Braganรงa Paulista
Sexta
21 Novembro 2014
Nยบ 771 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
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Para pensar
Jornal do Meio 771 Sexta 21 • Novembro • 2014
Aceitar, tolerar, acolher por Mons. Giovanni Baresse
Na semana que passou foi decretada a excomunhão de um sacerdote da diocese de Bauru. Já advertido pelo seu bispo e por organismos da diocese continuou a agir em não conformidade com as normas da Igreja. Agora se vê excluído da comunhão na Igreja. Se quiser voltar poderá fazê-lo desde que deixe comportamento e ensinamentos que firam a fé católica. Momento triste para seu bispo, seus irmãos de presbitério, para a comunidade eclesial. Pelos pronunciamentos que vi nos jornais ele declara que pretende continuar a sua estrada. Nestes dias, acompanhando uma reflexão sobre um documento da CNBB, ouvi que muitos têm dificuldade de entender textos ou conteúdo de uma mensagem porque não conhecem bem o sentido original das palavras. Penso que isso não é novidade. Mas é um obstáculo que é necessário ultrapassar para que não haja compreensões equivocadas. Em artigo anterior me referi a atitude do Papa Francisco que afirma a necessidade de acolher as pessoas nas situações em que se encontrem. Abordei, particularmente, a dúvida que alguém apresentou sobre uma possível aprovação da união estável homossexual. De maneira mais rápida falei das
situações de uniões não sacramentais. Estes temas estão presentes na dissidência do padre de Bauru em relação à postura da Igreja. Retorno ao assunto porque os três verbos que dão título a estas linhas trazem em si nuances que, se não forem bem distinguidas, gerarão confusão. E me parece que isto está na base do procedimento do padre afastado da vida eclesial e no modo de pensar de muita gente. Vamos ao dicionário: o verbo aceitar indica a ação de consentimento em receber o que é dado ou oferecido; ter como legítimo ou verdadeiro; estar de acordo ou conformar-se. Por sua vez o verbo tolerar fala de suportar; aceitar; consentir. Finalmente o verbo acolher diz oferecer ou obter refúgio; abrigar, amparar; dar hospitalidade. Creio não se possa negar certa semelhança entre eles. Se não se for à raiz chegar-se-á a confusão de conceitos e comportamentos. Diante das situações que não correspondem ao seguimento de Jesus Cristo na Igreja pode-se muito bem confundir acolhida com tolerância e aceitação. É preciso que o verbo acolher não sofra a ingerência da aceitação e da tolerância. São coisas bem diferentes. Aceitar significa incluir realidade diversa sem que se faça distinção entre uma convicção
vivida e a “novidade” que chega. Tolerar significa admitir, suportar convicção diversa. Acolher tem outra dimensão. Nem aceita nem tolera. Vê a pessoa na sua situação é acolhe pelo fato de ser pessoa. Busca a proximidade para que a atitude acolhedora aponte para a realidade mais profunda que é a expressão de amor que não julga. Quer fazer sentir que há uma realidade maior que o fato concreto que possa trazer diferença ou dificuldade de convivência. Não tem a preocupação de apontar a diversidade de comportamento como barreira. Quer antes demonstrar que, acima da situação pessoal, está a disposição de ver o outro como alguém com quem se pode partilhar uma série de valores. Esta tem sido a tônica do Papa Francisco. A atitude inicial é de ir ao encontro dos que pensam e agem diferentemente. É não colocar o muro da separação para quem está buscando alguma coisa. Para quem dentro de determinada situação anda querendo receber um sinal de que Deus não se esqueceu dele ou dela. As afirmações doutrinárias não fazem parte do primeiro encontro. Este é destinado a fazer viver a certeza de que se é amado e compreendido. Permito-me aqui lembrar a admoestação que nos é feita a
todos nós membros da Igreja e, de modo especial, aos pastores: não se acolhe as pessoas com volumes de preceitos. Haverá momento para aclarar as situações à luz dos princípios da fé e opção religiosa. O primeiro encontro deve ser sempre marcado pelo interesse sincero de ouvir a história e as razões de cada pessoa. Acolher os seus anseios. Buscar juntos a possibilidade de que nunca apareça a rejeição ou a falta de vontade de fazer aquilo que é possível. Fica, portanto, claro que a acolhida a alguém não significa aceitar ou tolerar situações vivenciais que contrariem aquilo que se crê. A acolhida está relacionada à pessoa. O seu fato vital será conversado em outro momento. Esta atitude não significa fazer menos a crença dos princípios religiosos. Trata-se, antes de tudo, de dizer a quem não os comunga ou deles tem uma visão limitada que isso não impede de amar, de querer o seu bem. Quando uma pessoa se sente amada ela é capaz de aceitar que determinadas normas tem o direito de existir e que podem marcar a vida das pessoas. Na aceitação e na divergência. Podemos aceitar negativas quando colocadas no contexto do respeito e do amor. A Igreja, pela fidelidade a Jesus Cristo, deverá sempre dizer o que
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
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é ou não conforme ao seguimento do Mestre. Mas deverá também dizer àqueles que têm dificuldade de fazer o mesmo caminho que são também amados por Deus e queridos como irmãos e irmãs. Rezo para que o irmão excomungado reveja seu posicionamento. Que ele não deixe de buscar caminhos, mas que estes não o afastem do Senhor e da sua Igreja!
