Braganรงa Paulista
Sexta
5 Setembro 2014
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Para pensar
Jornal do Meio 760 Sexta 5 • Setembro • 2014
O preço da denúncia por Mons. Giovanni Baresse
A tradição judaica - condensada especialmente nos escritos sagrados - legou à história personagens importantes pela função que exerceram. Entre eles aqueles que se chamam profetas. A fé judaica viu neles pessoas que olhavam a realidade em nome de Deus. E em seu nome alertavam povo e autoridades para caminhos que deviam ser seguidos e caminhos a serem evitados. Vale aqui lembrar que a missão profética nada carregava de adivinhação, como às vezes se entende. Não há na profecia predição específica de futuro. O que há é apontar as consequências das atitudes que são tomadas ou omitidas. Entre tantos lembro especialmente dois personagens: Elias e Jeremias. Em épocas diferentes, por conta do chamado que sentem, ao denunciar as mazelas das autoridades, são perseguidos. Os tempos de sua atividade são relativamente semelhantes: na busca de consolidação de poder e riquezas os reis Omri e Joaquim não têm dúvida em fazer alianças com potentados pagãos para garantirem seus governos. Não há preocupação com a sorte do
povo. Junto caminha o afastamento da obediência à Lei mosaica. Com o contato com pagãos se inicia a miscigenação no campo religioso e familiar. É neste contexto que os profetas são chamados a denunciar os desvios. Elias é perseguido por Jezabel. Jeremias reclama que Deus o seduziu para a missão e o abandonou. Com este quadro bíblico quero enfocar a missão que os cristãos, por sua fé, têm em denunciar tudo o que fere a dignidade das pessoas e o descuido com a Natureza. Não se trata aqui de um denuncismo atabalhoado e sem propostas. Trata-se de olhar a realidade com os olhos Daquele que criou todas as coisas (Livro do Gênesis). Na narrativa da Criação diz-se que o homem e a mulher foram feitos para “dominar” todas as criaturas. Este dominar não significa o domínio de fazer o que bem se quiser. O domínio significa cuidar, zelar, conservar. O desejo de realizar a indicação bíblica entra em confronto com o império da ganância, do levar vantagem. Estamos cansados de ver o sacrifício da verdade em detrimento das conveniências. E
a gigantesca força da mentira e da violência que se arrebenta sobre qualquer propósito que queira chamar à consciência para valores que não são quantificáveis em cifrões. Como já afirmamos, em outras ocasiões, vale o que dá lucro. Não importa como ele é adquirido. Por ele sacrificam-se princípios e pessoas. Por ele se sacrifica a vida. E também o futuro. Denunciar essa realidade envolve um alto custo: a própria segurança, a própria vida. Atualizo, na pessoa do Papa Francisco, a missão profética de nossos tempos. Em dois temas: do acolhimento aos fugitivos dos países da África e dos apelos pela Paz. Nestes últimos tempos a Itália tem salvado da morte no Mediterrâneo mais de 140000 pessoas. No desespero de fugirem de condições sub-humanas em seus países as pessoas pagam somas ingentes e se colocam nas mãos a barqueiros mercenários. Que literalmente os embarcam e abandonam. E são muitos os mortos. O Papa tem sido criticado porque lembra que essa chaga deve ser curada. Em relação à Paz há notícias que correm pela Europa que há grupos extremistas
planejando atentados. A luta pela afirmação de poder, de conquistas territoriais, de fanatismo religioso não suporta que alguém mostre a face real da maldade que impulsiona a ver no outro alguém que deve ser eliminado. Até entre nós, que somos tidos como tolerantes, explode aqui e ali, o espírito separatista. Nestes dias, como todos já sabem, mais uma vez, os jornais noticiaram xingamentos em relação a um goleiro negro. Era o calor de um jogo de futebol. Onde ninguém ignora que as mães dos jogadores, dos árbitros e dos bandeirinhas, são as primeiras a serem mal lembradas. Não há dúvida que a ira manifesta o que está por baixo dos nossos sentimentos. Por isso é necessário crescer nos valores que contam para arrancar do coração o desejo de eliminar quem mostra os nossos erros ou não pensa como nós. Sobre o caso do goleiro: é inegável que ele foi xingado. Mas ele e outros personagens das partidas são chamados continuamente de “filho da p...”, mandados “à p.q.p”. Sem falar nos famosos “corinhos”. A minha impressão é que alguns
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xingamentos são permitidos. Outros não. Não concordo com nenhum. Mas estou achando que querem transformar um grupo de pessoas, que sem dúvida errou, em bodes expiatórios. É a hipocrisia de quem coa o mosquito e engole o camelo.
