão além do que a gente imagina. com a inscrição para concorrer à bolsa e, Pela grade que foi passada, fora a parte apenas quatro meses depois, elas tiveram acadêmica, que é ir a faculdade, assistir a resposta: estavam aula, participar de semientre os selecionados. Va i s e r u m p e r í o d o d e nário, a gente vai fazer Nauali vai para a cidade estágio também, além amadurecimento. Na questão de Houston, a maior do de serviço comunitário profissional, acho que é algo Texas, no próximo dia e a prática do curso”. que a gente nem consegue 15 de julho. Fica por um Para Juliana, a expectamedir agora, é uma dimensão tiva, no momento, é em ano, dando continuidade além do que a gente imagina como vai ser ficar longe ao curso de Gestão Financeira. Quando voltar, da família um tempo. “Vai Nauali Ghattas termina os semestres ser um aprendizado pra que faltam do curso que maturidade também, iniciou na Fatec. Juliana por enquanto aprender a se virar sozinha. Mas será uma está entre os suplentes e espera ser cha- experiência muito alegre, de se aprofundar mada em breve. A conquista de ambas as no curso e estar em um país diferente”. garotas é importante pois mostra a outros Nauali, que já tem a viagem marcada, vai ficar estudantes, em especial às meninas, que é um mês estudando a língua, especialmente possível alcançar objetivos, mas que eles no que diz respeito aos termos técnicos do chegam por meio de esforço, disciplina e, curso. Só depois começará o curso de fato. é claro, oportunidade. Ela já sabe que junto com ela, irão mais 14 pessoas, de diversos lugares do mundo, como Paquistão e Costa do Marfim. “Dos quinze inscritos na Fatec de Bragança Juliana, que está esperando ser chamada, Paulista, três passaram pra segunda fase acredita que por enquanto continuará como e duas entraram. Quase conseguimos ¼ suplente. “Continuo aguardando e espero das vagas. Há uma proposta contínua do que me chamem. Como demorou meses Centro Paula Souza, que é quem admi- pra darem a resposta da Nauali, acho que nistra as Fatecs e Etecs do Estado, nesse vai demorar mais ainda”, diz. sentido. O intercâmbio para as alunos é Nauali está ansiosa. Segundo ela, é um misto uma coisa muito importante. Tantos os de expectativa para a viagem e também de alunos do técnico e do tecnológico têm saudade antecipada, por saber que terá que muito mais prática durante o curso do ficar longe da família, em especial a mãe, que qualquer outro tipo de graduação. a irmã e o namorado. “Todo mundo está Então, o intercâmbio acaba sendo um me apoiando e eu estou muito feliz. Mas complemento dessa prática que eles têm sei que a primeira semana vai ser difícil, em sala de aula. Nos cursos da área de chegar em um lugar em que não conheço gestão, que é o caso da Fatec de Bragança, ninguém, longe das pessoas que eu gosa parte de idiomas é muito forte. Temos to, mas logo isso passa. Vou fazer novos como disciplinas obrigatórias tanto o inglês, amigos, pessoas que estarão na mesma do primeiro ao sexto semestre, quanto o situação que eu. E vou estar tão ocupada espanhol, em dois semestres, no curso que acho que nem vou ter tempo pra de Gestão Financeira. Mesmo os alunos pensar nisso”.
Expectativa e experiência
Juliana e Nauali. Alunas da Fatec de Bragança são exemplo para outros estudantes que sonham com um futuro promissor.
Um passo à frente
As alunas Juliana e Nauali e o coordenador Douglas. “Acho que o mais importante da conquista delas é que isso irá incentivar outros jovens a buscarem o mesmo”.
comportamento
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Mania de colágeno Chocolate, café, refrigerantes e até água mineral com a substância prometem trazer benefícios à pele, mas faltam evidências científicas
por GIULIANA MIRANDA/FOLHAPRESS
Barras de cereais, ovos de Páscoa,
Ela alerta, no entanto, que a adição da pro-
desses resultados. No entanto, não existe
estimula a produção de melanina, pigmento
café, refrigerante e até água mineral:
teína aos “snacks” não necessariamente se
milagre. A ruga não some, mas existe uma
que dá o tão desejado tom bronzeado à pele.
a quantidade e a variedade de alimen-
traduz nos mesmos benefícios.”É preciso ficar
melhora”, diz Eduardo Araújo porta-voz da
Mas o mesmo peptídeo também vira endorfina,
tos com adição de colágeno, que prometem
atento à quantidade. Muitas vezes, a adição
Gelita na América do Sul.
que é produzida na pele e distribuída ao corpo
melhorar a firmeza e a aparência da pele, não
nos alimentos é mínima e simplesmente não
A engenheira de alimentos Virgínia Dias, da
e ao cérebro. A endorfina, como bom opioides,
param de crescer.
faz diferença”, pondera.
