780 Edição 23.01.2015

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Braganรงa Paulista

Sexta

23 Janeiro 2015

Nยบ 780 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


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Para pensar

Jornal do Meio 780 Sexta 23 • Janeiro • 2015

A força do negócio

chamado educação Em virtude das férias do Mons. Giovanni Baresse, a coluna Para Pensar terá a colaboração do Desembargador Miguel Ângelo Brandi Jr. por dESEMBARGADOR mIGUEL ÂNGELO bRANDI JR

Não precisamos nos socorrer das estatísticas para saber que, nos últimos anos, houve crescente participação da iniciativa privada na educação. Inclusive com capital internacional. A Revista Veja, em agosto de 2010, editou matéria, por Nathalia Goulart, sob o título “Setor de educação atrai grandes negócios”. A Revista Carta Capital, edição 83, de fevereiro de 2014, pelas mãos de Tory Oliveira, publicou ampla matéria sob o título “O negócio da educação”. Esta última matéria refere a um decreto federal de 1997 (nº 2.306), expedido pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso; foi o primeiro passo, pós 88, para regular a participação da iniciativa privada na educação. Esse decreto foi revogado em 2001, pelo decreto 3.860 que ostentou novas regras para o setor. E em 2006, agora no Governo Lula, foi editado o decreto 5.773, que revogou o decreto 3.860 e dispõe sobre a matéria. Segundo Helena Sampaio, professora da Faculdade de Educação da Unicamp e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP, o texto do decreto de 2006, que marca a segunda onda de expansão da educação superior privada, “fomentou e legitimou a mercantilização”. Informou Carta Capital que em 2007 quatro grupos abriram capital na

Bolsa de Valores de São Paulo. Essa captação possibilitou a entrada de diversos acionistas no negócio da educação superior, inclusive capital estrangeiro. Uma das maiores consequências desse movimento foi o surgimento de um novo modelo de empresa educacional, na qual a gestão é geralmente subordinada aos interesses financeiros, afirmava a matéria. Cristina Helena Almeida de Carvalho, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UNB), afirmou (Carta Capital, ed. 83) que “o processo inicial de fusão e aquisição no setor educacional começa fora da Bolsa de Valores, dentro do próprio mercado”. Disse a mesma professora (fevereiro de 2014), que “quem compra instituições lucrativas são fundos de investimento de grupos fechados compostos de investidores nacionais e internacionais, com participação em empresas de capital aberto ou fechado”. Para ela, um dos desdobramentos disso é o “envolvimento posterior na gestão da empresa educacional”. Nem precisava uma professora do Ensino Superior avaliar, mas o fez: “como a lógica é a da empresa lucrativa, a culta pedagógica perde muito”. Essa mestra abordou uma questão gravíssima para a educação com a mercantilização desenfreada do setor: “a competição e o medo da demissão tornam os

docentes mais temerosos com o pensamento crítico em sala de aula, pasteurizando os ensinamentos”. A matéria de 2014 informava um dado que sempre me inquieta: o setor privado lucrativo da educação vale-se de um braço estatal, o do financiamento do ensino através de programas sociais (Prouni, Fies). O Estado faz seu papel de, aparentemente, proporcionar condições de ensino à juventude. Mas, doutro lado, estimula o mercado educacional com dinheiro público, embora deva ser lembrado que a grande maioria dos alunos dos cursos superiores estuda nas escolas particulares, não obstante a enorme expansão do ensino público universitário nos últimos dez anos. Uma das maiores empresas educacionais do País, ostentava 40% de seu alunado com bolsas e financiamento via governo federal. Inquietante, a meu sentir, o fato de que, segundo o MEC, as entidades privadas, portanto lucrativas, serem o principal destino das bolsas públicas de ensino, com 56 % das matrículas. Além dessa significativa captação de recursos públicos, as instituições particulares se beneficiam indiretamente dos programas estatais ao amenizarem questões de gestão empresarial, como a inadimplência e a desistência. Estou abordando o assunto e me valendo dessas duas matérias