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por Shel Almeida
Cuidar de alguém é dedicar-se a essa pessoa, estar atento às suas necessidades e às suas vontades. O trabalho de cuidador/a não é fácil, não é qualquer pessoa que tem o desprendimento suficiente para, muitas vezes, entrar na intimidade de alguém. Para quem precisa da ajuda de um desses profissionais, também não é simples. Talvez, a maior dificuldade nem seja confiar na pessoa, mas sim assumir que precisa desse tipo de ajuda. É claro que é preciso, sim, que haja confiança e respeito. Mas a confiança só chega totalmente com o tempo, é uma relação que se constrói dia-a-dia e precisa ser mútua. A resistência quanto à necessidade de ter a ajuda de um cuidador pode vir tanto por parte da pessoa que precisa dos cuidados, quanto da família, que reluta em consentir que alguém, até então estranho, cuide da higiene, da saúde e até mesmo do emocional de um ente querido. Depois de superada essa primeira barreira, por conta da proximidade e o tempo que passam juntos, às vezes, é bem mais do que o tempo em que passam com a própria família, a relação entre cuidador e a pessoa que recebe os cuidados se torna uma relação de carinho e amizade. E, assim como os enfermeiros, os cuidadores são profissionais treinados para a função, que sabem os limites entre o trabalho e a amizade. No entanto, lidar com isso, nem sempre é fácil, principalmente em relação às questões emocionais. O Jorna do Meio falou com três cuidadoras, Míriam da Silva, que é cuidadora de idosos, Paula Erzinger, que trabalha em uma instituição e Bruna Santos Soares, que acompanha um jovem com necessidades especiais na escola. Trabalhos diferentes, mas a mesma função: auxiliar alguém e fazer com essa pessoa tenha mais qualidade de vida.
Idosos
“Quando a gente entra na casa de alguém, a gente tem que respeitar os limites, respeitar as pessoas da forma que eles são e fazer o nosso trabalho se dedicando, porque eu venho para cuidar do idoso e toda a atenção é em torno dele. É um trabalho feito com muita dedicação, com muito amor, com muito carinho. Eu acho que o amor que a gente transmite influencia muita na relação entre o idoso e o cuidador. Quando você começa a se envolver, a primeira barreira já é quebrada. O contato é feito respeitando os limites do idoso, da família e também do cuidador. Eu gosto de falar com alguém da família que tenha o contato direto com o idoso, gosto de saber da alimentação, da rotina diária dele, para que ele não saia daquilo. E é claro, se for introduzir alguma coisa nova, que seja algo que agrade e acrescente, não algo que faça com que ele se sinta desconfortável ou oprimido. A gente tem que respeitar a opinião dele, independente da idade e do que a família diga. Eu estou ali para cuidar do idoso”, fala Míriam. Com a proximidade da relação surge a intimidade emocional tanto pelo lado bom quanto pelo ruim. Para ela, é preciso ser profissional acima de tudo. “Eu estou ali pra isso. Eu sei que vou lidar com bom-humor, com mau- humor, com momentos que ele não vai estar bem de saúde, com momentos em que vai estar disposto. Eu vou participar de vários momentos da vida do idoso e a minha preparação é o amor, realmente é gostar do que eu faço. Não existe barreiras nesse sentido. A preocupação de trazer o bem estar ao idoso é a prioridade”, fala. De acordo com Míriam, por ela ser mulher, se torna mais simples cuidar de senhoras do que de senhores. “Sem dúvida que é muito mais fácil me sentir confortável com as idosas, mas é claro que é tudo profissional, você tem que ser profissional, você está ali para cuidar e cuidar da melhor forma possível. Você tem que ter firmeza e jogo de cintura para lidar, às vezes, com situações desconfortáveis. Você tem que ter a postura de profissional para que não haja nenhum equívoco”, explica.
Instituição
Paula trabalha há três anos como cuidadora em uma instituição que abriga crianças. A história dela como profissional se mistura com a pessoal. “Eu nunca tinha trabalha-
do com crianças. Eu tive dois irmãos que viveram nessa instituição, então tinha a curiosidade de saber como era. Quando surgiu a oportunidade, eu comecei a trabalhar com isso. Hoje eu sei que eles foram muito bem acolhidos e todas as dúvidas que eu tive foram embora”, fala. Para ela, não tem como não se envolver emocionalmente. “São crianças. Se a gente pudesse, todo final de semana a gente levava uma delas para casa, para tentar dar algo mais. No abrigo a gente dá carinho, tentar fazer igual a gente faz em casa com nossos filhos, mas não é o suficiente, a gente quer dar mais atenção e carinho ainda”. Quando uma crianças está prestes a ir embora, a psicóloga da instituição avisa as cuidadoras e dá suporte a elas, para que comecem a lidar com a eminente separação. “Tem toda uma preparação antes, para que a gente, psicologicamente, já possa ir lidando com a situação. A gente fica feliz, por um lado, porque a criança vai voltar a viver com os pais. Por mais que ali a gente dê toda estrutura para elas, todo mundo quer estar com a família, então a gente fica feliz por isso. Mas também ficamos tristes porque sabemos que não vamos mais ver a criança. A gente sempre está perguntando para o pessoal da área técnica, que faz acompanhamento com a criança ainda por um tempo, como elas estão. Aí a gente fica mais feliz, sabendo que estão bem. Não tem como desvincular, o mínimo que a gente fica com cada criança ali é seis meses, não tem como não se apegar. Se, por acaso, a gente encontra com alguma criança que saiu de lá, ela lembra da gente e vem falar com a ‘tia’, abraça, conta o que está acontecendo na vida dela. A gente deixa marcas nelas também”, fala. Lidar com os sentimentos não é complicado só na hora da partida, mas também na chegada. Para Paula, quando vem a informação de que uma nova criança acabou de chegar no abrigo, o sentimento é de querer cuidar. “Você já quer ir lá, ver a carinha dela, acolher, abraçar, dar segurança para criança. De imediato você já vai até o carro, a criança está chorando, você tenta acalmar e acolher a criança da melhor forma possível”, explica.
