Braganรงa Paulista
Sexta 7 Agosto 2015
Nยบ 808 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
2
Para pensar
Jornal do Meio 808 Sexta 7 • Agosto • 2015
As garras da corrupção por Mons. Giovanni Baresse
Não são poucas as vezes
lares que ficam encaixotados por
afirmando que venceria a licitação
mirrada) a quantia atribuída a um
que se utiliza “mudança
anos. Veículos e máquinas de toda
a empresa que apresentasse a
personagem, de R$ 30.000.000,00 é
Expediente
de época” para falar destes
ordem “esquecidos” em pátios e
melhor proposta, teve dinheiro
considerada irrisória. Tenho ain-
nossos dias onde tudo parece estar
garagens, etc. Os anos passam,
depositado em sua conta bancária.
da presente uma foto que marca
em ebulição. Temos a sensação de
sucedem-se mandatários e ninguém
Diante do fato e da inércia dois seus
bem a quebra dos valores morais
Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
que realidades tidas como firmes
é responsabilizado. Não desconhe-
superiores, demitiu-se! Certamen-
e éticos do nosso tempo: alguns
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br
e seguras não mais respondem
cemos o jogo de empresas que, em
te os leitores têm conhecimento
parlamentares federais, abraçados,
aos anseios das pessoas. Tudo
licitação publica, apresentam um
de muitas histórias, verdadeiras
agradecendo a Deus uma quantia
está sendo colocado em xeque.
determinado preço e depois vem
ou não. O fato é que o drama da
recebida! Penso que a sociedade
O fenômeno da corrupção, que
o rio de aditamentos. E os preços
corrupção está terrivelmente
deve repensar seu modo de agir e
gira ao redor do dinheiro e que
colocados que, às vezes, superam
presente. Em todo lugar. Não é
quais são os valores que deseja viver
se abre para o abuso do poder,
a imaginação. Ouvi, outro dia, de
a toa que o passar de Jesus pelo
e defender. Independentemente das
parece se alargar cada vez mais
um jornalista que a ciclovia da
deserto durante quarenta dias
opções religiosas, há valores morais
e não se prevê se tenha um fim.
Avenida Paulista, em São Paulo,
(um tempo largo) e sua reação ao
que se não forem vividos abrem o
Mais ainda: um fim que termine
teve o custo de R$ 45,00 (quarenta
Tentador sejam uma sinalização
caminho da morte para os que
em punição a quem se enredou nos
e cinco reais) por centímetro (não
para todos nós: poder, riqueza e
pensarem diferente. Penso que
esquemas e que, essas pessoas,
errei, é centímetro mesmo)! Há
prazer são realidades boas em
prezar a Justiça, a Honestidade,
devolvam as somas que desvia-
conversas de que nenhuma obra
si mesmas, mas se idolatradas,
a Transparência no uso do dinheiro
ram ou que foram recebidas de
relacionada ao poder público
tornam-se mortais. Porque longe
público, a responsabilização dura
forma desonesta. Há coisas que
acontece sem que determinada
de usá-las para o bem comum
para quem desperdiça são alguns
são muito antigas e que parece
porcentagem vá para o bolso de
elas se tornam deuses que se-
princípios que podem servir de alicerce
que a sociedade se acostumou
alguém como oferta ou como pedido!
duzem e, em seguida, destroem.
para uma nova dinâmica social. Fico
Para que pautar a vida na busca
com elas. Vamos a um exemplo:
E até existe a pressão para que se
Olhando aquilo que vemos na
pensando no que pensam os jovens
da realização pessoal se há um lado
obras que não têm fim, que são
aceite. Tenho o testemunho de um
chamada “Operação Lava Jato”,
quando têm notícia das falcatruas.
escuro produzido por aqueles que
abandonadas, que perdem a sua
caro amigo que, encarregado do
independente de emitir juízo, este
Como devem sentir-se tentados
deveriam dar o exemplo? Tenhamos
finalidade. Não esquecemos pontes
setor de compras de uma grande
atribuição da Justiça Civil, temos
a aproveitar o momento porque
no coração a certeza de que só uma
e viadutos que, segundo expressão
empresa, ao ser contatado para
notícias de quantias mirabolantes
parece que as coisas não têm jeito!
presença ativa na convivência social
popular, ligam “um lugar a lugar
priorizar determinada firma teve
que diante do último passo, a
Que chance terão ao dedicar-se ao
poderá reconduzir a todos na
nenhum”. Equipamentos hospita-
oferta de gratificação. Ao recusar,
etapa chamada “Pixulé” (gorjeta
estudo, ao exercício profissional?
vereda da Retidão!
