799 Edição 05.06.2015

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Braganรงa Paulista

Sexta 5 Junho 2015

Nยบ 799 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


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Para pensar

Jornal do Meio 799 Sexta 5 • Junho • 2015

Padre Aldo Bollini:

Homem de deus, homem do povo! por Mons. Giovanni Baresse

Quem estava em Bragança Paulista em 1948 e morava no bairro do Matadouro e já tinha, pelo menos, uns dez anos de idade começou a fazer a experiência de conviver com um homem que mal falava o português. Ele era italiano, da cidade de Olgiate Comasco, perto do lago de Como, norte da Itália. Sacerdote da Igreja Católica, missionário das Pontifícias Missões Estrangeiras (PIME). O bispo diocesano dom José Maurício da Rocha criara a paróquia de Santa Terezinha - o Pe. Aldo acrescentou São José, em homenagem ao bispo - e a confiara aos padres missionários. O Padre Aldo falava da simplicidade e carência de tudo o que encontrou para iniciar o seu ministério. Arregaçou as mangas e, com seu exemplo entusiasta, foi arrebanhando pessoas que o auxiliaram a montar a casa onde residiria e a organizar a vida da comunidade. Tenho certeza que escrever ou falar sobre o Padre Aldo é, ao mesmo tempo, fácil e difícil. Fácil porque há muito para dizer dele. Difícil porque não deixar nada de lado é complicado. Conheci o Pe. Aldo quando eu era ainda pequeno. Devia ter uns

quatro anos quando minha mãe me trazia à missa, bem cedinho, na capela do ISE, então matriz da paróquia de Santa Terezinha. Padre Aldo era magro, com barba e cabelos bem pretos. Fui seu coroinha desde os meus seis anos. Ele me encaminhou para o seminário. E com outros seminaristas da época e muitos outros meninos nos ensinou a desentortar pregos que se utilizavam na feitura de brinquedos para o Natal na oficina que ele montou, nos ensinou a varrer pátios, escadarias, a lavar banheiros... E nos propiciava muitíssimos momentos no recreio que programava. Cunhou-se, à época, a expressão “Vou no padre”! para dizer do seu cuidado em oferecer a crianças e adultos momentos de lazer e aprendizado. Quem não se lembra do bar, do salão de jogos, do campo de bocha, da quadra de futebol de salão, da sala para as moças escutarem música e aprenderem corte e costura. Fui o primeiro padre da paróquia e que festa ele preparou! Mas vale lembrar algo marcante no seu agir sacerdotal: o interesse pela formação integral. Ele cuidava da formação na fé (com o auxílio importante do Pe. Donato)

e se esmerava, também, no que se referia à formação integral. Recordo-me das suas ameaças de levar a polícia na casa de quem não colocasse as crianças na escola! Ouvi dele, muitas vezes, que era preciso construir igrejas, mas era necessário, também, construir escolas! Creio que, de alguma forma, Pe. Aldo era um homem para além do seu tempo. Vejo concretizadas nele as linhas daquilo que em nossos dias o Papa Francisco pede: uma Igreja que vá ao encontro, que não fique trancada. Ele não era do mandar fazer e esperar. Ele punha a mão na massa, literalmente. Quem não se lembra dele sobre os andaimes. Com aquele roupão que um dia tinha sido preto (ou azul)? Vale lembrar nestas poucas linhas o seu grande coração. Tinha fama de bravo. Mas quem o conheceu de perto e fez parte de sua comunidade sabe que era só por fora. Amava o seu povo. E deu toda sua vida por ele. Marcou de tal forma a vida da cidade de Bragança Paulista que houve um momento que quiseram proclamá-lo prefeito municipal! Ele teve forte influência na vida política da cidade e até mesmo com personalidades do Estado e

do Governo Federal. Sua atuação, porém, estava sempre voltada em buscar o que era bom para o seu povo. Cedeu espaço para a construção do antigo Grupo Escolar Cel. Assis Gonçalves (bem em frente à igreja) com a condição que lá pudessem ser dados os encontros de catequese. Na escola se construiu um teatro onde, além das apresentações apropriadas, funcionava o “cinema do padre”! E naqueles tempos de extremo pudor não era difícil que, durante um filme de “caubói”, na hora que o “mocinho” ia beijar a “mocinha” o padre Aldo colocasse a mão na frente da lente! Os leitores que não o conheceram possivelmente estranharão este quadro de reminiscências. Mas é algo que eu tenho como expressão da minha gratidão por tudo o que ele fez para muita gente e para a cidade de Bragança. Seu enorme coração foi sinal da bondade de Deus. No dia 16 de junho, às 19,30h., na igreja de Santa Terezinha, onde foi pároco de 1948 até a sua morte em 1983, por iniciativa do atual pároco Pe. Sebastião de Moraes Dantas e com a adesão do Instituto Educacional Santa Terezinha (IEST), que teve sua origem na Casa da Criança,

