783 Edição 13.02.2015

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Braganรงa Paulista

Sexta

13 Fevereiro 2015

Nยบ 783 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

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Para pensar

Jornal do Meio 783 Sexta 13 • Fevereiro • 2015

É Carnaval! por Mons. Giovanni Baresse

Quando se fala em carnaval sempre se buscam suas origens. Elas são múltiplas e bem variadas. Hoje ficou mais fácil buscar notícias no Google, Wikipedia, etc. Normalmente os historiadores vão buscar a origem do Carnaval nas fontes da nossa civilização. Suas raízes estariam nos ritos de fertilidade e das colheitas celebrados no Egito e no Crescente Fértil. Mais proximamente, na Grécia antiga, o carnaval seria uma expressão nova dirigida a Dionísio, deus do vinho, de algum modo também ligado à vida agrícola. Da Grécia para Roma a festa era feita ao deus Baco (nome latino de Dionísio). Posteriormente a celebração das Saturnais (Saturno, deus do Tempo) tomou totalmente o espaço revestindo-se da festa pela liberdade e igualdade entre as pessoas. Há ainda quem diga que existe certa ligação com a deusa do amor Afrodite (Vênus para os romanos). Uma teoria mais próxima a nós coloca a palavra carnaval na Idade Média surgida, possivelmente, da expressão “carrum navalis”, que designava os barcos adornados para a festa

de Baco-Dionísio. Para outros a origem seria derivada do costume da Igreja católica de preparar a festa da Páscoa com um sinal penitencial. Assinalado um tempo simbólico de quarenta dias, a “quaresma”, os cristãos eram convidados a “deixar a carne”. Fazia-se uma festa que servia de despedida desse alimento. Essa quaresma servia para preparar a celebração que fazia memória do sofrimento e da morte de Cristo até desembocar no glorioso dia da sua Ressurreição. Como se vê há teorias para todos os gostos! Ao falar do Carnaval muito se fala se vale à pena, se é coisa boa, se é elemento forte para incentivar o turismo, se o Poder Público deve subvencionar as Escolas de Samba, se é pecado, etc. Penso que as expressões culturais, festivas fazem parte de nossa vida. Naturalmente que não pode haver aprovação quando a coisa se encaminha para atitudes que não dignificam ninguém. O grande desafio do carnaval dos nossos dias está na exploração sexual e nas diferentes drogas oferecidas. Em muitos lugares o carnaval tornou-se ocasião para expor o corpo humano para satisfação

única e exclusiva do instinto sexual. Os corpos tornam-se objetos do desejo. Entra-se num clima de “liberou geral” com os excessos do álcool e de outras “mercadorias. Não existe mal em festejar. Aliás, é necessário festejar. São as festas que nos mostram a beleza que a vida pode ser quando os encontros, os gestos de afeto, as presenças das pessoas fazem experimentar o quanto é bom conviver! O risco está em limitar a “alegria” ao que se possa consumir de humano e de outros “produtos”. Esse tipo de atitude escraviza e destrói. Muita gente exorciza o carnaval pelos seus abusos. E é justo. Creio, todavia, que uma ação educativa de largo espectro poderia redimensionar essa festa dando-lhe ou devolvendo-lhe as características construtivas de momento de confraternização alegre e “spensierata”, como dizem os italianos. Penso que vale a pena ser sonhador! A grande capacidade que o ser humano tem é a de compreender que pode ser melhor. E aquilo que realiza também. Por que não começar um trabalho de formiga para mudar a tônica do tríduo momístico?

Tenho certeza que a maioria dos pais gostaria de ver filhos e filhas inteiros e felizes durante e depois do carnaval. Por que não começar uma valoração diferenciada nos diálogos escolares? Por que não falar daquilo que pode dignificar o viver da alegria, do encontro, da festa, do descanso que o carnaval pode oferecer? Por que não mostrar que não vale a pena de confundir liberdade com libertinagem? Creio que é uma questão de escolha! E é melhor escolher certo! Neste campo há muito que fazer. Mais uma vez o Ministério da Saúde, sob o sofisma de que é melhor prevenir que remediar, se coloca como distribuidor de preservativos. A tal camisinha será distribuída de graça. Com o seu, o meu, o nosso dinheiro! O Ministério diz que o tratamento das DST, AIDS, etc. é muito mais dispendioso e será pago também com o dinheiro do contribuinte. No raciocínio raso isto tem sentido. Numa visão mais ampla seria importante que na “empolgação” nunca se tomassem decisões ou se usassem gestos (como a relação sexual) que exigem consciência e responsabilidade. Parece,

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

contudo, que uma campanha educativa que levasse as pessoas a ter visão mais profunda sobre comportamento e sexualidade e diversão (independentemente de uma determinada visão religiosa) não interessa muito. Resta esperar que não tenhamos acréscimo de infectados e de filhos da empolgação!


