Bragança Paulista
Sexta 12 Junho 2015
Nº 800 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
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Ficando A maneira como os jovens se relacionam é reflexo da época em que estamos vivendo - PÁg 4
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Para pensar
Jornal do Meio 800 Sexta 12 • Junho • 2015
Namoro? Casamento?
Experimentar antes! por Mons. Giovanni Baresse
Estamos chegando a mais uma comemoração do Dia dos Namorados. Entre tantos acontecimentos recentes dois me chamam a atenção naquilo que pode se referir ao casamento e à sua preparação. O primeiro se refere ao “casamento no deserto” de dois artistas. Eles, vestidos de branco, e só os camelos na paisagem. Conforme a declaração deles nem suas famílias sabiam. O segundo marca um jeito novo de namorar: casalzinho chega à lanchonete. Celular nas mãos dele e dela! Os dois atentos ao aparelho e digitando sem parar. Chega o garçon (mais chique e com melhor sonoridade que em português: “garção”). Pausa para fazer o pedido. Volta à digitação. Nenhuma troca de palavras ou gesto de carinho. Chega o lanche. Comem digitando. Pedem a conta, sempre digitando. Pagam e vão embora digitando. Deve ser extremamente prazeroso esse jeito novo! Nesta mudança de época temos desafios todos os dias para procurar entender quais são as propostas que se materializam nos relacionamentos. Uma tendência que
está cada vez mais presente, também entre jovens que têm formação religiosa e vêm de famílias estruturadas é morar junto antes de casar. Para ver se vai dar certo ou postergar o casamento em razão ou de problemas econômicos (preparar casa, fazer caixa para poder comprar o que é preciso, dar uma festa para os convidados). O fenômeno da nova forma de estabelecer as bases para a convivência dos casais é um grande desafio para a afirmação da visão cristã naquilo que se refere ao sacramento do matrimônio. A Igreja sempre orientou aqueles que pretendem fazer o caminho como companheiros para a vida que buscassem conhecer-se sem antecipar gestos que não respondessem ao que era adequado ao momento. Cito, por exemplo, a entrega sexual. Na dimensão religiosa ela significa um sinal da consagração mútua, definitiva. Portanto ela tem seu sentido pleno quando o casal já fez aliança de vida. Enquanto isso for projeto não cabe sinal de compromisso indissolúvel! Mais ainda quando a entrega sexual não é precedida pelo
conhecimento profundo que um deve ter pelo outro. E nós sabemos que a dinâmica do nosso tempo caminha na direção do “deu vontade, faz!”. Os chineses costumam dizer que para conhecer alguém é necessário comer um saco de sal junto (saco dos grandes, não o pacotinho!). Tenho consciência que nem namoro longo quer dizer que o casamento vai dar certo. E nem namoro curto que o casamento vai dar errado. Mas, creio que há certo bom senso que deve imperar! Comprometer-se tão intimamente sem ter a clareza de que há um gesto definitivo em jogo é projetar-se para a desilusão. O embasamento bíblico para o sacramento do matrimônio vai desde a declaração do Gênesis (2,24) até a sua confirmação por Jesus Cristo no Evangelho de Mateus (19,1-12). É claro que não quero reduzir os relacionamentos à dimensão exclusivamente sexual. Preocupa como conviver um tempo cheio de interrogações com a responsabilidade de construir uma vida em comum. Vivendo já como forma definitiva aquilo que poderá ser interrompido.