ChocoLife, diz que a adição de colágeno aos
é analgésica, diminuindo a sensação de dor
Proteína mais abundante do corpo humano,
“Além disso, balas e chocolates muitas vezes
chocolates é uma maneira de torná-lo cada
na pele (como a de eventuais queimaduras).
o colágeno é produzido naturalmente pelo
são repletos de corantes, gorduras e pobres
vez mais completo e benéfico.
E também dá... prazer.
organismo e tem papel fundamental nas
em outros nutrientes”, completa Jobst.
“Queremos oferecer a maior quantidade de
Os animais irradiados demonstravam sinais
cartilagens, nos ossos e nos tecidos. Com o
Criadora de uma das empresas pioneiras no
benefícios a quem decide consumir choco-
de síndrome de abstinência de opioides
passar dos anos, no entanto, sua produção
segmento no Brasil, a empresária Cristiana
late. O produto também não tem adição
após administração de naloxona, que
entra em declínio. E é aí que as comidas
Arcangeli, da Beauty’in, diz que a empresa
de açúcar, glúten e lactose. Ou seja: é uma
bloqueia a ação da endorfina. Além disso,
turbinadas prometem agir.
preza por oferecer opções mais saudáveis,
opção de melhor qualidade do que os doces
esses animais evitavam ficar na caixa onde
Facilmente incorporável aos alimentos sem
sem adição de açúcar ou gorduras, em seus
convencionais”, completa.
eram tratados com naloxona, preferindo
causar mudança no aspecto ou deixar um
produtos com colágeno.
Como o colágeno é considerado um alimento
a outra caixa, onde podiam curtir em paz
sabor residual, o colágeno se espalhou por
“Por isso essa opção mais saudável tem con-
seguro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigi-
os efeitos da endorfina elevada.
todo tipo de produto. E agora é uma das
quistado as consumidoras. Além de serem
lância Sanitária) não exige que os fabricantes
Mas daí a dizer que os animais ficaram viciados
grandes apostas do setor dos chamados
saborosos, os produtos trazem benefício”, disse.
apresentem testes clínicos que comprovem
em UV e, portanto, a exposição ao sol vicia,
nutracêuticos --alimento com propriedades
Mas a adição de nutrientes também costu-
os benefícios estéticos dos alimentos com
são outros quinhentos.
terapêuticas--, que movimentou cerca de
ma ser acompanhada por preços mais altos.
colágeno.
Para começar, porque não basta ser bom
R$ 13 bilhões no Brasil em 2013, segundo
Em farmácias e lojas de produtos naturais,
Esse tipo de teste só seria necessário se os
(por exemplo produzindo endorfina) para
o Euromonitor.
a versão de um produto com colágeno cos-
produtos prometessem um resultado espe-
causar vício. Beber água é delicioso e dá
Mas, apesar do sucesso de vendas, os benefí-
tuma custar mais do que o dobro do preço
cífico e dissessem qual seria a porcentagem
prazer quando se tem sede-- mas bebemos
cios desse tipo de suplementação ainda são
do alimento convencional.
de redução de rugas, por exemplo. Como
sempre a mesma quantidade de água, quando
os textos são genéricos, não há a exigência.
sentimos sua falta.
controversos entre os especialistas. Como o colágeno é uma molécula bastante
Evidências
longa, na hora da digestão ele acaba sendo
Até agora, há poucos estudos independentes
O bom e o vício
“dividido” em aminoácidos menores.
, publicados em periódicos científicos, que
Expor-se à radiação UV leva à produção de
porque o prazer obtido é cada vez menor
Vício, ao contrário, é aquilo que tem de ser obtido em quantidades cada vez maiores,
“Mas não há garantias de que esses amino-
comprovem o aspecto estético dos alimentos
endorfina, mas dizer que ela causa vício são
conforme o cérebro se adapta. O estudo
ácidos serão usados para produzir colágeno
com colágeno adicionado.
outros quinhentos
mostra que o UV dá prazer mas não mostra
no corpo. Poderiam servir, por exemplo, para
Enquanto isso, os fabricantes têm investi-
Você é daqueles que gosta de ficar torrando
que ele vicia.
