Braganรงa Paulista
Sexta 8 Maio 2015
Nยบ 795 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
2
Para pensar
Jornal do Meio 795 Sexta 8 • Maio • 2015
O trabalho e sua terceirização por Mons. Giovanni Baresse
Não sou especialista em
de uma empresa. Por exemplo:
fiscalização a contratante terá
etc.? Às grandes empresas pode
leis que regem o traba-
uma montadora de automóveis
responsabilidade solidária no que
interessar porque não haverá
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
lho. Sei, todavia, o que
tem por finalidade produzir au-
se refere a todas as obrigações
vínculo se tudo for terceirizado.
significa trabalhar duro e não ter
tomóveis. Ela não pode contratar
trabalhistas e previdenciárias.
Caberá às contratadas o ônus de
salário que dê para pagar todas as
terceirizados para esse trabalho.
Havendo fiscalização correta a
resolver as questões trabalhistas.
contas no final do mês. Sei o que
Atividade meio é aquela que não
contratante ficará com a respon-
Acabará a figura do trabalhador
significa não ter carteira assinada
tem finalidade determinada pela
sabilidade subsidiária, ou seja,
que começou varrendo o chão
e não ter a cobertura dos direitos.
empresa. Por exemplo: a montado-
será obrigada a complementar o
da fábrica e acabou se tornando
Sei, igualmente, o que é não ter
ra de autos precisa de gente para
que a contratada não foi capaz
diretor da mesma. A figura de
trabalho. Sei o que significa não
limpeza, refeições, etc. Ela pode
de arcar sozinha. Creio que o
quem fidelizou a vida numa em-
ter preparo para exercer uma
contratar empresa de terceirização
fenômeno da terceirização já é
presa irá desaparecer. Creio que
profissão. Sei por ter passado
para isso. A proposta da lei em
bastante conhecido. A primeira
o que é necessário é regularizar
por experiências no meu tempo
debate permite a contratação de
coisa que me recordo é a situação
o que se refere às empresas de
de estudante e por acompanhar
trabalhadores terceirizados para
de muitos médicos que não são
terceirização e cuidar para que
o drama de muita gente ao longo
exercer qualquer função. Quem
mais contratados pelos hospitais
os empregados tenham todos os
do exercício do meu trabalho
é favorável afirma que a tercei-
e clínicas. Eles devem abrir uma
direitos do trabalhador que não é
como padre. Por isso penso que
rização trará segurança jurídica
firma prestadora de serviços
temporário. Todo o trabalhador,
posso oferecer reflexão sobre o
e criará uma linha média capaz
para serem aceitos. Recebem
temporário ou não, deve ter direito
trabalho e a tendência cada vez
de atender aos trabalhadores,
seus pagamentos e devem emitir
às férias, ao décimo terceiro salário
mais forte para a sua terceiriza-
empresários e à economia bra-
notas fiscais. O recolhimento dos
e tudo o que já é previsto nas leis
ção. Certamente os leitores têm
sileira. Quem é contrário afirma
impostos, também previdenciários,
do Trabalho. O que se assiste é
acompanhado, de alguma forma, o
que a terceirização fará precária
corre por sua conta. Não há direito
encontrar um meio de maior lucro
projeto da Câmara dos Deputados
a situação do empregado e não
às férias, nem décimo terceiro,
para os grandes grupos sob a capa
uma lucratividade sempre maior.
Federais que discute a terceirização
permitirá que nenhum trabalhador
etc. A terceirização está levando
da modernização das relações de
A dinâmica do dinheiro que se
ampla nos contratos de trabalho.
possa pensar em ascensão futura
os trabalhadores a correr o risco
trabalho e da competividade da
multiplica é a lei. As pessoas
A proposta foi enviada ao Sena-
dentro de empresa. Para garantir
de serem sempre temporários
economia. A ganância continua
que precisam do trabalho para
do Federal para a tramitação de
o pagamento aos terceirizados, o
e sempre estarem na situação
mostrando suas garras. Parece que
viver e se realizar passam a ser
praxe. As leis atuais permitem a
projeto de lei prevê que a empresa
de mudar de lugar de trabalho.
o objetivo mais importante que
um detalhe. A humanização do
terceirização para as atividades
que contrata os serviços deverá
Se alguém foi contratado para
nós devemos alcançar é trabalho
trabalho pede aquilo que é fun-
“meio” e não para as atividades
fiscalizar o cumprimento das obri-
limpeza irá onde a firma deter-
para todos. Constatamos que os
damental: o valor da pessoa. O
“fim”. Atividade “fim” é aquela
gações trabalhistas decorrentes
minar. Como isso é gerido na im-
grandes grupos tem priorizado a
lucro não pode valer mais do
que determina a produção própria
do contrato. Se não houver essa
plicação de transporte, moradia,
diminuição da mão de obra para
que o ser humano.
