791 Edição 10.04.2015

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Braganรงa Paulista

Sexta 10 Abril 2015

Nยบ 791 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


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Antenado

Jornal do Meio 791 Sexta 10 • Abril • 2015

‘Neuromancer’ por REINALDO JOSÉ LOPES/FOLHAPRESS

William Gibson costuma

hacker americano autoexilado

de Case), “Hotel New Rose” e

realmente sabiam o que era um

Gibson vai rir por último mais

ironizar a própria impre-

no Japão que é contratado (ou

“Queimando Cromo”.

programa de vírus. Minha igno-

uma vez.

cisão como futurologista.

chantageado, dependendo da

Mas a joia entre os “extras” do

rância havia permitido que eu os

Segundo ele, “Neuromancer”,

perspectiva) para destruir as

livro é uma longa entrevista con-

romanceasse.”

Neuromancer

seu primeiro e mais importante

amarras digitais que controlam

cedida pelo escritor em 1986, na

Parte das profecias do autor, é

Autor: William Gibson

romance de ficção científica, pro-

uma misteriosa forma de inte-

qual revela detalhes da gênese

claro, ainda estão para se realizar

Tradução: Fábio Fernandes

vavelmente deixa os adolescentes

ligência artificial. Case navega

de seu romance de estreia -meio

-por mais que uma proporção

Editora: Aleph

de hoje meio malucos, tentando

pela protointernet imaginada por

desesperado para achar um fio

crescente dos seres humanos

Quanto: R$ 79 (416 págs.)

entender por que diabos os “caubóis

Gibson plugando diretamente seu

condutor que alinhavasse os

esteja conectada ao ciberespaço

Avaliação: ótimo

do ciberespaço” da trama não

cérebro nos ambientes virtuais.

elementos da história, Gibson

(no momento, cerca de 3 bilhões

podem usar celulares e precisam

Apesar de tanto futurismo, um

resolveu apelar para um lugar-

de pessoas e contando), ninguém

se contentar com orelhões.

dos charmes de “Neuromancer”

-comum das narrativas policiais:

consegue ainda plugar seu cérebro

Se Gibson errou ao não prever

é a atmosfera deliciosamente

o gângster que caiu em desgraça

diretamente na web.

a ascensão dos smartphones,

retrô -a exemplo dos orelhões, o

e quer ajustar as contas com um

Mas, se um dia chegarmos lá,

a nova e caprichada edição de

romance se demora na descrição

grande golpe.

“Neuromancer” que chega ao

de prédios, artefatos e roupas cuja

Apesar de sua aparente clarividência

país deixa claro que acertou no

presença faria mais sentido num

quando o assunto é imaginar os

que importa.

filme dos anos 1930.

impactos de novas tecnologias, o

Publicada originalmente em 1984,

Como um eco a essa sensação,

romancista confessa não entender

a trama condensa boa parte do

a nova versão do livro tem uma

o que se passa nas entranhas de

cenário predominante neste co-

bonita encadernação artesanal,

um computador.

meço de século 21, da internet à

costurada.

“Quando me ouço tentar expli-

obsessão por cirurgias plásticas,

Inclui ainda três contos clássicos

car essas coisas, imediatamente

do poderio supranacional das

de Gibson, publicados pouco an-

fica claro que não tenho ideia de

empresas de tecnologia à inope-

tes de “Neuromancer”: “Johnny

como computadores realmente

rância dos governos.

Mnemonic” (que traz a primeira

funcionam”, admite Gibson na

Só existem anti-heróis -ou coisa

aparição da “samurai das ruas”,

entrevista. “Só depois que o li-

pior- no universo de Case, um

Molly, amante e guarda-costas

vro saiu eu conheci pessoas que

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.


Momento Pet

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Jornal do Meio 791 Sexta 10 • Abril • 2015

por Shel Almeida

Mais uma vez o Jornal do Meio é

fazem ideia de quem ele seja e o que

surpreendido com a descoberta

ele representa para o esporte brasileiro.

que um ex-esportista olímpico

Vivendo há alguns meses na cidade, na

vive em Bragança. Depois da judoca

companhia do filho Lúcio e da nora Vâ-

Vânia Ishii e do maratonista Eloi Schle-

nia, desde que ficou viúvo, o simpático

der, conversamos com o pugilista Lúcio

senhor contou sobre a carreira no boxe

Grottone, que representou o Brasil

e lembrou de momentos inesquecíveis

nas Olimpíadas de 1952, na Finlândia,

que o esporte o proporcionou.