Miriam e a senhora Mariana Furquim Ribeiro, de quem é cuidadora. “Quando a gente entra na casa de alguém, a gente tem que respeitar os limites, respeitar as pessoas da forma que eles são”.
Tia Paula, como é chamada pelas crianças da instituição onde trabalha, diz que é impossível não se apegar. “A gente dá carinho, tentar fazer igual a gente faz em casa com nossos filhos”.
Necessidades Especiais
Bruna tem apenas 19 anos é a cuidadora de André da Silva de Oliveira, de 12 anos. A jovem é estudante de técnico de enfermagem e não fazia ideia que existia cuidadores em escolas. Ficou sabendo por outro cuidador e se ofereceu para a vaga. O primeiro contato dela foi com a própria escola, que informou a mãe de André sobre a possibilidade de o menino ter uma cuidadora mulher. O serviço é oferecido pelo Estado às crianças e jovens com necessidades especiais, mas é preferível que garotos tenham cuidadores e garotas tenham cuidadoras. Como são poucos os homens na profissão, André passou um período sem ir à escola. Como a mãe dele, Maria Carolina, concordou e assinou um termo de responsabilidade, o trabalho de Bruna com o garoto foi liberado. De certa forma, é Bruna quem está possibilitando que André frequente a escola. “Eu vim ficar com ele um dia. Eu fiquei um pouco insegura, pensando que ele poderia não gostar de mim, mas a gente se deu bem. eu ajudo ele em tudo o que precisa, com as lições também, assisto as aulas com ele. Nós conversamos muito, ele conta as coisas deles para mim, eu conto as minhas para ele. Nos tornamos amigos mesmo, criamos um vínculo entre nós. Hoje não me imagino me afastando dele. E ele diz que também não, que se um dia eu precisar faltar, ele não vem na escola também. Quando André está mal-humorado, Bruna intervém. “Quando ele chega “virado” eu converso com ele, falo que não pode descontar nas pessoas porque elas não têm culpa. Acho que o fato da nossa diferença de idade ser pouco, ajudou no nosso relacionamento. Os outros alunos interagem muito bem com ele e comigo também. Tem gente que acha que sou aluna da escola Acho que teve gente que achou que eu não iria dar conta, mas mostrei que dou sim. A gente dá muita risada junto, principalmente quando vamos fazer a lição. Para mim, todos os momentos que a gente passa junto é especial”.
Bruna e André. Pouca diferença de idade ajudou a criar um vínculo de amizade, Um não se vê longe do outro. “Para mim, todos os momentos que a gente passa junto é especial”
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Reflexão e Práxis
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A República da Espada 1ª parte
por pedro marcelo galasso
Obra em que Simone de Beauvoir narra os últimos anos da vida de Sartre Ingrediente alcoólico da caipirinha A tecla “apagar” em calculadoras Ocultos; escondidos Status da nação pertencente ao G-8 Aqueles que trabalham ativamente por uma causa Garboso
© Revistas COQUETEL
Órgão como a Aneel
O cavalo de pelo Técnica Projetou castanho manual de os jardins do Palácio escrita do Jaburu (Brasília) abreviada
Cidade colombiana rodeada pelos Andes
Modalidade de ginástica aeróbica
Gordura de porco Método projetivo de avaliação psicológica
Composto por estrelas Camada inferior da sociedade Caminhar
Telúrio (símbolo)
Corpo (?): é formado após a ovulação Víscera cuja unidade funcional é o néfron Hiato de “piegas” Sucesso do Patati Patatá
Margem, em inglês Cloro e iodo (Quím.)
Letra que, dobrada, forma dígrafo Traje de Cartunista (?), inforbrasileiro mação de convites
(?) de Uyuni, atração turística da Bolívia Série musical do canal Fox O âmbito de atuação do MST Elemento do elenco
A
T O R Recarga de artigos de limpeza Planta usada em tratamentos de beleza
Fixam o prazo Andar de bicicleta
Estatal italiana de rádio e televisão
Bebida das reuniões da ABL (?) Araújo, atriz Semelhante
Idioma das pregações de Cristo Ela, em inglês 9, em romanos 7
Solução B U A R D I O C O BE R A R AL L I T A I R O S B I O U E R L I E N M A R R A X I
U E N S T T O E N T O G L R U A T F E I O A T M AI S
T E E P S T E E S D T E E R AL O R R S CH A A L C O H E
BANCO
(?) Palmas, província espanhola
O G T A A L A
Rendimento de capital investido
L
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
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A A G C E E N RI C M I D ON A M I R A E E D G O U H A L D A P E D J U RO S A
assembléias provinciais foram substituídas por interventores. Em dezembro de 1889, marcaram-se eleições para uma Assembléia Constituinte, que seriam realizadas em setembro de 1890. Neste período acirra-se a luta pelo poder entre todo Governo Provisório. Para complicar ainda mais a questão o Ministério da Fazenda de Rui Barbosa, e suas ações como criação de tarifas alfandegárias, créditos, emissão de moedas, legislação das sociedades anônimas, somada a grande dívida herdada do Império, mais os altos gastos com mão-de-obra, serviram para desestabilizar mais ainda o governo recém formado. É preciso ter em mente que o final do séc. XIX é marcado pelo imperialismo, última fase do capitalismo financeiro, onde o mundo é dividido em países industrializados e países fornecedores de matérias-primas. O Brasil, graças a pressão norte-americana e inglesa, estava enquadrado neste segundo grupo de países; todas as tentativas de industrialização feitas por Rui Barbosa esbarravam em interesses estrangeiros que pretendiam fazer com que o Brasil permanecesse como um mero produtor de matérias-primas e dependente do capital e investimentos externos. Para complicar um pouco mais este quadro, Rui Barbosa decide pagar a indenização a todos senhores de escravos, o que contribuiu para abalar definitivamente o Tesouro Nacional. Além disso, com a abolição da escravidão aumenta o trabalho assalariado sem que o Brasil possuísse papel moeda suficiente para