Braganรงa Paulista
Sexta
19 Dezembro 2014
Nยบ 775 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
2
Para pensar
Jornal do Meio 775 Sexta 19 • Dezembro • 2014
Amnésia, anistía. Esquecer por Mons. Giovanni Baresse
No dia 10 passado a
sua origem está na raiz da pala-
palestino e o povo judeu. Para
lava de um projeto de criar um
chamada Comissão da
vra “amnésia”. Seu significado
não ir muito longe na história,
estado judeu. De modo que os
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
Verdade entregou à pre-
é esquecer. Anistia, portanto,
fixemos a data de 1948 quando
árabes nascidos em Israel, que
sidente da República o relató-
significa esquecer. Poder-se-ia
a ONU determinou o que seria
já são tratados como cidadãos
rio final de seu trabalho. Este
objetar: como esquecer tortu-
o território de Israel. Não foi a
de segunda classe, teriam a
mostrou a triste constatação
ras, mortes, perseguições? Isso
primeira vez que países coloni-
situação piorada. Olhando, de
perto de 400 mortos nos anos
seria profundamente desumano
zadores e vencedores de guerras
forma breve, esta situação como
da ditadura e de mais de 300
e covarde. E as vidas perdidas
determinaram às colônias e aos
paradigma de muitos conflitos
pessoas acusadas de tortura.
não significariam nada? Não é
vencidos limites geográficos. O
entre nações, etnias e tribos
Reações das mais diversas sur-
desse tipo de esquecimento que
que é o Iraque de hoje senão o
parece que não haverá solução
giram. Uma das mais fortes foi a
se quer valer a Anistia. Não é
resultado de um traçado feito por
senão na renúncia mútua a atos
acusação de que a Comissão só
passar uma borracha sobre a
Winston Churchil, englobando
beligerantes e a abertura a um
viu um lado da questão. Não viu
vida e os sonhos de todos os que
etnias e tribos diferentes entre
esquecimento completo. Repito:
aqueles que foram torturados
sofreram. É ter a capacidade de
si? Voltemos à Terra Santa. Po-
esquecimento que não é apagar
ou mortos pelos que assumiram
superar a dor das perdas, para
deriam os árabes, que há muitos
o que se viveu e sofreu. É fazer
a luta armada. No bojo de toda
poder construir a vida que os
séculos estavam na Palestina,
das dores o sinal de um parto que
a discussão, que se manifestou
que morreram ou foram tortu-
aceitar sem resistência a perda
leve a paz. Naturalmente que não
desde os inícios dos trabalhos,
rados, queriam para si e para o
de suas propriedades? Como
podemos esquecer fatores que
entrava a possibilidade ou não
país. Os fatos passados podem
estava o coração dos judeus
dificultem a amnésia, a anistia:
da Lei da Anistia ser anulada ou
constituir alicerce sobre o qual
depois do Holocausto e de tan-
os interesses da geopolítica e da
mitigada para que torturadores
uma nova possibilidade se fun-
tos sofrimentos que lhes foram
economia. Quem não se lembra da
pudessem ser processados. Há
dará. Não se cancela o passado.
infligidos? Cada povo quer ter
invasão do Iraque sob o pretexto das
parecer do STF que a lei não
Deve-se torna-lo mola propulsora
o seu lugar e, certamente, quer
armas químicas que, se constatou,
fere a Constituição uma vez
para que atitudes que ceifaram
viver em paz. Parece seguro
eram inexistentes? E o petróleo?
que ela foi outorgada antes da
vidas e esperanças nunca mais
dizer que enquanto o caminho
Creio, todavia, que não há outro
Constituinte e da formatação
aconteçam. Penso que muitos
for feito de reivindicações será
caminho para a convivência pacífica
da mesma. Outros acham que
conflitos que nos são trazidos,
difícil chegar à paz duradoura.
senão no criar condições de Anistia.
a palavra final deva ser dada
todos os dias, pelos meios de
Porque cada lado tem o que
Outras soluções caminharão sem-
pela Corte Interamericana de
comunicação não têm outra sa-
cobrar do outro. Em todas as
pre na limitação do vencedor e do
Justiça. Olhando as discussões
ída senão o esquecer para viver.
famílias houve perdas materiais
vencido. Nestes tempos natalinos
e pareceres, busquei o sentido
Exemplo clássico é o que acontece
e de vidas humanas. Há dias o
penso que a mensagem cristã do
originário da palavra Anistia. A
no Oriente Médio entre o povo
primeiro ministro de Israel fa-
perdão e da misericórdia poderia
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
ser a luz para que o projeto divino da paz aos homens que Deus ama se tornasse realidade. E se concretizasse nos belos versos do salmo 84,9-12: “Vou ouvir o que Deus diz, porque ele fala de paz ao seu povo e seus fieis, para que não voltem à insensatez... Amor e Verdade se encontram, Justiça e Paz se abraçam...”!