Jornal do Meio 771 Sexta 21 • Novembro • 2014
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Jornal do Meio 771 Sexta 21 • Novembro • 2014
por Shel Almeida
A data marcada como Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, faz referência à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e à resistência de um povo que não aceitava ser subjugado e escravizado. Não é uma data a ser comemorada. É uma data a ser lembrada, analisada, entendida e compreendida. É uma data para falar do passado vergonhoso de um país que, durante 388 de seus 514 anos, arrancou africanos contra a vontade de suas tribos, de suas nações e os manteve em condições degradantes, tirando-lhes o direito à humanidade, à história, à memória, apagando sua existência e os delegando à condição de seres humanos escravizados. A escravidão foi o ato mais cruel da história da humanidade e falar em Dia da Consciência Negra é colocar o dedo na ferida e assumir que, sim, temos uma dívida imensurável com a população negra que há apenas 126 anos teve o direito à liberdade alcançado com a abolição da escravatura, mas que a igualdade de fato, nunca conseguiram atingir. Falar em Dia da Consciência Negra é compreender que não existe “dia da consciência humana” pelo simples fato que ao branco foi concedido o privilégio de ser branco, o privilégio de não ser julgado pela cor de sua pele, de não ser tratado como inferior, de não ter que provar o tempo todo de que é capaz, de que é confiável, de que merece respeito simplesmente porque é um ser humano, de que é gente, de que é uma pessoa. Falar em Consciência Negra é entender as diferenças que nos cercam e compreender que isso reflete em nossas vivências. É perceber que o preconceito atinge as minorias sociais e que, se é tão desejável assim que haja uma “consciência humana”, então que cada um assuma a responsabilidade por seus atos e assuma seus privilégios. E que lute para que todos os cidadãos tenham condição de vida de fato igualitária, respeitando e entendendo o passado histórico de cada país. Ter “consciência humana” é aceitar que o racismo é um problema de todos e que precisa ser combatido, enfrentado, apontado e discutido.
Clube 13 de Maio e ARCAB Para debater sobre a data o Jornal do Meio conversou com a Sra. Izilda Toledo, maior representante do Movimento Negro em Bragança Paulista e responsável pelo Clube 13 de Maio e pela ARCAB - Associação Recreativa e Cultural Afro- Brasileira. No dia em que conversamos com D. Izilda, 15 de novembro, o Clube completou 80 anos de existência. Remanescente do Clube dos Escravos, o 13 de Maio marcou época, com diversas atividades voltadas à população negra, que era impedida de frequentar outros clubes da cidade, como Literário, por exemplo. Hoje a ARCAB é mantenedora do 13 de maio. Quando foi criada a associação realizava as atividades em praça pública. “A ARCAB vai completar 27 anos de fundação e nunca teve sede própria. Começou aqui na garagem da minha casa, foram 15 anos de rua, era na pracinha aqui perto a nossa mobilização, uma série de voluntários, famílias inteiras participam. Sempre buscávamos uma espaço. Quando íamos atrás do poder público sempre recebíamos a resposta de que já existia um clube de negros, para que outro? O 13 de Maio tinha parado suas atividades,
porque nessa época já era permitido que negros frequentassem os demais clubes, então deixaram de frequentar. Fomos procurados para dar continuidade e manter o espaço. Pelo estatuto éramos realmente a única instituição indicada a dar continuidade. E assim aconteceu da ARCAB se tornar mantenedora do clube”, conta. A ligação de D. Izilda com o Clube 13 de Maio vem da infância, Mesmo vivendo e São Paulo, sempre ouviu a mãe e as tias falando das festividades do clube. “O 13 sempre fez parte da família. Sempre que eu vinha passar férias aqui eu ouvia minha mãe e minhas tias contando sobre os bailes que participavam, Tanto fez parte que nós tivemos as três gerações, coincidentemente, casando lá, minha mãe, eu e minha filha. E hoje a responsabilidade do clube ficou para gente. Existe algo assim de raiz, não é simplesmente achar que aconteceu, a gente quer crer que o universo tem sua maneira de trabalhar. Eu sempre me questionava, porque é um trabalho bastante árduo, solitário e de difícil entendimento, É até estranho da gente saber que eles conseguiam ser uma sociedade tão ativa e produtiva para época. O Clube tinha teatro, o carnaval de Bragança eram eles que organizavam, é uma história forte. E por ele ser remanescente do clube dos escravos, isso nos trouxe um aprofundamento maior de busca, de resgate e de preservação da história, que a gente continua até os dias de hoje para que essa história não morra, porque é memória”, fala D. Izilda.