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
Jornal do Meio 808 Sexta 7 • Agosto • 2015
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Jornal do Meio 808 Sexta 7 • Agosto • 2015
por Shel Almeida
Se antes, para ser pai, bastava
uma das partes irá cumprir a função de
colocar uma criança no mundo
pai e a outra de mãe, independente se são
e prover seu sustento, porque do
homens ou mulheres. A função paterna
restante a mãe se encarregava, hoje, o
é a de estabelecer a ruptura da relação
significado de “ser pai” mudou. No mun-
da mãe com a criança, permitindo que
do atual o pai participa e realmente faz
o filho vivencie o complexo de Édipo.
parte da vida dos filhos. Essa mudança,
Consequentemente, a filho aprende a se
no começo, veio por imposição. Com a
vincular e a se comprometer com o outro
mulher trabalhando fora e deixando de
e, assim, viver em sociedade. Ou seja, é o
ser apenas a dona de casa, cumprin-
pai, ou a “figura paterna” que fará com a
do também a função de contribuir no
criança perceba que o mundo não é ape-
orçamento familiar porque já não era
nas ela e a mãe, ou a “figura materna”.
mais possível que o homem fizesse isso
É ele quem fará com o cordão umbilical
sozinho, as funções na criação dos filhos
seja rompido metaforicamente.
foram sendo reavaliadas. O que de fato
“Ambas as funções, paterna e materna
mudou, com o tempo, é que o homem
têm papel central no desenvolvimento da
foi percebendo o quão gratificante e
criança. é na família, mediadora entre o
prazeroso é exercer a função de pai no
indivíduo e sociedade que a criança apren-
sentido mais pleno da palavra.
de a perceber o mundo e se situar nele”.
Ainda vivemos em um mundo dividido entre “coisas de homem” e “coisas de
Assumir a paternidade
mulher” e nisso entra a responsabilidade
“Quando se fala em ser um pai presen-
pela criação emocional dos filhos. Mas a
te, não é apenas no sentido de viver na
nova geração de homens está percebendo
mesma casa ou passar um tempo com
que já não é mais possível e nem desejado
a criança. É preciso se criar um vínculo
que isso os faça se distanciar da prole.
emocional. O pai pode estar 24h por dia
Os pais de hoje querem estar presente,
em casa e mesmo assim não assumir a
querem ser participativos, querem para
paternidade, achar que os problemas
si o dever e o direito de fazer parte da
que envolvem a criança não são proble-
vida de suas crianças desde o berço.
mas dele. Um pai não se faz do dia para
Essa mudança só poderá ser analisada
a noite, se faz no dia-a-dia da criança,
daqui há alguns anos, quando esses
por isso é sempre importante que esse
filhos e filhas se tornarem adultos com
vínculo comece a ser estabelecido já du-
mais estabilidade emocional do que os
rante a gravidez. É preciso que a criança
de hoje porque tiveram, desde cedo, o
veja e perceba que o pai se envolve com
vínculo afetivo estabelecido com o pai
o que se diz respeito a ela. Hoje é mais
e não apenas com o mãe.
comum que os pais exerçam funções que
Para a psicóloga clínica Dra. Ana Maria
antigamente eram delegadas apenas às
Romão, “Já existe uma vontade maior
mães, como buscar na escola, acordar
do homem em querer fazer parte. Hoje
no meio da noite quando o bebê chora,
esse pai cobra da mãe o direito de passar
ajudar nas tarefas de escola. Mas ficar só
mais tempo com a criança, já não quer
com a parte boa na formação da criança
ser apenas aquele que observa. E a so-
também não é ser pai. Muitas vezes, o
ciedade está percebendo o quanto isso
pai se torna aquele ser especial para a
é importante, o quanto a figura do pai
criança, a pessoa legal da relação porque
faz diferença na vida de uma criança. Na
é a mãe quem tem que ficar com a parte
parte jurídica, por exemplo, foi criada
chata, de colocar limites e regras. O que a
a lei da guarda compartilhada a fim de
gente vê ainda é um sossego dos pais, de
proporcionar essa troca, de estabelecer
forma geral. A mãe tem que cobrar desse
essa relação, de que o homem perceba
pai a responsabilidade na formação do
que a responsabilidade de ser pai é maior
caráter da criança. É preciso quem ambos
do que o simples sustento financeiro do
tenham consciência da necessidade do
filho”,
pai na formação emocional da criança.