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Momento Pet

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Bulldog Francês por Dr. André Alessandri

A carinha amassada é encantadora, bem como as orelhas de morcego. De corpo musculoso e olhar encantador, essa raça vem conquistando cada vez mais fãs: estou falando do Bulldog Francês, ou “Frenchie”, como também é conhecido. Raça desenvolvida na Inglaterra, França e EUA, eles são excelentes cães de companhia, de temperamento divertido e muito brincalhões. Por isso, carecem bastante da atenção de seus donos. Fisicamente, têm uma altura média de até 35 cm, e pesa de 8 a 14kg. Sua pelagem é curta, macia e lisa, com uma grande variação de cores: marrom, azul, creme, branco, preto, branco e preto, tigrado ou fulvo. A expectativa de vida da raça é de 13 a 15 anos. É muito leal e extremamente apegado ao seu dono, mas também faz festa com toda a família. Gosta de brincar, mas não é recomendada atividade física em excesso. São inteligentes. No ranking de inteligência canina de Stanley Coren, o Frenchie ocupa a 58ª posição. Devido à peculiaridades da raça, algumas precauções devem ser tomadas se você

tem ou deseja ter um Bulldog Francês: não é indicada que viva fora de casa, pois seu focinho extremamente achatado (braquiocefálico) acarreta certa fraqueza em seu aparelho respiratório e,

Dr. André e a gata Xuxinha, de 22 anos

consequentemente, dificultam a troca de calor com o ambiente. Além disso, deve se ter cuidado com as piscinas, pois não são bons nadadores. Como todos cães, necessita dos cuidados

básicos com vacinação e vermifugação sempre em dia. Assim, se você gosta de ficar em casa e quer uma companhia alegre e fiel, o Bulldog Francês é a sua cara!

Rafaela e sua Angel

Vanina e Maya

JUBILEU DOS 250 ANOS DA PARÓQUIA

DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO – CATEDRAL 250 anos de Fé e Evangelização com Maria – a Senhora da Conceição. por José Roberto Vasconcellos

Hoje 13 de fevereiro transcorre 250 anos de criação e instalação da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, a primeira fundada em nossa cidade. Documento datado de 1749 refere-se ao bairro do Jaguary, pertencente à Paróquia de São João de Atibaia, de cuja Matriz distava seis léguas. Seus moradores sentiam necessidade de sacramentos e de igreja para participarem da Missa. Na segunda metade do século 18 – no espigão do morro margeado pelos ribeirões Canivete e Inhaúma, do grande Sertão do Jaguary , por graça do casal paulista Antonio Pires Pimentel e sua mulher d. Inácia da Silva (ou Silv eira) doaram eles por escritura pública um terreno suficiente para a construção de uma modesta capela em louvor a Senhora da Conceição. Foi entronizada a imagem de Nossa Senhora da Conceição naquela capela, e em redor da mesma formou-se um pequeno povoado que foi chamado Conceição do Jaguary. Era dezembro de 1763. No século 18 determinados atos relativos da igreja colonial, como criação de Freguesias, estava sujeito ao governo colonial: Governadores Gerais ou Vice-Reis. Transcorrido treze meses da data acima (dezembro/1763) em fins de janeiro ou de inicio fevereiro de 1765, na sede do governo Brasil Colônia, cidade do Rio de Janeiro era dada autorização para da instalação de Freguesia naquele pequeno povoado, e consequentemente propiciava ao surgimento da Paróquia. No ano de 1765 a colonial era chefiada por Vice-Rei e naquele ano o vice-rei era Antonio Alvares da Cunha - Conde da Cunha. Freguesia, no vocábulo lusitano antigo significava: Distrito, em que exerce a jurisdição espiritual de um prior; Paróquia.. O primeiro Livro do Tombo da Freguesia de Nossa Senhora do Jaguary formado por folhas avulsas com escritos do período 1745 - 1855 era constituído de Provisões e Alvarás Reais relativos ao período 1703

-1830.O bispado da Diocese de São Paulo estava vago desde 1764, por morte do Bispo Frei Antonio de Madre de Deos Garrão. O termo de abertura do 1º Livro de Batizados da recém Freguesia surgida é datado de 8 de fevereiro de 1765 e nele consta “Este livro de baptizados ha de servir para se fazerem os assentos de batismo da nova freguezia de Nossa Senhora das Conceição de Jaguary, o qual vai numerado e rubricado com a rubrica de meu uso – Prof. – e no fim leva o termo de encerramento. São Paulo, 8 de fevereiro de 1765. a) Vigro. Cap. Manoel de Jesus, Pr.” Para pároco da nova freguesia, foi designado o Pe. Jerônimo de Camargo Bueno. Não existe registro do dia da sua posse, porém a tradição considera sua chegada no dia 13 de fevereiro, quando o povoado é legalmente reconhecido como Freguesia. A pequena capela é elevada a igreja Matriz. A primeira atividade paroquial na Matriz ocorreu em 17 de fevereiro de 1765 data reconhecida como o Dia da Instalação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Jaguary. Naquele dia, o vigário Pe. Jerônimo, batizou a Maria, filha de João Pais Domingues e de Leonor Pedrosa. Em 16 de janeiro de 1780, o pároco Pe. Bernardo de Souza Payo Barros, ministrou o sacramento do batismo a Francisca, primeira bragantina-afro, filha de Rosa, escrava de João M. Oliveira. No assento do Batismo não consta o nome do pai. A realização do primeiro ato litúrgico sacramental na Matriz da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Jaguary, representa oficialmente o início das atividades paroquiais. Atividades de vida paroquial que perduram até hoje na Paróquia-Mãe, daí Matriz, e nas onze paróquias que foram dela desmembradas no caminhar destes 250 anos. A expressão Freguesia foi utilizada até ao final da era colonial (1816). No Livro do Tombo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição– Vol. III, p. 48, consta de próprio punho do pároco Pe.