de duas importantes revistas semanais, não apenas em razão da importância e gravidade do tema educação. O Jornal Folha de São Paulo de 19, segunda-feira, trouxe uma matéria no mínimo intrigante a respeito do tema aqui tratado: “setor de educação superior privado reage a ajuste fiscal do governo Dilma”. Diz o texto que o ajuste fiscal do segundo governo Dilma, que conta poucos dias de atividade, provocou um curto-circuito no mercado de ensino superior privado. As ações dos grupos educacionais desabaram na Bolsa de Valores. E a responsabilidade seria de um ato do MEC, ao apagar das luzes de 2014, que endureceu as regras do financiamento a estudantes. Nos últimos anos, diz a Folha, alunos e receitas foram multiplicados com a ajuda da expansão dos gastos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil do Governo Federal). Contra R$ 1,1 bilhão em 2010, os desembolsos estatais somaram R$ 13,7 bilhões em 2014. Há alguns indicativos de que os últimos atos do Governo Federal buscam proporcionar, ainda que indiretamente e a médio prazo, uma melhora na qualidade do ensino oferecido pelas escolas particulares, ao mesmo tempo que exigem mais dedicação e aproveitamento dos alunos como condição de manutenção de bolsas e financiamentos. Isso

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

será muito bom. Oxalá o lema do novo Governo Dilma, “Brasil, pátria educadora”, possa significar menor destinação de dinheiro público para a iniciativa privada educacional, ainda que com menor quantidade de alunado, e importe numa atenção muito especial à qualidade da educação, pública e privada. Miguel Angelo Brandi Júnior


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Momento Pet

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Acidentes Domésticos por Dr. André Alessandri

Bom dia meus queridos leitores, hoje vamos falar de um tema que aparece com recorrência em nossa clinica: os acidentes domésticos. Quais as principais situações que o proprietário deve evitar para que não ocorram e machuquem nossos queridos pets. Os acidentes domésticos geralmente ocorrem nas fases de filhotes e juvenil, em que a curiosidade por objetos está aflorada e a troca dentária faz com que os mordam para saciar a coceira por ela causada. Evite deixar esses animais sozinhos ou mesmo em ambientes que não estão acostumados, pois pode ocorrer a ingestão de objetos, os quais, na maioria das vezes, precisam ser retirados de forma cirúrgica. Os objetos mais frequentes são: • Brinquedos infantis; • Objetos decorativos para vasos de flor; • Utensílios de uso como meias, cuecas, calcinhas e sutiãs; • Pedaços de madeira; • Fios de aparelhos elétricos (cuidado redobrado se estiverem ligados na tomada ); • Embalagens de lixo. Outro grande problema são os animais que são deixados nos interiores de carros, sendo submetidos a altas temperaturas ou mesmo a falta de ar. Para certificar-se que isso não ocorra, é necessário criar uma regra simples: sempre que você sair do

carro, leve seu animal junto, pois alguma distração posterior imprevisível pode fazer com que se esqueça do seu amiguinho. Além disso, quando os filhotes chegam a nossa casa, é normal que nós e principalmente as crianças queiram ficar carregando-os o tempo todo. Contudo, devemos ter muito cuidado com as quedas que sofrem do

colo delas, pois podem causar traumatismo craniano (tce) e também fraturas de membros, dada a fragilidade do animal nessa fase da vida. Para os gatos, é necessário colocar telas nas janelas para evitar quedas, geralmente fatais. Os medicamentos destinados para se-

res humanos não podem ser utilizados em animais sem a prescrição de um profissional, pois muitos podem causar reações alérgicas e úlceras gástricas que podem levar a óbito. Nunca automedique o seu pet. Como já dizia o velho ditado “prevenir é melhor que remediar”.


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por Shel Almeida

Ela tem apenas 22 anos. E já

pois começou a treinar Muay Thai e, aos

chegou a um patamar na carrei-

poucos, passou a unir as duas lutas nos

ra que sequer imaginava. Hérica

treinos. Até que recebeu o convite para

Tiburcio é Campeã Mundial de MMA.

participar de uma luta de MMA, em São

Ela conquistou o cinturão peso átomo

Paulo. Também não queria, achava que

em 5 de dezembro, em uma luta contra

não era pra ela. Mas o treinador continuou

Michelle Waterson, em Houston, nos EUA,

insistindo e ela venceu a primeira luta da

durante o Invicta FC, maior evento de

carreira no 1º round, com em apenas 56s.