D. Izilda e a família. Ativismo no Movimento Negro já está sendo passado para a 4º geração.
Lei 10.630/03 “Tudo isso a gente quer fortalecer, focando nessa parte histórica e fazer com que seja cumprida a a Lei 10.630/03, que existe há 11 anos e que traz como obrigatoriedade introduzir na educação a história da África e da cultura afro-brasileira. Depois essa lei foi fortalecida pela Lei 11.645/08 que acrescenta a cultura indígena. O que assistimos é uma resistência muito grande. A gente sabe da dificuldades que os educadores enfrentam hoje, mas isso não podia ser deixado de lado. Historicamente já sabemos de toda essa problemática do negro se tratando de Brasil. O país é novo, foram anos de escravidão, então para desconstruir toda essa história nós vamos levar muito mais tempo. Eu talvez nem veja. Estou acompanhando algumas conquistas, mas é uma luta árdua, de 24 horas por dia. Mas é preciso que se entenda: não se constrói uma história que diziam que não existia, porque até então o que houve foi o apagamento. Abolirão a escravidão e o negro ficou como? Qual foi o benefício deixado para esse negro? Ele é tido como inferior, como sub-servente e ainda por cima é visto como um povo que não existe porque não tem história. Então, reconstruir toda essa história, buscando todos esses valores que existem dentro do cultura afro-brasileira é realmente algo que vai levar tempo”, fala. O apagamento da história e cultura do negro no país é tão grande e perverso que não se admite que tantas nuances deixadas pelo povo africano na cultura brasileira seja reconhecida como tal. São enaltecidas as referências e influências europeias e ignoradas a autoria de influências africanas, isso quando essas não são marginalizadas e/ou repudiadas. Dos descendente europeus é concedido o direito de buscar e conhecer a própria
Grupo de Dança Afro da ARCAB - Ano 2000
O Cursinho Projeto EDUCAR-CAB, da ARCAB começou na garagem da casa de D. Izilda, e se consolidou após uma parceria com a Diretoria de Ensino e o EEMABA, encerrando-se no ano de 2008.
Fachada externa da atual sede do Clube 13 de Maio, no Matadouro
Jornal do Meio 771 Sexta 21 • Novembro • 2014 história. Dos descentes de africanos foi arrancado à força o direito de saber sobre os antepassados. Isso, não há abolição capaz de resgatar. Para contribuir com essa mudança, pelo menos na cidade, a ARCAB tem um projeto para acontecer a partir de 2015, em parceria com as Secretarias de Educação e de Cultura e a Diretoria de Ensino, de oferecer instrumentos para que as escolas da rede pública e particular conheçam e estudem a história do negro em Bragança. E, também em 2015, o concurso estudantil anual realizado pela ASES - Associação do Escritores de Bragança Paulista, terá como tema “A verdadeira história do negro em Bragança Paulista - Histórias e Memórias”, como celebração do que será oferecido aos alunos no decorrer do ano, por meio do projeto. O que a ARCAB pretende com o projeto de levar a história da cultura afro-brasileira às escolas é tentar quebrar o estigma deixado pelo racismo no Brasil. “É preciso levar conhecimento e conscientização. O racismo, ele judia, ele mata. Você não faz ideia de quanto uma ação de desqualificação de uma pessoa negra pode fazer mal na vida de ser”, afirma.