Alguém poderá lembrar que muitos casais casados rompem a promessa feita! E que o tempo de namoro, sem a vida em comum, não teria sido a garantia de uma aliança definitiva! Penso que a resposta está em duas direções: como foi a caminhada do namoro e como o casal cuidou do seu amor. Sabe-se que é próprio do namoro poder chegar ao fim. Justamente porque é o tempo privilegiado para buscar conhecer o outro ou a outra. O casamento é o começo de uma vida consagrada pela disposição de fazer o companheiro ou a companheira feliz. Se os tempos mudam e o que eles propõem confronta com o dado da Fé e com a vida vivida da Igreja, devem mudar os comportamentos e não os princípios que nascem para dar ao ser humano a capacidade de viver valores que não coloquem em risco a sacralidade de sua existência. Se nossos tempos vivem a dessacralização dos valores cristãos cabe afirmar o seu valor. Trata-se de ter a visão realista sobre o que constrói ou não a qualidade dos relacionamentos. A norma comportamental apontada pela
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
mensagem cristã, que constitui um “etos”, não é fácil. Por isso Jesus diz que nem todos tem capacidade de compreendê-la e vive-la! Não é por isso que se muda o que seria ideal. Este deve continuar iluminando o caminho. Cabe a cada pessoa que aceita ser cristã caminhar para ele.
ReflexĂŁo e PrĂĄxis
Jornal do Meio 800 Sexta 12 • Junho • 2015
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
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por pedro marcelo galasso 3HTXHQR SRHPD GRV MRJUDLV
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Pedro Marcelo Galasso: cientista polĂtico, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
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com Roberto Campos, alguns setores foram beneficiados, como as concessionĂĄrias de serviços pĂşblicos, graças as mudanças nas tarifas; os bancos, com a polĂtica de altos juros e algumas indĂşstrias. Neste contexto, ocorreu um surto econĂ´mico chamado de Milagre Brasileiro (1968-73), idealizado por Delfim Neto, Ministro da Fazenda, e HĂŠlio BeltrĂŁo, Ministro do Planejamento. Delfim abriu mĂŁo do controle inflacionĂĄrio e tentou promover o crescimento econĂ´mico. O Brasil experimentou uma onda de crescimento baseado no capital estrangeiro que chegava ao paĂs via multinacionais, criando o tripĂŠ: o estado militar, as multinacionais e o capital local. No governo MĂŠdici, ocorre uma explosĂŁo nas exportaçþes brasileiras porque o comĂŠrcio internacional aumenta e o governo promove a contĂnua desvalorização do cruzeiro para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros, alĂŠm de uma polĂtica de incentivos e crĂŠditos para a exportação. Isto fez com que o paĂs dependesse, de forma plena, do mercado externo. O Estado passou ainda a controlar setores vitais da economia, como o setor bancĂĄrio, energĂŠtico, siderĂşrgico e aqueles voltados as telecomunicaçþes. No entanto, com a Guerra do Yom Kippur, ocorre uma alta no preço do petrĂłleo que inviabiliza emprĂŠstimos aos paĂses do Terceiro Mundo, alĂŠm de disparar os preços dos produtos no mercado internacional, acabando com a possibilidade do Brasil desvalorizar sua moeda e assim tornar nossos produtos competitivos. Entre 1974 e 1979, o presidente Geisel apresenta o II Plano Nacional de Desenvolvimento, que tinha como diretrizes: modernização econĂ´mica com apoio do setor privado; investimentos pĂşblicos em ĂĄreas como as indĂşstrias de transformação (siderurgia, petroquĂmica) e de serviços (bancos e energia); estĂmulos Ă exportação e investimentos em tecnologia. Apesar destes planos consolidarem a indĂşstria nacional, tivemos como saldo geral: crescimento excessivo do setor pĂşblico; abandono de grandes projetos nacionais; crescimento da dĂvida externa e concentração de riquezas. A retomada das questĂľes da dĂŠcada de 60 parece importante para a compreensĂŁo de inĂşmeras questĂľes atuais do Brasil e que sĂł podem ser compreendidas com uma visĂŁo ampla e comedida dos fatos. Afinal, esquecer a HistĂłria de nosso paĂs interessa a quem?
3/lai. 4/acha — burn — iron — real. 7/tubaĂna.