Jornal do Meio 775 Sexta 19 • Dezembro • 2014
Momento Pet
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Meu sonho realizado por Dr. André Alessandri
Bom dia meus queridos leitores hoje vamos falar de um sonho realizado: a Simplício Clínica Veterinária 24h. Trabalhando há muitos anos no meio pet, recebemos relatos de nossos clientes e percebemos grande carência de um lugar especial para cuidar da saúde dos nossos animais, que prime pela excelência técnica, carinho e respeito com os animais. Pensando nisso, investimos em lugar especial, de ótima localização, fácil acesso
e com grande área de estacionamento, em que você pode levar seu animal a qualquer hora do dia, seja para vacinação, um tratamento de rotina, emergencial, cirúrgico ou para internação. Funcionamos 24 horas por dia, sete dias por semana, para que seu animal possa sempre ser atendido ou monitorado por um veterinário competente. Hoje nossa equipe é composta de 6 médicos veterinários que atuam na área de pequenos animais, como cães e gatos,
com o maior prazer e empenho. A Simplício Clínica Veterinária 24h dispõe de dois consultórios amplos, que proporcionam um ambiente aconchegante tanto para seu animal quanto para o proprietário, centro cirúrgico com monitorização dos parâmetros de seus animais. Tudo para oferecer o melhor tratamento possível ao seu animal. Além disso, disponibilizamos dois tipos de internação com monitoramento 24h, uma chamada de “infecto” para os ani-
mais com doenças transmissíveis e outra área de que chamamos de “não infecto”, para animais que não possuam doenças transmissíveis ou estão em recuperação de alguma cirurgia. É um sonho realizado com muito carinho e dedicação. Já recebemos os primeiros clientes e todos adoraram nossa clínica, espero que vocês também gostem! Aguardo a presença de vocês! Um bom final de semana a todos e até o próximo Momento Pet.
Lenço Cor de Rosa
Adaptação por Evelin Scarelli
Conversando com os meus avós durante o entardecer, não sei explicar em que ponto da conversa estávamos até o meu avô, com os olhos marejados aparentando saudades da infância e dos pais, nos contou o modo em que sua mãe, pacientemente, preparava a famosa macarronada de domingo. - Era um longo processo. A mãe levantava cedo, pois tinha que deixar o macarrão secar por algum tempo. Com auxilio de duas cadeiras, ela colocava uma toalha na parte de cima e esticava os fios, cortados mais ou menos na espessura de 1cm , um ao lado do outro, para depois cozinhá-los em fogão a lenha. Então a neta “modernosa” pergunta: - Mas vocês não tinham uma daquelas maquininhas de fazer macarrão? (Claro, Evelin, claro que eles tinham uma máquina de fazer macarrão. De aço inoxidável, elétrica e que fazia 5 tipos das mais diferentes massas.) - Não, filha, naquele tempo não existia essas coisas. Todo processo era feito de forma artesanal... (...) Adaptação. Social, neural, biológica... Adaptar. Verbo que faz referência a ação de acomodar ou ajustar uma coisa a outra. Tratando-se de nós, seres humanos, a adaptação prende-se ao fato de se acomodar a diversas circunstâncias e condições.