Clube dos Escravos Um dado histórico sobre Bragança e que quase ninguém conhece, devido ao já citado apagamento da memória do negro, é o fato de que a cidade foi a única do Brasil e possivelmente do mundo que manteve um “Clube dos Escravos” antes mesmo da abolição. Fundado em 14 de Outubro de 1881, Dona Izilda descobriu o feito há um tempo relativamente recen-
te, 15 anos. graças a um jornalista que encontrou informações em impressos da época e lhe avisou. De acordo com informações do site dos Clubes Sociais Negros do Brasil, o Clube dos Escravos de Bragança “destacou-se pela criação de uma escola primária para escravos, trabalhos para a extinção da escravatura em todo o Brasil e a facilitação da fuga das fazendas. A extinta Associação ficava localizada na Rua Santa Clara entre as Ruas Dr. Cruz e Nicolino Nacaratti. Relatos da época dizem que cerca de 40 escravos frequentavam a escola. Um lampião de querosene permitia que as aulas fossem realizadas no período noturno. O fato inédito de um Clube como este ter sido criado, chamou a atenção no país e até do mundo, que vez ou outra, doações eram recebidas por simpatizantes a causa abolicionista para que este trabalho tivesse continuidade. Como era de se esperar, escravocratas, autoridades e a sociedade de maneira geral, não aprovavam a idéia do Clube, que numa noite foi atacado pela polícia e após 5 anos de sua fundação, foi fechado tendo suas atividades encerradas. “Para gente foi um surpresa não apenas pela descoberta do fato, mas também por ver que as histórias da ARCAB e do Clube dos Escravos se assemelham no sentido de que foram criados para oferecer estudo. No Clube era para que eles pudessem comprar a carta de alforria e na ARCAB, o grupo de estudos que funcionava na minha garagem no anos 1990, foi capaz de auxiliar diversos estudantes a chegar a uma universidade”, conta.
Demonstração dos Clubes Sociais Negros - Década de 50
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Fachada externa da atual sede do Clube 13 de Maio, no Matadouro
Fachada externa da antiga sede do Clube 13 de Maio, no Matadouro
Cordão do Clube 13 de Maio no Carnaval - Década de 50
Preparação para o Desfile do Cordão do 13 - Carnaval na década de 50
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Comportamento
Jornal do Meio 771 Sexta 21 • Novembro • 2014
Regras da conquista virtual Em livro, matemático fundador de site de namoro revela curiosidades sobre o comportamento de quem busca um relacionamento on-line
por JULIANA VINES/FOLHAPRESS
ter filhos ou não, pergunte se ele
para um experimento sobre “contágio
gosta de filmes de terror e se já viajou para
emocional”. A chefe operacional da rede
o exterior sozinho.
social se desculpou publicamente.
Em três quartos dos casais “duradouros”
No caso de Rudder, muitas das estatísticas
formados pelo site americano de encontros
citadas no livro só foram obtidas porque
OKCupid, as duas pessoas deram a mesma
ele tem total acesso a dados privados
resposta a essas perguntas.
dos usuários.
O cálculo é do matemático americano
“Aceitamos fazer parte de experimentos
Christian Rudder, 39, um dos fundado-
quando entramos nesses sites. Ninguém lê,
res do OKCupid e autor de “Dataclysm:
mas está nos termos de adesão. Abrimos
Who We Are (When We Think No One’s
mão de parte da nossa privacidade em
Looking)” “”algo como “Dataclisma: Quem
troca de estar nas redes sociais”, afirma
Somos Quando Pensamos que Ninguém
Raquel Recuero, pesquisadora na área de
está Olhando”.
redes sociais e professora da Universidade
No livro recém-lançado, ele analisa dados
Católica de Pelotas.
de usuários de redes sociais e do próprio
Em páginas e aplicativos de namoro, os dados
site --Rudder estima que, só neste ano, 10
dos usuários são convertidos em algoritmos
milhões de pessoas usarão o OKCupid--e
para facilitar a busca pelo parceiro.
faz revelações curiosas.
Em suas análises, Rudder descobriu que
Além de descobrir que perguntas sobre o
as pessoas são mais exigentes em sites de
cotidiano ajudam mais na escolha do parceiro
relacionamento do que na vida off-line. Além
do que questões “sérias”, Rudder afirma que
de preferências pessoais, tendências gerais
fotos com flash fazem com que a pessoa apa-
de comportamento ajudam a determinar
rente ser sete anos mais velha e que asiáticos
o “par ideal”.
sempre se descrevem com a frase “alto para
“A maioria dos homens prefere mulheres
um asiático” (veja mais ao lado).
mais novas, então os perfis já vêm configu-
Curiosidades à parte, o objetivo de Rudder
rados para exibir na busca mulheres mais
é ambicioso. Ele defende uma ciência que
jovens”, afirma Gaël Deheneffe, diretor de
desvende o comportamento a partir dos
produtos do site ParPerfeito.
rastros deixados por na internet, os dados
Formação e o fato de a pessoa morar so-
conhecidos como “big data”.
zinha também são critérios importantes
“Os dados das interações on-line têm um
para os brasileiros.
alcance mais amplo do que qualquer amos-
De acordo com Deheneffe, a pré-seleção
tra de laboratório e são mais honestos do
feita pelo site ajuda. “Se não diminuirmos
que qualquer pesquisa com questionários,
o universo de usuários, você não encontra
porque as pessoas são mais sinceras na
ninguém. Os algoritmos estão aí para
internet, agem livres de qualquer julga-
multiplicar os encontros.”
mento”, disse Rudder em entrevista à
Para a psicóloga Ana Luiza Mano, do
Folha, por e-mail.
