Braganรงa Paulista
Sexta 22 Maio 2015
Nยบ 797 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
2
Para pensar
Jornal do Meio 797 Sexta 22 • Maio • 2015
Diabo, demônio, satanás por Mons. Giovanni Baresse
Eu creio, com a Igreja, que
pegarão em serpentes, e se be-
numa determinada cultura. E sua
transformam em verdadeiros “sho-
o Mal não é uma abstração,
berem algum veneno mortífero,
encarnação foi real. Ele agiu como
ws” tanto na TV como no interno
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
mas designa uma pessoa,
nada sofrerão; imporão as mãos
um judeu do seu tempo. E se os
de igrejas e grupos) nada tem a
Satanás, o Maligno, o anjo que se
sobre os enfermos, e estes ficarão
problemas do tempo eram vistos
ver com a presença do demo. São
opõe a Deus. O “diabo” (diabolos)
curados” (16,15-20). Um estudo
como possessão demoníaca, Ele
casos de desequilíbrio emocional,
é aquele que se “atira no meio” do
sério do Evangelho deixa patente
não podia agir de forma diferente.
psicológico, afetivos. Pura histeria.
plano de Deus e de sua “obra de
que não se podem interpretar
Se a mentalidade era de que a do-
Some-se aqui o fato do prestígio
salvação” realizada em Cristo. Esta
literalmente as palavras do Se-
ença, as limitações, os problemas
que adquire quem começa a ter a
afirmação, que está no Catecismo
nhor. O que Ele quer dizer é que
eram sinais da presença do diabo,
fama de exorcista. Mesmo se não
da Igreja Católica, sob o nº 2851,
as suas ações, o seu modo de ser
Ele devia dar a resposta (como
ganha dinheiro com isso, adquire
sintetiza as afirmações contidas
e agir, estariam presentes naque-
a deu) dentro das categorias da
um estágio num patamar que o faz
no verbete “demônio” do mesmo
les que o seguissem. Em termos
época. É possível a possessão do
melhor que os outros. O diabo que
catecismo. Coloco esta premissa
simples Ele agiria através dos
demônio? Deve-se dizer que sim.
precisamos exorcizar é aquele que
para fazer análise sobre a afir-
que o assumissem como Senhor.
Mas ela é rara e, antes de afirma-la,
nos leva à corrupção, que nos faz
mação que o evangelista Marcos
Um dos problemas na compreen-
é preciso descartar as explicações
não levar a sério o bem comum,
apresenta na conclusão do seu
são das Escrituras Sagradas é o
naturais. Aqui está o nó da questão!
que nos faz levar vantagem. O
Evangelho, para correlaciona-la
fundamentalismo. Este favorece
Penso que, antes de tudo, não se
diabo a ser expulso de nosso
com a prática hodierna do exor-
determinadas afirmações que são
conquista ninguém com o medo.
meio é o da falta de condições
cismo. Especialmente dentro da
fruto daquilo que a pessoa pensa.
Penso no diabo como um excelente
para o trabalho (quando não a
mentalidade neopentecostal pre-
Esta coloca como fundamento do
sedutor. A sedução é que nos leva
impossibilidade de trabalho), os
sente em muitas igrejas de origem
seu pensar uma afirmação bíblica.
a agir de forma contrária às nossas
salários que não correspondem a
protestante e em alguns grupos de
O caminho não pode ser esse. O
convicções, a agir contra o que o
condições de justa manutenção, o
fé católica. A afirmação de Mar-
correto é ver o que a Palavra diz,
Senhor nos ensina. O diabo não
descaso como moradores que se
cos é que quando o Senhor Jesus
inspira e aí moldar a própria ação.