a circulação. A tentativa foi procurar empréstimos internacionais, sem obter sucesso devido a desconfiança com relação ao novo regime brasileiro. A solução foi emitir papel moeda, deixando de fora os bancos do estado de São Paulo. O dinheiro circulante aumenta, os negócios são reativados, mas a produção não cresceu no mesmo ritmo e a inflação aumenta a cada dia. O crédito fácil levou a especulação, que recebeu o nome de encilhamento. Rui Barbosa avaliou mal a situação do Brasil; se esqueceu que éramos um país recém-egresso do escravagismo; de que 3/4 do capital brasileiro estava ligado ao café; de que nosso mercado interno não seria capaz de acompanhar ou mesmo criar um processo de industrialização; além de subestimar as forças dos países industrializados que queriam manter o Brasil fora do processo de industrialização. E quando Rui Barbosa é derrubado, o Brasil continuou sendo um país dependente do capital externo, agrário e exportador. A elaboração do texto constitucional também foi conflituosa porque marechal Deodoro, os positivistas e setores do Exército queriam um regime centralizado, enquanto as oligarquias estaduais defendiam um regime federalista que asseguraria a estes uma maior participação no poder.
3/she. 4/edge — step. 5/salar. 9/donairoso. 10/halogênios.
Este início republicano no país corresponde a fase de controle dos militares, sendo conhecida ainda como República Jacobina, correspondendo a consolidação da república federativa frente as tentativas de restauração monárquica; com a chamada República Oligárquica, entre 1904 e1930, forma a República Velha. Antes do golpe, Quintino Bocaiúva, principal representante evolucionista republicano, conseguiu isolar os republicanos revolucionários, afastando suas teses do ideário republicano através de uma aliança entre os militares republicanos e setores moderados civis. Frente a tal cenário o Imperador nomeia u gabinete menos intransigente, liderado pelo Visconde de Ouro Preto, iniciador de um grande projeto reformista: concessão de autonomia às províncias e municípios, estabelecimento da temporalidade no Senado, elaboração de um código civil, reforma do Conselho de Estado, emissão de moedas,... No entanto, tal iniciativa nunca deixou de ser um mero projeto demagógico. Devido o engajamento dos militares, Visconde de Ouro Preto ameaça rearticular a Guarda Nacional. O golpe foi idealizado por Benjamin Constant e outros militares no Clube Militar do Rio de Janeiro, nos dias 8 e 9 de novembro; no dia 11, o marechal Deodoro aceita liderar o movimento, apoiado pelos civis Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo, Rui Barbosa e Francisco Glicério; no dia 14, o major Sólon Ribeiro espalha o boato de que o Visconde de Ouro Preto ordenara a prisão do marechal Deodoro e Benjamin Constant. Os militares, que estavam organizados em dois regimentos sediados em São Cristóvão, se rebelam na mesma noite e na madrugada do dia 15 de novembro, Deodoro assumiu o comando dos rebelados. Quando o Ministério da Guerra é cercado o conde D’Eu comenta: “Nesse caso a monarquia acabou”; ao mesmo tempo, Silva Jardim, José Patrocínio e Lopes Trovão dirigiam-se para a Câmara Municipal e organizaram um ato público decidindo o fim da monarquia e o advento do novo regime republicano. O Governo Provisório formado após o golpe congregava forças Exército, fazendeiros de café, camadas urbanas. Procurando conciliar os diversos interesses desses grupos sociais criando o seguinte ministério: ministro do Interior, Aristides Lobo; da Guerra, Benjamin Constant; da Marinha, Eduardo Wandenkolk; das Relações Exteriores, Quintino Bocaiúva; da Fazenda, Rui Barbosa; da Justiça, Campos Sales; da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Demétrio Ribeiro. As principais medidas do Governo Provisório foram a extinção da vitaliciedade do Senado, a separação da Igreja do Estado, a dissolução da Câmara, a expulsão da família real, a chamada grande naturalização onde todo estrangeiro residente no Brasil ganhou nacionalidade brasileira, estabeleceu a liberdade de culto e regulamentou o casamento. Todas as câmaras municipais e
Saúde
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Combate ao HIV Alteração em gene parece ajudar no combate ao HIV, portadores do vírus com a variante tiveram menos chance de desenvolver a Aids, pesquisa foi feita pela Fiocruz, no Rio, e analisou o DNA de mais de 200 pacientes soropositivos do Brasil
por REINALDO JOSÉ LOPES/FOLHAPRESS
Um grupo de pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio, identificou uma variante de DNA em portadores do HIV que parece estar relacionada a uma maior capacidade de resistência ao vírus da Aids. Conhecida como HLA-B*52, essa variante está presente com mais frequência entre os pacientes que ficam muito tempo sem apresentar sintomas da doença. Mais especificamente, as pessoas que carregam essa variação genética têm chance duas vezes maior de serem classificadas como “não progressores de longo prazo” “” termo usado para definir aqueles cujo organismo é capaz de controlar o HIV sem auxílio de medicamentos por mais de dez anos (há pacientes que carregam o vírus faz mais de 30 anos e ainda se encaixam nesse grupo). Segundo a bióloga Sylvia Teixeira, coautora do estudo publicado na revista científica “Genes and Immunity”, é importante ressaltar que se trata de uma associação estatística, e não de uma relação simples de causa e efeito. Os pacientes que carregam a variante não podem se considerar simplesmente “protegidos” da doença, lembra ela. “Também é preciso levar em conta características do vírus e todo o sistema biológico do indivíduo infectado”, diz. Sistema de alerta O gene HLA-B, no qual a variação foi encontrada em pacientes brasileiros, está entre os mais estudados pelos pesquisadores que buscam