Para reforçar os poderes ditatoriais as atividades culturais de desenvolveram sob o controle estatal; o seu instrumento de controle era a censura. Esta deve sempre reprimir e disciplinar. Hoje se “escolheâ€? o que se ver na TV; mas nĂŁo se oferece opçþes alĂŠm das que nos sĂŁo impostas. Um dos grandes frutos do regime militar presente hoje em nossas vidas ĂŠ a Rede Globo, quer alguns gostem ou desgostem. O Golpe de 64 impĂ´s o ideĂĄrio do desenvolvimento capitalista contra a ameaça comunista, com o apoio dos EUA e a idĂŠia de que a AmĂŠrica ĂŠ a terra da liberdade e das oportunidades, com repressĂŁo as tentativas de transformação da ordem estabelecida. A Tortura foi racionalizada pelo poder, ou seja, sabe-se o que se quer obter, mas ĂŠ exercida atravĂŠs da animalidade que se cria entre torturador e torturado porque este ĂŠ desumanizado, ĂŠ tido como uma coisa. Ao assistirmos o fim das liberdades democrĂĄticas e o modelo econĂ´mico baseado no capital estrangeiro e concentração de renda ficou claro que o combate Ă inflação e a recuperação da confiança dos credores internacionais tambĂŠm fariam parte das preocupaçþes dos militares, juntamente com o fim da subversĂŁo. Para tanto, Roberto Campos foi indicado para o MinistĂŠrio do Planejamento e OtĂĄvio Gouveia de BulhĂľes para o MinistĂŠrio da Fazenda. O primeiro um liberal convicto e defensor da participação do capital estrangeiro na economia brasileira. Procurou-se combater a inflação pelo corte de despesas pĂşblicas, abolição dos subsĂdios e atravĂŠs de reformas do sistema bancĂĄrio, tributĂĄrio e administrativo. Elaborou o chamado Paeg (Plano de Ação EconĂ´mica do Governo), que cortava os gastos pĂşblicos, limitava o crĂŠdito e controlava o salĂĄrio. Criou-se aqui a chamada inflação corretiva; o aparato arrecadador foi aperfeiçoado e implantou a correção monetĂĄria com as Obrigaçþes ReajustĂĄveis do Tesouro Nacional (ORTN). Os salĂĄrios passaram a ser definidos pela “fĂłrmula dos trĂŞs elementosâ€?: o salĂĄrio mĂŠdio dos Ăşltimos 24 meses, um coeficiente de produtividade e o resĂduo inflacionĂĄrio, previsĂŁo do inflação futura. A mesma regra foi imposta ao setor privado, que criou tambĂŠm o FGTS, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, acabando com a estabilidade na iniciativa privada. Percebe-se que estes instrumentos fizeram do estado militar um aparato intervencionista na economia. E apesar do descontentamento geral
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DĂŠcada de 60 Parte II
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Casas CondomĂnio Casa Jd. das Palmeiras – alto padrĂŁo, aceita imĂłvel menor valor................ Consulte-nos Village Santa Helena, aceita imĂłvel menor Valor........................................ Consulte-nos RosĂĄrio de FĂĄtima, aceita imĂłvel menor Valor:............................................Consulte-nos Casa (nova) Portal Bragança..........................................................................R$: 980 mil Euroville (vĂĄrias opçþes) a partir de ..............................................................R$: 750 mil Mirante de Bragança – 3 suĂtes (tĂŠrrea) .........................................................R$: 580 mil Casa Centro – 4 suĂtes ....................................................................................R$: 450 mil Casa Portal Horizonte (nova)..........................................................................R$: 770 mil Apartamentos Apto Don Aguirre - Centro (novo)...................................................................R$: 245 mil Apto Julio de Mesquita...................................................................................R$: 180 mil Ed. San Remo (em frente ao Jd. PĂşblico .........................................................R$: 650 mil Apto Piazza de Ravena (TaboĂŁo).....................................................................R$: 780 mil Apto na Mooca - SP - Troca por casa em condomĂnio Bragança ...................Consulte-nos Terrenos Colinas SĂŁo Francisco (vĂĄrios) a partir de.....................................................R$: 290 mil Vales das Ă guas (vĂĄrios) a partir de................................................................R$: 200 mil Portal Horizonte.............................................................................................R$: 220 mil Terras de Santa Cruz 771 m2...........................................................................R$: 145 mil Ponto Comercial Banca de Jornal Centro................................................................................Consulte-nos CafĂŠ (Lago do TaboĂŁo)....................................................................................R$: 106 mil Terreno comercial plano 2000 m2 Av. Dos Imigrantes..................................Consulte-nos
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Jornal do Meio 800 Sexta 12 • Junho • 2015
por Shel Almeida
No Dia dos Namorados se celebra o
se entender com outras, E como exigir de
amor entre casais. Mas, em especial,
adolescentes coisas que nem mesmo os
o amor daqueles relacionamentos
adultos vivem?”, questiona
duradouros, o das almas gêmeas, do ideal romântico do “até que a morte os separe”.