tem vantagem quando nos faz errar
instalam em lugares de risco, as
afirmar a grave responsabilidade
termina a sua missão e volta para
Quando se fala em exorcismo, em
contra a nossa vontade, a nossa
dificuldades crônicas no sanea-
de ministros das Igrejas cristãs:
o Pai (sua Ascenção), e entrega
ações do demônio, logo se pensa,
consciência. Se um psiquismo
mento básico e no atendimento
a evangelização é para libertar
a continuidade da construção do
como base, nas ações de libertação
estranho toma conta de mim (o
à saúde, a política feita como
as pessoas. Não é para anga-
Reino de Deus aos discípulos Ele
narradas nos Evangelhos. Sem
diabo) quem decide o que fazer
clientelismo, a explicitação de
riar “clientes”. E aprisiona-los
afirma: “Estes são os sinais que
ter o cuidado de ter presente que
não sou eu! Ele ganha quando eu
fé em Jesus que mais oprime
a práticas que estão mais para
acompanharão aos que tiverem
Jesus de Nazaré, que nós cremos
me deixo seduzir e sigo os seus
que liberta. Esse tipo de diabo
ritos de magia do que para a
crido em meu nome: expulsarão
Deus conosco, encarnou-se num
“conselhos”! A maior parte dos
exige muito mais que gritarias
afirmação da ação amorosa
demônios, falarão novas línguas,
povo, numa determinada época,
chamados exorcismos (que se
e rituais! E aqui, termino, para
do Deus da Vida!
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Reflexão e Práxis
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Jornal do Meio 797 Sexta 22 • Maio • 2015
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
A Nova e tão Velha
República brasileira
© Revistas COQUETEL
Galináceo ameaçado pela caça Como se destacou Diogo Cão
Riqueza mineral do Sri Lanka
Maior complexo de abastecimento de água da Grande Ardor Arreba- São Paulo (fig.) tamento íntimo
Dança típica nos salões de forró
Dificuldade do ranzinza
A parte mais dura da madeira
Acessório do turista Exuberante; viçoso Ecoam
Estudioso e explorador de cavernas Encontro vocálico de "cuíca" (Gram.) Cada divisão do caderno escolar
Dia Mundial da (?): 1º de janeiro
Valor (?), base de cálculo do IPTU Certo, em inglês Conjunto de serviços oferecidos pelo agente de viagens Também, em inglês Deus Sol do Egito faraônico Regalia; privilégio
BANCO
Inadimplência Na sua ponta é instalada a biruta
Elisabeth Shue, atriz dos EUA
Moeda da Argentina Despida; pelada
Abreviatura do livro de Isaías (Bíblia)
Organiza o Enem e o Enade (sigla) "Agency", em CIA Ligou; juntou
Vestígio Minguados; escassos Sol, em inglês Letra que precede o apóstrofo, em italiano Altera; diversifica
Segundo álbum de estúdio do AC/DC
Unidade de potência elétrica Nome típico de centros espíritas
Nosso, Editor em inglês (abrev.) Uma das designações do cacique
Ilha italiana no golfo de Nápoles Melhor condutor térmico (símbolo) Instrumento musical comum no blues
5, em romanos
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Solução 35
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agora, de sustentáculo ao novo regime. A Constituição de 1891, que determinava a forma federativa com ampla autonomia estatal e a representação proporcional de representantes na Câmara dos Deputados, o que assegurava um maior número de representantes aos Estados mais populosos, garantiu a manutenção da hegemonia política burguesa cafeicultora de exportação. Mais do que isto, permitiu a orientação de toda a economia cafeeira para a produção e valorização do café. No entanto, o descontentamento gerado por quem perdia o poder era enorme, levando estas pessoas a fazerem oposição ao governo federal que se via sobre constante instabilidade política. Para tentar acabar com a oposição Campos Sales criou, em 1900, um artifício chamado de política dos governadores. Este consistia em uma aliança irrestrita entre aqueles que governassem os Estados e o governo federal, que garantia a vitória dos deputados da situação através da chamada Comissão Verificadora de Poderes, que era constituída por membros da Câmara dos Deputados ou das Assembléias Estaduais, que deveria apurar fraudes eleitorais e “declarar” os deputados eleitos. Os honestos eram os que apoiavam o governo e os outros sofriam a “degola”, ou seja, o não-reconhecimento da vitória. A fraude eleitoral passou a ser, portanto, um instrumento de administração estatal. Tal política equilibrou a situação entre as oligarquias estaduais e o governo federal. Nesta conjuntura política surgem dois elementos característicos da República Velha, o coronelismo e o voto de cabresto. O título coronel passou a ser utilizado no Brasil a partir da criação da Guarda Nacional, pelo padre Diogo Feijó em 1831. A raiz do coronelismo está no Império, mas sua forma final é fruto do entrelaçamento de instituições modernas como o voto universal e a autonomia estadual com os interesses dos grandes proprietários rurais. O voto se torna uma barganha, pois era aberto, permitindo que um coronel controlasse o voto daqueles que viviam sob sua proteção, criando currais eleitorais e o voto de cabresto, tirando do voto qualquer possibilidade de transformação social; o que é difícil de imaginar em qualquer ponto de história do Brasil. A valorização do café nada mais foi do que a transferência das crises do café para outros setores da sociedade que arcavam com o ônus destas crises. Isto era feito através de empréstimos que o governo federal fazia para comprar e estocar o excedente do café garantindo o equilíbrio entre a oferta e a procura do café no mercado externo. Ou seja, o produtor de café tinha sua venda assegurada por um ônus que toda sociedade brasileira tinha que arcar. Parece, portanto, que caminhamos tanto e permanecemos no mesmo lugar.