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Jornal do Meio 795 Sexta 8 • Maio • 2015
por Shel Almeida
A sociedade está mudando e, consequentemente, as constituições familiares e a dinâmica das famílias também. No mundo atual, a mulher que trabalha fora de casa o faz não mais pela opção de querer conciliar carreira e maternidade, mas por necessidade. Em alguns casos, porque já não é mais possível que o homem seja o único provedor do lar. Em muitos outros, porque a própria mulher é a chefe da casa e a única provedora da família. Antigamente, quando uma mulher se tornava mãe, ela refletia se valia a pena ou não voltar a trabalhar depois da licença maternidade. Quando ela optava por voltar ao trabalho, sabia que poderia contar com as avós da criança, ou alguma pessoa da família, para cuidar dos filhos enquanto estava no serviço. Hoje, a maioria das mães já não pode mais sequer pensar nessa possibilidade. Também as avós estão diferentes, não são mais aquelas senhoras que esperam a velhice chegar dentro de casa na companhia dos netos. Elas têm as próprias atividades, que incluem, inclusive também, trabalhar fora. Dessa forma, é muito comum atualmente, que as mães deixem os filhos bem pequenos em creches ou escolinhas. Se antes era raro encontrar uma mãe que, por opção ou não, deixasse as crianças o dia todo aos cuidados de professores e pajens, hoje, isso é extremamente comum e deixou de ser uma opção, é a única escolha para muitas delas. O Jornal do Meio conversou com duas dessas mães, Cássia Nascimento e Ana Paula Gonçalves, para saber como é esse processo de ruptura, desapego e confiança. Porque, por mais que seja necessário, nunca é fácil deixar um bebê com outra pessoa para voltar ao trabalho.
Cássia e Jennifer
A pequena Jennifer Nascimento, filha de Cássia, vai para a escolinha desde os 4 meses de idade. Quando Cássia engravidou, a mãe dela avisou que não teria condições de ficar com a neta. A única opção era mesmo a escolinha. “Querer mesmo a gente não quer, mas era a única maneira. A realidade era essa, eu teria que voltar a trabalhar, mas só quando foi chegando perto que eu fui vendo como é difícil e comecei a sofrer com isso. Fiquei cinco meses com ela, porque além da licença, eu tinha também o período de férias. Mas um mês antes ela já começou a ir, como adaptação. No primeiro dia eu chorei muito. A mãe sempre sente mais. É difícil porque a gente quer acompanhar cada brincadeira, cada descoberta dela e, de repente, outra pessoa está convivendo com ela mais tempo que você. A gente quer ter aquele cuidado de estar ali 24 horas com a criança, saber o que está se passando. Deixar na escolinha, no primeiro momento é complicado, porque, até então, são pessoas estranhas. Passa um monte de coisa pela cabeça: ‘será que vão cuidar tão bem como eu cuidaria, será que vão ver quando ela chorar, será que vão dar comidinha na hora certa?’ A preocupação maior é porque na escolinha, são várias crianças, não vão cuidar só dela. No começo ela ia na escolinha pública, e como eram poucas crianças, era mais fácil. Depois, por causa do meu horário de trabalho, precisei colocar ela em uma particular. Aí são mais crianças e meu coração apertou um pouquinho mais. Ela foi para lá com seis meses e se adaptou bem, nunca chorou. Só fica um pouco enjoadinha quando chega em casa. Ela passa o dia inteiro lá, das 8h as 18h, então ela chega cansada e quer ficar só comigo, onde eu vou ela vai atrás, quer ficar no colo. Ela não entende, mas percebe que por um período ficamos longe uma da outra. Na hora de ir, de levantar vai numa boa, sabe que vai ter uma despedida, mas quando volta, é mãe o tempo inteiro. Mas na verdade, é a mãe quem sofre mais. A gente sabe que é bem cuidada, tem uma
agenda para acompanhar, como foi o dia dela, se comeu direitinho, se dormiu, mas mesmo assim. O que a gente queria era poder nós mesmas acompanhar essa fase. Até hoje eu não acostumei muito ainda com a ideia. Eu posso ligar lá, se eu quiser, para saber como ela está, mas me seguro. Quando não consigo, eu mando e-mail. Quando ela está doentinha eu me preocupo mais, aí mando uma mensagem no whatsapp para a professora dela, ela me manda uma foto. Aí eu fico mais sossegada. A escola dela não têm câmera, porque, segundo a diretora, se tivesse as mães não trabalhariam. E é verdade. Se tivesse, eu iria querer ficar o dia inteiro olhando. A gente sofre em ter que deixar na escolinha, mas hoje eu vejo como é bom para criança, para o desenvolvimento dela, por estar em contato com outras crianças, trocando experiência, aprendendo a conviver, a dividir, brincar em grupo”.
