786 Edição 06.03.2015

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Braganรงa Paulista

Sexta 6 Marรงo 2015

Nยบ 786 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


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Para pensar

Jornal do Meio 786 Sexta 6 • Março • 2015

A oração por Mons. Giovanni Baresse

Costumo dizer que a oração faz parte de nossa vida porque acreditamos que somos ouvidos e atendidos. O que é difícil é entender como somos ouvidos e atendidos se, nem sempre, as coisas acontecem como nós pedimos. Para achar um caminho de entendimento dou um exemplo: não existe criança quer aceite “não” com naturalidade. Para a criança tudo é possível e sua vontade deve ser sempre satisfeita. Se isso não ocorre temos muxoxos e esperneios. Com a maturidade se compreenderá que muitos “nãos” recebidos eram “sim” quando não podíamos compreender. A base da oração está na confiança em Deus que quer sempre o nosso bem. Lembro-me, de forma incompleta, da primeira definição que ouvi e decorei, dada pelo Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã: “Oração é a elevação da alma e do coração a Deus para agradecer e pedir as graças de que necessitamos...”. Era mais ou menos isso. Claro que para uma criança nem todas as palavras eram totalmente compreendidas. A catequese do tempo ia mais na direção do decorar. Hoje o

caminho da catequese é feito de forma dialogal, Bíblia na mão. Todavia persiste, para muitos, o desconhecimento do sentido profundo do que significa orar, rezar. Permitam-me aqui uma digressão: noto certo esforço em fazer diferença entre orar (mais ligado aos não católicos) e rezar (dos católicos). Orar estaria na linha da espontaneidade. Rezar estaria mais aderente à repetição de fórmulas ou preces decoradas. Para mim a distinção é uma grande bobagem. Mesmo porque o orar espontâneo nem sempre escapa de repetições. E o rezar estruturado não deixa de ter coração. Voltemos à oração. Faz parte da necessidade humana poder expressar sentimentos. O verbalizar (como afirma Sigmund Freud) é libertador. Quando a pessoa bota pra fora o que sente realiza parte significativa na busca do equilíbrio afetivo-emocional. No campo oracional se vê, ao longo da história que, de alguma forma, os seres humanos buscavam o favor dos deuses. Em nossa tradição judaico-cristã vemos a riqueza que a Bíblia nos oferece. Penso que o ponto culminante se dá no episódio que nos refere à oração

do “Pai Nosso”. No tempo de Jesus os rabinos costumavam ensinar uma fórmula oracional para os seus discípulos. Isso servia, igualmente, para distinguir seguidores. Jesus é instado a fazer o mesmo. Ele, porém, faz outra coisa: o que chamamos de oração do Pai Nosso não é uma fórmula. É um jeito! Jesus diz que podemos chamar a Deus de Pai e colocar diante dele todas as nossas necessidades. Sendo Pai, pedimos que sua vontade seja feita no céu e na Terra. E sabemos que a vontade de Deus é sempre o nosso bem! O que é maravilhoso nessa oração é que ela cabe no coração de qualquer pessoa. Não é uma oração exclusiva de católicos, protestantes ou de quem quer que seja. Todo ser humano pode chamar a Deus de Pai! Por isso que é uma “oração” da qual não nos cansamos. Os pedidos que nela estão são a condensação dos nossos desejos e necessidades. O que me parece fundamental é que nossas orações não percam de vista a paternidade de Deus e o bem que ele nos quer. Se quisermos lembrar a insistência do Papa Francisco: Deus é mi-

sericórdia! A oração deve ser a busca da presença de Deus em nossas vidas. As orações dirigidas à Virgem Maria e aos Santos têm, também, o dom de celebrar a comum união entre os que já estão em Deus e nós que fazemos o Caminho seguindo Jesus Cristo. Temos que revigorar nossa intimidade com Deus. Temos o direito de nos dirigir a ele como filhos e filhas e falar-lhe da nossa vida. Ele sabe tudo, mas sabe que é necessário para nós falar. Temos que redescobrir o gosto pela oração em comunidade. Um dos riscos do nosso tempo é o de minimizar a realidade comunitária. Até naquilo que se refere à celebração da Eucaristia. Vale aqui lembrar que as missas transmitidas por rádio e televisão ajudam a quem está impossibilitado de participar nas celebrações das comunidades. Essas missas não substituem a necessária e possível presença. O individualismo que predomina em nossos dias está justificando muita gente a buscar a acomodação do sofá e de não ter que aguentar a tosse (dos outros) e o barulho das crianças! Permitam-me