produzir uma outra proteína”, explica o mé-
do em encomendar testes específicos para
ao sol, virando-se aos poucos para queimar
Faz sentido evolutivo que a exposição
dico Celso Cukier, nutrólogo do Hospital
universidades e centros de pesquisa. Os
por igual, como frango de padaria? Um estudo
ao UV dê prazer. Embora a radiação seja
São Luiz.
resultados têm sido positivos.
está causando furor ao sugerir que você pode
nociva e danifique a pele, ela é necessária
“Muita gente acha que o colágeno inge-
O peptídio de colágeno Verisol. fabricado
estar viciado em sol e que por isso você aceita
à produção de vitamina D pelo corpo. A
rido vai direto para a pele, para deixá-la
pela multinacional alemã Gelita, tem alguns
se expor ao risco de câncer de pele.
endorfina premia esse e outros compor-
mais firme, ou para as unhas. Não é bem
ensaios em humanos, feitos com apoio da
A equipe de Gillian Fell e David Fisher, do
tamentos, como o sexo, e aumenta suas
assim”, completa o médico, que também
empresa, publicados em periódicos científicos.
Hospital Geral de Massachusetts, nos EUA,
chances de acontecer de novo.
afirma que não há estudos suficientes
Os trabalhos indicam melhora na firmeza
expôs camundongos depilados a radiação
A exposição excessiva, contudo, é por conta
comprovando os benefícios estéticos.
da pele e e na profundidade das rugas em
ultravioleta (UV) durante seis semanas, cinco
de cada adulto perfeitamente capaz de
Daniela Jobst, nutricionista funcional e membro
mulheres que ingeriram 2,5 mg do produto
dias por semana, pelo tempo equivalente a
entender os riscos, mais do que conhecidos
do Instituto de Nutrição funcional dos EUA,
diariamente durante quatro semanas.
meia hora do sol de meio-dia para um humano.
e divulgados. Já estou antevendo o dia em
diz que vários trabalhos sobre o tema têm
“Ainda é uma área muito nova que suscita
A radiação faz com que as células da pele
que os “viciados” vão querer se eximir da
indicado bons resultados da suplementação
dúvidas até nos profissionais. Estamos in-
produzam pró-ópio-melanocortina, um
culpa pela sua “doença” e exigir repa-
de colágeno hidrolizado na beleza.
vestindo na parte científica e na divulgação
peptídeo que dá origem ao hormônio que
ração... Bem, do Sol não será.
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Reflexão e Práxis
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Os Mitos
e os Heróis Nacionais por pedro marcelo galasso
Ao longo da História do Brasil
É sempre importante lembrar que os mitos
desestabilizar e perverter a sociedade
de nossos parlamentares em Brasília ao
sentimos a carência de figuras que
ou heróis nacionais são indispensáveis
brasileira.
longo de todo este período? E não é estra-
possam ser consideradas míticas ou
para a formação da identidade cultural
Daí nasceu o mito da camisa da seleção
nho que a contusão de Neymar seja mais
heróicas por seus feitos, seus atos e pela
e patriótica de um país e sua presença é
brasileira carinhosamente chamada de
importante e receba mais atenção que a
imagem que transmitem, normalmente,
mais que desejável. Entretanto, a escolha
Seleção Canarinho, além da ideia da
queda da passarela em Belo Horizonte e
sintetizadoras das aspirações de um povo
e a construção arbitrária de figuras, hoje
Pátria de Chuteiras, aquela que leva o
que deixou duas pessoas como vítimas?
ou de um país.
midiáticas, que são elevadas à condição
coração na chuteira e a curiosa ideia de
Qual o nome das pessoas que morreram?
Nós, os brasileiros, construímos, ao longo
de mitos são problemáticas. Pensemos o
levar vantagem em tudo, conhecida como
Quais eram as suas histórias? Seus dramas?
dos séculos, uma relação curiosa e con-
que está ocorrendo no Brasil com a Copa
Lei de Gérson, resultado de propaganda
E o que fazer com o descaso prefeito de
flitante com relação aos nossos heróis.
do Mundo.
de cigarros. Curioso e desconhecido por
Belo Horizonte? Acidentes acontecem?
Pensemos, por exemplo, na construção
Os jogadores de futebol são alardeados
muitos é que o mesmo projeto foi tentado
Sim, o tempo todo; assim como o descaso
ideológica sobre a figura de Tiradentes
como os defensores de nossas cores, como
em 1974 no período de decadência econô-
do Poder Público e de seus responsáveis,
tido como herói nacional, presenteado
a síntese de nossas virtudes e exemplos
mica experimentado por aqui após o fim
eleitos por nós.
com um feriado, mas que foi elevado a
de um modo de vida unívoco e próprio
do Milagre Brasileiro.