Ana Paula e Miguel
Miguel Gonçalves, filho de Ana Paula, hoje tem quatro anos, mas também vai para a escolinha desde os quatro meses. No começo ficava o dia todo, hoje vai só no período da tarde. Quando Miguel nasceu, Ana Paula trabalhava no comércio. Hoje ela própria trabalha em uma escolinha, e pode ver como é o outro lado, como é cuidar do filhos de outras mães enquanto outra está cuidando do dela. “Desde quando eu fiquei grávida, eu já imaginava com quem ele iria ficar. Parar de trabalhar não era uma possibilidade. Na época uma vizinha ia ficar com ele, mas aí não deu certo, então ele teve que ir para escolinha mesmo. Ele ficou doente, umas quatro vezes seguidas, então eu tirei e fiquei uns meses em casa com ele. Quando ele estava com oito meses eu voltei a trabalhar e ele voltou para escola de vez, não saiu mais, até hoje. Quando eu estava grávida, eu achei que seria mais fácil, pensava, se todo mundo deixa na escola, ele pode ficar também. Mas depois que nasce, aí vem o sentimento, é terrível. Quando você deixa a primeira vez, parece que está arrancando um pedaço. Para ele, na primeira vez, como era muito bebê, acho que nem percebeu. Na segunda vez, como já reconhecia as pessoas, foi mais difícil. Hoje em dia, eu tenho uma noção melhor, se eu tivesse outro filho seria mais fácil deixaria com mais tranquilidade. Hoje isso é uma realidade. Na escolinha que trabalho, a maioria já está lá desde pequenininho. Pelo que eu posso ver, acho que depende muito da mãe, de como ela encara isso. Algumas crianças são mais difícil de lidar do que outras. Umas são superprotegidas, já outras, é o inverso disso. Entre as crianças, a interação é muito bacana, brigam, o que é normal, se amam, riem juntos. Criança é muito pura, é gostoso de ver. Mas cuidar de tantas, não é fácil, todos querem atenção ao mesmo tempo, você senta, todos querem sentar no seu colo. Eu cuido delas pensando que foi e continua sendo assim com o Miguel. As crianças se apegam muito. Quando estou lá, fico pensando o que ele está fazendo na escolinha dele. No começo era mais difícil para mim do que é hoje. Porque a gente não está participando das principais coisas da vida deles. Mas aí, você cuida de outras crianças e isso é muito gratificante, eu vejo elas aprendendo coisas novas, é muito legal. Daí eu penso: será que com o Miguel era assim nessa idade? É engraçado pensar nisso. Na escolinha as crianças têm que se sentir acolhidas, se sentir a vontade, ter confiança na gente. Eu trato elas como eu imagino e desejo que o meu filho está sendo tratado. E, por mais que a gente cuide bem, dê carinho, sempre dá dó, chegam todos de chupeta ainda, cobertorzinho, com aquela carinha de sono, tão cedo. Mas aí eu lembro que o meu já passou por isso e que ele está super bem e que isso é completamente normal”.
Cássia é mãe de Jennifer, de 1 ano e 5 meses. Desde os quatro meses de idade a pequena vai para a escolinha. “Ela não entende, mas percebe que por um período ficamos longe uma da outra. Ela vai numa boa, sabe que vai ter uma despedida, mas quando volta, é mãe o tempo inteiro”.
Ana Paula trabalha em escolinha e cuida de outras crianças. “Na escolinha as crianças têm que se sentir acolhidas, se sentir a vontade, ter confiança na gente. eu trato elas como eu imagino e desejo que o meu filho está sendo tratado”.
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Reflexão e Práxis
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
Intenção passageira Publicação on-line do Bacen, apresenta dados semanais do mercado no país Pleonasmo
© Revistas COQUETEL
As pinturas da gruta de Altamira
Filme com Al Pacino e Keanu Reeves Nada Consta (abrev.)
Internet, em "internetês"
"(?) Humilde", música de Chico Buarque, Vinicius de Moraes e Garoto
por pedro marcelo galasso
X (?), evento de esportes radicais Estabelece vínculo Deus grego, pai de Hedonê (Prazer)
A amiga dos pais, para as crianças
Povo adorador de Kukulcán Forçar
Aluvião triangular da foz de rios Seguidores de uma religião
Imensos Começa; principia Fortificante de unhas (símbolo) Proporção de uma substância
Nota-base do sistema tonal (Mús.) Pertencente à alma (fem.)
Carvalhodo-brasil (Bot.)
Diérese de "vaidade" (Gram.)
Propensa a apaziguar (ânimos)
Exposição frequente em salões de arte
Cirque (?) Soleil, companhia circense
Instrumento para realizar gravuras Bebida Instituto caribenha militar
102, em romanos Breve; conciso
Vogal entoada no vocativo
Fator inerente ao trabalho do dublê
Cordilheira da Europa Central
São Paulo (sigla) Comitê presidido por Thomas Bach, em 2014 (sigla) Recuo da arma no momento do tiro
A 23ª letra grega Abalados devido a um forte sentimento (fig.)