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

terminar com relato que expressa a acomodação (e pouca compreensão do que significa a Missa): uma senhora me disse: “Padre, eu gosto tanto de ver a missa na TV. A música é bonita, não tem barulho. É tão bom! Aí a gente levanta, faz um café escutando o que o padre diz...”. Pois é!


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Momento Pet

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American Bully por Dr. André Alessandri

Bom dia meus queridos leitores! Hoje vamos falar de uma raça relativamente nova que vem crescendo bastante e despertando a curiosidade das pessoas. Já temos alguns clientes que a possuem, e muitos outros interessados: o American Bully. Apesar da aparência robusta, cara de mau e o estilo guarda-costas, o American Bully é

Antenado

uma raça extremamente amigável, cujo maior prazer é estar na companhia de pessoas, principalmente o seu dono. Seu aspecto exótico atrai olhares por onde passa. O tronco pesado e compacto, peito aberto e a enorme cabeça podem deixá-lo com aspecto lento, mas, pelo contrário, o American Bully é ágil e bastante ativo.

A raça surgiu nos Estados Unidos, advinda do cruzamento do American Pit Bull Terrier com o Bulldog Americano, Inglês e o Old English Bulldogge. Outra característica que agrada muitos proprietários de um American Bully é o fato do cão latir pouco e garantir a segurança do local com sua cara de bravo.

É uma raça que não precisa de muito espaço e, portanto, não requer casas com quintais imensos. Adaptam-se tanto a um apartamento, como a um sítio. Portanto, se você procura um companheiro dócil, divertido e obediente, mas com cara de mau, que tal conhecer um pouco melhor o American Bully?

Carmen

Edição traz clássico ‘Carmen’, de Mérimée, e conto do autor, volume também conta com ensaio sobre relação entre a obra e ‘Dom Casmurro’ por MANUEL DA COSTA PINTO/folhapress

Esta edição de “Carmen” traz não apenas a obra-prima de Mérimée, mas também o conto “Mateo Falcone”. Nas duas, está a obsessão --compartilhada por escritores do século 19 como Goethe e Stendhal-pelas terras mediterrâneas, onde um modo de vida solar e sanguíneo prometia um contraponto ao convencionalismo da Europa setentrional. Convém começar pelo conto, já que a novela amplifica alguns de seus elementos. A história se passa em Porto-Vecchio, na Córsega, e o personagem Mateo Falcone é o arquétipo do chefe de um clã à margem da abstração das leis modernas, mas com um código de honra mais rigoroso, baseado na palavra. Após essa sucinta descrição, Mateo sai de cena para que sua casa, guardada pelo filho de dez anos, seja assolada por um fugitivo, que suborna o menino, e depois pelo líder de uma patrulha, que o seduz a revelar o esconderijo do meliante. A volta do pai, seguida da punição atroz da criança, restaura uma moral viril, impiedosa com a ambiguidade e chocante para o leitor que tolera pequenos delitos à margem de normas feitas justamente para minimizar o inevitável calculismo da sociedade moderna. O encontro dessas esferas colidentes subjaz em “Carmen” --cujo enredo serviu de base para a ópera homônima de Bizet, que simplificou a estrutura da novela, anulando o contraste da “narrativa dentro da narrativa” de Mérimée. “Carmen” começa com um anônimo narrador, calcado nas próprias experiências do escritor francês, que conta, em registro sóbrio e erudito, uma expedição arqueológica à Andaluzia. E que, assim como o “autor” das “Crônicas Italianas”,