É desta inversão de valores e de importância
esta posição pelos republicanos que o
do Brasil, o que nos leva pensar se esta
Além disso, é preciso considerar que o
que vemos o problema de criarmos mitos
elegeram como o representante das lutas
posição dos jogadores é um dado natural
peso da vitória e da derrota da seleção
e heróis que em nada irão contribuir para
pela liberdade do Brasil frente ao jugo
e aceito pelas pessoas ou se ela é resul-
brasileira nas eleições presidenciais que
as definições dos rumos políticos, sociais
imperial português, durante o período
tado de ações que pretendem preencher
ocorrem em outubro. É legítimo defender
e econômicos do país que vem enfren-
colonial brasileiro. Ou, na construção do
o nosso imaginário coletivo para atender
a seguinte ideia – o processo de cons-
tando nos últimos meses problemas de
nosso imperador Dom Pedro I, figura ab-
a algum interesse.
trução dos mitos e dos heróis da Copa,
crescimento econômico e com a eterna,
solutista e de comportamento, por vezes,
No caso do futebol, tal uso não seria
em um processo que passa muito perto
constante, desigual e péssima distribuição
inapropriado e confuso com relação ao
novidade, pois sabemos que os militares
de uma idolatria quase religiosa, com os
de renda, bem como seus claros e óbvios
nosso processo de independência, mas
utilizaram o título na Copa de 1970 para
narradores nomeando os jogadores como
problemas com as questões de Justiça.
tido como o patrono de nossa indepen-
dizer ao povo brasileiro que esta conquista
predestinados, toma todo o espaço midi-
O jeito é, portanto, esperar a festa acabar
dência. O mesmo pode ser dito sobre o
era o resultado da paz e da ordem que
ático colocando as eleições presidenciais,
e a ressaca chegar.
proclamador da nossa República, o ma-
existia no Brasil graças a ação justa e
extremamente importantes, como um
rechal Deodoro da Fonseca, republicano
correta dos militares que havia salvo o
evento secundário. E, para aumentar a
Pedro Marcelo Galasso – cientista político,
por conveniência, mas monarquista em
país da influência funesta e perigosa de
nossa reflexão, não é estranho que nada
professor e escritor.
suas convicções.
grupos que tinham como única intenção
tenha sido noticiado sobre os trabalhos
p.m.galasso@gmail.com.br
Casos e Causos
Juro que é verdade por Marcus Valle
JURO QUE É VERDADE CLXXI Sempre gostei de roupas coloridas, que muita gente (muita mesmo) considera extravagantes (ou bregas, como se diz no popular). Mas quando eu gosto, não adianta falar. Uma vez eu comprei um blusão verde limão, que minha ex-mulher odiava. Ela queria que eu desse o blusão, mas eu nunca reagi bem a essa sugestão. Veio a primavera, depois o verão e obviamente eu nem lembrei do blusão, que era de inverno. Quando esfriou, um dia procurei o blusão e não achei. Dias depois passei na praça central e vi um cidadão super humilde, com o meu inconfundível casaco verde limão. Perguntei a ele onde havia comprado o blusão, e ele disse que uma moça, num carro preto havia dado o casaco para ele. Negociei com o rapaz...50 reais mais um outro agasalho, que toda pessoa convencional achava mais bonito e quente. Levei a peça recuperada no tintureiro...e adorei ver a cara da mulher quando me viu vestido com ele. Gozado.....no outro inverno....o blusão sumiu de novo...e nunca mais o recuperei. JURO QUE É VERDADE CLXXII Conforme já referi, gosto de roupas coloridas , e algumas (ou muitas?) pessoas, criticam (injustamente, ressalte-se) algumas de minhas peças. Gosto também, e coleciono camisas de futebol. Num dos meus aniversários, um amigo resolveu me