BANCO
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&2
Pedro Marcelo Galasso – cientista político, professor e escritor. Email: p.m.galasso@gmail.com.br
Estudioso do comportamento animal
Rei da Espanha (2014)
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permitem o poder do rei e asseguram seu direito à insurreição. O poder, em Locke, é uma relação de confiança e então fica a pergunta – podemos dizer que esta relação existe no Brasil? Ou em Bragança Paulista? A sociedade civil se apresenta com progressista destacando a sua origem parlamentar do poder político – o poder se fundamenta nas instituições políticas e não no arbítrio dos indivíduos. E já que o público e o privado são diferentes, devem ser regidos por leis diferentes. Além disso, o poder político não pode ser determinado pela condição de nascimento. E cabe ao Estado garantir e tutelar pela propriedade da palavra e da iniciativa econômica permitindo que estas ações sejam livres. Quanto à propriedade privada, Locke é claro - a propriedade (vida, direitos e bens) é do indivíduo. Outra característica marcante é que para Locke temos a predominância do Poder Legislativo. Mais uma vez, nos perguntamos – o que devemos pensar sobre os nossos parlamentares, sejam eles federais, estaduais ou municipais? Com relação aos que vivem por aqui, cada um deve formular seu próprio juízo, pois este parece que falta por lá. Já que a essência humana é ser livre da dependência das vontades alheias e a liberdade existe como exercício da posse. Para Locke, todos são proprietários, pois mesmo que não possuam bens são proprietários de sua vida, do seu corpo e do seu trabalho. Todos são considerados membros da sociedade civil, mas só os que possuem bens (os de fortuna), por terem interesses na preservação de seus bens e são capazes de vida racional, por compromisso voluntário, é que têm plena cidadania. Dessas características se percebe a raiz elitista do liberalismo, onde a igualdade é formal e abstrata, pois não é possível a cidadania onde somente os proprietários de bens podem tê-la. É justo dizer, portanto, que o Brasil é mais liberal do que pensam os mais liberais.
3/psi. 4/faia. 5/buril. 7/anímica. 9/apostasia — veleidade.
A figura do cidadão é um componente histórico da sociedade moderna, notadamente após o surgimento do Liberalismo que se caracteriza por ser um conjunto de ideias éticas, políticas e econômicas da burguesia que se opunha a visão de mundo absolutista. No pensamento burguês se pretendia a separação entre o Estado e a sociedade enquanto um conjunto de atividades de indivíduos, notadamente na economia, garantindo a separação completa do público e do privado, com a mínima interferência do Estado na vida de cada indivíduo. Na sociedade liberal, temos a postura ética – direitos individuais, liberdade de pensamento, de expressão e de religião; a postura política – contra o absolutismo, contra o mercantilismo, busca pelo contratualismo com a legitimação do poder fora da esfera divina, mas sim como consentimento dos cidadãos, com o aperfeiçoamento das instituições representativas, com o voto censitário e a limitação do poder central; a postura econômica – oposição ao mercantilismo e a interferência real nos negócios burgueses e os fisiocratas foram os primeiros a manifestar esta posição com o “deixai passar, deixai fazer”, pretendendo a defesa da propriedade privada dos meios de produção e a economia de mercado baseada na livre concorrência, no livre mercado e na competição. O filósofo John Locke, médico e filho de comerciantes burgueses, formulou a teoria do conhecimento que defendia uma teoria empirista, além de ser um teórico do pensamento liberal e um contratualista. Para ele, no estado de natureza os indivíduos viviam isolados e ao aceitarem o contrato social e criarem a sociedade civil o poder se tornou legítimo graças ao seu consentimento. Enquanto para Hobbes o estado de natureza é uma situação de guerra constante e egoísmo, Locke diz que neste estado cada homem isolado é seu juiz e que as paixões e a parcialidade dos homens causam desestabilidades. O corpo político que o pacto ou contrato instituiu visa a segurança e a tranqüilidade para o gozo da propriedade. Entretanto, um ponto crucial permanece – os direitos naturais não desaparecem, pois os indivíduos
Abandono da fé em uma igreja
9 5 ( ) ( / / ( 0 $ , 7 ' & 2 $ 5 ' ) , ( 2 ) $ & 2 1 & , 6 8 0 3 6 ,
A sociedade
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Comportamento
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Quer perder peso? A solução não são os exercícios físicos, diz um grupo de médicos; eles têm benefícios, mas para emagrecer o negócio é comer direito
por GABRIELA MALTA/FOLHAPRESS