José Carlos de Aguirre, , a seguinte anotação: (*) A Paróquia foi criada em 13 de fevereiro de 1765. Padre Aguirre, grande pesquisador da história da paróquia foi pároco de Bragança nos anos 1914 a 1924. Quando da grande reforma de 1917 na Matriz, de suas paredes foram retiradas duas lápides de mármore tendo gravado datas e dados históricos relativos a Bragança e a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. São registros que documentam a data jubilar e momentos históricos de nossa cidade. A primeira lápide trás os seguintes dizeres: I - 15 DECEMBRIS 1763 CONCEPTIONIS AEDICVLA STRVITVLA II - 13 FEBRVARII 1765 SUB NOMINE CONCEPTIONIS JAGVARY IN PAROEGIAM PAGVS ERIGITVR. A segunda lápide trás gravado: III - “29 NOVEMBRIS 1797 IN OPPIDVLVM PROMOTA NOVA BRIGANTIA APPELLATVR IV - 24 APRILIS 1856 BRIGANTIA IN CIVITATEM PROMOVETUR Essas placas recentemente localizadas em um cômodo da Matriz/Catedral, estavam partidas ao meio e foram restauradas estando prontas para serem fixadas em local apropriado na Matriz /Catedral, ficando a mostra e documentando datas e momentos históricos relativos a nossa cidade. A imagem de Nossa Senhora da Conceição ofertada pelo casal e entronizada por d. Inácia na capela primitiva, esteve em trono próprio na igreja Matriz até o final de 1899. Hoje está sob a guarda do Bispo Diocesano, na Casa da Diocese. Em 1899/1900 no paroquiato do Cônego Francisco Claro de Assis, foi entronizada a imagem atual, ofertada pela paroquiana d. Libânia Cintra Valle (A Paróquia de Bragança por seu Vigário, ed. 1919, Cônego José de Aguirre). Na sua caminhada de 250 anos, a paró-

quia foi administrada por 51 párocos, sendo 4 (quatro) bragantinos: Mons. Luiz Gonzaga Peluso, Mons. Tito José Felice, Mons. Pedro Paulo Farhat e Côn. Domingos Bonucci e outros 6 (seis) como Vigário Paroquial: Padres José Pires Cardoso, José Lélio Mendes Ferreira, Arthur Bigon Júnior, José Batista Mascaretti, Egydio José Porto e Eli Antônio Dentello. Dos párocos e vigários paroquiais, 4 (quatro) foram elevados ao episcopado: Pe. Manoel Joaquim Gonçalves Andrade – 6º Bispo de São Paulo, Côn. José Carlos de Aguirre, lº Bispo de Sorocaba, Pe. Paulo de Tarso Campos – 2º Bispo de Santos e 1º Arcebispo de Campinas e Mons. Luiz Gonzaga Peluso – Bispo de Lorena e posteriormente Bispo de Cachoeiro do Itapemirim/ES. Em 19 de junho de 1927 tomando posse o primeiro Bispo diocesano da Diocese de Bragança do Brasil, a Matriz Paroquial é erigida a Catedral Diocesana. Festejar os 250 anos da paróquia é reconhecer a constância de Deus na vida de nosso povo e da Igreja e as pessoas que gastaram seu tempo e suas vidas em prol do reino de DEUS durante esses anos. Foto: arquivo pessoal