dar uma camisa oficial, e foi até a loja de esportes em Campinas. Em determinado momento, a mulher dele (MARLI), viu a camisa da seleção da JAMAICA, que tem 5 cores, e disse: OLHA ESSA QUE HORRÍVEL....ELE VAI ADORAR. E gostei mesmo... é uma das minhas prediletas. JURO QUE É VERDADE CLXXIII No final dos anos 70, começo dos anos 80, estourou a febre do esporte TÊNIS em Bragança. Poucos locais tinham quadras. O Clube de Campo era o único clube onde o pessoal jogava. E na época, as raquetes eram menores, haviam bolas brancas...e o jogo era coisa de gente chique, DAVA STATUS. Eu, particularmente, tentei muito ser um bom jogador, mas só cheguei a mediano para os padrões locais. O Zé ANTÔNIO PIGNATARI também era do meu nível, e fazíamos partidas longas e sempre equilibradas. Certa vez, eu querendo impressionar uma estudante da faculdade, que eu estava de olho, convidei-a, num domingo á tarde, para assistir um jogo que havia marcado com o Zé. Expliquei a ela que nosso jogo era muito equilibrado, mas eu normalmente ganhava (e era verdade). Eu não sei oque aconteceu (acho que fiquei nervoso com a presença da menina), mas o Zé em menos de 20 minutos fez
1,2, 3 , 4, 5, 6x0, e fechou o primeiro set. Expliquei á moça que aquilo era anormal, e que eu iria ganhar o outro set, e virar o jogo. Ela olhou, com ar incrédulo, mas nada disse. Começou o segundo set.... eu me concentrei, e dei tudo de mim... em poucos minutos: 1x0..2x0 e 3x0........ PRÁ ELE. Ai aconteceu uma coisa, que mudou toda história do jogo; quando fomos trocar de lado na quadra , o Zé passou ao lado da garota, e ela disse baixinho: DEIXA ELE FAZER UM PONTO... COITADO. Eu ouvi...fiquei furioso, mas tomei a atitude mais sensata que um rapaz de vinte e poucos anos, com o ego destroçado poderia tomar; quebrei a raquete jogueia no telhado do Ginásio de esportes, e disse a minha EX FUTURA NAMORADA: NÃO PRECISO DE VOCÊ PRÁ NADA... MUITO MENOS PARA DAR PALPITE NO QUE NÃO ENTENDE. E fui embora só. JURO QUE É VERDADE CLXXIV Bragança Paulista é um município antigo, tem mais de 250 anos de história, e é normal que tenha muita gente com hábitos de grande parcimônia....ou, falando, no popular,...pãodurismo. Há histórias reais e lendas sobre tal tema. O estádio do Morumbi, por exemplo, antes de ser totalmente construído, tinha atrás das arquibancadas, um barranco onde centenas de pessoas assistiam os jogos
de futebol de graça. A imprensa de São Paulo apelidou o local de MORRO DOS BRAGANTINOS. Contam muitos casos, como do rico empresário que media com uma varinha o óleo de cozinha que era gasto em sua casa (na época só havia o produto em lata). Tem também o caso da mulher que desligava o relógio de energia da casa, quando seu filho adolescente ultrapassava os 3 minutos de banho (essa eu constatei pessoalmente). Mas os visitantes, desacostumados com nossas tradições e costumes, assustam com algumas de nossas cenas cotidianas. Os irmãos FRED e BOB FERNANDES que aqui moraram na infância, certa vez, ficaram hospedados na minha casa (no centro). Saíram ao quintal e voltaram estupefatos com o que a vizinha gritou pro seu filho adolescente: OUTRO COPO DE LEITE... VOCÊ TÁ LOUCO ?....QUER MATAR SEU PAI ? JURO QUE É VERDADE CLXXV Certa vez, eu e o Zé Wilson Russo, estávamos no Guarujá, quando conhecemos uma garota na praia. Papo vai... papo vem... ela disse que tinha sido namorada de um pianista famoso. O Zé foi demonstrar conhecimento e falou: EU GOSTO MUITO DE VILLAS BOAS... A menina foi implacável: EU GOSTO DE VILLA LOBOS... VILLAS BOAS DEVE SER MUSICA DE ÍNDIO!!!