Grande parte dos nossos medos vem pela falta de conhecimento a respeito do inesperado. Nos não temos o poder de saber o que está por vir em nossas vidas. E é ai que se encontra a grande magia das coisas. Quando descobrimos o câncer, por exemplo, a primeira pergunta que geralmente fazemos é a – claro - mais importante. Inicialmente, você não nem quer saber as suas chances de cura, tempo de sobrevida ou de todo tratamento em si, você enche os pulmões de ar, cria aquela coragem e apenas pergunta: - E o cabelo cai, Dr.? E não é que danado cai mesmo? É incrível como dentro da oncologia, tudo ocorre exatamente dentro do prazo. Tem tempo certo para tudo... Nas primeiras 72 horas, por exemplo, os efeitos colaterais são dominados pelo estomago, intestino, rins, bexiga e outros órgãos. Depois eles abrem alas para o sistema imunológico, que do sétimo ao décimo quarto dia, nos fazem ficar em casa, afastados de todos os alimentos crus, amendoins e do resto do planeta. E é ali, mais ou menos no tão esperado décimo quinto dia, que os pelos se desprendem do nosso corpo como os icebergs se desprendem das geleiras. Gente, que sensação esquisita. Eles se desprendem de verdade. Inteiros, com raiz e bulbo, uma coisa de louco. A verdade é que – pasmem ou não – gostei da minha fase careca. Minha mãe já não
implica mais quando dormia de “cabeça molhada”, meu pai não reclamou durante um bom tempo dos meus gastos com shampoo e graças as perucas pude ter o cabelo que quisesse e depois de “usadas” era só o trabalho de lavá-las e pendura-las no varal. Olha só que maravilha. O único problema com ela é que me exigia uma certa disciplina em relação a “coceira”. (Um dia foi ao casamento da minha prima e a coceira era tanta que não percebi que a deixei completamente torta. Se não fosse o aviso do meu pai, sairia nas fotos com a franja bem topo da cabeça.) Então, se a minha bisavó tirava o domingo para preparar uma macarronada ao marido e mais 9 filhos, completamente de forma artesanal, sem molho de caixinha e em fogão a lenha, quem sou eu para não me adaptar ao que vivi e venho vivenciado? Sei que pode parecer um exemplo bobo, mas quando estamos nessa fase, a gente passa a pensar e usar com mais frequência um principio que antes, a gente costumava deixar um pouco no fundinho da gaveta: o Respeito (mas não o respeito de sempre, aquele que os pais nos ensinam e que muita gente – muita gente mesmo - costuma deixar em casa quando está na rua. Aquele que a gente costuma confundir com a educação). É um Respeito diferente... Não sei se consigo explicar a vocês. Esse Respeito vem de fábrica, a gente já nasce com ele. E ele fica ali, quietinho, encostadinho no arquivo
do coração, esperando que você o acesse. Depois de acessado, ele passa a se manifestar em você todos os dias e em todas as suas vivências, em tudo o que você observa. Você passa a respeitar o sol, por exemplo. Você sabe que ele está e estará sempre aqui para todos nós na Terra. Você sabe, por exemplo, que quase todas as energias conhecidas e utilizadas por nós, seres humanos, foram ou são derivadas dele. Sabe que a evaporação de parte das águas dos rios, lagos e mares é provocada pela ação dele. E mesmo assim, mesmo com toda a sua grandiosidade, ele é Humilde. Humilde, pois mesmo sabendo de sua importância, ele cede espaço a lua. O sol, que suprindo as necessidades das plantas captando a sua luz e as convertendo em energia, me deu a oportunidade de usar da comparação para admirar o jardim da minha alma, que em meio ao azedume do câncer, adubou e regou a minha terra hostil e um pouco inóspita. Permitiu que os seus raios de luz entrassem no meu jardim e fez com que um campo inteiro começasse a desabrochar. Nele renasceram: girassóis, jasmins, hortênsias, margaridas, rosas, tulipas...Evelin. Evelin Scarelli (Vi), tem 26 anos, taurina, Bragantina, fisioterapeuta, observadora nata, amante da vida, de abraços apertados e de sorvete de chocomenta. E-mail - evelin.scarelli@gmail.com
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Jornal do Meio 775 Sexta 19 • Dezembro • 2014
por Shel Almeida