MMA feminino do mundo.

Isso aos 18 anos. Depois de sentir o gostinho

Além da maior conquista da carreira até

da vitória, decidiu que era isso que queria

agora, Hérica também recebeu o prêmio

para a vida, mesmo indo contra os desejos

considerado o mais importante do MMA, o

da mãe, que não queria que ela lutasse de

WMMA Press Awards, na categoria “Luta

jeito nenhum, tinha medo que a filha se

do Ano”. Além desse, que é oferecido por

machucasse.

uma comissão de 7 jornalistas especiali-

Hoje, Hérica se diverte ao dizer que a mãe

zados em MMA feminino, Hérica também

adora quando as pessoas chegam para

recebeu o prêmio de Melhor Performance

perguntar da filha. No começo ela mesmo

do Ano, graças aos milhares de fãs que

não acreditava no que estava acontecendo

votaram nela em um concurso que o que

em sua vida. Na primeira luta da carreira

valia era escolha do público.

ficou apavorada: “Eu nunca imaginei isso

Hérica ao receber o cinturão. “Essa conquista é fruto do meu trabalho”.

tudo. Quando eu subi para lutar eu só

Por acaso

conseguia pensar: ‘ nossa, o que é que

Hérica nasceu em Toledo, mas vive em

estou fazendo aqui? Minha perna tremia,

Bragança Paulista desde a adolescência,

o Gato falava que eu poderia ganhar e eu

época em que começou a treinar, despre-

só pensava que ia apanhar, estava com

tensiosamente, por volta dos 15 anos. Na

muito medo. Mas depois que eu ganhei e

verdade, o começo da carreira aconteceu

comecei a perceber que não era nenhum

por acaso. Hérica só começou a lutar

bicho de sete cabeças.

depois de muita insistência do treinador

A adrenalina sempre tem, o frio na barriga

Sérgio Gato.

sempre tem, e tem que ter mesmo, porque

Ela trabalhava na lan house que fazia parte

é muito bom, essa ansiedade faz parte.

da academia e ele sempre a convidava para

Agora, lutar nos EUA, foi uma experiência

treinar Jiu-Jitsu, esporte que o irmão já

única, é outro mundo. Antes mesmo de

praticava. Ela resistiu por um tempo, mas

eu lutar, as pessoas já queria tirar foto,

resolveu arriscar. E nunca mais parou. De-

mesmo sem saber quem eu era, só pelo

Hérica derrotou Michelle Waterson, por finalização, no terceiro assalto.

Hérica com os treinadores Sérgio Gato e Munil Adriano. Ela continua treinando, todos os dias, nas mesmas academias, em Bragança Paulista

Hérica Tiburcio com o Cinturão Peso Átomo. Ela era tida como a zebra e derrotou uma das principais lutadoras do MMA feminino.

“Eu ainda não estou acreditando que isso aconteceu, ainda não caiu a ficha.


Jornal do Meio 780 Sexta 23 • Janeiro • 2015 falo de eu lutar. Lá eles têm uma visão

mulheres que lutam MMA treinam com

maior do que é o MMA. No Brasil isso já

homens, por causa disso. Agora que o

melhorou também, o modo das pessoas

MMA feminino está ficando conhecido e

verem o MMA, principalmente o MMA

está sendo levado a sério por aqui, então,

feminino, está bem melhor. Eu mesma

acho que, aos pouco, isso vai mudar”. E

tinha medo no começo. O esporte que eu

não é só as crianças que convivem com

faço é violento, mas é violento com regras.

ela na academia que podem se inspirar

Até minha mãe já acostumou, chego em

nela. Qualquer uma, que colocar o nome

casa hoje com o olho roxo e ela nem liga

Hérica Tiburcio no google vai ficar surpresa

mais, sabe que faz parte. Eu não achava

com o tanto de notícias com seu nome.

que iria ganhar. Eu nunca imaginei isso

Pra quem ficar curioso, é só fazer o teste.

tudo. E agora que está acontecendo, olho

Tente também colocar o nome dela na

para trás e vejo tudo o que eu sofri, eu sei

busca do site do Invicta FC (http://invic-

que valeu a pena. Quando a gente quer

tafc.com/), É em inglês, mas dá pra ver o

alguma coisa, tem que traçar uma meta.

nome da cidade de Bragança Paulista ali.