entender a relação entre as características genéticas humanas e a resistência ao HIV. Isso acontece porque esse gene contém a “receita” para a fabricação de uma molécula que é crucial quando o assunto é reagir a uma invasão do organismo. Quando o vírus invade uma célula humana, por exemplo, essa molécula pode se ligar a um fragmento do parasita e expô-lo na superfície da célula. Isso funciona como um sinal de que o invasor está presente, recrutando células de defesa que podem destruir a célula infectada ou coordenando outras reações do corpo contra a infecção. Os detalhes desse processo variam um bocado de pessoa para pessoa e de invasor para invasor “” os vários membros da “família” de genes HLA são extremamente variáveis em sua receita, provavelmente porque a seleção natural favorece essa variedade, já que ela dá ao organismo mais “cartas na manga” para enfrentar um vírus desconhecido, por exemplo. Por outro lado, isso também significa que às vezes a pessoa não possui as armas corretas para enfrentar certos invasores. “Outro alelo [variante], o B*35, é bem conhecido por estar associado à progressão rápida da Aids, provavelmente porque ele não é muito favorável à apresentação do antígeno viral [o pedaço exposto do vírus] para as células de defesa”, conta Teixeira. Diante desse quadro, a equipe da Fiocruz pôs-se à caça de associações estatísticas entre variantes do HLA-B e os vários tipos de resposta ao HIV. Eles começaram avaliando dados de cerca de 4.000 pacientes do Rio de Janeiro, mas acabaram analisando o DNA de 218 deles, cujos registros médicos eram precisos o suficiente para ter ideia clara da progressão da doença. A partir dessa análise, surgiu a associação estatística entre a progressão tardia da Aids e o HLA-B*52. Os números deixam claro que não se trata de uma proteção “mágica”. Entre os pacientes que desenvolvem a doença de forma rápida ou segundo a média dos soropositivos, cerca de 3% carregam essa variante; já entre os que demoram muito para sofrerem os efeitos do vírus, essa proporção é de 11% - bem mais comum, mas nem de longe algo que explique todos os casos. Para Teixeira, entender como essa resistência funciona deve ajudar os pesquisadores a otimizarem futuras vacinas anti-HIV, por exemplo, imitando, de certa maneira, a resposta otimizada ao vírus montada pelo organismo das pessoas que demoram a desenvolver a doença.
Crédito: Folhapress
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Momento Pet
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Hora do banho por Dr. André Alessandri
Bom dia meus queridos leitores! Hoje vamos abordar o tema “na hora do banho”, ou seja, algumas dicas para dar banho em seu animal na sua casa ou para levá-lo em um pet shop. Os banhos variam de acordo com as características de seu animal. Num cão de pelagem curta, a frequência de banhos pode ser um pouco menor, a cada 15 dias. Já os cães de pelagem longa exigem mais cuidados e banhos mais frequentes para que sua pelagem e pele sejam sadias, pois esses animais têm tendência de apresentar maior incidência de problemas de pele relacionados à sua higiene. Nesse caso, é recomendável o banho a cada 7 ou 10 dias e escovação diária. Lembre-se que os animais não devem tomar banho todos os dias, pois isso promoverá a morte de bactérias importantes responsáveis pela formação de uma camada protetora para seu animal. Seu animal pode começar a tomar banho úmido entre 45 a 60 dias de vida, contudo, há no mercado produtos conhecidos como “banho a seco” que já podem ser utilizados antes dessa idade, evitando o mau cheiro. Sempre tenha em mente alguns cuidados especiais: •escolha sempre as horas mais quentes do dia para dar banho no seu cão e já separe todos os objetos que será utilizados para evitar imprevisto;
•a temperatura da agua deve estar adequada para evitar queimaduras na pele e nos pelos. É necessário um cuidado especial para cães que já apresentaram problemas de pele, pois a sua pele é mais sensível que de outros animais; •no caso dos cães de pelagem longa, é indispensável o uso de condicionador, pois facilita o desembaraçar dos pelos, evitando a formação de nós, cuja retirada é dolorida e as vezes impossível, necessitando raspar o pelo para evitar inflamações; •os olhos devem ser protegidos na hora do banho, pois muitos shampoos podem causar irritação ao seu contato. Muito cuidado na hora de utilizar o secador ou soprador, pois o vento quente direto nos olhos pode causar úlceras de córnea e até deslocamento de retina. •os ouvidos devem sempre ser protegidos colocando algodões hidrofóbicos, evitando, assim, a entrada de agua e shampoo, que levam às inflamações conhecidas como “otite”. Em minha clínica, 90% dos casos de otite são causadas por falta dos devidos cuidados na hora do banho. Caso prefira levar o seu animal num pet shop, seguem dicas valiosas: •certifique-se que seu animal tomou todas as vacinas e está vermifugado, pois não sabemos a origem dos cães que frequentam o pet; •verifique se o pet shop possui um veterinário como responsável técnico; •o local do banho e tosa no pet shop
deve ser bem arejado e higienizado com produtos específicos; •são indicados locais que possuem vidros para que você possa enxergar seu animal tomando banho ou sendo tosado. •não deixe seu animal por muito tempo no pet shop, pois isso pode estressá-lo; •sempre pergunte à pessoa responsável se o animal está com pulga ou carrapatos; •Somente utilize shampoo terapêutico
em seu animal quando ele for indicado por um médico veterinário. Em nosso pet shop, utilizamos somente produtos de alta qualidade, sempre sob a supervisão de um médico veterinário. Os profissionais são orientados a relatar a um de nossos veterinários quando notarem qualquer alteração no animal. Boa semana a todos e bom banho para seus amiguinhos!