O natal é a época do ano em que as pessoas mais se sensibilizam e procuram ajudar o próximo, seja com presentes e doações para instituições, seja com contribuições para a ceia de famílias carentes. Normalmente essas doações são em forma material: roupas, brinquedos, alimentos. Mas por qual motivo essa sensibilidade só aparece no natal? Claro que existem ações de solidariedade, individuais ou em grupo, que acontecem durante o decorrer do ano. Mas, as pessoas comuns, em geral, só tomam a atitude de ajudar mesmo, ajudar de verdade, quando se aproxima o natal. É como se esse fosse o momento de cumprir um dever social ou de ficar em paz com a própria consciência, afinal, é natal. No entanto, quem passa por necessidades sente fome e frio em qualquer época do ano. Mas, no dia-a-dia, nos permitimos o egoísmo, nos deixamos envolver pelo sentimento de individualidade e sequer notamos quem sofre ao nosso lado, quanto mais perceber aquelas pessoas excluídas socialmente. Muitas vezes, quem precisa de ajuda quer mais do que um cobertor ou um café quente para enganar o frio, quer uma palavra de carinho, um sentimento de compaixão. Quem se vê excluído quer uma chance para mostrar que é um ser humano como qualquer outro e, por isso, merece atenção e respeito. Mas o que falta em nós para que consigamos enxergar a pessoa que está por baixo daquela roupa suja, daquele cabelo desarrumado, daquela barba por fazer? O que falta em nós para nos enxergarmos no outro, esse outro tão distante e, ao mesmo tempo, tão próximo da gente? “Pra mim o ser humano é predador, é
mais fácil estar em seu egoísmo do que amar outro ser humano. O que falta são multiplicadores de ânimo para a caridade. É preciso disassociar-se do social, daquele que espera algo em troca, de que te ajuda, mas com certas condições, mas te determina um prazo. Na caridade, que é o que fazemos, não se espera nada em troca. Nós levamos em conta a pessoa humana, sem institucionalidade. Quando chegamos em Bragança começamos entregando comida aos moradores de rua. Nossas ações foram ficando conhecidas pelo boca-a-boca. Não precisamos pedir ajuda, as pessoas vieram oferecer. Para você ajudar alguém por meio de projetos sociais depende da demanda de alguns Órgãos. A caridade só depende de mim, eu vou lá e ajudo com o que eu sou, eu não doo algo para a pessoa, eu me doo para a pessoa. A ajuda que você precisa para hoje você consegue hoje. E, quando as pessoas percebem que o que fazemos não visa o lucro, a caridade vêm”, fala Frei Reinaldo Fernandes Leite, coordenador e fundador da Fraternidade Casas de Assis.
Frei Reinado é advogado que há 17 anos abriu mão de todo o conforto material para se dedicar a ajudar os mais necessitados
Comunidade “As Casas de Assis são comunidades onde os leigos se dispõem a viver de forma harmoniosa, sem burocracia. Não é um convento, não é um mosteiro. Aliás, esse tipo de congregação está se extinguindo. São 10 unidades, com cerca de 60 religiosos. Aqui em Bragança somos em cinco. Somos uma fraternidade com o carisma de São Francisco de Assis, com a finalidade de resgatar seus valores fundamentais, com a visão do evangelho na essência. Jesus dizia, se fizer para uma dessas pessoas, é para mim que está fazendo”.
Freis da Fraternidade Casas de Assis se espelham na vida de doação de São Francisco
Comemoração dos 15 anos de fraternidade Casas de Assis
Jornal do Meio 775 Sexta 19 • Dezembro • 2014 A Fraternidade Casas de Assis tem como princípio de vida a adoração a Jesus eucarístico e o acolhimento dos pobres de rua em sua totalidade: jovens, mulheres e crianças, reparando neles as chagas de Cristo. De acordo com o Frei Reinaldo, eles vivem da providência divina à cada dia, ou seja, a ajuda chega quando e da maneira que se menos espera. Pessoas que se sensibilizam com a causa contribuem para a manutenção das Casas das mais diversas formas mas, essencialmente, com doações. “Em todas as cidades que atuamos temos a autorização do Bispo para estar ali. Quem mora conosco não está internado, está hospedado. O que procuramos é trazer essa pessoa, esse morador de rua, de volta à realidade, resgatar a sua dignidade humana. São casas bem estruturadas, mas é um trabalho de formiguinha. Nossas contribuições vêm de muitas pessoas, trabalhamos com vários segmentos religiosos. As pessoas não precisam fazer como eu, largar tudo, o que cada um pode dar já é muito. Sempre tem alguém que quer ajudar, e você tem que ajudar ela a ajudar. Hoje temos uma rede do bem”