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

sonho e construção do Pe. Aldo, e da Sociedade Italo-Brasileira de Bragança Paulista, celebraremos a Eucaristia dos 100 anos de seu nascimento. Termino com a despedida de seu testamento, um último desejo para todos os que ele serviu durante a vida: “Arriverderci in Paradiso”!


ReflexĂŁo e PrĂĄxis

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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

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Pedro Marcelo Galasso: cientista polĂ­tico, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

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do golpe e permitiu aos militares proporem um programa alternativo de governo financiado pelo capital estrangeiro e que ficou conhecido como “milagre brasileiroâ€?, no perĂ­odo entre 1970 e 1973 (acabando com a Guerra do Yom Kippur e a questĂŁo do petrĂłleo). As classes polĂ­ticas e sociais que apoiaram o golpe no seu inĂ­cio, a burguesia nacional com interesses estrangeiros, perceberam que este era agora uma ameaça para eles. Podemos pensar, por exemplo, que o capital estrangeiro que entrava no paĂ­s agora era controlado pelos militares que fecharam o Congresso Nacional e polĂ­ticos ligados aquela burguesia perderam seus mandatos; alĂŠm disto, houve a estatização de setores da economia o que reduz a economia de mercado e prejudica os empresĂĄrios. Brasil: o Estado militar foi a institucionalização da ditadura com regras de sucessĂŁo e planos de administração, sem um controle civil; tal situação permanece. O golpe militar deveria preservar as instituiçþes democrĂĄticas da ameaça comunista e nĂŁo substitui-las por uma ditadura. E como preservar as instituiçþes democrĂĄticas em um regime ditatorial? No Maio de 68 os movimentos estudantis sĂŁo desencadeados em Paris e espalham-se por todo o mundo ocidental defendendo novos valores como a liberdade sexual, o feminismo e a busca da realização dos ideais comunistas. Enquanto no Brasil, houve a imposição AI-5, no 13 de dezembro de 1968, com o fechamento do Congresso Nacional e cassação das liberdades individuais, marcando o inĂ­cio do perĂ­odo mais duro e violento da ditadura. Aqui o Estado Militar assumiu duas dimensĂľes claras e complementares - polĂ­tica: ditadura; economia: capitalismo baseado no capital estrangeiro.

3/red. 4/also — soja. 5/acauã. 6/cancha. 10/dicotômica.

Os Anos 60 foram anos de contestação mundial de valores, com manifestaçþes como as ocorridas na França, alĂŠm da Guerra Fria que tambĂŠm se desenrolava, tendo como campo de batalha o chamado 3o Mundo. Aos EUA cabia defender o “mundo livreâ€? da ameaça comunista. Para tanto, transformou as forças militares latino-americanas em suas aliadas, principalmente apĂłs a Revolução Cubana e nos paĂ­ses do 3o Mundo ocorre a uniĂŁo entre polĂ­ticos e militares. Os militares surgiram como atores polĂ­ticos, no Brasil, na dĂŠcada de 60, tendo uma participação profissional na polĂ­tica, com posiçþes nacionalistas (defendendo o desenvolvimento “autĂ´nomoâ€? do paĂ­s), com a participação do capital estrangeiro, notadamente estadunidense, com postura conservadora e anticomunista. Por aqui, a alta hierarquia militar queria barrar a posse de JoĂŁo Goulart e os militares apoiavam-se em mitos como a contra-conspiração comunista. Igualavam, ainda, a democracia, e suas liberdades, com o comunismo. Deviam defender o paĂ­s, pois todos sĂŁo iguais, com exceção feita aos comunistas; eliminaram as classes sociais e seus antagonismos criando assim uma verdadeira “democraciaâ€?. Defendiam ainda a famĂ­lia, a Igreja e a propriedade e, cada vez mais, a polĂ­tica se reduzia ao seu nacionalismo. No dia 31 de março de 1964 as Forças Armadas derrubam JoĂŁo Goulart e tomam o poder. Algumas forças polĂ­ticas acreditavam que os militares fariam uma rĂĄpida intervenção e retornariam aos quartĂŠis, mas o que aconteceu foi que os militares permaneceram por cerca de 20 anos no poder. Isto porque a intervenção militar ocorreu de maneira autĂ´noma, ou seja, sem estar baseada em interesses civis. A fragilidade da sociedade civil brasileira, enquanto organização, facilitou o sucesso