Não adianta cometer excessos na dieta pensando que vai ser possível compensá-los na academia. Esse é o apelo publicado por médicos e especialistas no periódico “British Journal os Sports Medicine”, na última quinta-feira. Para eles, quem quer emagrecer deve se preocupar muito mais com a quantidade de calorias ingeridas do que com a qualidade de calorias gastas. Isso fica evidente, por exemplo, quando pensamos nas mais de mil kcal calorias ingeridas em uma modesta ida ao cinema, com o consumo de um balde de pipoca e um copo de refrigerante. Para gastar tal energia, seriam necessárias mais de duas horas de caminhada em velocidade moderada, a uma velocidade entre 5 km/h e 6 km/h, para uma pessoa que pesa 80 kg. Se a pessoa estiver correndo, precisará de cerca de uma hora e meia de atividade. “Minha maior preocupação é que a mensagem que está sendo transmitida ao público sugere que você pode comer o quanto quiser, desde que se exercite”, afirmou à BBC o cardiologista britânico Aseem Malhotra, um dos autores do artigo. Segundo ele, muitos pacientes são injustamente levados a acreditar que não conseguem perder peso porque não se mexem o suficiente. Seria muito melhor, afirma, que elas simplesmente parassem de ingerir alimentos calóricos e especialmente bebidas açucaradas, como refrigerantes ou sucos de caixinha. Nabil Ghorayeb, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, concorda com o artigo, em partes. “Se você tem uma alimentação desregrada, aí não tem muito o que fazer, mas mesmo quem tem uma dieta controlada e não pratica exercícios perde os benefícios que eles trazem.” Os pesquisadores que escreveram o artigo não questionam que, embora os exercícios físicos “não promovam perda
de peso”, eles têm outros benefícios muito importantes para a saúde. “O sedentarismo é um fator de risco para doenças cardiovasculares”, lembra Nabil Ghorayeb. A prática de atividade física aumenta a produção de moléculas que evitam a deposição de gordura nas artérias. Além disso, a atividade física ajuda no controle da pressão arterial e aumenta os níveis de colesterol “bom”, o HDL --embora os exercícios tenham pouca influência sobre os níveis de colesterol “ruim”, o LDL, ligado ao consumo de gordura saturada. Vários especialistas, no Brasil e no exterior, relativizam as conclusões do artigo de Malhotra, porém. Susan Jebb, professora da Universidade Oxford, apontou vários estudos que comparam grupos de pacientes que só mudaram de hábitos alimentares com aqueles que fizeram isso e também passaram a fazer exercícios. Segundo ela, quem combina as duas iniciativas perde mais peso tanto no curto prazo, nos primeiros seis meses, quanto no longo prazo. É a opinião também de Ricardo Nahas, coordenador do Centro de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital 9 de Julho de São Paulo. “Até dá para controlar a obesidade só mudando a dieta, mas o exercício facilita muito.” “Minha maior preocupação é que a mensagem que está sendo transmitida ao público sugere que você pode comer o quanto quiser, desde que se exercite ASSEM MALHOTRA cardiologista britânico “ Com alimentação desregrada, não tem muito o que fazer mesmo, mas quem tem uma dieta controlada e não pratica exercícios perde benefícios NABIL GHORAYEB cardiologista brasileiro
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Momento Pet
Feliz Dia das Mães Para toda as mamães dos bichinhos de 4 patas
por Dr. André Alessandri
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Saúde
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Corrida das vacinas
Vacina contra a dengue pode estar disponível já neste ano, mas tem só 61% de eficácia; alternativa nacional corre atrás por GABRIEL ALVES/FOLHAPRESS
A corrida pela primeira vacina contra a dengue pode chegar ao final ainda em 2015. Por enquanto, ela é liderada pela multinacional francesa Sanofi. A vacina, porém, tem eficácia de apenas 60,8% e precisa ser aplicada em três doses --a empresa não divulga a eficácia da primeira dose se tomada isoladamente. Uma alternativa nacional, fruto de uma parceria entre o Instituto Butantan, o Hospital das Clínicas da USP e o NIH (Institutos Nacionais de Saúde dos EUA) corre atrás. Não há previsão de quando ela poderá ser disponibilizada ao público. A vacina está atualmente começando os estudos de fase 3 --no jargão farmacêutico, o momento em que é avaliada a eficácia do produto em teste. O infectologista da USP Esper Kallás, que coordena os estudos da vacina brasileira, afirma que o grande trunfo do produto em desenvolvimento é que ele deverá ser aplicado em apenas um dose. Kallás afirma ainda que o produto da Sanofi não é igualmente eficiente contra todos os quatro subtipos de dengue. “No entanto, enquanto não temos vacinas, qualquer coisa que for útil tem que ser considerada.” A Sanofi rebate as críticas sobre a eficácia da sua vacina. Segundo a gerente médica Sheila Homsani, o importante é que o produto reduz em 95,5% o número de casos graves da doença. Ou seja, a vacina funciona especialmente para evitar os quadros clínicos mais perigosos. Ela afirma que a Sanofi deve entrar nas próximas semanas com a documentação para poder iniciar a produção da vacina em sua fábrica, próxima à Lyon, na França.