ficando em 4º lugar na categoria meio pesado. A curta carreira durou de 1946

Descoberta

a 1953, quando casou-me com Maria Te-

Quando ainda era adolescente e pra-

rezinha. Mas, antes disso, foi Campeão

ticava remo com o amigos pelas águas

Paulista e Brasileiro em 1950 e 1951,

do Clube de Regatas Vasco da Gama,

e Campeão Sul-americano em 1952 e

em Santos, Lúcio não poderia imaginar

1953. Participou, ainda, da primeira

que seu nome entraria para a história

edição dos Jogos Panamericanos na

do esporte brasileiro. Descoberto entre

Argentina em 1951, onde conquistou a

tantos outros rapazes por um coman-

medalha de prata ao perder por pontos

dante da Polícia Marítima, que viu nele

na luta final para o argentino Reinaldo

o tipo físico ideal para o boxe, com

Ansoloni. Medalha essa entregue a ele

apenas 18 anos começou uma carreira

pelas mãos de Eva Perón.

promissora. “Eu remava desde novinho,

Mesmo que tenha permanecido menos

sempre gostei muito de esporte, sempre

de 10 anos no boxe, suas conquistas e a

olhei os esportistas como uma boa ima-

marca que deixou na história do esporte

gem, para mim eram como semideuses.

brasileiro o acompanham por décadas.

Até então eu não tinha conhecimento

Em 2007, quando a tocha Panamericana

nenhum de boxe. Isso foi em 1946 e

passou pela cidade de Santos, Lúcio

até 1948 eu fiquei treinando na Polícia

foi um dos responsáveis por carregá-la.

Marítima”, conta.

Hoje, quando caminha com a ajuda

De lá foi para a Portuguesa Santista,

de um andador pelo entorno do Lago

onde, treinado pelo técnico Léon Black,

do Taboão, em Bragança, as pessoas

participou do seu primeiro combate,

que, segundo conta, param para ouvir

em um torneio organizado pela Gazeta

suas dicas de preparação física, não

Esportiva de São Paulo. Lúcio não só

Lúcio Grottone, boxeador que representou o Brasil nas Olimpíadas de 1952, na Finlândia. Descoberto enquanto remava

Em combate, Lúcio surpreendia os adversários com golpes de esquerda. Nunca perdeu por nocaute.

Os anos que treinou na Polícia Marítima de Santos foram fundamentais para aprender disciplina e técnica.

Lúcio Grottone foi boxeador por menos de 10 anos. Ganhou campeonatos paulista, brasileiro e sulamericano e participou de Pan e Olimpíada


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saiu-se vencedor como também chamou a atenção. Deixou Santos e foi a capital treinar pelo São Paulo, com o técnico Aristides Jofre, pai do também boxeador Éder Jofre. “Quem me colocou pra lutar na Gazeta Esportiva, foi um rapaz que era diretor da Portuguesa Santistas, Armindo Ferreira. Eu devo muito à ele, foi ele que me deu o empurrão para dentro, senão eu nunca ia sair do papel. Na primeira luta que eu fiz, o juiz ficou surpreso quando eu contei que era o meu primeiro combate, porque eu já tinha uma capacidade muito maior de energia e de deslocamento do meu corpo porque eu treinava muito na Polícia Marítima. O fato de treinar remo antes disso me ajudou muito também”. Canhoto, soube usar a diferença a seu favor. “Eu mandava uma esquerda formidável. Os outros pensavam que a minha esquerda era só para marcar, eu os surpreendia, depois vinha e mandava a direita. Nunca perdi por nocaute, sempre fui muito bem”. lembra.

Depois de se tornar Campeão no Uruguai, Lúcio foi recebido com festa pela cidade de Santos

Lembranças Uma das melhores lembranças de Lúcio foi quando foi campeão no Uruguai, pelo Campeonato Sul Americano. Depois da luta, a equipe do hotel onde estava hospedado, muitos descendentes de italianos, percebeu que ele era filho de siciliano e decidiu prestar uma homenagem assim que terminou o combate, com um jantar especial. “Uma festa enorme, eu não sabia se eu comia ou se eu chorava”. lembra. Mas, o que ele não podia esperar mesmo, foi a homenagem que recebeu no Brasil, quando chegou à cidade natal. “A cidade toda comemorou. Ainda mais que o Brasil tinha perdido a Copa pro Uruguai e eu voltei campeão de lá. Tinha cartaz no mercado todo, onde eu tinha peixaria junto com meu irmão. Nunca vi tanta gente. A cidade toda participou da festa”, recorda. Depois de encerrada a carreira como boxeador, Lúcio Grottone atuou como árbitro e diretor técnico da Liga Santista de Pugilismo, e voltou a trabalhar com seu irmão, João Grottone, na peixaria que herdaram do pai, no Mercado Municipal de Santos.