3/our — sun — tnt. 4/also — jacu — sure — watt. 11/espeleólogo.
por pedro marcelo galasso A transferência do poder dos militares para os civis marcou o início da chamada República Oligárquica que possuiu como principais características o coronelismo, o voto de cabresto, a política dos governadores e a política de valorização do café. Este período republicano de poder absoluto das oligarquias rurais, principalmente paulista e mineira, sofreu seu primeiro abalo com o movimento tenentista de 1922. A república marca a ascensão da oligarquia cafeeira ao poder de forma mais direta, o que significou reorganizar o Estado segundo seus interesses e criar toda uma estrutura político-administrativa que substituiu as organizações imperiais. O primeiro elemento a mudar foi o Exército, organizado nacionalmente; tal fato expressou-se no fato dos dois primeiros governos republicanos serem governos militares, impedindo a divisão do Brasil em pequenas repúblicas autônomas. O governo de Floriano Peixoto foi apoiado pela burguesia que vinha aí a possibilidade de deter o movimento monarquista. No entanto, este apoio não foi total e irrestrito. Floriano se notabilizou por procurar promover o desenvolvimento urbano e a industrialização; para tanto, facilitou a importação de maquinarias, matérias-primas e insumos que pudessem promover tal desenvolvimento. Esta postura ia contra os interesses dos cafeicultores, oposição que aumenta quando aliados de Floriano procuram barrar o acesso dos representantes da oligarquia cafeeira a postos de destaque no aparelho estatal. Estas divergências são frutos da postura ideológica que norteava a orientação política dos militares desde antes da proclamação da república. O ideário positivista obrigava a criação de um governo centralizador e forte que seria responsável pela “salvação nacional” (teoria que retornou em 68 e agora no governo FHC, com os relatórios sobre atividades perigosas de alguns grupos como o MST). No entanto, este não era o desejo da oligarquia cafeeira que queria um regime federativo para manobrar mais eficientemente a economia de acordo com seus interesses. A política do café com leite é a expressão da vitória das oligarquias rurais frente ao Exército quanto a forma de organização política e administrativa que seria adotada pelo Brasil. Este passo foi dado principalmente após a fundação do Partido Republicano Federal, em 1893, e que se tornou o principal instrumento político da oligarquia cafeeira paulista. Como os Estados mais poderosos eram São Paulo e Minas Gerais, estes se alternavam no poder para garantir seus interesses. A hegemonia da nova oligarquia paulista, desde a metade do século XIX, garantida pela introdução do trabalho assalariado e pela abolição da escravidão, mais as dissidências entre os militares permitiram o controle total do poder por parte dos cafeicultores. As Forças Armadas trocaram sua participação política direta por uma posição de destaque nesta nova estrutura sócio-política, servindo,
Autor de "A comédia dos Erros" (Teat.) Prejudiciais à saúde
Pedro Marcelo Galasso – cientista político, professor e escritor. Email: p.m.galasso@gmail.com.br
comportamento
A magia da leitura
A literatura fantástica traz surpresa e prazer ao nosso cérebro, que fica atento, querendo mais por SUZANA HERCULANO-HOUZEL