Opção de vida Frei Reinaldo é um advogado criminalista que largou tudo para se doar integralmente aos pobres, em especial ao moradores de rua. Ele conta que, no começo, a família foi contra. No primeiro ano de trabalho de caridade, ele conseguiu conciliar com o Direito. Até que chegou um momento em que ele percebeu que precisava fazer uma escolha e optou pelo vida de doação. “Minha mãe era totalmente contra. Ela falava: ‘você não precisa se vestir como um mendigo, você é um advogado, pode comprar cestas básicas e doar’. Hoje ela me apóia totalmente. Quando falei para minha esposa que Deus tinha falado comigo, ela me disse: ‘Então você vai e eu fico, porque comigo ele não falou ainda’. Sete anos depois Deus falou com ela também então ela veio. Ela está em uma das comunidades formadas por casais que cuidam de família em situação de vulnerabilidade. É importante esse dinâmica, porque essas famílias desestruturadas vêem outras famílias e as têm como exemplo. Elas percebem que uma família não precisa viver em situação de violência e agressão. Para mim, me desfazer de tudo foi uma opção de vida. Quando você faz essa escolha, você se lança e pede a Deus ajuda
para conseguir vencer os desafios. Muitos fizeram a experiência, mas perceberam que não era para eles. O que eu digo é que se não for para você não se aventure, porque não é fácil. Você não tem culpa se não tem essa coragem e ninguém vai te cobrar por isso. Mas talvez você se sinta culpado se ver alguém precisando de ajuda e não me chamar. Eu já me vi em situações que, para poder ajudar uma pessoa, eu ter que vencer o nojo. Não é fácil. Mas se você precisa colocar um morador de rua no carro e ele estiver sujo, muitas vezes sujo de fezes e urina, ou você pega ele desse jeito mesmo ou não ajuda. É claro que não dá pra fugir da realidade e de prudência, minha mãe sempre disse que ser pobre não é desculpa para não ter higiene. Na casa eles voltam a ter higiene de novo. Hoje o grande mal da sociedade não é a droga ou o álcool, é a desestrutura familiar e social. A droga e o álcool são consequências. Eu acredito muito na questão do carinho mas também na questão medicamentosa. Em um dos casos, o jovem ficava em abstinência e com raiva e o psiquiatra me disse que quando ele estivesse me crise, era para abraça-lo, porque ele sentia falta da presença de um pai. Hoje esse jovem me diz que eu sou o pai que ele escolheu” conta.
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Freis abdicam de todo o luxo e conforto. Usam roupas feitas com tecidos rústicos e andam descalços ou de sandálias franciscanas
Mensagem “Minha mensagem para a população bragantina é que busquem amar e doar-se mais, amar sem medida, amar sem pedir nada em troca. É gratuito e você fica mais leve, fica em paz. O amor e a alegria rejuvenescem. Quando eu dormia em um travesseiro macio eu não tinha paz, hoje eu durmo em paz”. A Fraternidade Casas de Assis em Bragança está localizada na Rod. Padre Aldo Bolini, Km 74, no Bairro Morro Grande da Boa Vista. Além de 5 religiosos, vivem ali cerca de mais 35 pessoas. Quem quiser contribuir com a fraternidade pode entrar em contato com o Frei Adilson, responsável pela Casa, pelo número 11 9-7351 - 6092. No momento, eles precisam de doações de materiais de limpeza pesada, como desinfetante, sabão em pó, detergente e água sanitária. Para saber mais, acesse: https://sites. google.com/site/frcasasdeassis/ ou https://www.facebook.com/fraternidadecasasde.assis
Os recursos para manter a comunidade surgem de todas as maneiras, O plantio de verduras é um deles
A fraternidade é formada por 10 unidades e atende cerca de 120 pessoas. Sobrevivem de doações de pessoas simpatizantes da causa
Moradores de rua são o foco principal do trabalho da fraternidade. Nas casas eles trabalham para resgatar a dignidade humana de cada novo hóspede.