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DĂŠcada de 60 Parte I

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por Shel Almeida

O mês de junho é conhecido por

saúde mental, não tem comparação” fala

amizades, o saber com quem se fala por

mento do qual Valter fala. Alguns grupos

ser, tradicionalmente, o mês de

o Professor Valter Cassalho. Formado

meio das referências familiares. Por isso

de cultura popular da cidade trabalham

exaltação à cultura caipira. As fes-

em história, Valter desenvolveu pesquisa

é comum, no interior, que as pessoas, em

justamente nessa valorização, como os

tas juninas e quermesses ficam lotadas de

sobre formação e costumes caipiras na

especial as mais velhas, perguntem “de

Violeiros do Rio Jaguary, que fazem um

pessoas atrás da diversão que só o interior

região bragantina e é membro da Comis-

que família você é”.

trabalho de fomento e resgate da cultura

consegue proporcionar: comidas típicas,

são Paulista de Folclore e da Associação

Por mais que as cidades tenham crescido,

caipira e folclórica. Há alguns anos, também

dança de quadrilha, troca de correio ele-

Brasileira de Folclore.

e Bragança é um bom exemplo disso, ain-

é possível notar que as festas juninas da

da é possível se dizer que por aqui todo

cidade estão se distanciando do que remete

gante, música sertaneja de raiz. De uns tempos para cá, é possível perceber

Tempo

mundo se conhece. Nos centros urbanos, as

ao country americano e trazendo de volta

que a cultura popular, em especial a cultu-

“No interior tudo gira em torno da comida.

relações pessoais no dia-a-dia, são breves.

a apresentação de quadrilhas e grupos de

ra caipira, vem sendo enaltecida além do

As pessoas recebem a visita pela porta da

“Tudo virou um corre-corre, tudo tem que

catira. Para Valter, é preciso haver não só a

mês junho: há uma valorização pelo que é

cozinha, não da sala de estar. O interior

estar pronto ou semi-pronto, do congelador

valorização, mas também a diferenciação.

do interior acontecendo “fora de época”.

tem muita festa, muita comemoração, que

ao micro ondas e dali para uma prato e

“O nosso sertanejo, principalmente o peão,

Exemplo disso é que hoje é mais comum

nada mais é do que isso, “comer junto”. No

para o quarto. Ninguém mais usa a sala

usa vestimentas características de sua re-

vermos pessoas saindo de grandes centros

interior é comum as reuniões e as conversas

de jantar, convivem pouco na cozinha e

gião, enquanto que a mídia country vende

e vindo ou voltando a morar no interior,

serem em volta da mesa. O que as pessoas

sala de visitas, nem pensar. O contato

seus cinturões, chapéus, botas de bico

enquanto que, em décadas passadas,

da cidade grande aprenderam com o caipira

limita-se a jogos, amigos e conversas, po-

fino e salto, típica de cowboys. Enquanto

era exatamente o contrário: as pessoas

foi como lidar com o tempo. Nas cidades

rém tudo virtual, sem toque, sem cheiro

o country poderá ser algo passageiro,

trocavam a vida no interior pela cidade

urbanas as pessoas correm o tempo inteiro,

e sem sabor”, fala.

o sertanejo continua, pois ele é o peão,

grande em busca de boas oportunidades

não têm tempo para conversar, tudo tem

de emprego. Hoje, a busca é por qualidade

que ser corrido. Na cidade grande as pessoas

Redescobrimento

de vida. “Houve um período de êxodo do

moram no mesmo prédio, mas não sabem

“Durante um tempo as pessoas tinham

seu bojo raízes profundas de um passado

interior para a cidade grande, época em

o nome do vizinho. No interior, você não

vergonha de ser caipira. Hoje, estão bus-

ligado ao campo. Esse sertanejo, compu-

que as pessoas saiam das pequenas cidades

é um número, aqui existe referência. As

cando as origens. É possível perceber isso

nha excelentes músicas, praticava danças,

em busca de emprego e pensando em me-

pessoas têm nome, sobrenome e família.