Núcleo de Pesquisa da Psicologia em
www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL
Dilma Rousseff, Obama ou A de limão Peça que Michelle é usada serve de apoio Bachelet em doces
Frank (?): gravou "Wave", de Tom Jobim
Significado do "C", em COB
Lâmpada, em inglês
Fazer fluir (o trânsito)
(?) Lisboa, atriz Inato; congênito
Estado cuja capital é Cuiabá (sigla)
Trecho de viagens Pretensiosa (pop.)
Alex Escobar, jornalista Amarrado
Idioma conhecido como "a última flor do Lácio" Tristezas; mágoas São produzidos junto com aplausos
Sensação Recipiente da pele de refri- exposta gerantes ao sol
Que não se estraga com facilidade "Desenvolvimento", em BNDES
Estigma da Justiça brasileira que estimularia a im- Que torna punidade público Modifi- Sucesso de Djavan cada
O rio assoreado, pela profundidade
BANCO
Conjunto de quinhentas folhas de papel
Olegário Mariano, poeta pernambucano
Anno Domini (abrev.)
Câmara que sabatina os ministros indicados ao Supremo, no Brasil (Polít.)
Avenida (abrev.) Procrastinar
Lídio Toledo: médico da Seleção de futebol em várias Copas
Símbolo de "bit" (Inform.)
Número de sobrinhos de Donald (HQ) 16
ritmo que pode ajudar a encontrar um
Para o sociólogo Dario Caldas, consultor
parceiro pode afastar a pessoa ideal ao
de tendências do Observatório de Sinais,
reduzir as possibilidades.
as questões éticas ao lidar com o “big data”
“Na vida real, eu poderia conhecer um
não estão claras.
japonês e ver que ele é superbom de papo,
“Esses dados oferecem como possibilidade
mas nesses sites pode nunca aparecer
a identificação de padrões que seriam difí-
um japonês na lista porque eu não ‘curti’
ceis de serem obtidos de outra forma. Mas
nenhum e disse que quero um loiro de
o acesso é restrito --quem tem ganhado
olhos azuis. Quem disse que sabemos o
com isso até agora são as empresas e os
que queremos?”
governos.” Por exemplo: recentemente, o Facebook
Dataclysm
esteve envolvido em polêmica por tentar
Editora: Crown Preço: R$ 17,18 (e-book)
Pedido de prefeitos a governadores
Gritos de leões e tigres
Solução R T E M P A E S A S E A D T E A V D E O R B D A E S
Dilemas éticos
Informática da PUC-SP, o mesmo algo-
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
S M I D E N N L A A R T T U G U R G U R AL A DI O M I S TE N I S I D A E L A D NA I D E L A O T R
usuários com posts negativos e positivos
E P R E S A C E S C O P O R A M A I L A T A R E S D S M O R O R E V S I R E M O R A S
manipular o humor de quase 700 mil
encontro se seu pretendente quer
4/lamp. 7/sinatra. 9/revelador. 10/presidente. 15/repasse de verbas.
Em vez de perguntar já no primeiro
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Momento Pet
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Animais idosos por Dr. André Alessandri
Bom dia meus queridos leitores! Hoje vamos falar de um tema muito interessante. Graças aos maiores cuidados que os donos têm com seus animais, é cada vez mais comum recebermos proprietários trazendo seus animais idosos para cuidados específicos. Atualmente, a vida media de cães e gatos gira em torno 10 a 15 anos. No passado, eles raramente conseguiam chegar até essas idades. Há um relato de um cão boiadeiro australiano (blue hiller), raça bem popular em nossa região, que viveu por 29 anos, sendo o cão mais velho até hoje relatado. Meu cão é um idoso, e agora? Calma isso não é uma doença, mas sim um processo biológico e muito bonito, é o amadurecimento do seu animal, o qual nos suscitará a mudança de alguns hábitos que costumamos fazer com eles, que podem se tornar perigosos devido à sua nova condição fisiológica. Algumas dicas : • Evite caminhadas muito longas, pois os cães idosos podem apresentar problemas articulares como degenerações, discopatias etc. • A alimentação deve ser mudada para rações sênior, que possuem uma dieta mais equilibrada e de melhor absorção para animais mais velhos. A idade que eu indico para essa mudança é, geral-
mente, após os 8 anos de idade . • Evite mudar seu animal de ambiente, mas se isso não for possível, evite ambientes com escadas ou rampas e pisos lisos. É importante ter um abrigo arejado e com muita sombra, pois eles têm a tendência de ficar mais tempos deitados e dormindo . • Leve sempre ao seu médico veterinário para uma avaliação e chek up. Isso pode evitar problemas que não são diagnosticados sem exames. • Sempre escove seu animal, mesmo se ele for de pelo curto, pois isso ajuda na circulação da pele e proporciona uma qualidade de vida mais saudável. • Aos dentes deve ser dada uma grande atenção, devido ao acúmulo de placas bacterianas, tártaro (dente fica marrom), o que pode causar infecções como gengivites e até a perda desses dentes, se não removidas. • Evite colocar outro animal, como um filhote, no ambiente em que seu animal vive por mias de 10 anos sendo ele a atenção e agora tendo que ser dividida com outro animal. Sempre dê o melhor para seu animal. Seja sensato com ele até nas situações que nos causam certos desconfortos, pois o carinho deles nunca vai mudar por nós. E não se esqueça, o melhor tratamento é sempre a prevenção.