E os obstáculos no caminho só vão te

Hérica diz que quando sai pelas ruas

deixar mais forte”, analisa.

da cidade, as pessoas já a reconhecem

Referência

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e pedem pra tirar foto. Mas que ainda está “caindo a ficha”. Mesmo quando ela

Hérica continua treinando na mesma

olha para o banner imenso com a foto

academia onde começou, com o mesmo

dela que o treinador colocou em frente à

treinador, Sérgio Gato. Além dele, treina

academia, ela diz que ainda parece que

também com Munil Adriano e Fernando

é mentira. Pergunto a ela o quanto seria

Neguinho e faz parte das equipes Inside

curioso se, um dia, ela fosse participar

Gato Team, B9 e Macaco Gold Team. As

de uma competição e uma garota mais

crianças que treinam na academia a vêem

nova lhe dissesse que começou a lutar

como um referencial, alguém que está ali

por causa dela.

perto e que conquistou o mundo e mostra a

“Sabe que eu já pensei nisso? Seria in-

elas, todos os dias, que é possível, que elas

crível. Uma menina vir e lutar comigo,

também podem sonhar em serem lutadoras.

acompanhando as minhas lutas. Se eu

Hérica fica muito feliz com isso. “Eu

estou aqui, elas também podem. É por

treino com homem porque são poucas

isso que eu vou treinar cada dia mais, pa-

as mulheres que fazem luta, especial-

ra incentivar outras. E para ninguém

mente MMA. Na verdade, a maioria das

ganhar de mim!”, diverte-se.

Hérica com o cinturão. Conquista é referência para crianças que treinam na mesma academia que ela.

Hérica assinando o cartaz do campeonato Invicta. Nome está gravado entre as melhores do mundo.

Hérica e o treinador Fernando Gato. Foi a insistência dele que a fez treinar MMA

Hérica começou a treinar com 15 anos, aos 18 fez a primeira luta de MMA e aos 22 é campeão mundial.


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Reflexão e Práxis

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A imagem e a não-imagem por pedro marcelo galasso

A liberdade de expressão é uma concepção histórica ligada ao Ocidente e fundamental para a nossa forma de pensar por trazer consigo o pressuposto da crítica e da dúvida, além de permitir uma revisão constante de nossas ideias e de nossas instituições. Na França, o peso desta ideia é muito grande pelos seguintes motivos – o Iluminismo, a Revolução Francesa e o eurocentrismo. Estes, dentre outros motivos, servem como referenciais para que tenhamos uma visão mais ampla sobre o simbolismo das manifestações que tomaram as ruas de Paris após o atentado a redação do Charlie Hebdo, com a presença de várias lideranças políticas mundiais. Não é exagerado dizer que a força da manifestação continha uma dose de hipocrisia dos dirigentes políticos, mas esta faz parte do ideário político. Para tanto, bastou ler as declarações de alguns dirigentes políticos ao retornarem aos seus países. O outro lado da discussão é o terrorismo,

um ato sempre condenável, atroz, bárbaro e violento, ou seja, o terrorismo é a antítese da ideia de liberdade de expressão que, por mais inconveniente que seja, deve permitir um diálogo e uma resposta, bem como as críticas que lhes são cabíveis. O terrorismo, termo inspirado, segundo alguns, no Terror jacobino, fase fundamental da Revolução Francesa, é um instrumento de ação política utilizado quando a diferença das forças em conflito é muito grande e tem como papel primordial provocar o medo, pois generaliza os seus inimigos e suas vítimas. Após o atentado, um discurso comum é o que tenta estabelecer os limites da liberdade de expressão. Este pensamento é curioso e perigoso já que deixa claro um aspecto importante de toda esta discussão – a prerrogativa segundo a qual alguns temas não devem e não podem ser discutidos. Creio que esta prerrogativa seja tão perigosa quanto aquela que procura justificar o terrorismo ou generalizar a violência sem inimigo definido como uma característica do Islamismo, algo