Prova de amor
Por mais que esse seja o tipo de relaciona-
“A nova geração está conhecendo muita
mento mais idealizado, na prática todos
coisa em relação à sexualidade, mas sem
sabemos que não é bem assim que fun-
nenhum aprofundamento emocional. Para
ciona. Ainda mais com esta nova geração
os pais lidarem com isso, precisam entender
de jovens e adolescentes, que nasceram e
que o que falta entre eles e os filhos é um
estão sendo criados em um tempo em que a
dialogo de qualidade, porque eles se falam,
pressa é quem dita as regras. Como mães e
mas não se entendem. É preciso que pais
pais, que vieram de uma geração que ainda
e mães entendam o momento dos filhos,
está aprendendo a lidar com a liberdade de
que a época é outra, que se conscientizem
escolha e, principalmente, com a liberdade
sobre o modelo ultrapassado de macho
sexual, podem acompanhar e entender o
alpha e fêmea indefesa. É preciso que haja
comportamento dos filhos e filhas?
equilíbrio, que os filhos e filhas sejam vistos
E, o mais importante, o que esses pais e mães
como pessoas, não soltar demais os meninos,
devem fazer para entender e compreender
por serem meninos, nem prender demais as
as motivações e perspectivas dessa nova
meninas, por serem meninas. Isso faz mal
geração?
para ambos. Entre as meninas, da mesma
Para a Psicóloga Elaine Nogueira, a visão
forma que muitas hoje estão mais livres
dos pais e a visão dos adolescentes está em
sexualmente, outras estão se reprimindo
fragmentação, um não consegue entender o
completamente. E entre os meninos, a pressão
outro. “Os pais exercem o papel de modelo
de ser o conquistador, de ter que provar que
para os filhos. Mesmo aqueles pais que são
saiu com várias, também é muito grande e
separados, a forma como eles se relacionam
isso também é prejudicial”, diz.
entre si irá influenciar o comportamento dos
O que tem deixado pais, mães e adultos em
filhos. Os jovens de hoje procuram momen-
geral assustados com essa nova geração de
tos de prazer imediato, em relações breves
adolescentes é a onda de compartilhamento
e os pais não entendem isso. Mas é preciso
de vídeos íntimos o que, invariavelmente,
que olhem para si e percebam se não é esse
difama a imagem da menina, não do me-
tipo de relação que mantém. Muitas vezes
nino. Julgar a menina por ter se deixado
os casais vivem na mesma casa, mas mal se
filmar não é a resposta, é preciso entender
falam e quando se permitem um momento
todo o contexto e motivações. Além de,
de atenção e carinho é algo muito rápido.
obviamente, saber que se deixar filmar não
Esses pais não entendem os relacionamen-
é crime. Compartilhar essa filmagem sem
tos breves e sem envolvimento emocional
a autorização da pessoa, como fazem os
dos filhos, mas é exatamente esse tipo de
meninos, é.
relacionamento que têm, que mantêm e
“Se anos atrás a maior prova de amor que
que os filhos estão presenciando e repro-
uma garota podia dar a um garoto era se
duzindo”, analisa.