Gislaine e sua Catuxa, de 19 anos!
O cão Urso, do proprietário Alexandre
Antenado
Sobre a ditadura
Paulo Markun reúne o melhor da produção sobre a ditadura, apesar de fazer boa síntese, livro ‘Brado Retumbante’ peca pelo detalhismo
por OSCAR PILAGALLO/FOLHAPRESS
No ano em que se completa meio século do golpe
vários livros sobre história do Brasil e militante comunista
Brado retumbante
militar de 64, o jornalista Paulo Markun publica
durante a ditadura, Markun soube contar uma história
Autor: Paulo Markun
a mais abrangente história da ditadura em que o
que ele estudou e viveu.
Editora: Benvirá
Brasil esteve mergulhado nas duas décadas seguintes.
Vlado
Editado em dois volumes, “Brado Retumbante” é o desdobramento de um projeto lançado em site homônimo
O jornalista aborda discretamente sua participação
há três anos, que reúne memórias de personagens que
no combate ao regime militar, que o levou a ser preso
viveram o período.
em 1975, na mesma ocasião em que Vladimir Herzog,
Os depoimentos, apesar de não contribuírem para uma
seu amigo e correligionário, foi morto pelas forças da
nova perspectiva do regime de exceção, emprestam
repressão, assunto sobre o qual ele se debruçara em
frescor à narrativa.
“Meu Querido Vlado”.
A maior qualidade da obra é a reunião criteriosa da
O fato de Markun conhecer por dentro o Partido Co-
melhor produção sobre a ditadura nos últimos anos, de
munista é responsável por boas passagens de “Brado
reportagens a teses acadêmicas e biografias. São textos
Retumbante”. No primeiro volume, ele explica como
de mais fôlego, mas com um recorte mais específico.
o Partidão, considerado reformista, perdeu influência
Para um trabalho que vale sobretudo pela grande sín-
sobre jovens de esquerda que preferiram o radicalismo
tese, no entanto, “Brado Retumbante” peca às vezes
da luta armada.
pelo detalhismo.
No segundo, o autor mostra como a atitude conciliadora
A luta armada e a campanha a favor das eleições di-
dos comunistas, que os levou a apostar que a ditadura
retas, para citar dois exemplos, são temas tratados
acabaria com uma solução negociada, afastou o partido
com minúcias que parecem excedentes num livro que
da campanha das Diretas.
pretende captar o todo. Pinceladas mais largas talvez
Num dos depoimentos mais reveladores, Alberto Goldman
propiciassem maior percepção do conjunto.
(na época deputado federal pelo PMDB e militante do
A opção de privilegiar o factual em detrimento da análise
PCB) nega a importância da campanha, com o argumento
também não ajuda na visualização do painel oferecido
de que a realização de eleições diretas era inexorável.
ao leitor. Embora a própria justaposição de fatos indique
“Brado Retumbante” é uma boa porta de entrada para
determinada visão dos acontecimentos, ela não chega
quem quiser conhecer melhor a história da ditadura
a substituir a interpretação, que ficou confinada num
militar.
Quanto: Volume 1: R$ 37,90 (424 págs.). Volume 2: R$ 37,90 (480 págs.) Avaliação: bom Foto: Isaias Feitosa/CPDOC JB/Divulgação
pequeno capítulo. Nada disso, porém, diminui o interesse do relato. Ex-
Oscar pilagallo é jornalista e autor de “História da Im-
-apresentador do “Roda Viva”, da TV Cultura, autor de
prensa Paulista” e “A História do Brasil no Século 20”.