(*) José Roberto Vasconcellos, 75 é membro da Pastoral da Comunicação / Catedral


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por Shel Almeida

Desde que existe, a medicina vem sendo aperfeiçoada constantemente. Muitos dos aparelhos médicos que conhecemos hoje foram criados depois de muita pesquisa e também muita experiência. Muitas vezes é preciso que algo não saia exatamente como foi planejado para que, assim, possa ser encontrado o erro e com isso, melhorado. Muitos dos avanços da medicina se devem a isso, ao aperfeiçoamento, mas também às descobertas ao acaso e à constante necessidade de avançar e vencer barreiras do conhecimento. Se hoje, por exemplo, sabemos que nos anos 1980 as pessoas morriam por causa da Aids, é porque a história foi contada. E contar a história faz toda a diferença, nos faz ter consciência do quão frágeis somos enquanto seres humanos e do quanto ainda precisamos e podemos avançar. Pensado nisso, em mostrar o quanto a história faz parte do nosso dia-a-dia e o quanto merece ser reconhecida, foi criada na Universidade São Francisco a “Exposição de Materiais Médicos do Século XX”. O Jornal do Meio esteve presente no último dia de exposição, que permaneceu na USF entre os dias 2 e 6 de fevereiro e conversou com o Dr. Waldemar Muniz, um dos organizadores. “Criamos essa exposição para mostrar como era a medicina no passado e quais as dificuldades que os médicos tinham para trabalhar. Naquela época os médicos se valiam apenas dos seus sentidos e do seu conhecimento profissional”, diz.

Objetos que contam história

Dr. Waldemar fez as vezes de mediador da exposição e mostrou e contou um pouco de cada peça. “Essa balança veio de Paris. É de ferro maciço, mede altura e mede o peso. É raríssima, dificilmente aqui no Brasil se encontra uma balança como essa. Ela deve ter vindo pra cá em

1930, por aí”, mostra. A peça não chega a ser tão surpreendente ou parecer tão antiga, mas é curioso imaginar que precisou vir de outro continente para cá, de navio. Um instrumento que, hoje em dia, é possível se encontrar em muitas farmácias. “Essa era uma bacia para fazer a lavagem das mãos antes de entrar na sala de operação, veio da Clínica Santo Antônio. Essa ideia de lavar as mãos antes da cirurgia surgiu na Europa no o século 18. O Dr. Semmeweis. foi quem conseguiu acabar com a mortalidade de mãe pela infecção que adquiria no parto. Naquele tempo, em Viena e Paris, que eram as maiores cidades da Europa, os partos eram feitos em duas divisões. Em uma quem fazia os partos eram as parteiras e na outra eram os médicos e estudantes de medicina. E esse Dr. Semmeweis começou a perceber que a mortalidade da mãe e do bebê eram muitos maiores onde os médicos e estudantes faziam os partos do que do lado das parteiras. E ele ficou tentando descobrir porque acontecia isso, então ele percebeu que no caso dos estudantes e médicos, eles saiam na sala de necropsia e iam direto examinar as pacientes em trabalho de parto. Morriam 12% das mulheres atendidas pelos médicos enquanto que do lado as parteiras eram só 2% de mortalidade. Ele percebeu que eles estavam levando alguma coisa de um lugar para o outro e essa “alguma coisa” era a bactéria que estava dando aquela infecção mortal. Então ele fez um lei no hospital de que era obrigatório que todas as pessoas que fossem entrar na sala de operação teriam que lavar as mãos em uma bacia como essa, em água clorada. Com isso, após um certo tempo, ele conseguiu ver que a moralidade das mulheres atendidas pelos estudantes, que estava em 12%, caiu no nível das atendidas pelas parteiras, 2%”. A medicina avançou muito com as descobertas de Pasteur

Dr. Waldemar um dos responsáveis pela Exposição de Materiais Médicos que aconteceu na USF. Ideia é mostrar com a medicina evoluiu.

Receituários escritos à mão pela mãe de Dr. Waldemar. Receitas têm data a partir de 1918 e mostram ingredientes como cocaína nas fórmulas

Itens da exposição contam um pouco da história da medicina e de quanto houve avanço através dos anos.

Antiga cadeira de rodas da Santa Casa, semelhante às cadeiras de balanço

Balança vinda de Paris para a Clínica Santo Antônio na década de 30.

A temida cadeira do suplício da Santa Casa, onde crianças eram amarradas para que fosse retiradas suas amígdalas.


Jornal do Meio 783 Sexta 13 • Fevereiro • 2015 e aí foi avançando tanto até chegar no que temos hoje. Mas esse que foi o começo, começou assim, com Dr. Philipp Semmeweis. Um assistente dele em uma autópsia de uma das pacientes se contaminou e morreu. Ele fez a necropsia do assistente e percebeu que as lesões que ele tinha eram as mesma da mulher, o que confirmou a teoria dele. Depois descobriram que era uma bactéria que adquiriam pelo toque”, conta. É interessante perceber como as coisas surgem de repente. Ninguém pensa naquilo, como no fato de se lavar as mãos antes das cirurgias, até que alguma coisa acontece e aquilo torna-se a solução. Outro equipamento que tem uma boa história, mas que não é tão fundamental assim (na verdade, ainda bem que o seu uso foi abolido) é a chamada “Cadeira do Suplício”, onde crianças eram amarradas para que pudessem ter a amígdala retirada. “Era comum tirar amígdala, qualquer coisinha, tirava a amígdala. Sentava a criança, amarrava , deixava ela imóvel. Aí vinha uma anestesista com uma espécie de capacete que era feito de arame e cheio de algodão, e colocava éter por cima, para ela dormir. A criança fica desesperada. Vinha o otorrino, colocava o afastador na boca e tirava a amígdala. Sangrava, uma vez eu vi, assisti uma vez e nunca mais eu quis ver. Essa veio da Santa Casa”, fala. De acordo com Dr. Waldemar, esse foi o aparelho que mais surpreendeu os estudantes de medicina da Universidade, Não é pra menos.