Técnica
A vacina da multinacional francesa tem como “esqueleto” o vírus da febre amarela. Ele tem sua superfície modificada artificialmente para se parecer com um vírus da dengue e gerar resposta imunológica na pessoa vacinada. Já o consórcio de que faz parte o Butantan apostou em uma versão atenuada e modificada do vírus da dengue, que promete provocar uma resposta imunológica duradoura em quem é vacinado. O poder público está entusiasmado com a utilização de vacinas. Para o secretário da Saúde de São Paulo, David Uip, o projeto do Butatan pode ajudar o Estado a reduzir o número de casos.
Arthur Chioro, ministro da Saúde, disse que pedirá à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) prioridade no andamento dos processos burocráticos ligados às vacinas contra a dengue. Segundo Kallás, com o status de prioridade é possível ganhar de alguns meses até mais de um ano de desenvolvimento. A ideia é vacinar as pessoas ainda no fim desse ano para monitorá-las durante o verão, quando a incidência de dengue aumenta. Em 2015 também devem começar as pesquisa de fase 3 da vacina da Takeda, multinacional japonesa. A estratégia é um vírus da dengue do subtipo 2 modificado. Entre outras iniciativas, há o trabalho da farmacêutica bri-
tânica GSK com a Bio-manguinhos (da Fundação Oswaldo Cruz), que está iniciando os testes em humanos (veja acima). Outro projeto em que a Fiocruz está envolvida é a vacina do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), testada apenas em camundongos, mas com 100% de imunização. Neste ano, o Estado de São Paulo já registrou mais de cem mortes por dengue, mais do que em todo o ano de 2014. “Enquanto não temos vacinas, qualquer coisa que for útil tem que ser considerada Esper Kallás, Coordenador dos ensaios clínicos da vacina da parceria entre Instituto Butantan, USP e NIH (Institutos Nacionais de Saúde dos EUA). Crédito:Folhapress
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Grávidas e saradas Fotos de gestantes com barrigas bem definidas viram moda na internet; o abdômen malhado não prejudica o bebê, mas exercícios devem ser feitos só por mulheres já habituadas ao esforço
por GABRIELA MALTA/FOLHAPRESS
A modelo americana Sarah Stage deu o pontapé inicial para a discussão, ao postar uma foto na rede social Instagram. Grávida de 36 semanas, sua barriga quase não aparece. É possível e saudável manter uma barriga sarada mesmo estando grávida? Segundo a modelo, o bebê estava pesando aproximadamente 2,7 kg. Restavam quatro semanas de gravidez. Segundo Maita Poli de Araújo, chefe do setor de ginecologia do esporte da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), um abdômen definido não prejudica o crescimento do bebê durante a gravidez, porque o músculo reto abdominal se adapta ao crescimento uterino. Tal barriga, porém, não é para todas. São mulheres que já praticavam atividade física intensa antes, como a brasileira Bella Falconi. Conhecida pelo seu abdomêm definidíssimo, ela impressionou seus 1,3 milhão de seguidores do Instagram ao postar uma foto de sua barriga de 17 semanas de gravidez --ainda é possível ver os “gominhos” do músculo. “Mas isso só ocorre pela manhã, quando minha barriga está relativamente menor. Com o passar das horas ela vai inchando conforme eu bebo água e como. De noite ela fica enorme, ninguém acredita na diferença”, explica.
Agora, com 19 semanas, ela continua a malhar, mas diminuiu a intensidade dos exercícios e aumentou o descanso entre as séries. “Minha obstetra também pediu para que eu observasse a temperatura do corpo para que não subisse demais, e que os batimentos não passassem de 140 bpm”, diz. Os obstetras recomendam que as grávidas monitorem os batimentos durante o exercício como forma de avaliar a intensidade da atividade física. Outra possibilidade é utilizar a escala de Borg (veja acima). Ela divide a atividade física entre os níveis 6 (repouso) e 20 (máximo esforço). Grávidas sedentárias que estejam praticando atividades físicas durante a gravidez não devem ultrapassar o nível 13 (esforço um pouco intenso). Grávidas que são praticantes de atividades físicas podem ficar no nível 15 da escala (intenso). O coordenador do Centro de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital Nove de Julho, o médico Ricardo Nahas chama a atenção ainda para a necessidade de acompanhamento nutricional. Se a grávida estiver se exercitando muito e não ganhar peso, está dado o alerta. O bebê demanda energia da mulher para crescer, então é preciso ficar atento ao gasto energético dos exercícios. “Os efeitos serão sentidos no bebê, e não na mãe”, diz.