por alguns movimentos, como aquele que

criava e manifestava sua cultura nacional.

lhorar de vida. Hoje, o que se valoriza mais

No interior as pessoas são alguém, as

é contra o Halloween e que procura valo-

Acredito que seja hora de valorizar toda

é a qualidade de vida. É possível perceber

pessoas se conhecem”, analisa.

rizar o nosso folclore, por figuras como o

nossa tradição e redimensioná-la dentro

isso pelo aumento no consumo de produ-

Para Valter, a vida modesta, as conversas em

Saci e a Caipora. Eu costumo dizer que

de um novo contexto artístico cultural.

tos orgânicos, por exemplo. Agora, o que

volta da mesa, o café sempre pronto para a

estamos passando por um período de

Acho normal a manifestação cultural

está acontecendo é o movimento inverso,

visita, a hospitalidade, são as verdadeiras

redescobrimento, de um novo movimento

norte-americana no Brasil, porém, que

de busca e valorização pelo que é da terra.

riquezas do caipira e é justamente isso que

de bandeirantes, descobrindo um tesouro

fique bem claro as distinções culturais

Na vida interiorana, as pessoas podem

as pessoas vindas da cidade grande bus-

novo, que é a cultura caipira. Os violeiros,

entre uma e outra. Sertanejo, nós somos,

ganhar menos em termos financeiros, mas

cam quando se mudam para o interior, o

as congadas, as catiras, estão mais em

por tradição, por sangue, por costumes,

o que se ganha em qualidade de vida, em

contato e aproximação com o ser humano.

evidência atualmente”, fala.

enquanto country é mais uma diversão

relação à saúde física e, principalmente a

A vida interiorana valoriza as relações, as

Em Bragança, é possível notar esse movi-

vinda de um país distante”

aquele que trabalha diariamente na lida de animais ou nas fazendas, ele traz em

QUEM SÃO OS CAIPIRAS? Talvez a resposta tenha que ser buscada na nossa formação étnica ou seja a formação de nossa região, que compreende bem mais que o interior paulista, fazendo parte também o sul mineiro. O caipira surge das entradas, das bandeiras paulistas, a principio à caça de índios e mais tarde ao sonho do ouro. Essas bandeiras eram verdadeiras comunidades móveis, que chegavam a ser compostas por centenas e até milhares de pessoas, adentrando a floresta brasileira. No seu direcionamento para região das Minas foi se criando algumas vilas, que mais se pareciam com aldeias, surgindo algumas plantações de milho, mandioca e feijão. Começa a ficar um povo esparso por essas trilhas, um povo mestiço, bem mameluco, que ao mesmo tempo não era português pois não se identificava com os fidalgos, nem índios, pois não eram reconhecidos pelos nativos, esse era o brasileiro, era o paulista arredio, longe do controle rígido e das benesses da metrópole portuguesa e da cultura urbana das cidades costeiras. Esse povo livre de certas etiquetas, mesuras e outras imposições da época, começa a formar uma maneira própria de vestir, de falar, de agir, de praticar seus cultos e suas crenças, incorporando elementos indígenas e portugueses; enriquecendo sua culinária, seus mitos e suas lendas. Essa liberdade, que lhe permite falar mais o tupi (nheengatú) que o português, começa a sofrer restrições com a formação de núcleos urbanos dado as expansões da lavoura algodoeira e dos cafezais (século XIX), trazendo um imenso contingente de portugueses, negros e outros europeus, respectivamente. Toda essa nova situação não conseguiu extinguir essa sociedade rural, eles sintetizaram as novas culturas e a incorporaram em seu meio, dotando a língua portuguesa de ricas expressões mesclada com outros idiomas. Esse ser, chamado de grosseiro, que usava as fardas para fora das calças, segundo um cronista do século XVIII, passava agora a incorporar novos elementos. O catolicismo se reforça, mas se sincretiza levemente com crenças africanas; a língua portuguesa se torna oficial, porém ele a pronuncia a seu modo; os meios de alimentação melhoram, mas ele mantém a caça, a coleta e diversos gêneros nativos. Novos tecidos são trazidos, mas mantém-se o gosto de cores vistosas. O caipira nasce daí, desta fusão, deste choque cultural, de uma tentativa de sobreposição cultural, que é degenerada ou exagerada por este elemento mestiço. Esse isolacionismo, permite que se reforce sua personalidade, principalmente quanto a solidariedade, que vai se cristalizar na sua hospitalidade. Afinal o forasteiro é aquele que traz a comunicação de um mundo distante, é aquele que está só neste mundo, que vai dar atenção e vai necessitar dela também. O caipira conhecia as dificuldades e a necessidade de se unir para sobreviver. Tudo isso acaba por moldar a sua forma, o seu jeito de ser. Mesmo depois de toda invasão cultural, já em nosso século, o mesmo resistirá a perseguição, a invasão de suas terras, as crises na agricultura (que é o seu principal meio de vida) e continuará no meio do capitalismo. O caipira resistiu e resiste até hoje, temos muito de seus costumes, que marca e caracteriza nossa região. Então, o dia que me perguntaram quem são os caipiras, eu respondi no pé da letra: Ora, os caipiras, “semo nóis”.