Eu adoro histórias de realismo fantástico e de fantasia, onde as limitações do mundo real não valem, e de preferência as regras da física e da biologia são quebradas de maneiras menos óbvias do que com meros vampiros ou zumbis. Os livros e contos da norte-americana Laini Taylor, autora da série “Feita de Fumaça e Osso”, estão entre meus favoritos do momento. Depois de passar o dia tentando entender como cérebros são construídos e funcionam, deixar-me levar por ficção que se propõe apenas a contar histórias que desafiam a imaginação é deliciosamente refrescante. É sabido que apreciar ficção, sobretudo a literatura fantástica, requer “suspensão da descrença”, ou seja, calar momentaneamente aquelas partes do cérebro que ficam dizendo “isto não é possível”. A leitura sobre mundos mágicos é diferente da participação como plateia de shows de mágica, onde ficamos mesmerizados tentando entender como as regras da física parecem ter sido momentaneamente revocadas, mas não foram. Ver “mágica” só acirra nossas descrenças. Mas ao ler fantasia, aceitamos que é assim e pronto. Como a leitura de fantasia faz sua própria mágica no cérebro? Um grupo de pesquisadores na Universidade Livre de Berlim resolveu responder essa
pergunta pedindo que voluntários lessem, dentro de uma máquina de ressonância magnética funcional, trechos supernaturais, com violações das leis da física, e trechos perfeitamente mundanos dos mesmos livros. Quais livros? Os de Harry Potter, claro, que comprovadamente funcionam no cérebro dos leitores, já que ele se tornou o provavelmente mais conhecido e querido dos personagens modernos de ficção fantasiosa. Os pesquisadores descobriram que, além de ativar as partes do cérebro que monitoram violações das regras do mundo, a leitura dos trechos em que objetos voam e pessoas aparatam e desaparatam causa maior ativação da amígdala cerebral esquerda, e com isso mais sentimentos de surpresa e de prazer, do que a leitura dos trechos mundanos. Os trechos mágicos também aumentam a ativação de partes do córtex cerebral associadas à atenção, talvez recrutadas pela própria ativação da amígdala. Ler textos fantásticos traz surpresa e prazer ao cérebro, que fica atento, querendo mais. Mas desta parte eu já sabia... Suzana Herculano-Houzel é neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro “Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor” (ed. Sextante) e do blog www. suzanaherculanohouzel.comsuzanahh@ gmail.com
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Jornal do Meio 797 Sexta 22 • Maio • 2015
por Shel Almeida
O mundo está mudando. Vivemos na segunda década do século XXI, época em que a tecnologia faz parte da vida dos cidadãos e que a informação chega de maneiras que nunca imaginaríamos. Mesmo que a passos lentos, o mundo está se tornando um lugar mais igualitário. As minorias sociais conseguem se manifestar de maneira mais expressiva, atingindo pessoas que antes não se reconheciam como detentoras de direitos. Aos poucos, vão conquistando espaço e mostrando que a sociedade é um lugar que precisa reconhecer e abrigar as diferenças, sair do lugar comum e deixar de ser mantenedora de um padrão conservador e repressor. No entanto, por mais que a sociedade tenha avançado em diversas questões, ainda existe algo difícil de mudar, que se mantém forte e latente: a divisão entre o que é “coisa de homem” e “coisa de mulher”. Os mais otimistas dirão que as mulheres já conquistaram todos os direitos possíveis, que hoje em dia podem escolher se querem ou não se casar, se querem ou não ter filhos, qual profissão desejam seguir. Sim, isso é um avanço se comparado à época de nossas avós, que sequer podiam frequentar uma escola. Mas ainda é algo irrisório se pensarmos que as mulheres continuam a carregar o estigma de serem mais frágeis, de não terem direito a exercerem a própria sexualidade sem serem julgadas por isso e, continuam a ter que provar diariamente que são capazes de realizar qualquer tipo de tarefa e, em questões mais práticas e cotidianas, continuam sendo as únicas responsáveis por cuidar da casa e dos filhos. De novo, os otimistas irão dizer: “mas alguns maridos ajudam em casa”. E esse exemplo mostra justamente qual é o grande problema: achar que as tarefas domésticas exercidas