de Stendhal (amigo e interlocutor de Mérimée), dá voz, entre fascinado e atônito, a um nativo daquelas terras exóticas. Dom José assume então o comando da narrativa, relatando suas vicissitudes de homem honrado que, após conhecer uma “boêmia” (designação para “cigana”) de olhos oblíquos, cai numa vida de crime, clandestinidade e, sobretudo, no desvario do ciúme. Nos momentos em que se apresenta ao narrador e, depois, ao amante --este realizando retrospectivamente a tentação do primeiro, duplos complementares que são--, Carmen assume uma volubilidade demoníaca e passional, absolutamente fiel a um amor que se dissipa justamente quando este ameaça domesticá-la. A presente edição agrega notas àquelas do próprio Mérimée (que dão irônico tom antropológico à novela) e um ensaio do tradutor Samuel Titan Jr. no qual, entre outras iluminações, são mapeadas as confluências entre Carmen e outra figura de olhar cigano, oblíquo e dissimulado: a Capitu de “Dom Casmurro”. Mas é sobretudo o contraste entre perspectivas diferentes que ressalta do ensaio, fazendo-nos perceber que, sob a fala aparentemente selvagem de dom José (Mérimée maneja magistralmente a diferença entre as vozes do narrador erudito e do narrador bandoleiro) se esconde um “emissário do universo de valores burgueses” --com as consequências trágicas desse encontro. Carmen Autor: Prosper Mérimée Tradução: Samuel Titan Jr. Editora: Editora 34 Quanto: R$ 34 (136 págs.) Avaliação: ótimo

Crédito: Folhapress


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Jornal do Meio 786 Sexta 6 • Março • 2015

por Shel Almeida

As mulheres são a metade da população mundial e ainda são mães da outra metade. Mesmo assim, precisam provar o tempo todo que são capazes de realizar as mesmas tarefas que os homens, que são tão competentes quanto eles e que merecem ser respeitadas da mesma forma. Quando uma mulher começa a trabalhar em algo que, até então, era considerado como profissão masculina, vira matéria de jornal (como essa), pela curiosidade, mas, principalmente, porque é preciso mostrar que as mulheres podem e devem ocupar todos os espaços. As mulheres são livres para serem o que quiserem e é preciso enfatizar isso todos os dias para que, de fato, seja algo real e não apenas uma frase de efeito. No entanto, como acontece com tudo o que é novo, é preciso que alguém tome a dianteira para que outras se sintam motivadas a seguir seus passos. Esse é o caso de Silvana Aparecida de Lima, primeira mulher taxista em Bragança Paulista. Há apenas nove meses na profissão, ela já conquistou uma clientela fiel e aumentou a circulação de passageiros nos dois pontos de táxi da Praça Central. Mas o que Silvana tem de tão diferente, além do fato de ser mulher? Para Miriam Maria Gutierrez, além de ser gentil e educada, Silvana é positiva, tem alto astral e é muito profissional. “Ela não deixa de nos atender. Se ela não pode ir, manda outro no lugar. Ela é muito cuidadosa no trânsito e atenciosa com a gente. Ela é uma boa taxista”, fala. “Ela cuida da gente. Quando vi ela no ponto fiquei feliz, já me simpatizei com ela de cara. Aí fui falando dela para as minhas conhecidas. Ela é amigona da gente, conversa, dá atenção, é cuidadosa”, conta a simpática senhora Jandira Capeloci de Oliveira.

porque eu gosto, é o meu jeito ser assim. Eu tenho minha mãe idosa também, eu sei como é complicado. E eu faço isso para elas sabendo que alguém também vai fazer pela minha mãe”, diz. Silvana atende senhores idosos também, como é o caso de Seu Pedro, que a chama quando precisa ir ao caixa eletrônico. A confiança é tanta que é ela quem faz a transação bancária para ele. Além disso, Silvana ainda atende mães que, por um motivo ou outro, não conseguem ir buscar os filhos na escola. Eventualmente uma delas liga e lá vai Silvana para a porta de algum colégio. Os pequenos adoram, segundo ela, assim com as senhoras, se sentem à vontade para conversar e contar histórias também. “Tanto os adolescente como as senhoras se sentem à vontade para contar as coisas pra mim, eu escuto, dou conselho, às vezes só ouço, porque sei que é isso que estão precisando. É gratificante saber que confiam em mim.

Posso dizer que conquistei muitas amizades assim”, fala.