Comício das Diretas Já, com 70 mil na Praça da Sé, em 1984
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Veículos
Jornal do Meio 771 Sexta 21 • Novembro • 2014
O próximo passo Já é possível comprar um carro elétrico, mas falta de estrutura para recarga é entrave para frota crescer
por RODRIGO MORA/FOLHAPRESS
Há três meses, o BMW i3 inaugu-
em um futuro eletroposto da CPFL será
rou oficialmente a venda de carros
diferente de recarregar o veículo numa
puramente elétricos no Brasil.
estação da Eletropaulo, por exemplo. E,
Isso significa entrar em uma concessionária
por enquanto, não há uma conversação
e sair de lá com um automóvel licenciado
entre elas”, explica.
movido a eletricidade -bem diferente de
Outra questão abordada por Moreira é
tentativas anteriores, como a do indiano
como pagar pela energia: “Quem paga
REVAi, que se revelaram mais um exercício
o quê, quando e pra quem. O lojista tem
de marketing do que alternativa real aos
que saber de onde receberá e o consumi-
modelos a combustão.
dor deve saber o que -e para quem- está
Embora não seja a primeira a importar um
pagando”.
elétrico, a marca alemã é a única atualmente a vendê-lo para o consumidor final.
Audi a3 e-tron
A Renault, por exemplo, já comercializou
Onde havia um conta-giros, agora existe um
mais de 70 carros em um ano. Porém,
mostrador complexo e que exige convívio
servem apenas a empresas (como FedEx
para ser compreendido. Isso ocorre porque
e Natura) ou a órgãos governamentais
o Audi E-Tron vai além do funcionamento
-parte da frota dos Correios é composta
convencional dos híbridos. O condutor
pelo Kangoo Z.E. (emissão zero), enquan-
pode selecionar se quer o carro rodando
to a Prefeitura de Curitiba (PR) usa os
apenas no modo elétrico, no combinado,
compactos Zoe e Twizy.
ou só com o motor a combustão, a fim de
Algo similar faz a Nissan no Rio de Ja-
economizar bateria para o uso urbano.
neiro, onde 15 unidades do Leaf operam
Exceto pela ausência do ronco do motor,
como táxi e outros dois como veículos da
a sensação ao volante é quase a mesma
Polícia Militar.
do A3 convencional, seja pelo comporta-
Priorizar a venda de elétricos a empresas
mento esportivo ou pelo luxo na cabine.
e órgãos oficias expõe os entraves estru-
Mas tudo tem seu preço: o valor estimado
turais do país.
do E-Tron é de R$ 180 mil, enquanto a
“Vamos implantar a infraestrutura só depois
configuração TFSI sai por R$ 99,9 mil. E
que já tivermos os elétricos nas ruas, ou
a capacidade do porta-malas foi reduzida
construí-la justamente para atraí-los?”,
para acomodar a bateria, caindo de 380
questionou Felipe Martins Francisco,
para 280 litros. No entanto, a autonomia
engenheiro da Schneider Electric, duran-
combinada de até 940 km deve compensar
te o simpósio sobre elétricos e híbridos
o aperto das bagagens.
promovido nesta semana pela SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade).
Foto: Divulgação/Folhapress
Chevrolet volt
Abastecimento
A GM vende o Volt como um elétrico, mas,
Formar uma rede extensa de eletropostos
mais inteligentes, diga-se. Isso porque
para recarga dos elétricos não é o único
o motor a combustão funciona apenas
desafio a ser vencido por esses carros
como gerador para as baterias, e não
“verdes”. Há questões como o custo da
como propulsor. Assim, sua autonomia
energia, o tempo de recarga e até o pa-
pode chegar a 544 km, segundo a marca.
drão das tomadas que cada veículo deve
A alavanca “integrada” ao console, os bo-
atender.
tões sensíveis ao toque e o painel digital
Guilherme Moreira, diretor da Ekatu
remetem a filmes de ficção científica. Em
Energia (empresa especializada em so-
movimento, basta pisar no acelerador para
luções energéticas), também questiona
que os 37,7 kgfm de torque catapultem o
como será a tecnologia por trás do simples
Volt, sempre em silêncio. A falta de ruídos
abastecimento.
só é substituída por um desagradável
“Não vejo ainda uma discussão a respei-
barulho contínuo e monocórdio quando
to da câmara de compensação entre as
o motor 1.4 turbo a gasolina entra em
concessionárias de energia. Abastecer
ação para recarregar as baterias.