pelos homens é uma “ajuda”, enquanto que as mulheres tem a “obrigação” de manter a casa em ordem. De que certas ações devem ser feitas por mulheres, enquanto outras só homens podem fazer. E, se deseja que o mundo mude, é no cotidiano que as primeiras mudanças ocorrem. Não adianta comemorar os pouco mais de 80 anos que as mulheres conquistaram o direito de votar, se ainda acham que quem dá a última palavra em casa é o homem. Não adianta dar flores em “comemoração” ao Dia da Mulher, se acha que ela não tem o direito nem a capacidade de tomar as próprias decisões sozinhas, se tem que perguntar ao marido o que pode ou não fazer, onde pode ou não ir, se tem que se explicar toda vez que faz algo que não é esperado de uma mulher. Muitas vezes pode parecer que não, mas é sobre isso que o feminismo fala. Hoje, com o movimento em voga e o assunto sendo mais debatido, o estereótipo negativo que as feministas carregam vêm sendo combatido e esclarecido. Feminismo não é contrário do machismo. Enquanto as pequenas ações machistas do dia-a-dia colocam a mulher como ser inferior e incapaz e como mero entretenimento masculino, o feminismo diz exatamente o contrário, que as mulheres são iguais aos homens e que, portanto, ambos têm os mesmos direitos e obrigações. E para falar mais sobre essas questões feministas, de como o “se” pode sair da teoria e avançar na prática, o Jornal do Meio conversou com Amara Moira, feminista, militante dos direitos LGBT e das profissionais do sexo, que irá participar neste domingo, às 14h, na Praça Raul Leme, junto com a também feminista Isabela Penov, da roda de conversa “Feminismo e Estudos de Gênero”, dentro da programação do Maio Cultural.
Feminismo para todas
“A discussão do feminismo atinge muito a vida cotidiana das pessoas, é um mote do feminismo há várias décadas de que o pessoal é politico, que aquilo que é do ambiente privado é importante também,
por ser revelador de opressão. Então, o combate e o trabalho contra a opressão deve também ser feito no nível microscópico, no nível das relações interpessoais e da própria relação consigo mesma. Por exemplo, quando se diz para uma menina “como você está bonita, emagreceu”, isso é horrível, porque deveria ser entendido como um elogio que, na verdade, reforça o estereótipo de gênero, no qual as mulheres não conseguem mais se enquadrar e isso faz com a mulher se sinta permanentemente em dívida, desconfortável com o próprio corpo e isso é usado das formas mas absurdas possíveis, para vender produto, para enquadrar as mulheres em padrões de capa de revista, é uma coisa super complicada, relacionar beleza com emagrecimento, relacionar beleza com branquitude. A luta feminista não é uma luta sozinha, porque a mulher não é só isso, ela é várias outras coisas, ela pode ser branca, pode ser negra, pode ser pobre, pode ser classe média, ela pode ter tido uma escolarização completa, ela pode ser analfabeta, ela pode ser mulher transexual, pode ser mulher bissexual, pode estar marginalizada em uma profissão precária, pode estar em uma profissão vista como masculina. A mulher é várias coisas ao mesmo tempo, então, se você vai defender só a mulher, você perde de vista a multiplicidade de coisas que se escondem aí. E ai acaba que o feminismo muitas vezes, quando defende apenas a mulher, acaba sempre falando da mulher branca, heterosexual, classe média e esquece das outras, das outras demandas. Uma coisa prática, que podemos fazer a mudança no dia-a-dia, e que vejo sendo muita discutida atualmente é, se você quer fazer uma revolução feminista, comece não permitindo que sua mãe seja a escrava da casa. A gente naturaliza muito isso, que a mãe é a pessoa que vai lavar, passar, cozinhar, limpar, que vai fazer isso tudo de graça e a gente não precisa nem agradecer”, fala.