Duplamente pioneira É a segunda vez que Silvana é pioneira em Bragança. Além de ser a primeira taxista ela foi também a primeira frentistas, lá no ano de 1994. Exatos 20 anos depois, ela volta a deixar a sua marca na história da cidade, Talvez ela ainda não se dê conta disso, mas ela está, sim, fazendo história. “Eu queria ser auxiliar de taxista porque achava que mulher não podia ser taxista. Sei lá porque eu pensei isso, acho que porque não tinha nenhuma ainda. Não vou dizer que no começo não fiquei com medo de preconceito, ou de desaprovação, mas eu fui muito bem recebida pelos meus colegas de profissão, eles chegaram a ficar incomodados, achando que eu estava pegando toda a clientela, mas o que aconteceu foi que eu não consegui dar conta de tantas pessoas e comecei

a passar corrida para eles, não só para os do meu ponto, mas também para o do outro ponto da praça. O rodízio de passageiros na verdade aumentou depois que eu comecei a trabalhar. E se outra mulher tem vontade de fazer como eu fiz, elas podem ficar tranquilas, porque novas taxistas serão respeitadas e amparadas como eu fui”. Silvana é um exemplo de que, mesmo com a insegurança inicial de ser a primeira em algo, é possível vencer essa barreira e conquistar, com muito trabalho o seu espaço. Que o exemplo dela sirva de motivação para todas aquelas mulheres que sonham em realizar algo, não só para as que desejam ser taxistas. Se você tem vontade de fazer algo, faça, corra atrás, acredite em você. Você é capaz e merece realizar seus sonhos. Para falar com Silvana, ligue 11 9-7224 - 4749

Atendimento mais do que personalizado Com seu jeito descontraído, Silvana foi conquistando clientes mais rápido do que imaginava. E, sem querer, começou a atender quase que exclusivamente um nicho bem específico de passageiros: Senhoras idosas. São mulheres que, em geral, precisam sair sozinhas e que se sentem mais a vontade com outra mulher. Isso porque o atendimento de Silvana não se limita apenas à direção e transporte de passageiros. “As senhorinhas fizeram a divulgação boca a boca para mim. Quando eu comecei, o sindicato me disse que eu iria levar de três a quatro meses para conquistar um clientela. Imagina, já no primeiro mês eu já tinha uma clientela fixa e 90% são senhoras acima de 60 anos. Muitas delas têm um pouco de dificuldade para entrar no carro e precisam de ajuda. Aí eu preciso pegar elas pela cintura, ou colocar as pernas para dentro do carro. E assim a gente vai pegando amizade. Elas me chamam para eu levar no supermercado e pagam para que eu fique esperando, com medo de não conseguir o carro livre para voltar. Mas como eu não gosto de ficar sentada esperando, eu entro com elas, ajudo a fazer as compras. E eu não deixo elas carregarem sacola pesada, ela não têm mais idade para isso. Coloco a compra no carro, levo para dentro da casa. Não faço isso por obrigação, mas

Silvana e D. Jandira. Maioria da clientela da taxista é de senhoras idosas que se sentem mais à vontade

Silvana não é só motorista, é amiga e companheira das clientes. Ajuda a fazer compras no supermercado e vai buscar as crianças na escola


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Comportamento

“Tá melhor que a gente!” por MIRIAN GOLDENBERG /folhapress

O amor de dois velhos pode parecer estranho, mas o que há de errado em estar apaixonado aos 70, 80, 90? Carnaval de 2015, zona sul do Rio de Janeiro, sábado, às 17h. Na calçada do shopping RioDesign, no Leblon, em uma das ruas mais movimentadas da cidade, um casal se beija apaixonadamente. Imediatamente se forma, ao redor do casal, um círculo com quinze adolescentes. Eles dão risadas, gritam, aplaudem alegremente. Uma jovem fantasiada de princesa grita: “Tá melhor que a gente!” Um adolescente pergunta: “Será que eles são casados?” Uma garota responde: “Lógico que não, eles não usam aliança”.