antenado
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Jornal do Meio 752 Sexta 11 • Julho • 2014
‘Tempos Extremos’ Linguagem é frágil para segurar trama de Míriam Leitão
por LUÍS AUGUSTO FISCHER /FOLHAPRESS
A forma romance tem entre seus maiores méritos a capacidade de acolher a variedade da vida. Santos e canalhas, doutores e charlatães, gente que sabe falar bem e gente afásica, passado e presente, tudo cabe. Uma família de elite em 2014 pode se reunir numa fazenda mineira, para celebrar os 88 anos da mãe e avó, revivendo conflitos políticos e psicológicos antigos --e eles podem compartilhar as páginas com uma família de escravos que, 150 anos antes, vivia momentos de intenso drama. A família de elite está cindida, em nosso presente, porque o primogênito teve alguma participação no período mais duro do regime militar, enquanto uma irmã estava presa, sendo torturada, e o pai de sua futura filha era morto nos mesmos porões. Outra irmã enriqueceu, e o mais novo optou pelo caminho das artes, sem sucesso. A família de escravos, lá por 1850, está cindida porque o filho quer conquistar a liberdade com luta, ao passo que sua irmã imagina haver saída mediante negociação com seus donos. O romance de Míriam Leitão se estrutura entre essas duas experiências amargas da história brasileira. A mediar os tempos está a filha daquele casal militante, centro de amarração ético, histórico, literário do livro, que traz o mérito de uma boa engenharia narrativa, tramada sobre matéria relevante, mas carrega defeitos notáveis. No varejo, há pequenas inconsistências a todo momento. Há excesso de didatismo do narrador, que redunda demais, fazendo
o conjunto parecer a escrita de uma telenovela brasileira ou de filme secundário norte-americano. Há fragilidades de escrita (a paragrafação parece aleatória, há momentos frágeis de discurso indireto livre), imprecisões de linguagem, forçadas de barra e falta de verossimilhança aqui e ali. No atacado, o romance perde força em momentos-chave. Ao fundo, uma fragilidade está no fato de que a fazenda, palco de quase toda ação relevante, não é da família central, ao contrário do que tudo sugere --parecemos estar diante de uma tradição patriarcal ancestral, mas caímos na realidade de que a fazenda foi adquirida pela nova-rica irmã financista, poucos anos antes! Além disso, mesmo nos melhores momentos do romance --há três de grande força histórica e boa sugestão dramática--, o leitor percebe que a linguagem não consegue dar boa conta da trama e, mais ainda, da psicologia dos personagens. Romance é uma forma aberta, mas tem suas exigências mínimas. Se Hitchcock estava certo ao observar que excelentes filmes nascem de literatura secundária, talvez estejamos aqui em presença de um caso futuroso. Luís augusto fischer é professor de literatura na UFRGS e autor de “Filosofia Mínima” (Arquipélago Editorial). Tempos extremos Autora: Míriam Leitão Editora: Intrínseca Quanto: R$ 24,90 (272 págs.) Avaliação: ruim Foto: Divulgação
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
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(?) de português: empobrecem Compõem a maior a redação parte do elenco de Da forma Vestidos figurantes da bola adequadamente
(?)-se: submeter-se Origem do a uma situação remorso moral na Nunca, em italiano pessoa
Ana (?), personagem de "O Tempo e o Vento" (Lit.)
A membrana úmida, como o pericárdio
Estado que pertenceu à Bolívia (BR) Air Force (?): o avião de Obama Fragmento Fruto amarelodourado
(?) federal: Régis Bittencourt, Dutra ou Fernão Dias Cor das penas do flamingo (Zool.) Fim, em inglês Fonte de tempestades magnéticas
É abanado pela dançarina de flamenco "Filho de avarento (?) pródigo" (dito)
Movimentos (?): MST e Ligas Camponesas Época histórica Afiada (a faca)
(?) Diego, cidade No leito de morte
Foi usada na guerra civil da Síria
Abreviatura do Livro de Isaías (Bíblia)
Número de cordas do berimbau
Burro de (?): diz-se do indivíduo muito estúpido Sigla oficial da África do Sul Rocha (?): mineral como o calcário
Apago (as velas do bolo)
Endinheiradas Composto volátil "Se for dirigir, não (?)", campanha
(?) de santo, chefe do terreiro de candomblé Palavra usada em citações (latim)
Pianíssimo (Mús.) "Teclar", na web
Ofício exercido pela pitonisa (Ant.)
3/end — mai — one — san — sic. 5/uvaia. 6/serosa. 10/sedimentar.
BANCO
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14 de Julho
E C R U M A D R R A O O V I A S A C A R U R A L V E S E R A A Q U I M I U A O R C E R I B E B A S T U I M E N T C E R DO C
da sede própria
A M O L A D A
Abertura
A T R O R E S A R A M A D O R S E S
Miriam Leitão, autora do romance “Tempos Extremos.
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Jornal do Meio 752 Sexta 11 • Julho • 2014
Capitão América Ícone da indústria automotiva dos EUA, Corvette chega à sétima geração mais dócil, sem perder desempenho
por RODRIGO MORA/FOLHAPRESS
A experiência de guiar um Corvette começa muito antes da primeira válvula se movimentar. Acessar a cabine do maior ícone automotivo norte-americano exige boa forma: é preciso dobrar bem as pernas, curvar bastante as costas e tomar cuidado para não bater a cabeça no teto. Lá dentro, o motorista encontra uma posição de pilotagem exemplar, traduzida em um volante de diâmetro reduzido, banco abraçando o corpo na medida certa e console central elevado, que deixa a alavanca do câmbio mais próxima da mão. A visão do longo capô, muito mais ondulado desse ponto de vista, é intimidadora. Pode parecer um detalhe tolo, mas o que os olhos vislumbram diz muito sobre a construção do carro, com o cockpit ancorado o mais baixo possível.