Amara Moira é feminista e militante do movimento LGBT. Ela irá participar da roda de conversa sobre “Feminismo e Estudos de Gênero” neste domingo, às 14, na Praça Raul Leme.
“Se você quer fazer uma revolução feminista, comece não permitindo que sua mãe seja a escrava da casa”.
Identificação
Muita vezes, o que acontece, em relação ao feminismo, como diz Amara, é que algumas mulheres não acham que é para elas, que o feminismo é apenas para um tipo bem específico de mulher, e não é. Aquelas mulheres, por exemplo, que costumam dizer que não devem nada ao feminismo, não levam em conta que, se trabalham fora, se podem se vestir da maneira que querem, que se estudam, que se namoram com quem quer, é porque o feminismo proporcionou isso a elas. Se não fosse a luta feminista, ainda viveríamos fechadas em casa, casando com quem nosso pai escolhesse, com a única função de ter filhos e cuidar da família. Se hoje a mulher pode escolher casar e ser dona de casa ou não casar e trabalhar fora, é porque o feminismo deu isso a ela, o direito de escolha, o direito de ser protagonista da própria vida, se ser dona de si mesma. Por mais que isso ainda não seja uma realidade para todas, o caminho está aberto e as novas gerações de garotas já não estão mais acomodadas a ponto de não questionarem a si próprias. O mundo só vai mudar por completo quando a vida das mulheres mudar. “Tem muitas mulheres que falam que são contra o feminismo, que a igualdade entre homens e mulheres já existe. Isso é ilusão. A gente sabe que, na prática, está bem longe disso, E o fato de o feminismo ter, também, um certo cheiro de academia, de universidade, às vezes é difícil atingir todo mundo. Por isso, é mais fácil quando se vai construir um movimento feminista em periferia, por exemplo, chamar de movimento de mulheres. Não vai deixar de ser um movimento feministas, mas as mulheres vão se identificar mais, e vão perceber que ali se fala sobre questões que lhe afligem no dia-a-dia, que não é algo para um círculo fechado”.
Além de feminista, Amara é militante LGBT e das profissionais do sexo. “A mulher é várias coisas ao mesmo tempo, então, se você vai defender só a mulher, você perde de vista a multiplicidade de coisas que se escondem aí’.
Amara estuda a obra de James Joyce em doutorado da Unicamp. Questões de gênero orientam sua pesquisa.
Jornal do Meio 797 Sexta 22 • Maio • 2015
Momento Pet
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Diabetes por Dr. André Alessandri
Bom dia meus queridos leitores, hoje vamos falar da Diabete Melittus, uma doença que acomete milhares de seres humanos e também nossos cães e gatos . Essa doença é resultante de uma parte do organismo, as ilhotas pancreáticas, não secretarem a insulina ou terem uma ação deficiente delas em nossos tecidos. A insulina de uma forma bem resumida tem a função do encaixe entra a molécula de glicose com a célula. Sem ela, a glicose não penetra na célula e também os eletrólitos e água. Existem 2 tipos de diabetes: Tipo 1: conhecida como Diabetes Insulino Dependente, que é a forma que mais acomete em cães e gatos. Tipo 2: conhecida como Diabetes Insulino Não Dependente, é uma forma rara em cães, mas acomete cerca de 20% dos gatos. Sinais clínicos: • Emagrecimento; • Queda de pelagem; • O animal bebe água e urina exacerbadamente; • Fraqueza;
• • • •
Letargia; Hálito com cheiro de Cetose; Vômitos; Coma.
Os proprietários relatam na maioria das vezes os sintomas descritos acima e para o diagnóstico são realizados exames de sangue e de urina, onde se nota um aumento na glicose sanguínea e também a presença dela na urina. O seu tratamento quase sempre consiste na insulinoterapia (em que é aplicada a insulina em seu animal 2 vezes ao dia), reformulação em sua dieta, atividades físicas e acompanhamentos periódicos. A diabetes é geralmente diagnosticada em animais de meia idade, entre 4 a 7 anos. Alguns raças predisponentes são labrador, pinscher, cocker , teckel (salsichinha), entre outras. Animais obesos, fêmeas a partir de 7 anos e gatos machos castrados também tem alguma predisposição. O seu diagnóstico precoce melhora a qualidade de vida, entretanto, quando não diagnosticada pode levar a óbito. Até o próximo Momento Pet!