O desfibrilador do começo do século vinha em uma caixa de madeira. Não só os equipamentos se modernizaram como os materiais que eram feitos.

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Maleta que Dr; Waldemar usava para fazer visita aos pacientes.

Preservar

Muitos dos equipamentos expostos são do próprio Dr. Waldemar. Outros vieram da Santa Casa ou de Clínicas, com a Santo Antônio. Outros são de outros médicos, como o Dr. Maurício Tartari, que guardou boa parte dos equipamentos usados pelo seu pai, Dr. Themístocles Tártari. Alguns são, ainda, da Farmácia Central. O que essas pessoa fizeram, ao guardar esses materiais, foi preservar a história, dar valor ao passado para que possa entender o presente e, quem sabe, compreender o futuro. Um dos itens, por exemplo, é um caderno que Dr. Waldemar teve o cuidado de conservar e encadernar com as anotações de receitas que sua mãe, Nena Senatori Muniz, que foi prática de farmácia, fazia dos remédios que seu tio, Dr. Salvador Levato, receitava aos pacientes. São datados desde 1918 e em muitas das fórmulas contém itens hoje inimagináveis, como cocaína (que era diferente da atual, como semelhança apenas a origem: a folha da coca) , que já teve suas funções medicinais. Como saberíamos disso se não estivesse tudo cuidadosamente preservado? Manter a nossa história e a de nossos antepassados cabe a nós mesmo, tenham sido eles médicos, engenheiros, agricultores ou comerciantes. Há muito o que ser contato para as gerações futuras.

As balança para pesar bebês precisam de espaço para poderem ser usadas.

Itens vieram de arquivos pessoais de diversos médicos, como Dr. Maurício Tártari e Dr. Célio Gayer.

Os teste oftálmicos era feitos assim, antigamente: muitas lentes em um caixa de madeira. O paciente testava até encontrar a ideal.


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Reflexão e Práxis

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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

Uma visão maior

www.coquetel.com.br Próton (símbolo) Unir; juntar

© Revistas COQUETEL

Local de atracação de navios em Fortaleza, Ceará Perto, em inglês

por pedro marcelo galasso

As recentes e contundentes denúncias contra o PT são o reflexo de um sistema político-partidário criado para favorecer os partidos políticos, enriquecer os políticos profissionais e permitir, a olhos vistos, a corrupção do Estado. Ao politizar as acusações e ao manter o foco em um único partido político o cenário das acusações oculta fatos maiores e mais significativos nos dando a impressão de que o problema e restringe a um partido político específico e não a todo o nosso sistema político. Caso nos prendamos a um único partido não teremos a compreensão de que o problema é bem maior, ou seja, não vamos ver o problema do sistema político que é, por definição, muito maior que um ou outro partido. Nosso sistema político é o grande facilitador dos processos corruptivos e para ilustrar tal ideia basta pensarmos o seguinte – qual o controle que temos sobre os nossos votos? Quais são os controles institucionais que temos sobre os parlamentares? Ora, se o Estado e suas instituições foram criados para atender as demandas populares, por que nunca somos ouvidos ou respeitados? Por que criamos e alimentamos um sistema político que garante liberdade de ação irresponsável aos políticos profissionais? As acusações sobre o PT parecem reais, serão investigadas e envolvem diversos políticos e partidos, bem como diferentes setores da hierarquia estatal, expressando de forma clara o argumento acima. O que temos no Brasil é um sistema político que favorece a corrupção e que garante imunidade parlamentar aos corruptores e isso nas esferas municipal, estadual e federal, além, é claro, da sociedade civil que é tão corrupta quanto a classe política brasileira. Para identificar os corruptores civis, em alguns casos, basta olhar para um espelho, pois somos a fonte e a justificativa do processo corruptivo. Somos tão corruptores quanto os políticos profissionais e o PT, partido envolvido diretamente nas acusações, é um dentre milhares de outros exemplos ao longo