Durante alguns segundos o casal fica desconcertado com a situação inusitada. Não imaginavam que poderiam se tornar o foco de interesse de tantos jovens no meio do Carnaval carioca, onde milhares de outros casais também se beijavam, se abraçavam e protagonizavam cenas muito mais ousadas. Por que eles, que nem estavam fantasiados, chamaram atenção daqueles jovens? A mulher logo percebe o motivo e fica muito envergonhada. Ela se sente ridícula e quer fugir da situação constrangedora. Como dois velhos de mais de 60 anos têm a coragem de se beijar apaixonadamente em público? O homem de cabelos brancos ri muito e beija novamente a mulher. Ele a abraça

carinhosamente e diz baixinho: “Você é linda, eu te amo muito e não tenho a menor vergonha de demonstrar o meu tesão por você. Você é o grande amor da minha vida”. Ele responde aos jovens: “Somos casados há 43 anos. Não precisamos de aliança para provar que nos amamos e que temos um compromisso de fidelidade e de cuidado um com o outro”. O primeiro beijo deles foi em 1968, no meio de uma passeata. Apesar de tantos anos de casados, eles ainda se sentem jovens e revolucionários. Eles ainda se desejam e fazem amor frequentemente. Eles ainda se beijam apaixonadamente, em público, como na primeira vez. Ele sente orgulho e admiração pela esposa

e quer que os outros saibam disso. Ela se sente feliz por ser tão amada e desejada, mesmo depois de tantos anos de casamento. A garota vestida de princesa repete então a frase que fez sucesso e é ainda mais aplaudida pelos outros jovens que se juntaram ao círculo: “Tá melhor que a gente!” Afinal, quem não quer ser feliz e apaixonado aos 60, 70, 80, 90 e (por que não?) aos 100 anos? Mirian goldenberg é antropóloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Velhice” (Editora Record); www.miriangoldenberg.com.br miriangoldenberg@uol.com.br


Reflexão e Práxis

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Atacama

Drama de Shakespeare Que ocorre de modo imprevisto A esterilidade, na vasectomia Deus destronado por seu filho Zeus (Mit.) Camarão de água doce

Sufixo de “urinol”

O “carrinha” das ruas de Portugal

(?) Krieger, maestro brasileiro (?) Modern, museu londrino Situado no passado Adereço de Iansã

O copo do champanha

“Que (?)?,” pedido de opinião Êxtase

Fator reincidente na relapsia

Estudo da Entomologia Rio que banha Pisa e Florença

Flor amarela evitada pelo gado Matriz de empresa comercial (pl.)

Possível uso primitivo do ioiô Símbolo cristão de “Jesus”

Limpar (o nariz) de mucosidade Na moda (inglês) Suplica; insta

Animal na bandeira da Califórnia Registro El. comp: “otorrino”: ouvido

Alertar sobre o perigo Objeto de análise sintática (Gram.) Criada de dama nobre Repetir Base da (um “Lei de número Gerson” musical) Desenho de torcidas para saudar a entrada de seu time em campo (fut.)

BANCO

Efeito do sedativo Medicina (abrev.)

Vai em socorro de 13

Solução

P

A R N O T O VO

O L

Como (também) sobreviver?

B

M

De paciente à acompanhante:

O D E S E R T O M A I S S E

Lenço Cor de Rosa

A

CODE

Pedro Marcelo Galasso – cientista político, professor e escritor. Email: p.m.galasso@gmail.com.br

Direito político do preso provisório

B

corrupção é considerada algo comum no país, para alguns sem ela a máquina estatal não funciona o que a torna necessária e fundamental para que o país caminhe. A crítica, portanto, deve ser dirigida ao modelo adotado. Disto, surge outra pergunta – não existia uma alternativa a este modelo? E a resposta é não. Desde a estabilização econômica conquistada nos governos FHC, que foi incapaz de distribuir renda aos menos favorecidos, os governos Lula puderam aproveitar da estabilização e criar mecanismos, justos e constitucionais, de distribuição de renda diminuindo alguns problemas brasileiros. É verdade, que os limites das ações lulistas são sempre mascarados, pois o alcance das ações é pequeno frente aos nossos reais problemas. Curioso, foi o fato dos governos Lula corresponderem ao período áureo do projeto de crescimento econômico e inclusivo, o que explica sua popularidade. Mais curioso ainda, foi o fato da sua sucessora, a presidente Dilma, ter participado dos governos lulistas e arcar hoje com seus limites e seus problemas insolúveis porque somente a mudança do paradigma do modelo é possível neste momento. Infelizmente, as discussões públicas da presidente Dilma e seus ministros nada mais são que os reflexos desta disputa entre a manutenção de um modelo recessivo e já superado por outro modelo que também será recessivo, chamado de austeridade, e no qual as contas do governo serão sanadas com ações que freiam o consumo, aumentam os impostos, estimulam o desemprego e que tentam parar o ciclo de consumo improdutivo alimenta a economia brasileira a quase duas décadas. O final da História já é conhecido – em nome do saneamento das contas públicas, das péssimas ações econômicas dos últimos anos e das decisões desastrosas e politiqueiras de nossa classe política, a conta e o peso de tudo será maior sobre os assalariados. Caso haja alguma dúvida quanto ao processo de recessão, basta observar o movimento nas ruas do comércio de Bragança Paulista.