Alguns Freis fizeram o curso de enfermagem depois de ingressarem na fraternidade. É preciso ajudar com qualidade e responsabilidade
Se não for para você, não se aventure, porque não é fácil. Você não tem culpa se não tem essa coragem e ninguém vai te cobrar por isso. Frei Reinaldo
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Reflexão e Práxis
Jornal do Meio 775 Sexta 19 • Dezembro • 2014
Visões políticas Parte 1
por pedro marcelo galasso
é criado para acabar com o caos e a vio-
ticos que foram os responsáveis pela
lência, que são resultados dos desejos
sistematização do pensamento político,
egoístas dos homens, o contrato deve
bem como os idealizadores de institui-
ser imposto a todos segundo o critério
ções que regulam e normatizam nosso
da força para evitar que os desejos man-
quadro político.
tenham a anarquia que regia o estado
Dentre os diversos pensadores políticos,
de natureza.
dois aparecem com muita força, ainda
Interessante notar que assistimos no
que tenham pensado sobre a Política e
Brasil algo similar, ou seja, os pedidos
a sociedade no século XVIII. Refiro-me
pelo retorno da ditadura militar podem
a Thomas Hobbes e a John Locke.
ser vistos como a passagem do estado
Hobbes escreveu com no contexto caótico
de natureza para o estado social que
da disputa política pelo trono inglês e seu
Hobbes idealizou tempos atrás. Quando
pensamento tinha como intenção evitar
este contrato social é imposto todos nós
uma guerra civil apresentando uma alter-
abrimos mão de nossos direitos, exceto o
nativa política para evitá-la. Para tanto,
direito à vida, ou seja, surge uma figura
formulou a teoria absolutista já que era
que sintetiza nossos desejos sociais e
importante, para ele, a manutenção da
que garanta a nossa segurança.
unidade inglesa. Ele partiu da ideia do
É importante lembrar que, no caso brasilei-
estado de natureza, um recurso teórico-
ro, nós valorizamos figuras que sintetizam
-metodológico, no qual reinava a anarquia,
esta ideia. Para tanto, basta imaginar a
fruto das ações humanas, no qual cada
força de alguns de nossos presidentes,
homem se preocupa, tão somente, com
como Vargas, FHC e Lula, ou nos lembrar-
a realização individual de seus desejos
mos da força dos presidentes militares,
sem se preocupar com os demais.
ao longo da ditadura. A sociedade civil,
Esta ideia hobbesiana surge hoje com
na qual estamos submetidos, em teoria,
uma força gigantesca, pois nada mais
ao Estado que nos protege dos outros
comum que as pessoas busquem a re-
homens e que garante que desfrutemos
alização plena e irresponsável de seus
de nossas propriedades e dos direitos
desejos ainda que isto custe a exploração
que a sociedade civil nos oferece.
ou a humilhação dos demais, bem como
Vemos, portanto, que a liberdade hobbesiana
o uso da força para que os desejos sejam
está vinculada a obediência que o Estado
alcançados, ou seja, não é exagero dizer
impõe através de um poder político sobe-
que vivemos muito próximos daquilo que
rano e controlador sendo, por definição,
Hobbes nomeou como estado de natureza.
absoluto ou tendendo ao absolutismo que
Portanto, o estado de natureza está
pode se caracterizar como uma ditadura.
baseado na insegurança e na violência
Outro pedido feito clamorosamente por
que farão o homem viver em uma guerra
diversos setores sociais.
constante com os demais, fará surgir o
A pergunta que fica é a seguinte – um
medo e onde prevalece a lei do mais forte
governo que abrace algumas das ideias
algo que vemos em nossas ruas ou nos
hobbesianas seria o melhor para o Brasil?
noticiários. Por medo de morrer subitamente e pelo
Pedro Marcelo Galasso – cientista polí-
desejo de paz, os homens firmaram um
tico, professor e escritor.
contrato social que irá garantir a eles
E-mail: p.m.galasso@gmail.com.br
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Rodovia que liga São Paulo a Belo Horizonte
O "procurado" no cartaz da delegacia
© Revistas COQUETEL
Página que contém só o título do livro Líder de Marcha de Dubai carros
Parte desenhada na planta da casa
"(?) and Son", sucesso de Cat Stevens "Dez", em Na moda "decatlo" (inglês)
Guia do navegador (Inform.)