da nossa História. O desmonte da Petrobrás não é recente, mas tomou proporções descomunais nas últimas semanas. Estamos acostumados com os desvios de verbas públicas, com a compra de votos e o loteamento dos cargos de confiança ou ministeriais, mas as cifras citadas são assustadoras e têm desdobramentos políticos que ainda não foram compreendidos. Entretanto, a solução para esta questão foi a velha e ineficiente CPI, um instrumento desgastado que se transforma em um circo maniqueísta do qual todos querem participar e cujos resultados conhecemos muito bem. As CPIs são longas, morosas e politiqueiras, uma forma conveniente de amarrarem conchavos políticos, uma forma eficiente dos partidos políticos barganharem apoio político, conquistar uma secretaria e até, quem sabe, um ministério. Um espaço caro para os contribuintes, tomado pelos discursos fortes e apelativos, mas desprovidos de sentido. Além disso, elas são tão longas que podem durar quase uma década nos levando ao esquecimento de seu motivo e até da sua existência . Os partidos envolvidos fazem parte da comissão, a oposição faz parte da comissão e, então, as acusações ou os esclarecimentos públicos se tornam secundários frente as disputas partidárias. Estranho imaginar o PT, que comemora 35 anos, corrompido pela estrutura de poder que ele jurou modificar, traindo milhões de pessoas. Estranho ver o PSDB elevado a absurda categoria de grande redentor do Brasil. Estranho nos ver reféns de políticos profissionais que irão praticar a mais descarada politicagem em busca de benefícios pessoais ao longo da CPI. Estranho ver os interesses de poucos partidos políticos se sobrepujarem as necessidades da maioria. Estranho é, no entanto, nos conformarmos com isso tudo ou acreditamos que este é o único caminho. Pedro Marcelo Galasso – cientista político, professor e escritor. Email: p.m.galasso@gmail.com.br

Ir para o (?): fracassar Voltar

Oferte; conceda Superior imediato do capitão, no Exército

Baton (?), cidade dos EUA Asco

Ápices Tipo de célula em maior quantidade no corpo humano

O sinal hippie de paz e amor, formado com os dedos Origem (abrev.)

Símbolo da paciência (Bíblia) (?) Mayer, ator de "Império" (TV)

Ópera de (?), postal de Curitiba

União (?): é formada por 28 países (2014)

Clássico do Eletrodoméstico cinema de comum em bares horror, de Maiores produtoras 1984 de oxigênio na Terra

Forma de se referir ao antigo amor

Et cetera (abrev.) Ivete Sangalo, cantora

Antes, em francês Érbio (símbolo)

"O Sole (?)", canção italiana

Rei, em latim Mister (abrev.)

Tipo de colchão inadequado à coluna

Veludo usado em estofamentos

(?) Guevara, revolucionário argentino

Desvio da coluna vertebral (Patol.) BANCO

3/mio — rex. 4/near. 5/avant — cumes — rouge. 7/freezer. 9/conchavar — epitelial. 13/algas marinhas.

Lenço Cor de Rosa

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Evelin Scarelli (Vi), tem 26 anos, taurina, Bragantina, fisioterapeuta, observadora nata, amante da vida, de abraços apertados e de sorvete de chocomenta. E-mail - evelin.scarelli@gmail.com

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E viva o recomeço!

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E nesses momentos, onde parte de mim se (con) funde com algo que ainda não havia descoberto – e que em mim também habita – nasceu uma oração que gostaria de compartilhar com vocês (quem sabe também não ajuda, né? Caso precisem...) “Pai. Que eu consiga aceitar e manifestar todos os princípios que eu mesma Vos peço em minhas orações. Que eu consiga entender que a vida é feita através da magia do “processo” e que saiba, então, respeitar o seu começo, o seu meio e o seu fim. Que eu acredite cada vez mais que o começo é agora, assim como o fim. E que isso me faça querer mais e mais buscar ser o melhor meio, atemporalmente. Que o meu meio seja o mais puro, e que eu consiga demonstrar essa pureza através dos meus olhos, dos meus olhares, sorrisos e palavras. Que eu não perca nunca essa coragem para “seguir em frente”, e que eu receba sempre (sempre) de braços abertos, todas as minhas inseguranças e questionamentos. Você acredita em mim. Você acredita na força que me deu. Você acredita nos meus braços, mas minhas mãos, pernas e raízes. Você sabe, mais do que ninguém, que sou uma árvore. Faça-me ter frutos. Faça-me sempre ser a sombra e o local de repouso do meu próprio interior. Obrigada pela oportunidade de reconhecer o que é a Vida. Obrigada por me fazer ser a Vida, manifestada nas minhas próprias ações e reações. Que eu saiba reconhecer... Obrigada por fazer de mim, muito mais do que pensei que seria. Que assim seja. E assim, será.” Quanto mais reconheço minhas pequineses, mais me empenho em ser alguém melhor por mim e para o mundo. Afinal, de que vale levar uma vida inteira sendo fera? De que vale levar uma vida inteira sendo ferida(o) ? E mais confuso ainda, mas não menos importante: De que vale levar uma vida inteira sendo ferida(o) por você mesma(o)? E se é a vida que anda um tanto quanto confusa, saiba que não existe nada melhor do que uma boa musica e um leve sorriso o rosto: Talvez nada seja propriamente como imagina... Talvez o seu lado mais duro precise apenas de 5 minutos no microondas (ou de 5 “pi-pi´s”, como diria a minha vó Lolinha). Amoleça pra vida! Relaxe dentro de um abraço... Eu não sei por quanto tempo a gente tende a ir nessa luta interna para ser alguém melhor. Talvez esse seja o processo mais eterno dentro da nossa existência. Mas sabe do que mais? Pra mim, não existe coisa mais gostosa na vida do que sensação constante de evolução.