Função paterna.
Foto: Divulgação
“Hoje existe uma vontade maior dos homens em realmente serem pais. Eles perceberam que é um direito deles fazer parte da vida dos filhos”.
O que eu vejo muito, psicologicamente falando, é o transtorno que a ausência do
De acordo com o que explica Dra. Ana,
pai causa no filho. Ao permitir e cobrar
“Na psicologia, a função paterna, assim
que o pai se responsabilize também por
como a função materna, tem um papel
esse filho, de forma igualitária, a mulher
central no desenvolvimento e estruturação
também é beneficiada. É preciso também
do psiquismo da criança e na formação
que a sociedade perceba isso, de como
da personalidade do adulto. O exercício
é fundamental para se formar cidadãos
da função paterna é muito mais do que a
mais bem estruturados emocionalmente
simples presença masculina na relação com
a paternidade saudável. Muitos pais hoje
o bebê. é possível relacionar o desamparo,
reivindicam mais direitos, como licença
o vazio, a depressão e a falta de limites
paternidade estendida ou fraldários em
do sujeito contemporâneo com o declínio
banheiros masculinos. Os pais estão
da função paterna”. No entanto, é preciso
percebendo não apenas que devem ter
lembrar que a “função paterna” muitas
mais responsabilidade como também
vezes não é realizada pelo pai de fato.
têm mais direitos em relações aos filhos.
Essa função, em muitos casos é realizada
Mas, antes de tudo, os homens precisam
pela “figura paterna”, que pode ser o avô,
ter em mente que precisam estar dispos-
o tio, o irmão mais velho. Esse exercício
tos a serem pais. Essa disponibilidade é
de “função paterna”, é o mesmo tanto em
fundamental, porque exercer o papel de
casais heterossexuais quanto em casais
pai não é simples, assim como não é
homossexuais. Na relações homoafetivas,
exercer o papel de mãe”.
“Esse filho será um indivíduo mais saudável na medida em que tem um pai mais presente e participativo” diz Dra. Ana Maria Romão
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Momento Pet
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Obstrução uretral por Dr. André Alessandri
Bom dia meus queridos leitores e amantes dos animais! Hoje vamos falar da obstrução uretral em felinos , um sinal clínico mais comum em animais que apresentam doença no trato urinário inferior ou síndrome urológica felina . A obstrução uretral nada mais é que a alteração parcial ou completa do fluxo da urina através do ureter. É acometida na maioria das vezes por machos, dada sua circunferência anatômica. As principais causas que levam a obstrução são: • Obesidade em machos castrados; • Neoplasias; • Cálculos estruvita ou oxalato de cálcio; • Ligadura do ureter na castração de fêmeas; • Animais entre 2 a 7 anos; • Presença de mucos , coágulos ou trauma cirúrgicos . Os sinais clínicos observados são: perda de apetite, prostração, letargia, dor abdominal, hematúria (sangue na urina), perda de peso, vômitos e azotemia. O seu diagnóstico é baseado no histórico clínico e nos achados físicos, pois a maioria dos proprietários relata que os animais vão até a caixinha fazendo o movimento de
micção, mas não conseguem ou fazem um pouco de urina com sangue ( hematúria ). Sempre demonstram algum sinal de dor na hora que vão a caixinha ou na palpação abdominal da vesícula urinária (bexiga), que pode estar aumentada de 2 a 5 vezes o seu tamanho e, por isso, deve ser realizada com cautela para evitar seu rompimento. Exames laboratoriais devem ser feitos para avaliar o rim do animal, se já há algum comprometimento ou infeção bacteriana com presença de pus. Também deverão ser realizadas a radiografia, para averiguar se há presença de cálculos na uretra e na vesícula urinária, e a ultrassonografia, para avaliar os órgãos acometidos, tais como rim e vesícula urinária . O tratamento se baseia na estabilização do quadro clinico do animal, na desobstrução do animal através sondagem ou através de um processo cirúrgico, dependendo da gravidade ou do tamanho do cálculo. Quando há presença de cálculos é feita uma análise para averiguar do que eles são compostos, a fim de se traçar uma dieta com rações específicas para evitar formações futuras. Para uma melhor eficácia no tratamento,
o animal deve ser levado ao médico veterinário logo no aparecimento dos primeiros sintomas.