© Revistas COQUETEL

Ato essencial à fabricação artesanal do vidro (pl.) (?) Paul, Dramaturgo paraibano falecido em guitarrista 2014, autor de sucessos como “O Santo e dos EUA a Porca” e “Auto da Compadecida”

Movimento que pôs fim ao Salaza- Desobrirismo gada

L A N E R A S I V A E N L D O IN S E O U R A R S S O S U R O N O T A G O A

O discurso político brasileiro se concentra, desde o período eleitoral, sobre uma questão econômica e complexa chamada de recessão. Caso pensemos somente no horizonte econômico, a recessão significa o decréscimo do PIB do país. Em termos práticos, vemos a diminuição da capacidade produtiva do país com sérias consequências para toda a sociedade, como o desemprego e a inflação. Entretanto, o viés econômico deixa de lado aspectos mais cotidianos, porque não mais humanos, já que ele reduz todo o raciocínio a meros números e estatísticas, desconsiderando o sofrimento e as dificuldades pelas quais milhões de pessoas passam, não só no Brasil, mas também no mundo todo. Seria estranho e improvável que em um momento de recessão global um país agrário-exportador como o nosso ficasse livre do processo recessivo, pois grande parte de nosso superávit depende daquilo que somos capazes de exportar, segundo a ideia de que existem compradores para a nossa produção. É lícito dizer que as críticas a atual política econômica do governo são verdadeiras, pois a tempos ela tem se mostrado incapaz de lidar com esta situação, assim como é lícito dizer que a recessão nada mais é que o resultado óbvio de uma política de crescimento pautada na inclusão das camadas menos favorecidas no círculo do mercado, medida importante e necessária, promovendo um crescimento do setor produtivo, mas que tem como limite a capacidade inclusiva de cada país, ou seja, só há crescimento enquanto as pessoas puderem ser incluídas. O que, então, deu errado? Uma das formas de responder a tal pergunta é lógica e simples – o governo não pensou nos limites de suas ações inclusivas e nem se preparou para o período de recessão que sempre acompanha tal política econômica porque a dependência de crescimento pautado neste modelo é inelástica, ou seja, com o fim da inclusão temos a recessão. Outra forma de responder a questão é pensar nos processos corruptivos que assolam o Brasil porque são improdutivos, com o cuidado de não cometermos o erro, que só interessa a nossa classe política, de acreditar que somente um partido político é responsável pelo processo corruptivo brasileiro. A

Refil de impressoras a laser Pistas como Indianápolis

T S O R I O N E S P E V E R R O N OS L AT T U I A Ç A T ÃO D E E D E S O A I S A R H C I F S AR V A N M OS A I C

por pedro marcelo galasso

www.coquetel.com.br

C I R C U I T O S O V A I S

Recessão

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

2/in. 3/adê — ihs — les. 4/tate. 5/edino. 6/enlevo. 11/botão-de-ouro.