Luis Carlos e seu Maltês Tuti
Vanina e sua Golden Maya após o banho
Comportamento
Papel de Pai Livro mostra como a figura paterna ganhou espaço na ciência e na sociedade nas últimas décadas; hoje, eles se envolvem mais, mas ainda têm dúvidas sobre suas funções por JULIANA VINES/FOLHAPRESS
As mães podem até discordar, mas os pais já foram promovidos de coadjuvantes a atores principais na criação dos filhos. Pelo menos no campo científico, segundo o escritor americano Paul Raeburn, autor do recém-lançado “Do Fathers Matter?” ( “Os pais importam?”, sem edição no Brasil). No livro, Raeburn, que é jornalista de ciência, reúne pesquisas para advogar em defesa do papel do pai, da gravidez à vida adulta. Por exemplo: crianças cujos pais dividem as tarefas com as mães têm menos problemas de comportamento nos primeiros anos escolares. Mas a importância do pai nem sempre foi tema de estudo. “Há uma geração, a maioria dos especialistas duvidava que os homens contribuíssem com algo além do salário”, disse Raeburn à Folha. Só depois dos anos 70 que a psicologia passou a olhar a paternidade com outros olhos. “Estão descobrindo que os pais são ligados com os filhos de maneiras que ninguém imaginava”, diz ele. A descoberta não foi por acaso. As taxas de divórcio aumentaram, as mães que começaram a trabalhar fora pediram ajuda e a sociedade começou a questionar qual seria o papel dos pais, explica a psicóloga Milena da Rosa Silva, que pesquisa o tema e é professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Até hoje, definir a função paterna não é simples. “Estamos em um momento
de transição. Exige-se dos pais que eles participem mais, mas não fica muito claro o que eles devem fazer na prática.” FAZ TUDO No caso do administrador de empresas Maurício Danna, 41, até os compromissos da gravidez foram divididos. “Fui sozinho em reuniões de um grupo de grávidas porque minha esposa trabalhava. Até virei motivo de piada, porque pensavam que a grávida não existia e eu era um doido.” Ele e a esposa têm um “combinado” para cuidar da filha Malie, 2: a manhã é do pai e a noite é da mãe. “Eu a acordo, ajudo a se vestir, dou café da manhã, levo e busco na escola todos os dias”, diz. Para ele, pai e mãe têm o mesmo papel. “Somos dois atores principais, não há um principal e um coadjuvante.” É o que também pensa o fisioterapeuta Rodrigo Maia Caporossi, 33. “Não tem aquela história de o pai ficar com a parte legal e a mãe com a chata. Faço as duas coisas”, afirma ele, que divide com a ex-mulher a guarda do filho Lucas, 2. Mas tanto Rodrigo quanto Maurício não encontram muitos pais nos compromissos a que vão. “Tenho a impressão de que a maioria dos pais que conheço só ajuda as mulheres, ainda não dividem 100% as tarefas”, diz Rodrigo. Assim pensa a consultora de carreira Lisa Bueno, 40, que criou a página “Paternidade Ativa” no Facebook para militar contra o “pai-ajudante”. Em pouco mais de um mês arrebanhou 1.600 seguidores,
a maioria mulheres. “Os pais não são mais ativos muitas vezes porque as mulheres não querem perder o controle. Eu já tive essa postura de ‘o filho é meu’. As mães têm que deixar e insistir para que o pai participe.” A psicanalista Marcia Neder, autora de “Déspotas Mirins” (Zagodoni, 144 págs., R$ 34) concorda que o protagonismo dos pais, apesar de ser tendência, ainda é exceção, mas evita culpar a mãe. “Agora até o pai folgado é culpa da mãe? Não é assim. O pai que quer ser pai o é,
não precisa que a mãe deixe.” Para ela, não vale a pena discutir qual seria a função paterna porque os papéis podem e devem ser iguais. Na mesma linha vai a psicóloga Belinda Mandelbaum, professora da USP. “É claro que a relação da mãe com o filho não é igual a do pai. São pessoas diferentes, com jeitos diferentes.” Pesquisas à parte, esse seria o maior benefício de ter um pai presente. “A criança aprende que há várias formas de agir e pensar”, diz ela. Foto: Raquel Cunha/Folhapress
O administrador Maurício Danna, 41, que cuida da filha Malie, 2, pelas manhãs
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VW Fox
VW eleva sofisticação do Fox, o aproxima do Golf e quase ‘enterra’ o Polo por RODRIGO MORA/FOLHAPRESS