Sara e Lilica
Chaves internado com diagnóstico de Diabetes.
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Veículos
Jornal do Meio 797 Sexta 22 • Maio • 2015
Jaguar XE
Menos aristocrático, Jaguar XE faz frente aos alemães com recursos tecnológicos por EDUARDO SODRÉ/FOLHAPRESS
O quarto do hotel está enfeitado com pôsteres e almofadas de cores vivas. As estampas são uma visão estilizada do Jaguar XE, novo sedã de luxo inglês. É nessa atmosfera “pop art” que a marca recebe os convidados de seu lançamento mais importante em anos. O primeiro contato com o carro havia ocorrido horas antes, no pequeno aeroporto de Vitoria, no País Basco. Enfileirados, os veículos esperam seus motoristas. Todos têm motor 2.0 turbinado (240 cv), herança da era Ford. Essa configuração estreia no Brasil entre setembro e outubro. Os preços devem começar em R$ 170 mil, valor competitivo no segmento. É também a opção cotada para ser produzida em Itatiaia (RJ). A fábrica, que está em fase de construção, começa a operar em 2016.
Pólen
Após uma breve apresentação do produto, tem início a avaliação. Faz calor no norte da Espanha, e o pólen suspenso no ar atormenta os alérgicos. Até então, o filtro do ar-condicionado é o equipamento de série mais valorizado neste Jaguar. Mas há mais. Aperta-se o botão de partida e, no console central, o comando giratório do câmbio automático sobe suavemente. Esse recurso não é novidade, mas ainda impressiona. O carro “belisca” a faixa lateral de uma pista estreita e o volante vibra, avisando ao motorista que é preciso parar de se distrair com a central multimídia e prestar mais atenção na via. A tela sensível ao toque do sistema de entretenimento é mesmo capaz de desviar olhares. Funciona como um smartphone, inclusive reproduzindo a tela do celular e aceitando comandos como aumentar ou deslizar a tela. Surge uma estrada livre pela frente, com velocidade máxima de 120 km/h. Esse Jaguar XE 2.0 é mais reativo que os “irmãos” XF e XJ, fazendo com que o motorista perceba melhor as reações do carro. É um toque de esportividade herdado do cupê F-Type. O desempenho não surpreende, pois o motor já é um velho conhecido -no Brasil, equipa versões do Ford Fusion e do Land Rover Evoque. A máquina faz boa dupla com o câmbio automático de nove marchas, mas, pelo histórico de testes, não deverá ser tão eficiente quanto o 2.0 turbo da linha BMW. Isso não chega a ser um problema, pois há uma poderosa versão V6 (340 cv), que também virá para o Brasil.
Despojado
Carros da Jaguar são aristocráticos por natureza, característica que resistiu aos anos sob o controle da Ford. O XE, porém, é diferente. Os bancos de couro sem máculas e os acabamentos em alumínio ou em tons de madeira permanecem, mas a aura é mais despojada. Trata-se de um modelo para ser dirigido, e não para levar seu proprietário no banco de trás -até porque o espaço ali não é dos melhores. Nas curvas mais acentuadas do trajeto, o XE mostrou comportamento exemplar.
Seus 1.500 quilos parecem menos, e as intervenções dos controles de estabilidade são pouco percebidas. A tração traseira ajuda a roubar ainda mais espaço de quem viaja atrás, pois o túnel central da transmissão atrapalha a acomodação de um terceiro passageiro. Porém, o sistema é um dos responsáveis pela boa dirigibilidade, como ocorre nos rivais BMW Série 3 e Mercedes Classe C.