Com um pé na ousadia e outro na tradição, o Bar Rosario reabre suas portas neste dia 1º de maio. A ousadia se nota pela mistura de elementos decorativos, reaproveitamento de materiais e soluções estruturais que deram ao ambiente mais charme. A tradição se mantém com o famoso lanche de linguiça, a comercialização do produto e pratos populares da culinária brasileira que serão servidos diariamente; O Bar Rosario , surgido em 1947, já trocou de mãos por algumas oportunidades, porém nunca mudou de endereço. Isto lhe confere como sendo um dos locais mais conhecidos de Bragança Paulista; tanto pelos frequentadores como por aqueles que nunca adentraram ao bar e por uma legião de forasteiros que para ali se dirigem a fim de comprar a famosa linguiça Com esta nova empreitada, os atuais proprietários tem por objetivo resgatar a importância do local na história e na economia Bragantina, pois como é sabido, a “cidade da linguiça” deve sua fama ao pioneirismo da família Lente na fabricação da iguaria neste endereço. Ao som de músicos da região, acompanhados de petiscos variados e regados a algumas das melhore cachaças do Brasil, o Bar Rosario inaugura também seu ‘happy hour”. Cervejas nacionais e importadas serão companhia obrigatória nesses encontros de final da tarde. O vai e vem das pessoas, as conversas na calçada, a atmosfera vivida nos anos de ouro do Bar Rosario será devolvida a um dos mais belos pontos de Bragança Paulista: o Largo do Rosário. Bar Rosario Rua Barão de Juqueri 6 Centro Bragança Paulista SP Telefone 3403 1020 Funcionamento Segunda e Terça – 10h as 16h Quarta a Sábado – 10h as 23h Domingo - 10h as 16h
Ele aponta, porém, que é perfeitamente possível ser uma grávida sarada. “Essas meninas são ponto fora da curva. Se elas já praticavam atividade física antes da gravidez, não há problema nenhum em continuar, tomando os devidos cuidados.” Sobre esses cuidados, os médicos alertam que o corpo da mulher grávida passa por transformações como a mudança do centro de gravidade e alterações na flexibilidade. Por isso, exercícios em barras fixas, com salto e esportes de contato e com bola não devem ser praticados, por risco de trauma abdominal. Já a prática de exercícios abdominais em si não é consenso entre os especialistas. Alguns recomendam o exercício apenas nos primeiros meses de gravidez. Outros defendem que os exercícios podem ser feitos durante toda a gestação, desde que as mulheres façam os exercícios deitadas de lado, ou com as pernas abertas. Na hora do nascimento do bebê, há vantagens e desvantagens, especialmente se a opção for pelo parto normal. Para o mal, manter os músculos reto abdominal e pélvico muito fortes pode dificultar a passagem do bebê. Para o bem, essa mesma força muscular faz com as grávidas saradas aguentem ficar mais tempo na posição de cócoras, o que ajuda bastante em uma situação de parto natural.
Foto:Divulgação
Bella Falconi, 30, já com 19 semanas de gestação
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Audi recordista do Ranking Folha-Mauá Divisão esportiva da Audi faz 20 anos como recordista do Ranking Folha-Mauá por EDUARDO SODRÉ/FOLHAPRESS
“O primeiro chegou ao Brasil em março de 1995, foi o RS2”, lembra Lothar Werninghaus, engenheiro da Audi, enquanto conta a história da linha de esportivos RS. Os importados ainda causavam deslumbre, e a empresa soube construir sua imagem. Era uma perua preparada pela Porsche, com motor turbo (315 cv) e câmbio manual. As poucas unidades trazidas pela Senna Import, representante da marca naqueles tempos, foram parar em garagens de gente abonada. No ano seguinte, uma RS2 vermelha foi cedida pela importadora para o Teste Folha-Mauá, que estava em seu primeiro ano. O Audi partiu do zero e chegou aos 100 km/h em 5,8 segundos. Foi o carro mais rápido de 1996. Daí por diante, a montadora alemã tomou gosto pelo pódio. A linha RS
Crédito:Folhapress
detém o maior número de primeiros lugares na prova de aceleração do Ranking Folha-Mauá, que considera os carros mais rápidos testados a cada ano.
Estratégico
Tantas vitórias se devem também à fartura de versões RS disponíveis no Brasil, embora sempre em edições limitadas. Para a Audi, sua linha de superesportivos funciona como um cartão de visitas. Todos os modelos têm tração integral e motores levados ao extremo. bem diferentes dos usados nos carros mais mansos da montadora. Os poucos RS vendidos por ano dão um bom retorno de imagem à marca das quatro argolas. É algo estratégico, importante para quem está prestes a produzir novamente no Brasil.