entregar a ele, hoje é se deixar filmar. Eles
Concorrência
Para a psicóloga Elaine Nogueira, os pais estão alienados em relação à vida amorosa e sexual dos filhos. “Está todo mundo perdido, pais e filhos se falam mas não se entendem, um não conhece o ambiente do outro”.
pedem dizendo que é para se lembrar delas. Essa meninas, no geral, são carentes de afeto,
“O que os adolescentes fazem hoje em dia é
reflexo das relações familiares e depositam
usar e abusar da sexualidade para conquistar.
toda essa carência nesses parceiros, se do-
Mas, a maneira como essa nova geração se
am por inteiro e, normalmente, se deixam
relaciona, o “ficar” também é benéfico, é fruto
filmar para agradar. Muitos meninos ainda
da conquista da geração de pais que podem
querem que as namoradas aceitem o sexo
escolher com quem querem se relacionar,
sem camisinha como prova de amor. E isso
coisa que os pais deles não podiam fazer.
também é muito preocupante”, explica.
No entanto, os jovens de hoje conquistaram
Que orientações estão sendo passadas para
essa liberdade mais ainda estão perdidos,
esse garotos? Que eles, por serem homem,
não sabem o que fazer com ela. E o que eu
podem fazer o que bem entende, inclusive
vejo acontecendo é que esse jovens querem
tratar garotas sem a mínima consideração?
ter uma relação mais séria, querem namorar,
E para as garotas? De que elas devem se
mas não sabem como fazer isso. No primeiro
preservar, e se não fizeram isso a culpa é
problema que surge, sentem a dificuldade
delas? Porque a sexualidade dos meninos
de enfrentamento do problema, e acham
é aceita e a das meninas não?
mais fácil trocar de parceiro. Só que se eles
Como disse a psicóloga, é preciso equi-
não encaram o problema, ele vai aparecer
líbrio. Enquanto adultos acharem que
no novo relacionamento e assim vai. É o que
meninos e meninas devem ser criados de
os mais velhos sempre dizem e que é muito
maneira diferente, sem levar em conta
verdadeiro: na primeira dificuldade os casais
que, antes de tudo, são pessoas cheias de
de hoje já se separam, não tentam resolver,
dúvida e buscando por orientação, cada
se entender. E hoje, a maior dificuldade para
vez mais mãe e pais estarão distantes
os casais, não é encontrar alguém bacana, é
emocionalmente de filhos e filhas. E isso
não encontrar a si mesmo. As pessoas ainda
refletirá completamente em suas relações
não se encontraram, não se entenderam
amorosas e sexuais e pior, na geração de
consigo mesmas, então não conseguem
filhos desse filhos.
“Os pais exercem o papel de modelo para os filhos. Mesmo aqueles pais que são separados, a forma como eles se relacionam entre si irá influenciar o comportamento dos filhos.”
Momento Pet
Comportamento
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É querer demais?
Não quero um homem que não me ligue, não seja amigo, não ria, que me compare com as mais novas, que não me ame por Mirian Goldenberg/Folhapress
Não quero um homem que não reconheça que sou diferente, especial, única. Não quero um homem que não me valorize, admire, respeite, elogie, sinta orgulho de mim. Não quero um homem que não seja carinhoso, romântico, atencioso, delicado, gentil, como se fosse sempre a primeira vez. Não quero um homem que não seja louco por mim, não tenha tesão só por mim, não seja fiel. Não quero um homem que desapareça sem dar explicação. Não quero um homem que não ligue depois de transar comigo. Não quero um homem que me ignore. Não quero um homem que não saiba abraçar, beijar, fazer massagem. Não quero um
homem que não converse, não escute, não tenha interesse por minhas coisas. Não quero um homem que não seja o meu melhor amigo. Não quero um homem que não me ache linda, gostosa, sensual, inteligente, interessante. Não quero um homem que não me faça rir. Não quero um homem que não ria das minhas brincadeiras. Não quero um homem que não chore. Não quero um homem que não me aceite do jeito que eu sou. Não quero um homem que me critique o tempo todo. Não quero um homem que diga que se sacrifica por mim. Não quero um homem que não me chame de meu amor, minha princesa, minha mulher. Não quero um homem que não
sinta saudade. Não quero um homem que me deixe insegura. Não quero um homem que me compare com mulheres mais jovens, mais bonitas, mais gostosas. Não quero um homem que me faça sentir invisível, transparente, rejeitada, desprezada, humilhada, vulnerável, desprezível, deletável, descartável. Não quero um homem cafajeste, covarde, medroso, fraco, babaca, mulherengo, galinha, machista, desrespeitoso, desagradável, violento, chato, grosseiro, superficial, mentiroso, egoísta, canalha, burro, preconceituoso. Não quero um homem que me faça acreditar que estraguei tudo por causa de uma bobagem.