Foto:Divulgação
Nova fase
A Ford traz o mérito de ter mantido a Jaguar viva e injetado o capital necessário para seu crescimento. Contudo, a parceria abalou o orgulho britânico com modelos tipo o X-Type, algo como um Mondeo emergente. O sedã XE já é um projeto da era Tata, empresa indiana que, além de atual proprietária do grupo Jaguar Land Rover, produz o Nano, carro mais barato do mundo. Funciona assim: os ingleses entram com projetos e ideias, enquanto os indianos dão o suporte e o dinheiro necessário para realizá-las. Apesar das diferenças, os resultados falam por si. Além de renovarem toda a linha de carros da Jaguar Land Rover, a Tata registra seguidos trimestres de crescimento no lucro. “A fusão com a Tata aconteceu no auge da crise global, entre 2008 e 2009. Poderia parecer um mau momento, mas deu certo”, disse Julian Hetherington, diretor responsável pela implantação da fábrica de carros ingleses em Itatiaia (RJ).
Foto:Divulgação
No brasil
Hetherington usa o mesmo raciocínio para afirmar que o momento difícil da economia brasileira não o assusta, e lembra que o segmento de luxo está crescendo no país. A opinião é compartilhada por Jonathan Griffiths, diretor de produto da Jaguar. Questionado sobre a possibilidade de o XE ser produzido no país, ele sorri e devolve com outra pergunta: “O que você acha? É um bom carro para o Brasil?”. Quando um executivo diz isso, pode-se esperar pela versão nacional. Foto:Divulgação
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Veículos
Jornal do Meio 797 Sexta 22 • Maio • 2015
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Traxx Fly 250 Chinesa Traxx Fly 250 pede melhorias, mas compensa com bom preço
por GUILHERME SILVEIRA/FOLHAPRESS
Apesar de ser permeado de novidades, o mercado de motos de baixa/média cilindrada é carente de novidades entre as versáteis trails (uso misto) de médio porte. É um segmento há tempos liderado por Honda (XRE 300, R$ 14.530) e Yamaha (250 Lander, R$ 13.670, e Ténéré, R$ 13.990). As japonesas dominam também um degrau inferior, formado por Bros 160 (a partir de R$ 9.811) e Crosser 150 (R$ 9.350). Esta lacuna pode começar a ser preenchida com a chinesa Traxx Fly 250. Montada em Manaus (AM) desde janeiro, é completa e sai por interessantes R$ 8.990. Postas lado a lado, é inegável que a Traxx parece (muito) com a Yamaha Lander, lançada em 2007 e até hoje sem maiores mudanças. A Fly revela inspiração tanto no visual quanto na arquitetura mecânica. Apesar de trazer a nomenclatura “250”, a chinesa tem exatos 223 cm³. Isso não é demérito: assim como o monocilíndrico da Yamaha, esse motor com cabeçote de duas válvulas é vigoroso em arrancadas e rotações mais baixas. Apesar do funcionamento um pouco áspero, há torque e potência (1,7 Kgfm e 16,3 cv, respectivamente) suficientes. Esses dados já permitem à Fly um bom desempenho diante das motos menores. Em especial ao transpor o trânsito de rodovias
e aclives, situações nas quais as “150” sofrem.
Bem equipada
As boas respostas são acentuadas pelo câmbio de relações curtas, com o “luxo” da sexta marcha. Os freios a disco demandam força no manete para agirem com eficiência, mas não travam com facilidade. Embora o acabamento possa melhorar, a compacta trail surpreende com fartura de equipamentos: lanterna traseira e piscas de LEDs, trava de capacete, painel digital com indicadores de marcha e de rotações e farol com botão lampejador. A versão é única, e traz partida elétrica. Mas, como é esperado de linhas de montagem e projetos muito novos, a Traxx de origem chinesa revelou alguns tropeços. O tanque de 10 litros, por exemplo, não deve ser enchido até a boca, sob pena de vazar gasolina pelo bocal, já que o descanso lateral permite que a Fly “deite” demais. Na cidade, a embreagem mostra-se macia e os engates, curtos. Mas, ao encarar curvas mais rápidas na estrada, nota-se certa instabilidade direcional. Pesando prós e contras, a Fly surpreendeu. Apesar dos pontos a evoluir, essa motocicleta promete incomodar tanto as concorrentes de uso misto pequenas quanto as trail maiores.
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Jornal do Meio 797 Sexta 22 • Maio • 2015