tão perigoso e, curiosamente, uma forma de terror, ou seja, a condenação prévia de toda a comunidade islâmica é tão absurda quanto dizer que todos os franceses são xenofóbicos. Como ocidental e defensor de um Estado secular e laico entendo que a crítica e o debate fazem parte da construção histórica e política dos Estados modernos. E dentre estas críticas temos as religiosas que são formações sociais e históricas e, por isso, segundo a concepção ocidental de sociedade passiveis de críticas, escritas ou não. Ao romperem a linha das relações diplomáticas, dos boicotes e das manifestações, o grupo terrorista usou a falta de argumento e o silêncio do ato terrorismo para impor um ponto de vista condenado, inclusive, pela comunidade islâmica mundial. O silencio a que me refiro diz respeito a violência destinada a todos, muda e sem face. Uma visão sobre o atentado de Paris pode ser construída com a seguinte questão –

o atentado visto como a oposição entre a imagem e a não-imagem. Por imagem, teríamos as charges e a imagem que os grupos fundamentalistas têm de sua religião; e pela não-imagem, teríamos a iconoclastia preconizada pelo Islamismo e defendida a ferro e fogo pelos fundamentalistas enquanto para os franceses, ou para nós, os ocidentais, a não-imagem seria o atentado. Além disso, vale dizer que todo ato de escrita é, na verdade, um ato de força e se impõe a toda pessoa que tem contato com este ato. Disto, temos o confronto entre os significados, os signos e as representações do leitor com o texto produzido o que transforma a leitura ou a interpretação de qualquer texto em algo concreto, ativo e contraditório. Um exemplo disto? O atentado em toda a sua força e violência. Pedro Marcelo Galasso – cientista político, professor e escritor. Email: p.m.galasso@gmail.com.br

Lenço Cor de Rosa

O desafio de ser pessoa por Evelin Scarelli

Coragem: Do latim coraticum. Habilidade de confrontar o temível som de discórdia, a difícil vida, o amor, a certeza ou a intimidação. Definição de gente grande, não é mesmo? Então vamos à minha... Coragem: Fator determinante e indispensável aos nossos repousos diários sob o travesseiro - e de nossos impulsos para ações (e reações) do dia seguinte. “Falei tudo o que senti ser certo naquele momento?” “Como seria se naquele segundo tivesse me posicionado de tal maneira?” e por ultimo, mas não menos importante: “Se eu me permitisse de verdade e tivesse consciência de que a vida é uma jornada sem replay... Se tivesse a consciência de que cada segundo perdido é um segundo perdido e que o tempo é a própria definição de coragem para nossos organismos mutáveis e sensíveis a fatores também sensíveis, como a morte, será que tudo isso não me serviria como catalisador para saber o que

eu realmente quero?”. Aí esta - acredito eu - o grande desafio de ser “pessoa” nos dias de hoje: Se você também habita neste grande planeta repleto de lindas paisagens e ótima atmosfera, meu conselho é o de respirar fundo e (se)aceitar um bocadinho - As vezes a falta de coragem se instala e a gente tende a se perder nos planos e objetivos. Não é bonito? A vida tem esses instantes de magia... Enquanto busco e reconheço minhas fraquezas, encontro também meus momentos de fortaleza. São as lembranças de boas e fortes tormentas que me fazem compreender a diferença mais pura entre o “ser” e “estar”. Ter câncer nunca me tornou alguém doente - E esse foi um dos meus grandes segredos no “manual de sobrevivente”: O de respeitar o tempo e meus limites, mas sem agir como se tivesse a doença instalada de forma definitiva. Para encontrar paz, tive que viver e assim