Valter Cassalho é historiador e pesquisador sobre formação e costumes caipiras na região bragantina.


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Momento Pet

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Marcação de território por Dr. André Alessandri

Bom dia meus queridos leitores. Na semana passada abordamos algumas dicas de como ensinar o filhote a fazer xixi no lugar certo. Hoje vamos tratar do xixi feito pelos machos para a marcação de território. Esse tema é especialmente dedicado à nossa cliente Simone, quem enfrentando esse problema com seu pequeno, mas de personalidade forte, Toniquinho. Primeiramente, vamos diferenciar os dois tipos de xixi: aquele advindo da necessidade fisiológica é feito poucas vezes ao dia, de uma só vez. Já o xixi de marcação de território é curto e realizado em vários locais. Os machos, ao redor dos 06 meses de idade, quando entram na “adolescência”, passam a questionar a hierarquia a que estão submetidos. Para isso, nada melhor do que fazer aquela marcação de território dentro da sua casa, fazendo xixi e cocô em vários lugares diferentes. Nas fêmeas esse fenômeno também pode ocorrer, mas é bem mais raro. Assim, esse xixi de marcação de território é, na maioria das vezes, uma forma de desafio ao dono. Seu cão quer ser o dono do pedaço, o líder da matilha. O caminho para a solução desse problema

é seu cão entender que quem tem o poder hierárquico é você. Ele precisa te respeitar, precisa te ver como o líder da matilha e, para que isso ocorra, darei algumas dicas comportamentais: - treine seu cão em para o adestramento básico em casa, exigindo dele que sente, deite, dê a patinha. Exija sempre algum desses comportamentos antes de lhe dar um petisco; - ao passear, não deixe seu cão caminhar à sua frente; - suprima qualquer sinal de agressividade com firmeza, para que não ocorra novamente. Deite-o de lado e coloque a mão em seu pescoço, até que ele fique calmo. - nos cães filhotes, acostume-os desde cedo a mexer em sua comida enquanto eles comem; - não o alimente com comida do seu prato; Assim que o cão entender sua posição de submissão em relação a você, hábitos como o da marcação de território tendem a terminar. Por fim, a castração dos cães, além dos inúmeros benefícios já apontados aqui no Momento Pet, também resulta na diminuição da marcação de território. Espero que tenham gostado. Um forte abraço e até a próxima semana!