Diploma de participação dos Jogos Panamericanos de 1951. Lúcio trouxe a medalha de prata que recebeu das mãos de Evita Perón

Cartaz de Luta, de 1951. Lúcio deixou Santos e a Portuguesa Santista para lutar na Capital pelo São Paulo

A cidade soube reconhecer suas conquistas. Além de ter sido indicado para carregar a tocha Panamericana em 2007, foi homenageado com uma medalha durante o centenário de um colégio local, oferecido aos ex-alunos ilustres. Lúcio fala do boxe com saudade, divide memórias de uma época que ficou lá atrás, de uma fase da vida que ele resolveu deixar pela esposa e pela família que construiu com ela. Nem é preciso perguntar porque ele deixou o boxe quando se casou, é só perceber os olhos marejados ao lembrar da esposa com quem viveu por 65 anos e que lhe faz falta há nove meses. “Ela foi o amor da minha vida. Só sai de Santos depois que ela partiu, não tinha mais como ficar sozinho. A gente faz tanta coisa na vida e um dia envelhece. Mas a vida é assim”, reflete. Sim, Lúcio, mas são poucos os que deixam uma marca na história.

Lúcio costuma caminhar pelo Lago do Taboão com a ajuda de um andador e dar dicas de preparação física para demais pessoas, que nem imaginam sua história no esporte.

Lúcio guarda com carinho as matérias realizadas sobre a sua carreira.


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Reflexão e Práxis

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A aceitação da derrota

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Crime no qual é comum o uso do laranja

Saci-(?), ente do folclore brasileiro Roupão utilizado por cima da camisola

Religioso brasileiro que liderou a Revolta do Juazeiro (?) saber: isto é Patente de Júlio César, no exército romano Pedra de moinho (?) da noiva, serviço de salões A (?) Arte: o Cinema

A Alemanha sob o domínio soviético Com jeito Período após às 18 h (pl.)

© Revistas COQUETEL Chave de braço, katagatame e triângulo Fibra de palmeira usada em artesanatos

Detalhe Problema entre a comum parede e em peles o telhado oleosas

por pedro marcelo galasso

Sociedade Limitada (abrev.) Mentira, em inglês Tintura antisséptica

Escolhidas por voto Ar, em inglês Capuz, em inglês Conduzido (fig.)

Decalitro (símbolo) Cada resultado de uma pesquisa

Quem (?)!, expressão do sonhador Que produz ruído Pedido da plateia ao final de shows (?) etílico: substância de alta volatilidade

Juiz que sucedeu a Sansão (Bíblia)

Equipamento usado por pescadores para detectar peixes (?) formal: solenidade

Prêmio concedido a vencedores

Newton (símbolo) Cruel; desumano

Imposto sobre serviços (sigla) Irène Jacob, atriz (?) Paxton, cantora

(?) para quebrar: agir com violência Título de Felipe da Bélgica

Validar (acordo)

Reginaldo (?), cantor Rápido, em inglês A Terra das Cataratas, no Paraná

BANCO

O formato aproximado do Atlântico

Manter sob controle

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Solução

G

E

L P A V A

P A D R E C I C O R I E N E B E M N E R A L O E L E I I A H O O T I M A D E R A S O S N O S O A N T A B OT A R T E R R O R M A R F O D E T E Z D O I G U

G E R O T A L F P L I E T A S D D A D O A J E L I E U I J S S I A S T R S A Ç U

Pedro Marcelo Galasso – cientista político, professor e escritor. Email: p.m.galasso@gmail.com.br

(?) Jaime, cantor de “Rock Estrela”