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“Desde o começo do mundo que o homem sonha com a paz: Ela esta dentro de si mesmo. Ele tem a paz e não sabe. É só fechar os olhos e olhar pra dentro de si mesmo.” Roberto Carlos, em “Todos estão surdos”. Quem afinal sou, quando fora de mim em minhas reações e atitudes? Quem sou, quando me sinto insegura(o) ou ansiosa(o)? Quem sou diante uma briga, um momento de aflição e tensão? Se meu texto já começa com uma carinha um tanto quanto “psiquiátrica”, juro que essa não é a intenção, mas você já parou para pensar em quantas pessoas cabem aí dentro de você mesmo? Existem situações que nos colocam constantemente em “teste” e escrever sobre esse olhar de quem somos é um desafio e tanto, visto que para isso necessita-se uma pitadinha de reconhecimento - e bom humor para aceitar e compreender inúmeras imperfeições. Aqui no meu universo, por exemplo, pessoas dizem que não conseguem me imaginar brava. Confesso que nem eu, até me deparar com inúmeras situações de estresse atualmente, como um teste prático à toda serenidade e paciência que tanto “prego” em textos e palavras: Mãe prestes a operar, questões e crises existenciais (sou humana, uai), tempo de exames de controle e que potencializam ainda mais nosso estresse quando chegam alterados... E essas situações me fazem pensar de maneira mais profunda e me tornam mais introspectiva, mas também me fazem chegar a conclusão de que a beleza de cada momento de tormenta encontra-se justamente no reconhecimento de que dentro de cada um desses mesmos momentos, encontra-se a oportunidade de manifestar algo que tanto lutamos e que encontra-se também preso dentro de nós. Lembro-me com exatidão de todos os meus pedidos internos: Ser alguém mais forte, poder ser ouvida na multidão, ganhar o respeito das pessoas e por ai vai... Mas aí o tal câncer chegou e descobri que receber minhas “graças” sem que batalhasse por isso seria uma atitude um tanto quanto injusta, pois nada nessa vida nos chega sem que antes tenhamos que batalhar por aquilo. Como posso me tornar alguém mais forte se minha fé nunca for testada? Como posso ganhar o respeito de alguém, sem antes descobrir e assim reconhecer meus limites e amarras? Dentro das famosas tormentas descritas em cada texto, encontram-se o seu tesouro, seu bem mais precioso: A oportunidade de SER verdadeiramente aquilo que tanto se propõe. Mas as vezes a gente se descobre um pouco mais diferente do que o habitual, com outras personalidades, outras “feras” que estavam domadas - ou até mesmo escondidas dentro da gente. Se descobrir imperfeito é uma situação um tanto quando delicada, pois requer de nós um pouco de estrutura e uma grande porção de autoperdão.

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por Evelin Scarelli

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Domando as feras...

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Veículos

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Fiat Bravo Retoques e central multimídia dão sobrevida ao Fiat Bravo

por EDUARDO SODRÉ/folhapress

Quatro anos após seu lançamen-

Foto: Divulgação

to no Brasil, o Fiat Bravo passa por sua primeira reestilização -e, provavelmente, a última. O modelo saiu de linha na Itália no fim de 2014, onde uma nova geração de carros médios deverá ser lançada em 2016. No Brasil, a montadora não pode abrir mão de seu hatch até que um substituto entre em produção. Enquanto isso não ocorre, o Bravo recebe retoques visuais e novos equipamentos. O principal deles é a nova central multimídia Uconnect, item de série em todas as versões. Com uma pequena tela sensível ao toque, o equipamento oferece conexão bluetooth, comandos por voz e entrada USB. Esse kit multimídia é utilizado em outros modelos do grupo FCA, que reúne também as marcas Dodge, RAM, Jeep e Chrysler.

Adesivos Os para-choques e a grade frontal foram redesenhados, e há novos adesivos laterais na versão turbinada 1.4 T-Jet (R$ 78.490) e na série especial Blackmotion 1.8 flex (a partir de R$ 68.990). A versão mais em conta, Essence, também tem motor 1.8 flex (132 cv) e preço inicial de R$ 61.990. A Fiat não fala em mudanças no câmbio automatizado Dualogic, mas, em um teste curto, notou-se que o comportamento outrora “soluçante” está sensivelmente melhor. Contudo, esse item opcional ainda está longe de ser tão agradável quanto uma caixa automática convencional ou CVT. Esse é o maior problema do hatch médio da Fiat. Seus concorrentes oferecem opções mais interessantes para dar descanso ao pé esquerdo, como as seis marchas de Chevrolet Cruze e Peugeot 308, ou os sistemas de dupla embreagem do VW Golf e do Ford Focus. Ainda assim, o Fiat Bravo é um carro confortável para o uso urbano e com acabamento elogiável, e seria ainda melhor se oferecesse um pouco mais de espaço no banco traseiro.