escrever sobre as dores, flores e espinhos. Escrevi sobre a vida e a morte, facetas de uma mesma moeda. Contemplei a natureza da alma, a beleza do sorriso e o poder contido dentro dos que são felizes. Sofri com fechamentos cíclicos, me despedi do que realmente amava, decidi a minha conduta pós “segunda chance”. Subi degraus, desci inúmeros degraus. Escrevi e apaguei. Apaguei e recomecei. Reescrevi a vida a caneta, sem a insegurança pela falta de lápis. Todas as vezes em que estive dentro de um quarto de hospital, pude reconhecer a oportunidade de transformar meus momentos de insegurança em catalisadores para a Vida - assim mesmo, com “V” maiúsculo. Então, se algo ai dentro não anda muito bem e sente-se um pouco longe dos momentos de coragem, que tal espelhar-se em si mesmo? Viver tormentas também lhe torna alguém mais grato. Respire fundo, você

também não está sozinho... Seu próprio organismo lhe demonstra diariamente a grande capacidade de superação à novos desafios. Veja seus pés, que sustentam todo o peso do seu corpo. No caso de nós, time oncológico, quer presente mais lindo nessa vida do que a pureza de sorrir ao ver seus cabelos renascendo? Tudo se adapta, tudo supera... Eis mais um fruto de tudo o que (pouco) aprendi: Não importa quantas vezes à vida te faça sentir na pele a sensação de queda livre, o valor dessa experiência encontra-se exatamente no reconhecimento da sua capacidade de retornar a posição vertical. Tenha Coragem! A vista aqui do lado dos que contemplam seus desafios é infinitamente mais bonita... Evelin Scarelli (Vi), tem 26 anos, taurina, Bragantina, fisioterapeuta, observadora nata, amante da vida, de abraços apertados e de sorvete de chocomenta. E-mail - evelin.scarelli@gmail.com

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Veículos

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Salão de Detroit

Para agradar a diferentes públicos, salão mistura veículos “verdes” e carrões V8 por EDUARDO SODRÉ/folhapress

Do lado de fora do hotel, uma

de emissões por frota. Por isso não é pre-

nos EUA, a marca japonesa concentra

marchas

fila de utilitários esportivos

ciso extinguir os motores e os veículos

todas as suas fichas na gigantesca picape

Todas as empresas que apresentam

Chevrolet está disponível para

mais “sujos”, mas torna-se necessário

Titan, que é o único veículo exposto no

carros com grandes motores em Detroit

testes por Detroit. Todos com motor V8,

lançar e vender opções “verdes” para

igualmente grande estande da marca.

se apressam em dizer que a evolução

que mantém público grande e fiel nos

equilibrar a conta.

A empresa garante que o utilitário está

tecnológica ajuda a reduzir o consumo e

Estados Unidos -principalmente agora,

“Entre 2020 e 2025, teremos que reduzir

até 20% mais eficiente do que antes e

as emissões. A Ford fez isso ao mostrar

com a gasolina custando o equivalente

nossa média de emissões em 4% por ano.

que não vai deixar de apostar na mobi-

a picape Raptor, uma F-150 com cara

a R$ 1,30 por litro.

É uma meta bastante elevada”, disse um

lidade limpa.

de malvada.

A cerca de 200 metros dali, dentro do

engenheiro do Chrysler.

“Continuamos a investir fortemente nos

Seu 3.6 V6 turbo entrega 417 cv de

centro de exposições Cobo Hall, a mesma

Para Dan Amann, presidente da General

carros de emissão zero e também nos

potência, mas sem queimar tanta ga-

marca exibe a nova geração do Volt e o

Motors, a apresentação de carros “verdes”

veículos autônomos, que acreditamos

solina quanto as picapes V8, garante a

compacto Bolt. O primeiro é híbrido; o

em Detroit segue o ciclo de renovação

ser uma ferramenta importante para

montadora.

segundo, elétrico. Eles são os maiores

de produtos, com todos os modelos

reduzir o estresse no trânsito”, afirmou

O câmbio de dez marchas mostra que

destaques do estande.

dividindo espaço nas concessionárias.

Carlos Ghosn, presidente da Aliança

ainda não há limites para as transmis-

Essa dupla personalidade é a caracte-

“Em 2014, apresentamos a renovação da

Renault-Nissan.

sões modernas, e a grade frontal preta

rística do Salão de Detroit 2015. A cada

picape Silverado e de outros utilitários.

nova etapa da legislação que obriga a

Agora temos o Volt”, disse o executivo.