Item de atuais exposições de arte
Cobalto (símbolo) Outorgar; conceder
Calmo; tranquilo
Empreendimento arriscado
Manifesta alegria Contrassensos
Período mais frequente de ataque do mosquito Aedes aegypti
Rio da Toscana Cerveja inglesa
Medida equivalente a 100 m2 Raça bovina de pelo curto e ruivo
A canalização que recebe o esgoto
Desenho criado por Matt Groening
(?) está: eis aqui Saudação jovial Alimenta o bebê nos primeiros dias Passar (?) para melhor: morrer Comissão que escolhe o vencedor de um concurso A forma do sifão
Carregar, em inglês De ti (fem.) Indivíduo que ainda não se casou Gênero teatral Ouro (símbolo)
Ciência essencial à fabricação de lentes
As duas
Fio torcido e enrolado no fuso Peixe de saladas Califa dos xiitas
Praia de Salvador imortalizada nos versos de Vinícius
Cego e corrediço
Adulterados
Cê-cedilha
BANCO
Versão restaurada do esperanto
Uriel da Costa, filósofo português
(?)-disant: pretenso (fr.) Sim, em espanhol (?) Murat, cineasta
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Solução F A S T O H S E S R E G C A A D R O A C A U M B I A S
chamados de pensadores polí-
DO
outros homens. Como o contrato social
C O D I M E N O C D A D O A C R R O L O T E I U TO A R O A T A I L U C I C A
algumas regras criadas pelos
A F E R N Ã C O M E T I R I E B A R BA R I G A R N O S DI A C O L O S T D E S T A A S O L JU R I A S M A Ç I T A P U Ã I O S O Ç NO S F A L S I F
a possibilidade de viver em paz com os
2/in — sí. 3/ale — soi. 4/load. 6/father. 10/anterrosto.
O pensamento político obedece
Jornal do Meio 775 Sexta 19 • Dezembro • 2014
Aconteceu no dia 6 de dezembro deste ano o casamento de Fernanda Carvalho de Souza e Robson Sampaio da Costa. Fernanda é filha de Marly Carvalho de Souza e Levi de Souza, Robson é filho de Bernadete Sampaio da Costa e Raimundo Sampaio da Costa. A cerimônia e a festa foram realizadas no Espaço Bartho, contando com a presença de inúmeros familiares e convidados que curtiram a belíssima festa
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até tarde da noite. Os noivos aproveitam para agradecer a equipe da Sinhá Flô (Marcel e Marcelo) pelo excelente trabalho realizado e as cerimonialistas do Santo Véu; Andréia e Flávia pelo carinho e atenção, para que tudo ocorresse da melhor forma possível. Desejamos Felicidades ao casal
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Veículos
Jornal do Meio 775 Sexta 19 • Dezembro • 2014
Jeep e Mercedes
Obtiveram os melhores resultados entre os utilitários a diesel
porfolhapress
Valorizada pelo público brasileiro, a geração atual de utilitários a diesel mostrou evolução com seus motores alimentados por diesel S-10 (com menor teor de enxofre na composição). Modelos como o Mercedes-Benz GLK 220 CDI (a partir de R$ 190,9 mil) e o Jeep Grand Cherokee 3.0 Limited (R$ 239,9 mil) provaram durante os testes que se equiparam em eficiência à suas versões movidas a gasolina. Na pista, as marcas concorrentes que já foram parceiras no grupo Daimler-Chrysler (aliança desfeita em 2007) dividiram as primeiras colocações. Com motor de 170 cv, o GLK obteve as melhores médias de consumo urbano e rodoviário. Já o Jeep (241 cv) dominou as provas de desempenho. Chevrolet Trailblazer, Pajero Dakar e Troller T4 completam as primeiras posições.
VW UP Distante dos lideres em vendas, VW UP! foi o melhor na pista, compacto 1.0 venceu seis categorias das quais participou. Ka e Palio completam o pódio. O Volkswagen Up! teve um começo tímido no mercado brasileiro e, aos poucos, vai crescendo em vendas. Assumir a liderança no mercado nacional é um sonho (muito) distante para o compacto, mas, no ranking desse ano, nenhum outro popular foi capaz de superá-lo. Com motor 1.0 de três cilindros (82 cv), o pequeno VW foi o primeiro colocado em seis das oito categorias das quais participou. Em duas medições de consumo (urbano com gasolina e rodoviário com etanol), a façanha foi ainda maior: o compacto ocupou todas as posições do pódio, em diferentes versões avaliadas. Ao cumprir a prova de aceleração de zero a 100 km/h em 13,5 segundos (etanol), o VW andou junto com o Fiat Uno 1.4 Evolution (13,4s) e chegou muito perto do hatch médio Focus 1.6 (13,1s). Em novembro, o Up! teve 5.283 unidades emplacadas, segundo a Fenabrave (federação das distribuidoras de veículos). No mesmo período, o recém-lançado Ka hatch registrou 10.748 licenciamentos, apesar de ter preço inicial superior. Na pista, a versão 1.0 do compacto da
Ford (85 cv) fez o melhor consumo urbano com etanol entre os populares, e perdeu por pouco para o Palio Fire na média rodoviária com gasolina.