Grave e metálico
Motor ligado, e os US$ 1.195 (R$ 2.675) cobrados pelo sistema opcional de escape tornam-se uma pechincha pelo retorno “áudio-emocional” oferecido por um ronco grave e metálico. Na hora de engatar a primeira, uma pergunta vem à mente: o Corvette é o mesmo cavalo xucro de antes? A resposta é não. Embora não seja um carro para iniciantes, ele deixou de exigir habilidades de piloto profissional. A começar pela embreagem, quase tão leve quanto a de um sedã médio. O câmbio manual de sete marchas tem engates curtos e precisos, mas que exigem vontade e envolvimento do condutor. E é bom que seja desse modo; afinal, assim deve ser o trato com um superesportivo. Esportivo tem opção com caixa automática. Câmbio de seis marchas aproveita bem os 461 cv do motor 6.2 V8. Contornada por um plástico duro, tela central do sistema multimídia carece de mais refinamento. A versão com câmbio automático poderia sugerir menos diversão, mas isso não corresponde à realidade. Rápido, suas trocas em baixa velocidade são quase imperceptíveis, enquanto as mudanças em alto giro ocorrem com um certo tranco, que dá mais tempero ao carro. Ao término do teste, o Corvette 6.2 V8 faz um Audi RS5, que tem 450 cv (ante 461 cv do GM testado) parecer um santo, ainda que o alemão seja mais preciso em curvas e e até mais refinado. Essa é a diferença entre as escolas germânica e norte-americana. O Corvette deixou os dias de touro indo-
mável para trás, mas ainda pode ser um selvagem. Seu comportamento continua violento, mas agora ele também se deixa levar com suavidade. A experiência ao volante faz o motorista relevar os fatos de as alavancas de seta e do limpador do para-brisa virem do Chevrolet Cruze e a tela multimídia ser contornada por um plástico duro, sem refinamento. No mais, o acabamento é esmerado, há boas doses de couro nas portas. O conta-giros digital corre sobre uma tela central que, além do básico (consumo, autonomia, velocidade e quilometragem), exibe algumas informações incomuns, como temperatura dos pneus, histórico do consumo, quantidade de combustível usado (em galões), força “G”, pressão e temperatura do óleo e tempo de volta.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Independentes
O maior problema do Corvette está na sua distância do Brasil. Segundo a General Motors, os esforços necessários para homologação, treinamento de pessoal e estoque de peças não valeriam a pena devido ao baixo volume estimado de vendas. Contudo, não é a mesma opinião das importadoras independentes, como a Direct Imports, que entregará um exemplar zero-quilômetro a um cliente na próxima terça-feira, por R$ 350 mil. Viagem feita a convite da General Motors. Foto: Divulgação
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História em
movimento
Museu idealizado por Henry Ford, inventor da linha de montagem, exibe carros e memórias dos EUA
por SILVIO CIOFFI/FOLHAPRESS
A reconstrução da linha de montagem do revolucionário Ford Modelo T chamado no Brasil de Ford “Bigode” ou de “Fordinho”-- é uma das atrações do The Henry Ford Museum (thehenryford.org), nos arredores de Dearborn e próximo à cidade de Detroit, no estado de Michigan (EUA). O local, cujo ingresso custa US$ 18 (R$ 40), mostra a evolução da mobilidade com destaque para esse carro, e conta também parte da história norte-americana. Concebido por Henry Ford (1863-1947) e lançado em outubro de 1908, o Modelo T foi fabricado até 1927, quando era vendido por US$ 290. Na base dessa história estava o conceito de linha de montagem para produção em massa, ideia que mudou a indústria como um todo no início do século 20. O parque Greenfield Village, anexo ao museu, pode ser percorrido de Ford Modelo T com chofer vestido a caráter. O complexo reúne prédios históricos originais, como a bicicletaria dos irmãos Orville e Wilbur Wright, onde foi feita a engenharia do avião “Flyer”. Há também o laboratório Menlo, de Thomas Edison (1847-1931), inventor da lâmpada elétrica que foi amigo e mentor de Ford. Na entrada principal do museu, estão diversas limusines presidenciais da marca Lincoln, que pertence à Ford. Um dos destaques é o automóvel no qual John F. Kennedy (1917-1963) estava quando foi assassinado em Dallas.
branco em pleno regime de segregação racial no estado do Alabama, em 1955. Além dos carros, a exposição permanente exibe reproduções de ambientes de época, evoluções tecnológicas em várias áreas e pedaços da cultura dos Estados Unidos. Boa parte do acervo é dedicada a mostrar Henry Ford como um pioneiro 100% “made in America”, que registrou 161 patentes e fundou as bases de um império que, nas décadas seguintes, trouxe ao mundo dezenas de modelos de automóveis --alguns legendários, como o Mustang e o GT40.