Portanto, fiquem atentos nas atitudes dos seus bichanos, e tenham um ótimo final de semana!!
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ReflexĂŁo e PrĂĄxis
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
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Pedro Marcelo Galasso: cientista polĂtico, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
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voto censitĂĄrio no sistema representativo ou a nĂŁo obrigatoriedade do voto, crendo que isto ĂŠ democrĂĄtico, quando, na verdade, ĂŠ liberal, pois parte-se do pressuposto de que somente os melhores ou os mais interessados, votariam excluindo, portanto, os maus eleitores. Para o liberalismo, a democracia ĂŠ autoritĂĄria ao obrigar, atravĂŠs de leis, o indivĂduo a fazer algo que ele nĂŁo faria sem estas leis. O indivĂduo polĂtico se politiza e participa da vida polĂtica atravĂŠs de uma instituição, o partido polĂtico segundo sua vontade e seus interesses sem que seja necessĂĄria a obrigatoriedade da participação. Temos, entĂŁo, a liberdade dos antigos pautada na divisĂŁo de poder entre seus indivĂduos, enquanto a liberdade dos modernos surge como a liberdade privada e privilĂŠgios. Parece que o sufrĂĄgio universal faz com que indivĂduos diferenciados com potencialidades diferentes se igualem o que ĂŠ visto como algo ruim por alguns e como fundamental para outros. Caso seja defendida a primeira assertiva, diremos que o sufrĂĄgio universal iguala para baixo os indivĂduos cuja forma de pensar e de escolher ĂŠ diferente; caso defendamos a segunda assertiva, diremos que a participação polĂtica e a capacidade de escolhas nĂŁo dependem da posição social ou das riquezas individuais e que a igualdade no ato no sufrĂĄgio ĂŠ fundamental para equipar e diminuir as distâncias econĂ´micas entre os mais diversos grupos. O que parece importante pensar ĂŠ o seguinte – pensando na democracia ou no liberalismo, qual o espaço polĂtico que permite que a construção de uma participação consciente na tĂŁo debilitada vida pĂşblica brasileira?
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2
Para alguns autores, a democracia e o liberalismo se opĂľem, pois possuem significados diferentes. O liberalismo possui uma determinada concepção do Estado; este ĂŠ mĂnimo, controlado e segmentado. JĂĄ a democracia ĂŠ um regime onde o poder estĂĄ nas mĂŁos da maioria com tudo o que isso traz de responsabilidades, de paixĂľes, erros e acertos. O liberalismo nem sempre ĂŠ democrĂĄtico jĂĄ que o poder estĂĄ nas mĂŁos da classe possuidora, sendo, portanto, excludente algo que nem sempre ĂŠ considerado pela maioria das pessoas que vivem na sociedade brasileira, ou seja, o conceito de liberdade e de igualdade nĂŁo ĂŠ universal. HĂĄ a liberdade dos antigos e a liberdade dos modernos e seus conteĂşdos sĂŁo diferentes, uma vez que o processo histĂłrico faz com que ocorra uma mudança de conteĂşdo da ideia de liberdade. A liberdade dos antigos ĂŠ pautada no corpo coletivo. Na cidade-estado onde o coletivo ĂŠ o corpo polĂtico, a pessoa existe como cidadĂŁo e nĂŁo como indivĂduo. A igualdade se dĂĄ no corpo coletivo e polĂtico para que o poder seja dividido entre todos os cidadĂŁos. JĂĄ a liberdade dos modernos, por sua vez, ĂŠ pautada no indivĂduo. Ele quer usufruir a liberdade individual que ĂŠ passiva e nĂŁo cobra participação polĂtica. O poder polĂtico defende privilĂŠgios individuais e cria vĂĄrias instituiçþes com este fim. Portanto, nĂŁo se pode unir aqui liberalismo e democracia. Para a democracia a liberdade quer dizer igualdade. JĂĄ para o liberalismo a liberdade sem igualdade ĂŠ possĂvel por conta da existĂŞncia de leis, de normas e de privilĂŠgios. E eis que surge um dos grandes debates brasileiros quando pensamos nossa democracia - a tirania das massas aparece como a liberdade das massas, pois a maioria pode privar uma minoria dos seus privilĂŠgios. Para evitar este perigo, alguns defendem o
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por pedro marcelo galasso
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3/fog — man — obå. 4/alea. 5/palor. 6/anúbis. 8/prolepse — viperina.