Embora os R$ 35,9 mil iniciais (versão Trendline 1.0) sejam compatíveis com os valores cobrados pelos concorrentes, o novo Fox pode chegar a exorbitantes R$ 63.540. O preço é resultado de um dos seus diferenciais -mas também da maior polêmica que envolve o lançamento. Sua lista de equipamentos é a mais ampla e diversificada do segmento. O novo Ford Ka, atual referência em equipamentos da categoria, traz controle de estabilidade e tração, mas deve ajuste de profundidade do volante e piloto automático, por exemplo. No novo Fox, é possível encontrar comodidades inéditas entre os rivais, como sensores de estacionamento dianteiro e traseiro. Há também luxos mais comuns aos médios, como teto solar. O problema é que quase tudo é cobrado à parte. Pelo GPS integrado, pagam-se R$ 3.050. O teto solar sai por R$ 2.470. Retrovisor interno antiofuscante? Tem, mas apenas num pacote de R$ 1.910 que inclui piloto automático, faróis de neblina e sensores de chuva e crepuscular. A polêmica termina no controle de tração, de série, mas desmembrado do controle de estabilidade, que sai por R$ 1.140. Há um motivo por trás da sofisticação do Fox: cedo ou tarde (mais cedo do que tarde), o Polo sairá de linha -a Volks não confirma. A atual geração vendida na Europa, uma à frente da nossa, não será comercializada por aqui, ao menos por ora. O compacto vende menos a cada ano. De janeiro a julho, foram emplacadas 2.054 unidades do hatch, ante 3.345 do mesmo período de 2013. Ainda que pesem a chegada de novos modelos e o mercado retraído, o fato de a mudança significativa mais recente no Polo já ter três anos é outra evidência de que seus dias estão contados. Portanto, caberá ao Fox não só o seu habitual papel de carro “popular”como o de hatch compacto premium, “esticando-se” até quase os domínios do Golf, que começa em R$ 67.790.
Fox supera sandero em consumo, desempenho e dirigibilidade
A amplitude da gama de equipamentos -e, consequentemente, de preços- fará com que o novo Fox enfrente rivais historicamente acima dele, como Ford New Fiesta, Citroën C3, Peugeot 208, GM Sonic e Fiat Punto. O primeiro desafio, no entanto, é encarar o Renault Sandero, rival também recentemente reformulado. Se a prioridade for custo-benefício ou espaço interno, o modelo de ascendência francesa deixa poucas chances para o Fox. Quem vai atrás tem 12 cm a mais para as pernas, além de mais espaço para os ombros. Sandero e Logan são uns dos poucos nacionais que levam decentemente três passageiros na segunda fileira. O porta-malas não é muito maior, mas faz diferença quando falta acomodar aquela última mala numa viagem com mais pessoas. Não abrir mão de ar-condicionado digital leva a riscar o VW da lista: opcional de R$
1.430 (levando o carro a um preço máximo de R$ 43.820) e que acompanha sistema multimídia com GPS no Sandero, nem sequer existe no Fox, que, vale lembrar, chegar aos R$ 63.540.
Cabine
No mais, o Volkswagen é um carro superior ao Renault. Desde a acomodação do condutor: embora tenha contra ele uma posição de guiar nada democrática, com a regulagem de altura do banco oferecida só nos modos “alto” ou “muito alto”, o Fox permite ajustar o volante em altura e profundidade -esta última inexistente no Sandero. O volante em si (o mesmo do Golf) também é melhor, com pegada mais anatômica e mais intuitivo na hora de controlar o sistema de som e o computador bordo. A impressão de refinamento fica longe da simplicidade da peça do rival. As duas marcas perderam a oportunidade de criar nichos mais eficazes: os porta-garrafas são pequenos e faltam mais porta-objetos entre os bancos dianteiros. Outro contraste de simplicidade e refinamento é notada no sistema multimídia. O do Fox tem visual e linguagem compatíveis com a atmosfera Volkswagen. No Sandero, a interface é fácil de ser operada, mas o aparelho aparenta não ser de fábrica.
bros. Sandero e Logan são uns dos poucos nacionais que levam decentemente três passageiros na segunda fileira. O porta-malas não é muito maior, mas faz diferença quando falta acomodar aquela última mala numa viagem com mais pessoas. Não abrir mão de ar-condicionado digital leva a riscar o VW da lista: opcional de R$ 1.430 (levando o carro a um preço máximo de R$ 43.820) e que acompanha sistema multimídia com GPS no Sandero, nem sequer existe no Fox, que, vale lembrar, pode chegar aos R$ 63.540. No mais, o Volkswagen é um carro superior ao Renault. Desde a acomodação do condutor: embora tenha contra ele uma posição de guiar nada democrática, com a regulagem de altura do banco oferecida só nos modos “alto” ou “muito alto”, o Fox permite ajustar o volante em altura e profundidade --esta última inexistente no Sandero. O volante em si (o mesmo do Golf) também é melhor, com pegada mais anatômica e mais intuitivo na hora de controlar o sistema de som e o computador bordo. A impressão de refinamento fica longe da simplicidade da peça do rival.