M D S E D B I N H E F I R F O

por alunos violentos. Isso sem contar a presença de práticas criminosas no interior e nas áreas próximas as escolas. Podemos pensar ainda no imaginário difundido pela mídia brasileira que cria um universo no qual o que importa é ser feliz, bonito ou enriquecer facilmente, possuir alguns bens que elevam o status social, mas que pouco defende a ideia do trabalho justo e honesto, da perseverança e da honestidade, bem como da responsabilidade social acima da diversão pura e simplista. Fácil é pensar em encarcerar os ditos jovens perigosos em cadeias públicas e esquecer dos problemas citados acima. Fácil é esquecer a corrupção e a ineficiência do nosso quadro político, basta olhar para a classe política bragantina. Fácil defender o ódio que contagia, mas que tudo destrói. É evidente que alguns casos devem ser acompanhados com extrema atenção, mas vistos como exceções e não como regra social absoluta, como algo que marca e condena alguns jovens. Um Estado que não cumpre suas funções por falta de vontade ou por excesso de práticas corruptivas tão comuns no dia de hoje não tem o direito de condenar milhares de pessoas que deveriam ser auxiliadas por ele, pois esta é a razão de ser do Estado – funcionar de forma correta e honesta e melhorar a vida de todos os seus membros. Um Estado que trata seus cidadãos de forma inadequada não deve condenar as pessoas mais pobres e desassistidas a um universo prisional que faz tudo, menos cumprir sua função de reabilitar e reinserir os que passam por ele à sociedade. Aceitar a redução da maioridade penal é aceitar a derrota e a falência do nosso sistema social.

3/air — eli — lie. 4/fast — hood. 5/ráfia. 7/cimalha — general.

Na última semana, a discussão sobre a redução da maioridade penal foi o tema de enormes discussões e a vitória da redução na Câmara reflete de forma clara e precisa qual o direcionamento político do Brasil. Nos últimos anos, os discursos que defendem as soluções pautadas no uso da força física e no fortalecimento dos aparatos repressivos do Estado marcam a definem a tônica da Política e orientam as ações estatais contentando setores sociais imensos que clamam, dentre outras coisas, pelo retorno dos militares ao poder acreditando que com isto nossos problemas, magicamente, desapareceriam. E, por isso, a redução da maioridade penal não deve surpreender aos mais atentos. Como sempre os discursos violentos arregimentam fervorosos seguidores na nossa classe política e na sociedade civil que vêem as questões de criminalidade como atos isolados e fora de contextos sociais, políticos e educacionais, frutos de ações maldosas inatas a algumas pessoas, normalmente as mais pobres. Estranho que os atos criminosos das pessoas mais ricas são tratados de forma diferente dos praticados pelas pessoas mais pobres, ou seja, criamos distinções sócio-econômicas para atos que são iguais por serem criminosos. Além disso, não consideramos a falência do nosso sistema educacional que é incapaz de cumprir sua função por uma série de motivos mais que conhecidos – baixíssimos salários, alguns péssimos profissionais, um modelo de avaliação e de promoção ineficiente. É como se as escolas devessem cumprir a função de manter os nossos adolescentes em suas salas por algumas horas, não importando o que os alunos façam, pois em algumas escolas o grau de insegurança é tão grande que professores que tentam cumprir suas funções são ameaçados

Comportamento

Lágrimas de resolução por SUZANA HERCULANO-HOUZEL/FOLHAPRESS

O que lágrimas de tristeza e de felicidade podem ter em comum, se parecem coisas opostas? Eu diria que elas marcam a resolução de um problema que deixava o cérebro apreensivo, tenso, aguardando o resultado de um jeito ou de outro. Lágrimas são produzidas pelas glândulas lacrimais em resposta a estimulação parassimpática, sob controle do hipotálamo. O sistema nervoso parassimpático faz o contrário do simpático, responsável por colocar o corpo em um estado de alta disponibilidade energética, pronto para a ação: o parassimpático relaxa o corpo, reduzindo a frequência cardíaca e a pressão arterial. Nervos parassimpáticos aumentam ligeiramente a produção de lágrimas, sob controle do hipotálamo, quando os olhos estão secos ou sob algum tipo de agressão. Mas, recebendo sinais de outras partes do cérebro, o hipotálamo causa uma ativação parassimpática bem mais intensa e generalizada, levando à produção de tantas lágrimas que elas transbordam e rolam rosto abaixo. E então, com a ativação parassimpática, o corpo começa a se acalmar, até parar de chorar --o alívio dos alívios, a resolução final. Não é que chorar necessariamente acalme; mais provavelmente, é aquilo que causa o choro que também acalma o corpo. E o que causa o choro? A pouca evi-