Democracia e Liberalismo
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por liberdade de Rubem Alves por JAIRO MARQUES/Folhapress
Passado um ano da morte do escritor Rubem Alves (1933-2014), seus admiradores podem ter uma oportunidade valiosa: experimentar a impressĂŁo de que estĂŁo conversando com o consagrado educador e colhendo dele um pouco mais de suas histĂłrias, conceitos relativo Ă vida e detalhes de sua trajetĂłria. Em â€œĂ‰ uma Pena nĂŁo Viver - Uma Biografia de Rubem Alvesâ€? (editora Planeta), Gonçalo Junior, com vastos elementos de pesquisas, constrĂłi o ambiente que acolheu a infância de Rubem, no interior mineiro, passando por sua formação intelectual, pela vida religiosa e por sua obsessĂŁo por liberdade. Ao longo de suas 477 pĂĄginas, a obra -autorizada pela famĂlia- entrelaça o trabalho de campo do autor, que fez 30 entrevistas e contou com documentos inĂŠditos repassados pelo Instituto Rubem Alves, com interferĂŞncias de trechos de crĂ´nicas e declaraçþes de Rubem. “Tive muita preocupação com os fragmentos de memĂłrias usados. NĂŁo poderia criar um descompasso com a poĂŠtica e com o modo de falar do Rubemâ€?, afirma o autor. O espĂrito contestador do escritor ĂŠ respeitado atĂŠ na explicação de como ele ganhou paixĂŁo pela leitura, em trecho literal de sua fala. “NĂŁo aprendi com a gramĂĄtica. Dizem que os jovens nĂŁo gostam de ler. Mas como poderiam amar a leitura nĂŁo houvesse alguĂŠm que lesse para eles. Aprende-se o prazer da leitura da mesma forma que se aprende o prazer da mĂşsica: ouvindo.â€? Do traumatizante bullying sofrido no colĂŠgio devido a seu sotaque carregado e pela condição de pobreza na infância, passando pela questionadora carreira de pastor da igreja Presbiteriana, pela perseguição e pavor vividos durante a ditadura militar atĂŠ o mergulho no universo da educação e da humanização, o livro vai formando o
“encantador de palavrasâ€?. “Cinco anos antes de morrer, Rubem fez um roteiro para um documentĂĄrio sobre a sua vida, que acabou nĂŁo sendo rodado. Tive acesso a esse documento e procurei seguir aquele caminho. Ele havia reprovado duas biografias anteriores, mas penso que ele iria concordar com a minhaâ€?, diz Gonçalo Junior. Parte densa da obra ĂŠ dedicada a um perĂodo de intenso sofrimento para o professor -que fez carreira na Unicamp e foi um dos palestrantes sobre educação mais importantes do paĂs-, o da ditadura (1964-1985). Segundo o autor, “a fase foi muito importante, porque Rubem se viu acuado, censurado. Passou por dificuldades financeiras e teve de se exiliar nos EUA. Sofreu pressĂŁo tanto de militares como da prĂłpria igreja de que era pastor.â€? O escritor com sua veia mais engraçada, como defensor das diferenças e de valores humanos, tal qual conheceram mais de perto leitores desta Folha, onde Rubem foi colunista por trĂŞs perĂodos, a partir da dĂŠcada de 1980, aparece com mais força a partir do capĂtulo nove. Em “HistĂłrias para Raquel Dormirâ€?, uma referĂŞncia aos contos infantis criados pelo filĂłsofo para a filha, Rubem começa a surgir com mais lirismo e com mais momentos emotivos. Mesmo assim, seguem na caracterização os ideais de liberdade e a crĂtica do “nĂŁo viverâ€? plenamente. “O livro se chama â€˜Ă‰ uma Pena nĂŁo Viver’ porque, para Rubem, nĂŁo bastava existir, era preciso aproveitar tudo o que a vida proporcionava de maneira intensa. Ele foi subversivo atĂŠ o fimâ€?, diz Gonçalo. É uma pena nĂŁo viver Autor: Gonçalo Junior Editora: Planeta Quanto: R$ 49,90 (496 pĂĄgs.)