As duas marcas perderam a oportunidade de criar nichos mais eficazes: os porta-garrafas são pequenos e faltam mais porta-objetos entre os bancos dianteiros. Outro contraste de simplicidade e refinamento é notada no sistema multimídia. O do Fox tem visual e linguagem compatíveis com a atmosfera Volkswagen. No Sandero, a interface é fácil de ser operada, mas o aparelho aparenta não ser de fábrica. Por fim, a superioridade do Fox se confirma em movimento. Hidráulica no Sandero, a direção elétrica do Fox é naturalmente mais leve que a do rival nas manobras. Na estrada, o Fox foi mais suave: a 120 km/h, a sexta marcha permitiu que o motor girasse mais calmo, o que aliviou o ruído interno. No Sandero, a mesma velocidade parece ser mais incômoda para o carro, o barulho aumenta e o consumo, idem. O Fox não só tem uma marcha a mais como um câmbio de engates mais curtos, preciso e macios. O hatch da Volkswagen também andou mais e bebeu menos. Contudo, o novo Fox ainda tem desafios pela frente. O primeiro deles será não assustar o consumidor que ler na mesma frase o nome do carro e seu preço completo. Foto: Davi Ribeiro/Folhapress
Ao volante
Por fim, a superioridade do Fox se confirma em movimento. Hidráulica no Sandero, a direção elétrica do Fox é naturalmente mais leve que a do rival nas manobras. Na estrada, o Fox foi mais suave: a 120 km/h, a sexta marcha permitiu que o motor girasse mais calmo, o que aliviou o ruído interno. No Sandero, a mesma velocidade parece ser mais incômoda para o carro, o barulho aumenta e o consumo, idem. O Fox não só tem uma marcha a mais como um câmbio de engates mais curtos, preciso e macios. O hatch da Volkswagen também andou mais e bebeu menos. Contudo, o novo Fox ainda tem desafios pela frente. O primeiro deles será não assustar o consumidor que ler na mesma frase o nome do carro e seu preço completo.
Novo VW Fox ganha frente de Golf, rodas aro 16 e nova cor “Azul Acqua”; preços vão de R$ 35,9mil a R$ 63.540 Foto: Davi Ribeiro/Folhapress
Preço assusta
Equipamentos elevam Fox de classe, mas preço assusta, no comparativo, Renault Sandero ganha em custo-benefício e espaço interno. Completos, hatches têm diferença de quase R$ 20 mil; carro da Volks é superior em consumo e desempenho A amplitude da gama de equipamentos e, consequentemente, de preços-- fará com que o novo Fox enfrente rivais historicamente acima dele, como Ford New Fiesta, Citroën C3, Peugeot 208, GM Sonic e Fiat Punto. O primeiro desafio, no entanto, é encarar o Renault Sandero, rival também recentemente reformulado. Se a prioridade for custo-benefício ou espaço interno, o modelo de ascendência francesa deixa poucas chances para o Fox. Quem vai atrás tem 12 cm a mais para as pernas, além de mais espaço para os om-
Traseira adota lanternas na horizontal, como no Golf; hatch melhora com motor de 120 cv e câmbio de seis marchas
veículos eículos
Jornal do Meio 760 Sexta 5 • Setembro • 2014
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Saveiro ganha cabine dupla
Saveiro ganha cabine dupla, mas sem terceira porta, picape chega quase um ano depois da Strada com preços de R$ 47.490 a R$ 59.990; controles de tração e estabilidade são exclusividades por RODRIGO MORA/FOLHAPRESS
O atraso de quase um ano em relação ao lançamento da Strada cabine dupla, da Fiat, foi parcialmente compensado pela Volkswagen com equipamentos exclusivos. Na Saveiro, sair de uma situação em que apenas uma das rodas tem aderência é mais fácil: automaticamente, o sistema freia a roda que gira em falso e joga o torque para aquela que tem aderência. Não é preciso acionar o recurso, como o da Strada, e seu funcionamento ocorre a até 80 km/h, limite bem mais elástico que
os 40 km/h na picape da Fiat. A Saveiro também traz recursos de segurança como controle de estabilidade e tração, ausentes na Strada. Dinamicamente, a Saveiro Cross privilegia o prazer ao volante com um motor que, embora seja menos potente (120 cv ante 132 cv), é mais suave que o da Strada Adventure. A posição de guiar é mais confortável, com ajuste de profundidade do volante; na Strada, as regulagens são mais limitadas. O espaço traseiro é similar, com leve
vantagem para a Saveiro, que teve o teto elevado, além da janela basculante, que pode ser aberta. Na apresentação da picape, o suposto espaço para três ocupantes na fileira de trás era vendido como uma exclusividade da Saveiro. Mas é preciso definir quem serão os ocupantes: três crianças podem ser transportadas com certa folga, mas jamais dois adultos e uma criança, muito menos três adultos. Chegar depois não garantiu à Saveiro melhor acesso ao banco traseiro.
A Fiat encaixou na Strada uma terceira porta, no lado direito, que, apesar de não poder ser aberta sem que a do passageiro da frente também seja, evita contorcionismos de quem vai atrás. Na Saveiro, nem mesmo o banco da frente corre para a frente automaticamente quando o encosto é baixado. Assim como a concorrente, a Saveiro tem a opção da cabine dupla em todas as versões: Trendline (R$ 47.490), Highline (R$ 52.720) e Cross (R$ 59.990), valores são equivalentes aos da Strada. Foto: : Divulgação
Espaço é apertado para dois e impossível para três adultos
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Jornal do Meio 760 Sexta 5 • Setembro • 2014