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por Evelin Scarelli Eu sei, talvez só título já assuste um pouquinho... Existem alguns processos dentro do universo oncológico que considero importantes e que gostaria de menciona-los por aqui, se me permitem: O primeiro é a sensação de ser um paciente, que é como um passeio constante em uma grande montanha russa emocional e isso vocês já sabem, já que escrevo por aqui semanalmente toda essa saga interna repleta de altos e baixos. Depois – e definitivamente não menos importante - vem a dualidade de forças quando você também se descobre um acompanhante nessa jornada. Uma grande amiga de diagnóstico sugeriu no facebook que escrevesse sobre isso. Sua sogra faleceu recentemente, diagnosticada com o mesmo tipo de câncer que ela. É um tema delicado, mas confesso que me sinto segura para escreve-lo, já que dois anos depois do recebimento do meu diagnóstico descobrimos que minha mãe também entraria para as estatísticas e considerando que também já “perdi” algumas amigas que conviviam dentro dessa mesma rotina. O câncer da minha mãe, graças a detecção precoce, foi bem menos invasivo que o meu, com exceção a algumas cirurgias e aspectos emocionais que considero mais agressivos (ela retirou as duas mamas, útero, ovários e trompas). Parece meio absurdo, mas tentarei explicar porque acredito que ser paciente, nessas horas, é uma situação um tanto quanto mais “segura”. Quando minha ficha caiu e realmente vi que minha mãe me faria companhia, minha primeira reação foi a de achar que tudo o que havia vivido - e principalmente sentido e agradecido - era na verdade uma grande mentira vivida e alimentada dentro da minha cabeça. Quando se é um paciente, a gente sabe que na verdade não existe outro caminho a percorrer que não seja o da sobrevivência. É por esse motivo que não me sinto nada heroína ou guerreira: Eu não tive escolha.... Era lutar ou morrer. Mas ser acompanhante é diferente, totalmente diferente! Conviver com alguém diagnosticado lhe trás junto ao “pacote” uma das maiores sensações de impotência do mundo. Ainda mais no “combo”: paciente + acompanhante. Esse é de tirar o fôlego! Você reconhece algumas dores e cicatrizes, por vezes chora o mesmo choro, se vê sentindo os mesmos medos e mesmo assim não consegue oferecer nada muito além da sua companhia e – poucas vezes - testemunho. Aí é que coisa meio que complica. Quando se é acompanhante, a gente não sabe muito bem como prosseguir: Independe da gente. Hoje, apenas um pouco mais amadurecida com

essa ideia, abro meu coração e conto que quando soubemos que minha mãe também tinha câncer, eu (com toda minha curta bagagem cirúrgica, quimioterápica e radioterápica) não consegui inicialmente encara-la. Não sabia o que lhe dizer, o que sentir, como proceder... E enquanto me deparava com todas aquelas sensações e medos, fui naquele mesmo instante sentindo nossas historias se fundirem lenta, profunda e completamente, junto a cada palavra dita, cada sensação e reação. O tempo ajudou? Sim, mas as vezes até hoje, quando a vejo sofrendo, preciso dos meus momentos de introspecção para realmente aceitar que algumas situações aqui na Terra não precisam de uma explicação concreta, além desse reconhecimento de aproveitarmos cada nova oportunidade de testarmos a nossa fé dentro da mais profunda situação abalável. A verdade de um acompanhante? Ele sente muito medo! Eu tive medo pela minha mãe. Medo de não vê-la no meu casamento, de não cumprirmos juntas a nossa promessa de plantarmos uma pequena mangueira que futuramente serviria de balanço para seus também futuros netos no sitio. Tive medo de nunca mais conseguir olhar aquele sorriso com dentes tão milimetricamente certinhos, de esquecer com o tempo o calor que só o colo dela tem. Medo de perdê-la para o diagnostico, medo de também me enxergar dentro daquele diagnostico. Peço desculpas às minhas companheiras de jornada, mas sinto que também preciso falar sobre isso. Muitas vezes, quando perdemos uma amiga, sentimos inicialmente a dor da saudade, mas depois nos deparamos com um dos sentimentos mais naturais desse mundo: O de sentir um enorme frio na barriga pelo assombro do câncer ao se deparar perguntando “O que realmente acontecerá com a minha vida?”. Conversas duras a parte, reconhecer o medo da morte também nos mostra o valor contido dentro da existência de cada segundo vivido. Um dia, inevitalmente, iremos embora. Que a gente saiba reconhecer através dos nossos medos uma nova e diária oportunidade de renascimento. E isso, exatamente isso, nos coloca em mesmo patamar entre o universo dos pacientes e dos acompanhantes. Stelinha, esse texto é pra você. Continue forte. Evelin Scarelli (Vi), tem 26 anos, taurina, Bragantina, fisioterapeuta, observadora nata, amante da vida, de abraços apertados e de sorvete de chocomenta. E-mail - evelin.scarelli@gmail.com