Hitler
Porém, poucos lembram que Ford foi também um assumido antissemita que nutriu simpatia pelo movimento nazista, tendo conquistado a admiração de Adolf Hitler. Presente no salão do automóvel de Berlim em 1934, Hitler mencionou em seu discurso que, nos EUA, um em cada seis cidadãos já tinha
carro. Nessa época, na Alemanha, a média era de um automóvel a cada cem pessoas.
Larga escala
O plano de dar rodas ao país passava pela produção de um modelo em larga escala, e o engenheiro austríaco Ferdinand Porsche (18751951) foi escalado para essa missão. Surgia o VW Sedan, ou Fusca, como ficou conhecido no Brasil. Mesmo com todo o apoio do Estado nazista, o carro alemão só começou a ser produzido em grande quantidade depois que Porsche visitou as fábricas de autos em Detroit, entre 1936 e 1937. Ao todo, a Ford fabricou pouco mais de 15 milhões de unidades do Modelo T. Esse número só foi superado em 1972 pelo Volks, que teve seu último exemplar produzido em 2003, no México. Em seu período de manufatura comercial, mais de 21 milhões de Fuscas foram fabricados. E, claro, há um em exibição no Henry Ford Museum. Foto: Silvio Cioffi/Folhapress
Plural
Museu abriga modelos importantes de rivais como Chevrolet, Cadillac e Volkswagen; Edsel, marca criada em homenagem ao filho de Henry, também tem história contada. A coleção do Henry Ford Museum exibe veículos relacionados a personagens da história norte-americana. Um desses é o ônibus General Motors do caso Rosa Parks (1913-2005), a ativista negra que se recusou a ceder o assento a um
Museu abriga prédios da primeira linha de montagem de carros no mundo.
veículos eículos
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Cartórios deverão comunicar
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transações de veículos De acordo com a norma aprovada pelo governo paulista, os envolvidos na compra e na venda não precisarão contatar o Detran
por RODRIGO MORA/FOLHAPRESS
O governo paulista adotou uma medida que poderá facilitar a vida dos donos de veículos quando houver a transferência entre particulares. A nova regra entrará em vigor em 24 de julho deste ano. Segundo o texto do decreto nº 60.489, publicado há uma semana, os cartórios estaduais deverão informar à Secretaria da Fazenda as transferências de veículos entre particulares. O decreto estabelece que os notários terão de enviar à Fazenda paulista os dados relativos à operação de compra e venda ou transferência da propriedade de veículo registrado em São Paulo, além de cópia digitalizada (frente e verso) do Certificado de Registro do Veículo (CRV) preenchido e com firmas reconhecidas, conforme determinado pela legislação de trânsito. As informações devem ser transmitidas em arquivo no formato PDF e com assinatura digital (tipo P7S) pelo endereço eletrônico www.fazenda.sp.gov.br/cartorios.
Transferência
Com a norma, o proprietário fica dispensado de comunicar a venda ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Essa ação evita que, em caso de atraso na transferência de propriedade, o antigo dono receba multas ou cobranças de impostos gerados após a venda do veículo. A Fazenda enviará as informações de
comunicação de venda do veículo ao Detran, bem como fará a alteração do responsável tributário em seu banco de dados. O decreto concede 60 dias para que os cartórios possam se adequar à norma. Não poderão ser cobrados tarifas adicionais às atuais para o serviço de reconhecimento de firma por autenticidade e de cópia autenticada do CRV.
Formalização
Os cartórios deverão informar à Fazenda a formalização da venda na data do reconhecimento de firma do vendedor do veículo e também do comprador. No entanto, se o antigo dono e o novo proprietário reconhecerem firma simultaneamente, bastará uma única transmissão dos dados. O notário terá também a opção de envio das informações e da cópia digitalizada do CRV por lote, no prazo de até 72 horas. O cartório que não cumprir a nova obrigação estará sujeito a multa do fisco paulista. Os contribuintes poderão obter informações sobre a efetivação da comunicação de venda do veículo na área de serviços eletrônicos do Detran, no endereço eletrônico www.detran.sp.gov.br. A Fazenda e o Detran poderão, por meio de ato conjunto, editar normas complementares para disciplinar o cumprimento do decreto.
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