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Comportamento
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De perto ninguém é normal por SUZANA HERCULANO-HOUZEL/FOLHAPRESS
A tal normalidade é um conceito enganoso: não existe uma pessoa que seja média em tudo Dizem que o cérebro humano é o sistema mais complexo do universo, aquele cuja definição requer a maior quantidade de informações. Parte dessa complexidade –a que cabe em combinações variadas de uns 10 a 20 mil genes, não mais– é definida geneticamente; outra parte, enorme e impossível de se quantificar, é definida ao longo da vida, ao sabor da construção autorregulada do cérebro e do seu próprio uso Em termos biológicos, é espantoso que mais coisas não deem errado mais vezes. É tão maravilhoso que um sistema tão complexo funcione tão bem na maioria dos casos, e na maior parte do tempo, que seguimos alheios à multiplicidade de bombas por explodir em nossos corpos, acreditando na normalidade da vida. A tal normalidade é um conceito enganoso. Em português comum, ser “normal” significa ser saudável, per-
feito. Matematicamente, contudo, “normal” é apenas aquele que cai no centro da distribuição estatística de um parâmetro. E dada a complexidade do cérebro, dificilmente alguém matematicamente normal é também perfeitamente saudável. Duvida? Vejamos. De acordo com as estatísticas dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, ao menos 30% dos adultos sofrem, sofreram ou vão sofrer de um transtorno de ansiedade em algum momento da vida; mais de 20%, de depressão, mania ou bipolaridade; quase 20%, de enxaquecas. Dos idosos com mais de 65 anos, 13% tem doença de Alzheimer, e dentre aqueles com mais de 85 anos, 45%. Cerca de 9% dos adolescentes sofrem de algum grau de distúrbio de déficit de atenção, cerca de 9% das crianças e adultos tem algum distúrbio de personalidade (borderline, evitante ou antissocial). Cerca de 4% das pessoas sofrem ao menos um ataque epiléptico ao longo da vida, e 3% sofre ao menos um AVC. Dos jovens
adultos, 2% tem transtorno obsessivo-compulsivo; cerca de 1% da população tem algum grau de autismo (ou síndrome de Asperger); outro 1% sofre de esquizofrenia. E um número enorme ainda escolhe destruir o próprio cérebro com drogas variadas. Assim como a pessoa “média” não existe –aquela com exatamente a altura média, o peso médio, a distância entre os olhos, a frequência cardíaca média da população–, a chance de alguém ser normal a vida toda, sem qualquer transtorno neurológico, é ínfima. De perto, ninguém é normal. Nem deveria ser: porque normal, afinal, é não ser normal. Ainda bem que a medicina está aí para isso. Suzana herculano-houzel é neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro “Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor” (ed. Sextante) e do blog www.suzanaherculanohouzel.com
Comportamento
Entrevista Sri Prem Baba Temos de parar de culpar o cônjuge por não sermos felizes. O outro não tem culpa se somos incapazes de amar, diz psicólogo que virou guru espiritual por ELIANE TRINDADE/FOLHAPRESS
Prestes a fazer 50 anos, Sri Prem Baba, guru brasileiro que conquistou seguidores em vários países, acaba de lançar o livro “Amar e Ser Livre” (ed. Agir, 131 págs.), no qual tenta entender as dificuldade dos seres humanos em construir relações saudáveis. Além de dar palestras, ele ministra cursos da sua Escola do Coração, que tem unidades em São Paulo e Brasília, e lidera o Instituto Awaken Love Action, que ajuda a divulgar seu pensamento. O psicólogo paulistano, nascido na Aclimação como Janderson Fernandes de Oliveira, entende que todos os problemas existenciais e da humanidade têm origem no fato de o ser humano sempre se colocar como vítima. “Todas as crises têm origem em nós mesmos”, afirma. Ele diz ter descoberto isso na Índia, pelos ensinamentos de um mestre espiritual que conheceu em uma comunidade na cidade de Rishikesh. A seguir, os principais trechos da entrevista. Jornal - Como um psicólogo foi encontrar respostas na religião? Sri Prem Baba - Quando a psicologia vai fundo, esbarra na esfera espiritual. Por que as pessoas têm tanta dificuldade para se relacionar? Por que precisam sofrer mesmo amando? Tentei encontrar respostas no catolicismo, no kardecismo, no budismo, na umbanda. Cheguei a um beco sem saída, com direito a síndrome do pânico, depressão, ceticismo. Quando encontrei meu guia espiritual [Maharajji, mestre que ele encontrou em uma comunidade espiritual em Rishikesh, na Índia], me sentia em uma