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Veículos

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A construção do primeiro laboratório de crash test no Brasil, em 31 de março de 1971, na antiga instalação da Volkswagen no bairro do Ipiranga (zona sul de São Paulo), indicava que o país acompanharia a Europa e os EUA em segurança veicular. Porém, o debate sobre o que é preciso aprimorar ou mudar nos automóveis produzidos no Brasil e em seus parceiros na região ficou adormecido por quase quatro décadas. Apenas com a chegada ao Brasil, em 2009, do Latin NCAP -braço para a América Latina da Global NCAP, organização que testa de forma independente a segurança de carros ao redor do mundo- é que a integridade dos ocupantes dos automóveis foi parar sob os holofotes. Os primeiros testes, em agosto de 2010, revelaram que havia muito a evoluir: à época, o carro mais vendido do país, o VW Gol, recebera apenas três estrelas na proteção a adultos e duas para crianças. Melhor desempenho teve o Toyota Corolla, com quatro e uma estrelas, respectivamente. A boa notícia é que a velocidade do avanço tecnológico agora é inversamente proporcional à hibernação das décadas anteriores. O próprio Corolla é um exemplo disso: a geração atual, que passou pelo teste em outubro de 2014, recebeu cinco estrelas em proteção para adultos e quatro para crianças, mesmo resultado do Ford Focus atual. O Volkswagen Golf foi além: cinco estrelas nos quesitos adulto e infantil. “Estamos em uma fase de evolução cujo crescimento tecnológico é altíssimo. Nos últimos três anos demos passos enormes, com investimentos não só na legislação, mas também em testes e equipamentos”, explica Ricardo Plöger, gerente de Segurança Veicular da VW do Brasil.

Seis em um O avanço tecnológico a que se refere Plöger levou a carros mais seguros. Durante a visita da Folha às instalações do laboratório de crash test da VW -que em 1989 foi transferido para a unidade fabril da via Anchieta e, em 2008, foi reformulado-, um Golf de sétima geração, já produzido em São José dos Pinhais (PR), aguardava mais um teste. Uma aura de resignação lhe envolvia, embora já tivesse colidido três vezes frontalmente e duas nas


Veículos

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laterais.

A evolução nos padrões de segurança beneficiou

As cinco estrelas para os ocupantes da frente são

“O teste lateral é mais delicado, pois não há pon-

também os carros compactos.

fruto não só dos airbags, mas também dos pré-

tos de deformação na coluna. Por isso, o sistema tem

Testado em abril deste ano pelo Latin NCAP, o Citroën

-tensionadores. Em caso de colisão, esse sistema

que funcionar de forma mais sensível, deflagrando o

C3 obteve quatro estrelas para proteção de adultos e

aciona um mecanismo que aumenta a tensão do

airbag mais rapidamente”, diz Plöger.

duas para crianças. Faltou ao modelo o sistema de an-

cinto sobre o corpo do ocupante, diminuindo seu

Antes de passar para a fase de análises estruturais e

coragem e travamento para cadeiras infantis adequado

deslocamento devido à desaceleração provocada

ser destruído, o VW seria abalroado pela sexta vez,

ao padrão internacional Isofix, que teria elevado sua

no impacto.

agora na traseira, para medir a estanqueidade do

pontuação no último quesito.

reservatório de combustível.

“A cadeirinha infantil sem as travas que a fixam à carro-

Sem “dummies”, sem crash

São feitas colisões em diferentes velocidades, desde 5

ceria não conseguiu evitar um excessivo deslocamento

O humanoide dos testes de colisão merece cuidados.

km/h a até 64 km/h, com diferentes tipos de barreira.

para frente durante o impacto”, diz o laudo do instituto.

Batizado de “dummy” (boneco em inglês), ele reproduz

Mais resistência é uma das qualidades da plataforma

A mesma pontuação teve o Toyota Etios, que também

o biotipo médio da população, no formato de homem,

MQB (sigla em alemão para plataforma modular para

não oferece o Isofix no banco traseiro. O Peugeot

mulher, criança de três anos e bebê de um ano e meio.

carros com motor transversal), que a VW enxerga co-

208 conseguiu três estrelas no quesito, pois traz os

Os bonecos usados em testes de colisão lateral vão para

mo base futura para mais carros da marca -a próxima

encaixes para cadeirinha.

uma oficina (lembra um hospital) após três rodadas

geração do compacto Gol, prevista para estrear até

O item também é encontrado no Ford Fiesta, que

de batidas. Lá são desmontados e têm a precisão de

2017, será montada sobre essa arquitetura.

obteve quatro estrelas tanto na proteção a crianças

seus sensores verificada. Depois, voltam ao trabalho.

quanto na segurança de adultos.

Um ‘dummy’ de uma criança de três anos pode custar

O maior nível de proteção entre os compactos é

o equivalente a R$ 600 mil. O preço de um adulto

encontrado no menor da turma, o Volkswagen Up!.

passa de R$ 1,5 milhão.

Pequenos são beneficiados Compactos como 208 e UP! vão bem em avaliações

Foto: Ernesto Rodrigues/Folhapress


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Jornal do Meio 799 Sexta 5 • Junho • 2015


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