Salão de detroit 2015

redução de emissões, as montadoras

A Nissan é outro exemplo de como é

Esportivos renovador estreiam nos EUA

Apesar de chamar a atenção, esse utili-

precisam investir mais em carros me-

necessário -e difícil- agradar a diferentes

Ford exibe GT e picape Raptor; Honda

tário não é a principal atração da Ford

nos poluentes, e convencer o público a

públicos no cenário atual da indústria.

apresenta NSX híbrido, ultiliário pro-

em Detroit. O posto é ocupado pela nova

comprá-los.

Após anos trabalhando para transformar

duzido nos EUA tem motor V6 Turbo

geração do superesportivo GT.

As fabricantes têm que atender a médias

o elétrico Leaf em um carro de sucesso

com 417 cv e câmbio automático de dez

O modelo Terá motor V6 biturbo

com o nome “Raptor” em baixo relevo completa a lista de exageros.

Foto: DivulgaçÃO


Veículos

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com mais de 600 cv, carroceria em fibra

O Suburban é a síntese do SUV america-

de carbono, suspensão ativa e câmbio

no. Com 5,7 m de comprimento (35 cm a

automatizado de sete marchas e dupla

mais que a picape S10 cabine dupla), o

embreagem.

Chevrolet consegue receber sete adul-

9 Foto: DivulgaçÃO

tos com conforto em todos os assentos

Senna

e ainda reservar 1.100 litros de volume

Outro esportivo em destaque é o Acura

para as bagagens.

NSX, desenvolvido pela Honda. Se-

A largura também espanta: 2,1 metros

gundo engenheiros que trabalharam

sem contar os espelhos retrovisores. No

no projeto, a segunda geração segue

Brasil, um automóvel como esse ficaria

os mesmos preceitos da primeira, cujo

limitado à vida rural, bem distante dos

desenvolvimento foi assessorado por

grandes centros. Em Detroit, está por

Ayrton Senna, no início dos anos 1990.

todos os lados.

Na época, o piloto estava na McLaren,

De cara, o Suburban desperta preconceito.

que usava motores japoneses.

É um veículo essencialmente desneces-

Alinhado aos novos tempos, o bólido

sário, pois há minivans que cumprem

japonês tem tecnologia híbrida.

bem a mesma função, gastando menos

O NSX é equipado com um novo V6

combustível do que o motor 5.3 V8 (360

biturbo de injeção direta, transmissão

cv) desse “jipão”.

de dupla embreagem (nove marchas) e

Em movimento, o Chevrolet começa a

sistema Sport Hybrid.

gerar empatia. Seu corpanzil segue em

O funcionamento é complexo: enquanto

silêncio no meio da paisagem congelada,

um dos motores elétricos atua no no

com tudo ao alcance das mãos. É feito

eixo traseiro, os outros dois movem as

para longas viagens sem pressa, com

rodas dianteiras. O resultado é maior

família e amigos a bordo.

potência (a Honda ainda não divulgou

Menos culpa

esse dado) com menor consumo.

Para diminuir a culpa ambiental, o motor trabalha em quatro cilindros quando

Síntese do exagero americano, Chevrolet Suburban exige espaço A central multimídia do Chevrolet Suburban indica que, do lado de fora, a temperatura equivale a -2°C. Há montes de neve nas extremidades da rodovia, mas o asfalto está apenas úmido. Neste cenário, estar em um veículo com aquecimento nos bancos é reconfortante -mesmo que o carro em questão seja um dos maiores utilitários do mundo.

não é preciso muita força. Foi assim na maior parte do trajeto de 90 quilômetros, em velocidade nunca superior a 80 km/h e com pouco trânsito. Apesar da condição favorável, o consumo registrado no computador de bordo foi equivalente a 6 km/l. O modelo testado custa US$ 66 mil (R$ 172,8 mil). Caso fosse importado para o Brasil, não sairia por menos de R$ 300 mil. É melhor ficar pelos EUA, onde ainda há lugares com espaço suficiente para o Suburban. (ES)

Foto: DivulgaçÃO


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