dência implica alguma parte do córtex pré-frontal, o que casa com a minha inferência a partir de dados comportamentais: o choro vem com a resolução, não importa se feliz ou infeliz, de estados de alta tensão (e forte ativação simpática, que prepara o corpo para agir se preciso). Estes são estados de intenso esforço de controle cognitivo, seja para se manter focado sobre uma ação necessária, para suprimir ações e emoções negativas (como a própria vontade de chorar) ou simplesmente manter a concentração sobre o objetivo da vez, apesar dos pesares. Quando a situação se resolve e todo aquele esforço mental deixa de ser necessário, um surto de ativação parassimpática desfaz todo o circo simpático armado no corpo “” e, de tão intenso, acaba trazendo as lágrimas. Ah, o alívio. O resultado pode até ter sido ruim, mas agora o cérebro não precisa mais se segurar. Por isso chorar pode fazer um bem danado: não pelas lágrimas em si, mas porque se elas rolam, é porque o cérebro parou de fazer força para se segurar e pode, finalmente, relaxar. SUZANA HERCULANO-HOUZEL é neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro “Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor” (ed. Sextante) e do blog www.suzanaherculanohouzel.com suzanahh@gmail.com

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Comportamento

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Rico & bem alimentado

Isoladas as outras variáveis, crianças que mamam por mais tempo têm renda maior quando adultos, diz estudo brasileiro que durou 30 anos por CLÁUDIA COLLUCCI/folhapress

Que o aleitamento materno traz inúmeros benefícios à saúde da criança não resta dúvida. Agora, pesquisadores brasileiros conseguiram demonstrar, pela primeira vez, que ele também garante mais renda na vida adulta. O estudo, publicado nesta quarta (18) na revista médica britânica “The Lancet”, acompanhou por 30 anos um grupo de quase 3.500 bebês nascidos em 1982 no município de Pelotas (RS). A conclusão é de que se o bebê mama no peito por mais tempo, maiores serão os níveis de inteligência, escolaridade e renda financeira quando adulto. Por exemplo: uma criança amamentada por 12 meses obteve, aos 30 anos, quatro pontos a mais no escore de QI, quase um ano a mais de escolaridade e a renda aumentada em R$ 349, quando comparada a um bebê que mamou menos de um mês. Outro aspecto inédito do estudo foi ter conseguido separar o efeito da amamentação das eventuais vantagens econômicas--ou seja, o bebê já ter nascido em família de maior renda e escolaridade. “Foi muito importante isolar as variáveis. Havia dúvidas se o leite, sozinho, era o responsável pelo benefício e se isso alcançaria a vida adulta”, explica o médico epidemiologista Cesar Victora, professor emérito da Universidade Federal de Pelotas e um dos líderes da pesquisa. O provável mecanismo relacionado aos efeitos benéficos da amamentação sobre o desenvolvimento da inteligência é a presença de ácidos graxos saturados de cadeia longa no leite materno, essenciais para o desenvolvimento do cérebro. “O leite humano é uma substância viva, com células-tronco e anticorpos. A biolo-

gia está só começando a desvendá-lo. A indústria alimentícia tenta copiá-lo, mas nunca vai copiar essa parte viva, que é insubstituível”, diz Victora, que também é professor visitante nas universidades de Harvard e de Oxford. A executiva Perla Zandona, 38, ainda amamenta Izabela, de um ano, e atribui ao leite materno o fato de a filha nunca ter tido sequer resfriado. “Ela vive no chão. É uma criança sem frescura e sem doença”, afirma ela. Segundo o médico e pesquisador Bernardo Horta, professor da Universidade Federal de Pelotas e também autor do estudo, o grupo estuda agora o papel dos genes na metabolização dos ácidos graxos saturados.

O grupo acompanhado desde 1982 em Pelotas teve todos os seus genes sequenciados. “O próximo passo será verificar quais desses genes metabolizam melhor ou não os ácidos graxos.”

Metodologia

O estudo em Pelotas foi iniciado com cerca 6.000 bebês. Dados sobre o tempo de amamentação foram coletados nos primeiros anos de vida das crianças. Quando estavam com 30 anos, em média, 3.493 participantes realizaram testes de QI (Escala de Inteligência Wechsler para Adultos). Informações sobre grau de escolaridade e nível de renda também foram coletadas.

Os pesquisadores dividiram esse universo em cinco grupos com base na duração do aleitamento quando bebês, fazendo o controle para dez variáveis sociais e biológicas que podem contribuir para o aumento de QI. Entre elas, estão renda familiar ao nascimento, grau de escolaridade dos pais, ancestralidade genômica, tabagismo materno durante a gravidez, idade materna, peso ao nascer e tipo de parto. Para Victoria, os resultados do estudo extrapolam o campo da saúde e deveriam ser abraçados pelos Ministérios do Planejamento e da Fazenda. “Investir na amamentação é investir no capital humano da próxima geração.”