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Veículos

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Fusca 1961 A bordo de um Fusca 1961, casal roda 6.600 km para encontro de escoteiros

por ANDRÉ FELIPE/IVAN RIBEIRO/folhapress

Coragem, ânimo e autoconfiança. Em preceitos do escotismo, o casal de namorados Egon Kozyreff, 27, e Keila Lopes, 22, arranjou forças para encarar uma combinação explosiva: 6.600 km a bordo de um VW Fusca 1961. Partiram de Sorocaba (SP) rumo a Parnamirim (região Metropolitana de Natal) dispostos a dar uma prova de sanidade. “Muitos disseram que éramos malucos”, diz Egon que, assim como Keila, é contabilista. Ainda em vias paulistas, o jovem escoteiro aproveitou uma parada para fazer o ajuste: encaixou o banco dianteiro do passageiro, que insistia em soltar-se do assoalho. E fez isso outras vezes. “Andei com o banco solto. O Fusca não é feito de plástico, qualquer acidente seria fatal, então a gente prefere viver o agora”, disse Keila. O otimismo resistia aos trancos na hora de ligar o restaurado Volkswagen. “Se precisar, vou empurrando até Natal”, afirmou Keila que, de fato, fez isso sempre que a bateria não bastou. “É um sistema muito antigo, 6V. Terei de refazer a elétrica quando voltar”, repetiu Egon durante os cinco dias e quatro noites de viagem. O breu revelou um Fusca de faróis fracos. A sorte do casal foi ter o carro de apoio da reportagem -uma VW Saveiro- iluminando o caminho. Outro desafio foi o estado de conservação da rodovia Rio-Bahia entre Belo Horizonte e Salvador. O trecho é de mão dupla e as sinalizações somem em regiões como a de Teófilo Otoni (MG). Os aclives eram um teste de paciência calculado. Os 40 km/h nesses trechos eram tática para preservar o motor. Na lentidão, caminhoneiros apressados forçavam o Volks a trafegar pelo acostamento. Ladeira abaixo, porém, o Fusca verde chegava a 100 km/h e até fazia ultrapassagens. Atento a radares, Egon viu o cabo do velocímetro quebrar. Ficou sem referência, mas confirmou a fama de haver peças do besouro em qualquer lugar. Encontrou o “último cabo” em uma autopeças de Poções (a 444 km de Salvador). Teve que se virar, no entanto, para fazer a troca. Conseguiu. O orgulho surgia na admiração alheia. Os frentistas eram os primeiros a elogiar o modelo cinquentão. “É difícil ver um carro deste naipe assim. Ele

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Veículos

Jornal do Meio 786 Sexta 6 • Março • 2015

9 Foto: Ivan Ribeiro/Folhapress

está inteirão”, disse Douglas, que

cabo solto da bobina. O otimismo,

no carro.

Parcialmente restaurado, o Fusca

abastecia o carro em Governador

então, perdurou entre trancos e bar-

Enquanto procurava, ao sair de um

1961 é um investimento de longo

Valadares (MG).

rancos até o destino final: um encon-

feirão de usados, deparou- se na

prazo. Ainda precisa de peças para

Mas foi justamente em Minas que o

tro nacional de escoteiros. Viraram

rua com um modelo “em péssimo

alcançar a total originalidade. Mas

entusiasmo do casal esteve ausente.

exemplo de conduta nas adversidades.

estado”. Mal sabia que a lata velha

Egon diz que prefere conciliar o

sem assoalhos, com pintura gasta e

tempo de pesquisa com as horas

um aviso de venda que dizia “troco

de lazer.

Um imprevisto apagou o VW e a demora na detecção do problema ajudou

Troco por pinga

a pesar o clima.

A paixão de Egon pelo Fusca surgiu

por pinga” viria a levá-lo até Natal

“Não quero que meu Fusca seja um

O problema, solucionado, estava no

aos 17, ao decidir aprender a dirigir

onze anos depois.

carro de garagem”, diz o escoteiro.


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