Foto: Divulgação


Veículos

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Carro sujo Carro sujo mostra preocupação com água, mas é preciso cuidar da pintura

por FERNANDO MIRAGAYA/folhapress

O estudante de engenharia André César Franco, 21, limpava seu Chevrolet Corsa com água semanalmente. Agora, estufa o peito para falar que não lava o carro há quase três meses. “O que faço é, durante a chuva, pegar um pano e tirar a sujeira”, garante. Com a crise hídrica, manter o carro sujo virou motivo de orgulho cívico em São Paulo. Existe até um movimento para as pessoas só lavarem o veículo quando houver água, o “Não Chove, Não Lavo”. Porém, não dá para apenas ignorar a sujeira. É como ficar muito tempo sem tomar banho: problemas na pele -nesse caso, na lataria- vão aparecer em alguma hora. A lavagem sob chuva feita por Franco é uma das alternativas mais viáveis para não gastar água. Contudo, é importante secar o carro depois. Sob o efeito do sol, a água ácida dos temporais pode deixar manchas que só sairão com um polimento. “É pior do que deixar a poeira acumular sobre a lataria”, compara Francisco Satkunas, conselheiro da SAE Brasil (Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade). Nos veículos empoeirados, é bom nem tentar disfarçar a sujeira passando pano seco. “Como o pó acumulado pode ter partículas grossas, o efeito da tentativa de limpeza será o de uma lixa, provocando riscos”, Satkunas.

Natureza pode ser inimiga da pintura

Excrementos de pássaros, insetos e frutas que se esparramam na lataria são perigosos. “Eles podem provocar perda de brilho e diminuição da resistência da pintura”, avisa Edmundo Soares, consultor de Negócios da Glasurit, divisão de tintas automotivas da Basf. Estacionar perto de grandes indústrias

é outro veneno: há risco de corrosão por causa da fuligem. “Qualquer resíduo de origem química tem de ser eliminado. O enxofre, por exemplo, vai formar ácido sulfúrico ao misturar-se com a água da chuva”, explica Satkunas. Nem mesmo as capas veiculares salvam. Em uma área externa, o carro coberto fica sujeito a variações de temperatura em um ambiente abafado. Manchas amareladas poderão surgir, e um simples risco na superfície tende a virar ferrugem.

Interior pede atenção

Na cabine, aspirador de pó e lixeira portátil são grandes aliados em tempos de seca. Já o tapete de borracha pode ser limpo com pano úmido. Esse também serve para disfarçar a sujeira nos acessos ao habitáculo. É importante limpar as soleiras e as borrachas em volta das portas. Desta forma, evita-se sujar as roupas e levar resíduos para dentro do veículo. Outra dica é limpar os calçados antes de entrar. Lá dentro, não fume: a nicotina engordura vidros e peças plásticas. E é prudente não comer no automóvel. “Fico bravo quando meu filho come bolacha dentro do carro”, afirma o psicólogo Mauro de Almeida, 62. Ele tem suas razões: seu Renault Sandero Stepway, comprado em novembro, nunca viu água. O carro, que é branco, está com “outra cor” graças às estradas de terra por onde trafega em São Pedro (a 192 km de São Paulo). “A água sempre foi uma preocupação para mim, mas confesso que a terra cobrindo o carro não é agradável”.

Mais cara, lavagem a seco é opção consciente durante crise

Ao permanecer muito tempo com sujeira

e sem nenhum tipo de cuidado, a pintura tende a perder seu brilho e, nos casos extremos, ganhar manchas só removidas após o dono investir pesado. “O polimento de um carro médio sai em torno de R$ 200, podendo chegar a R$ 500 em casos mais específicos”, calcula Leonardo Pierucci, da GEB Reparações, que também recomenda o uso de capas para manter o carro limpo por mais tempo. “As de cetim ou lycra são as melhores, mas o veículo deve esta limpo antes de ser guardado e ficar em local coberto, já que elas não são impermeáveis”. Outro alento para quem não consegue ficar com o carro sujo é que engenheiros e especialistas aprovam as lavagens a seco -desde que feita com produtos específicos e panos próprios.

O processo consiste em aplicar um líquido químico na lataria, que age amolecendo a sujeira e facilitando sua remoção. Se o carro estiver mais sujo, usa-se uma quantidade maior do detergente. Mas há limites: nos casos de barro e lama impregnados na lataria, o recomendável é utilizar água nesses locais, e só então com eles removidos aplicar a lavagem a seco. Sem maior perigo de riscos na pintura do que uma lavagem convencional, o serviço, no entanto, é mais caro. Entre os lava-rápidos consultados pela Folha, os preços oscilam de R$ 35 a R$ 75, contra uma variação de R$ 20 a R$ 50 do método tradicional. O investimento é maior, mas é uma alternativa para quem não quer ostentar a poeira do carro por aí. Foto: Joel Silva/Folhapress


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