IMPACTO DO LEITE MATERNO Confira a relação entre tempo de amamentação e renda Média no teste de QI em pontos 1º mês

Duração da amamentação em meses

2º mês

Menos de 1 mês

3º mês

4º mês

De 1 a 2,9 meses

Renda mensal em R$ 5º mês

6º mês

De 3 a 5,9 meses

7º mês

8º mês

De 6 a 11,9 meses

97,5

97,8

99,2

101,0

1.315

1.538

1.600

1.800

9º mês

10º mês

11º mês

Apesar de a renda ter apresentado um declínio no grupo que foi amamentado por mais de 12 meses, a margem de erro mostra que esse grupo não é estatisticamente diferente do anterior

12º mês

13º mês

12 meses ou mais

101,2 1.656


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Veículos

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Porsche Macan Porsche Macan entra na lista de SUVs mais rápidos do teste Folha-Mauá

por EDUARDO SODRÉ/FOLHAPRESS

Em 2002, fotos de um Porsche

Foto: Divulgação

chafurdando na lama deixaram os fãs mais rígidos da marca de cabelo em pé. O utilitário Cayenne chegava com tração nas quatro rodas e espaço para cinco ocupantes. Parecia afronta, mas era a salvação. A empresa não poderia viver somente de seus cupês e conversíveis. Os alemães se deram tão bem que resolveram fazer outro SUV, menor e com apelo mais urbano. O Macan também chegou sob críticas dos puristas, mas passou pela pista como um furacão. Com aceleração de zero a 100 km/h em 4,8 segundos, tornou-se um dos SUVs mais rápidos já avaliados no teste Folha-Mauá, O Porsche fica atrás somente dos BMW X6M e X5M, que, em 2010, fizeram a prova em 4,6s e 4,7s, respectivamente. Para ter uma ideia do que isso representa, basta dizer que 4,8s é o tempo gasto na leitura desta frase.

Embarque facilitado Após abrir a porta, o que se vê é um interior semelhante ao do Panamera. Mas em vez de curva-se para entrar no carro, motorista embarca como se estivesse em uma minivan, sem sacrifício. A cabine cheira a couro, que é usado em fartas doses nas forrações. O console central é uma profusão de botões enfileirados na vertical. O carona pode ajustar seu ar-condicionado em temperatura e velocidade do vento. O recurso também está disponível em uma terceira zona independente de refrigeração, no banco traseiro. O motor entra em funcionamento com um som grave e distante, abafado pelo isolamento acústico. Com o modo Normal acionado, o Macan segue manso pelo trânsito. Parece um pacato crossover de luxo, como o Mercedes GLK ou o Volvo XC60. As rodas de 21 polegadas calçadas por grossos pneus (235/55 na frente e 255/50 atrás) suportam bem as depressões do asfalto. É um carro pronto para o uso cotidiano -desde que haja disposição para pagar R$ 519 mil pelo topo da linha

Foto: Divulgação


Veículos Macan.

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9 Foto: Foto: Divulgação DivulgaçÃo

Na pista, é hora de liberar a função Sport Plus. A suspensão fica mais rígida e o carro torna-se um cão em estado de alerta, pronto para reagir a qualquer estímulo. As trocas de marchas são precedidas por uma breve elevação das rotações do motor. É uma forma de manter o pique e garantir que o Macan ande não como um utilitário convencional, mas como um Porsche. Se for preciso atravessar um terreno lamacento, há um botão que eleva a suspensão e ajusta o comportamento da transmissão e da tração integral. Provavelmente, esse será o recurso menos utilizado pelos proprietários. Como nem um Porsche pode ser perfeito, o espaço no banco traseiro não é dos melhores. Para um carro com 4,70 metros de comprimento e grande porta-malas, poderia haver um pouco mais de folga para as pernas. Após o teste, ficou provado que os alemães obtiveram sucesso ao criar um utilitário urbano com alma de superesportivo. Aos puristas, fica a dica: deem uma chance ao Macan. Ele é mais Porsche que o Cayenne. Porsche macan turbo Potência: 400 cv a 6.000 rpm Torque: 56 kgfm entre 1.350 rpm e 4.500 rpm Transmissão: Tração integral, câmbio automatizado de dupla embreagem, sete marchas Porta-malas: 500 litros Peso: 1.925 kg 0 a 100 km/h: 4,8s 80 a 120 km/h: 3,3s Consumo: Não aferido Preço: R$ 519 mil

Foto: Divulgação


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