Sedãs médios Em 2013, o segmento dos sedãs médios foi dominado por modelos com motor turbo a gasolina. Agora, versões flex foram a maioria entre os carros testados e obtiveram bons resultados. Um dos destaques foi o Hyundai Elantra, melhor colocado nas provas de aceleração e retomada com etanol. No quesito consumo, o Corolla GLI equipado com câmbio CVT esteve à frente. O médio da Toyota só não levou o primeiro lugar na medição do consumo rodoviário com gasolina, item em que o chinês Geely EC7 (câmbio manual) dividiu o posto com o sedã sul-coreano. Por ter ficado um pouco maior que antes e ter versão automática com preço acima de R$ 60 mil, o Honda City foi promovido a sedã médio. Suas melhores marcas foram obtidas nas medições de consumo urbano com etanol e com gasolina, onde conquistou um segundo
e um terceiro lugares, respectivamente. Mal em vendas, o Peugeot 408 voltou à pista na versão 1.6 THP, sendo o único turbinado da categoria a passar pelas medições em 2014. Como era esperado, o sedã francês obteve os melhores resultados
em aceleração e retomada com gasolina. A briga promete ser boa em 2015, quando a versão turbo flex do Citroën C4 Lounge participará do ranking, bem como a nova geração do Volkswagen Jetta 2.0 TSI. Foto: folhapress
Foto: Folhapress
Veículos
Jornal do Meio 775 Sexta 19 • Dezembro • 2014
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O Ano passou rápido Porsche 911 Turbo dispara ate os 100 km/h em 3,1s e torna-se o mais rápido da historia do teste, RSQ3 faz prova em 5s e lidera entre os SUVs por FOLHAPRESS
Mal deu tempo para o Mercedes-
R$ 650 mil).
Rover Range Rover Sport e Audi RS Q3
mesmo tempo, rápidas.
-Benz E63 AMG acomodar-se no
De quebra, o sedã da Mercedes ainda teve
usam fórmulas distintas para chegarem a
O Audi custa R$ 273,6 mil, é produzido na
posto de mais rápido do ranking
de dividir o segundo lugar no pódio com o
números de desempenho impressionantes
Espanha e tem motor 2.5 litros aspirado, de
Audi RS7 Sportback e seus 560 cv.
para utilitários esportivos.
cinco cilindros. Sua potência chega a 310 cv.
O inglês usa um 5.0 V8 sobrealimentado,
No interior, o nível de luxo do Range
de 510 cv e 63,73 kgfm de torque, acoplado
Rover Sport 5.0 Supercharger ajuda a
Primeiro e segundo colocados entre os
a uma transmissão automática de oito
justificar seu preço quase duas vezes
SUVs em aceleração e retomada, Land
marchas, de trocas muito suaves e, ao
maior: R$ 507 mil.
Folha-Mauá de 2014 e o Porsche 911 Turbo o desbancou. O cupê precisou de 3,1s para alcançar os 100 km/h, enquanto o sedã levou 4s para completar a mesma prova. O esportivo da Porsche bateu inclusive o recorde histórico do ranking, de 3,7s, conquistado em 2013 pelo Audi R8 GT, de 560 cv. O 911 Turbo e o E63 AMG têm em comum o sangue alemão e o luxo da cabine. Em ambos, materiais nobres abundam, os sistemas de som são potentes e a posição de guiar é impecável. No Porsche, destaque para o computador de bordo que mostra até a força “G” exercida sobre o carro. No Mercedes, o volante revestido em alcântara (que absorve o suor das mãos) é um sinal da sua esportividade. Daí em diante, diferem-se completamente. O cupê usa um motor 3.8 de seis cilindros contrapostos, de 520 cv, montado sobre o eixo traseiro, enquanto o sedã leva um monstruoso 5.5 V8 biturbo de 557 cv sob o capô. Seus preços também estão distantes: o 911 Turbo custa R$ 949 mil, enquanto o E63 AMG sai por US$ 245,9 mil (cerca de
Empate técnico
Foto Eduardo Anizelli/Folhapress
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