Audi RS 6
Audi RS 6 volta remodelada ao Brasil; na Alemanha, rompe os 300 km/h por RODRIGO MORA/FOLHAPRESS
Em uma das autoestradas alemãs, indo da cosmopolita Munique à pitoresca Wiesbaden, um Audi RS 6 pintado na cor Cinza Nardo segue viagem a 280 km/h. De repente, um antigo Opel Astra prata entra na sua frente. São poucos metros entre o hatch e a perua de 4,98 m de comprimento e 2.010 kg, mas os freios de cerâmica logo aplacam o susto e reduzem a velocidade a 120 km/h. Dali a instantes, começa um trecho de velocidade controlada na “autobahn”. Em ritmo comedido, o motor 4.0 V8 biturbo (560 cv e 71,4 kgfm de torque) desliga quatro dos oito cilindros para poupar combustível. Com o ponteiro do conta-giros estacionado em 1.500 rpm, é hora de apreciar a paisagem colonial típica do sul da Alemanha e tentar entender algumas razões que levam a Audi a cobrar cerca de R$ 600 mil pela perua superesportiva, que retorna ao país com retoques visuais. Uma delas é a qualidade do couro dos bancos (o do motorista é elétrico e com memória) e do revestimento de alcântara (similar à camurça) nas colunas e no teto. Há também ar-condicionado digital de quatro zonas, teto solar panorâmico, volante com ajuste elétrico de altura e profundidade e sistema de som premium, entre outros itens.
Ambiente
Não se trata apenas dos equipamentos, mas também de como transformam o ambiente em algo icônico, ainda que estejam inseridos numa arquitetura já repetitiva na linha Audi. Esqueça clichês tipo “a RS 6 é para famílias apressadas”. Nenhum pai em sã
consciência aceleraria de 0 a 100 km/h em 3,9s (dados da marca para a nova versão) com mulher e filhos a bordo. Peruas esportivas existem porque são estilosas e porque suas versões normais já estão nas lojas. O benefício do espaço é evidente, mas aqui está em segundo plano. Ainda assim, é bom saber que no porta-malas de 565 litros algumas malas grandes viajam com sobra. Há mais um trecho sem limite de velocidade pela frente. Um ronco ardido deixa claro que agora são os oito cilindros a todo vapor. Os 280 km/h voltam ao velocímetro, mas logo viram passado. A adrenalina faz as mãos suarem. Sem hatches prata na frente, a perua RS 6 chega a exatos 303 km/h no velocímetro. É hora de reduzir a velocidade progressivamente e respirar fundo. Agora é aguardar por mais uma passagem da perua alemã pela pista do Teste Folha-Mauá.
Crédito:Divulgação
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Veículos
Jornal do Meio 795 Sexta 8 • Maio • 2015
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Ducati Diavel Italiana Ducati Diavel evolui em design e mecânica
por GUILHERME SILVEIRA/FOLHAPRESS
Dois anos após estrear as operações oficiais da Ducati no Brasil, a Diavel parte para a segunda geração. Lembrada por aqui como a “moto do Batman”, ganhou refinamentos, mas também encareceu na versão de entrada -que saltou de R$ 59,9 mil para R$ 64,9 mil. A Carbon, opção topo de linha que tem para-lama de fibra de carbono e rodas de liga ultraleve, sai por R$ 74,9 mil.
Mestrado alemão
Com as “mãos” cada vez mais presentes da Audi, dona da Ducati, a Diavel foi aprimorada à moda alemã. A começar pelo banco, que ficou mais anatômico, menos duro e recebeu uma “concha” na região lombar, que segura o piloto em acelerações bruscas. Arrancar forte de 1ª marcha pede astúcia e pode render fortes náuseas. Outra melhora ergonômica está no guidão, agora mais recuado para trás, o que ajuda nas longas viagens. Aliás, seu habitat é a estrada: na cidade, o motor que esquenta
e o porte avantajado não são camaradas nos corredores. Não falta desempenho ao bicilíndrico de 1.200 cm³ com dois comandos para as oito válvulas. O torque de 13,3 kgfm a 8.000 rpm e os 162 cv a 9.250 rpm impressionam. Devido à injeção eletrônica revista e ao uso de duas velas por cilindro, o motor ficou mais suave em baixa rotação. A embreagem da Diavel é macia, e o câmbio tem engates suaves. Seu escalonamento permite viajar confortavelmente. Diante de tamanho poderio, a Ducati traz um completo pacote de segurança, que engloba controle de tração e entrega até ajustes de potência -há uma opção “urbana” que limita o motor a 100 cv. O preço alto é justificado por itens sofisticados, como painel duplo digital, chave presencial, capa no assento e o chassi de aço. Singular como o próprio projeto propõe, a Diavel consegue unir mundos bem opostos: é uma custom na ciclística, mas a performance é digna de esportiva. Além disso, não há como esquecer seu design sombrio, digno de moto de super-herói. Crédito:Divulgação
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