BMW I3 Foto: Divulgação/Folhapress
AUDi A3 E-TRON Foto: Divulgação/Folhapress
na essência, ele é um híbrido. E um dos
CHEVROLET VOLT
Veículos
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Jornal do Meio 771 Sexta 21 • Novembro • 2014
Híbridos lideram a
“corrida elétrica” Movidos por eletricidade ou combustível, modelos têm mais autonomia que aqueles que dependem das tomadas, híbridos têm produção mais cara e funcionamento complexo, mas não deixam usuário na mão
por RODRIGO MORA/FOLHAPRESS
Embora os primeiros elétricos e híbridos (movidos ora por eletricidade, ora por combustível fóssil) tenham surgido no século retrasado -o primeiro híbrido do mundo, o Lohner-Porsche, é de 1898-, somente agora eles encontraram alguma viabilidade comercial e operacional. Ainda assim, enfrentam limitações. As principais são a baixa autonomia no modo elétrico e o preço elevado. Por exemplo, o Ford Fusion Hybrid (190 cv), disponível no país desde a geração passada, custa R$ 20 mil a mais que o modelo turbinado 2.0 Ecoboost (240 cv), que é vendido por R$ 108,7 mil.
Elétricos x híbridos
Se hoje os consumidores se debruçam sobre as vantagens de um SUV, um sedã ou um hatch, em breve terão que decidir quem atenderá suas necessidades: um carro movido apenas a energia elétrica ou aquele que combina as duas fontes propulsoras. Por enquanto, os híbridos levam vantagem. No test drive promovido pela SAE no campo de provas da Chevrolet, Audi E-tron, Chevrolet Volt, Toyota Prius e Lexus CT200h podiam ser experimentados por quanto tempo fosse necessário. Os híbridos jamais pararam de funcionar, já que as baterias eram reabastecidas pelo motor a combustão e pelos freios regenerativos. Já o elétrico Renault Zoe, um dos mais disputados, logo teve de ser encostado por falta de energia. O porta-malas até trazia o recarregador, mas ali era inútil. Em uma pista de testes, tomadas são raridade. No entanto, no futuro, os carros puramente a eletricidade deverão ser maioria. “Os híbridos são uma transição até que
se resolva a questão da infraestrutura. Depois, devem desaparecer. Além de mais complexos, são mais caros de produzir do que os elétricos”, prevê Raul Beck, vice-presidente da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil.
Lexus ct 200h
Seus números de economia e desempenho são praticamente idênticos aos do Prius. O Lexus se diferencia pelo visual, além de ter status de carro de luxo. Assim como o Toyota, roda pouco no modo elétrico. Quando combinados, os dois motores garantem aceleração se não empolgante, ao menos satisfatória. Seu uso na cidade, contudo, fica um pouco comprometido devido à sua altura em relação ao solo, inferior à do primo. R$ 23 mil mais caro que o Prius (cujo preço acaba de baixar para R$ 111 mil), o CT200h tem a cabine luxuosa, mas com menos apelos tecnológicos: enquanto o
Toyota exibe uma miríade de gráficos de funcionamento do sistema híbrido, o Lexus oferece menos informações, timidamente concentradas no painel de instrumentos. O motorista só lembra que está em um carro futurista pela alavanco do câmbio, mais parecida com um botão.
Bmw i3
Enquanto os outros carros elétricos são projetos para um futuro próximo no Brasil, o BMW i3 já é realidade. Apesar de o preço ser alto (R$ 226 mil), o primeiro automóvel alimentado por energia elétrica vendido regularmente no país abre caminho para outros projetos. Seu funcionamento mostra que a tecnologia é viável. Ágil no trânsito e com espaço suficiente para quatro adultos, o pequeno alemão pode rodar até 200 km no modo Eco Pro+ (nesse caso, o funcionamento do ar-condicionado é interrompido). O carro vem com um motor de scooter, que
funciona como gerador a gasolina em situações que impossibilitem a recarga em uma tomada.
Renault zoe
Exceto pelo formato de hatch, não há nada que faça o Renault Zoe lembrar um carro a combustão. Tudo no compacto remete ao ano de 2040: o painel é plenamente digital, com informações simples e diretas sobre consumo da bateria, modo de recarga e velocidade. Uma central multimídia traça um raio-x do que acontece com o carro e quanto o motorista está conduzindo de forma “verde”. Como em todo elétrico, o torque é sempre pleno, o que resulta em acelerações mais vigorosas do que em um compacto a combustão. Há bom isolamento acústico, mas o acabamento interno é simples, com plástico abundante nas portas. Destaque para a boa posição de dirigir e para os bancos confortáveis. Foto: Daniel Deák/divulgação
Carros híbridos e elétricos reunidos na pista de testes da Chevrolet, em Indaiatuba (SP)
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