Não quero um homem que me deixe culpada sem saber onde foi que errei. Não quero um homem que me trate como uma mulher qualquer. Não quero um homem que preste atenção em rugas, celulites e quilos a mais. Não quero um homem que não me deseje como quero ser desejada. Não quero um homem que não me ame do jeito que preciso ser amada. Não quero um homem que não seja só meu. É querer demais? Mirian goldenberg é antropóloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Velhice” (Editora Record) www.miriangoldenberg. com.br miriangoldenberg@uol.com.br
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Veículos
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Audi TT e Peugeot RCZ Novo Audi TT e Peugeot RCZ passam pelo teste Folha-Mauá
por RODRIGO MORA/FOLHAPRESS
Havia muita expectativa envolvendo o cupê RCZ. Foi o retorno da montadora francesa aos modelos focados apenas no prazer do motorista e, na menos pretensiosa das intenções, um carro para levantar a imagem da marca. Contudo, o que era para ser uma referência para os próximos carros da Peugeot tornou-se um exemplo do que a empresa não poderia se dar o luxo de manter em linha. Portanto, o fim já era esperado: quatro anos após o lançamento, a Peugeot confirma o encerramento da produção do RCZ. A marca pretende diminuir seu portfólio de 26 para 13 modelos até 2022. Antes de sumir das lojas, o esportivo francês passou por um teste Folha-Mauá de despedida, onde se encontrou com a referência do segmento, o Audi TT.
Um nível acima
O interior do RCZ usa materiais refinados no acabamento, como plásticos macios ao toque e couro. A posição baixa ao volante é condizente com a esportividade do carro, mas não pode ser comparada à cabine do TT, que pode ficar dez anos sem trocar nem sequer o revestimento dos bancos e, ainda assim, parecerá futurista. O RCZ utiliza motor 1.6 turbo (165 cv) acoplado a um câmbio automático de seis marchas. No Audi, o 2.0 turbo de 230 cv casa bem com a transmissão automatizada de dupla embreagem. Há dezenas de explicações técnicas que mostram o quanto o propulsor do alemão é mais moderno do que o do francês, mas é mais simples dizer que o Audi foi mais rápido em todas as medições do teste, sem que isso
tenha levado a um consumo maior. Ao volante, o TT parece mais estável e empolgante. É o resultado de uma plataforma mais atual, enquanto o RCZ usa a mesma base do 308. Essa superioridade se reflete no preço: o Audi parte de R$ 209.990, enquanto o Peugeot sai por R$ 155.090. Ambos os esportivos têm um banco traseiro figurativo, inadequado até para crianças. São cupês clássicos, em que o motorista vive seu universo particular, em viagens solitárias ou com apenas uma companhia. Eles poderiam ser ainda melhores
se não fossem alguns deslizes. O do Peugeot é não ter borboletas atrás do volante para trocas de marchas, essencial em um esportivo com câmbio automático. No Audi, o comportamento do carro poderia ser mais arisco - é até afiado, mas não o bastante para um TT. Enquanto o cupê alemão estreia com pompa, o francês despede-se de cabeça erguida. Há poucos RCZ na rua, e isso aumenta suas chances de, daqui a cinco ou dez anos, virar um carro “cult”, desejado por entusiastas. Foto: Jorge Araujo/Folhapress
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