floresta escura, mas já não estava só. Encontrou a resposta? É conseguir amar sem querer nada em troca. Todos carregamos esse poder. Só que nos distanciamos disso devido a traumas, condicionamentos, humilhação, exclusão e dores. O senhor foi casado três vezes. O que aprendeu? Todas as relações foram maravilhosos instrumentos de aprendizado. Eu ainda culpava o outro pelas minhas dificuldades e pela incapacidade de amar e de ser feliz. Fui descobrindo que tinha aprendido a ser ciumento, possessivo, inseguro. Criança nasce amando, confiando. Aprende o contrário em casa. Temos que interromper esse ciclo vicioso. Recomenda o casamento? Fui casado, namorei um monte. Agora, estou sozinho. Sinto que já vivi o que tinha para viver nessa área. Tirando todo o romantismo, relacionamento é universidade. Você só tira o diploma quando consegue deixar o outro livre até para não te amar se ele não puder ou não quiser. Qual a consequência de não assumirmos responsabilidades? Aí está uma das raízes da guerra. É o que faz com que uma pessoa acuse a outra, uma cidade acuse a outra, um país acuse o outro. Ninguém assume a responsabilidade. Por que tanta gente usa antidepressivo e medicamentos para dormir?
Li numa pesquisa que o segundo medicamento mais vendido no mundo é remédio para dormir. O primeiro, pílula anticoncepcional. Curiosíssimo. Isso nos faz perceber o grau de sofrimento e dor do ser humano, que lhe impede de ter sono. As pessoas não desligam mais. Estão o tempo todo buscando saídas. Estamos fugindo do luto? Exatamente. Um dos caminhos para atravessar esse vale escuro, de sair de um velho para um novo casamento, é a disponibilidade de sentir, inclusive frustração e tristeza, sem tentar amortecer isso. A crise básica que permeia a vida humana é acreditar que a felicidade vem do outro. Se estamos sem dinheiro, trabalho, sozinhos, a culpa é do outro, de Deus, do karma ou da macumba. Sempre fora de nós. Por isso, o autoconhecimento é chave para superar sofrimento e vícios destrutivos das relações. Qual é o propósito da nossa alma? Esse planeta não é um shopping. Não é um lugar para ficar três dias, comprar coisas, casar, ter filho e ir embora. A razão de estar aqui é nos amarmos sem nos machucar nem machucar o outro. O senhor se definiu como uma pessoa simples. Por que chegou aqui em um utilitário da Mercedes-Benz? Não é minha. Hoje, a pessoa que estava disponível para me trazer tem uma Mercedes. Mas já vim de Palio, Gol, Fox. Ou a pé. Amada, faço questão de responder essas questões. Sou sincero e transparente. Na Índia, moro num quarto. Assim como fico hospedado em palácio, fico em uma cabana.
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Veículos
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Peruas Mercedes C180 Estate e Volvo V60
passam pelo teste Folha-Mauá por EDUARDO SODRÉ/FOLHAPRESS
Pense em um Mercedes. É provável
o trânsito parece menos hostil. Barulhos
O painel de instrumentos é 100% digital,
que imagem na mente seja a de um
e buracos da rua perdem intensidade. As
com três padrões de tela: normal (luzes
sedã de luxo -a chance de uma pe-
sensações seriam ainda melhores se o seu
azuladas), esportivo (tons vermelhos) ou
rua invadir o imaginário é pequena, já que
sistema multimídia fosse mais intuitivo.
ecológico (elementos verdes com medidor
a marca alemã nunca investiu com força
Sintonizar o rádio ou operar o GPS exigem
de eficiência energética).
nesse segmento no Brasil.
olhar o manual.
A perua sueca veio na versão Momentum,
A Volvo segue outro caminho. São as ver-
O teste segue pela rodovia dos Bandeiran-
com rodas de 18 polegadas (a Mercedes
sões familiares que lhe dão fama no país,
tes, rumo a Itupeva (a 75 km de São Paulo).
“calça” aro 17). Seu rodar é mais firme que
com suas lanternas verticais nas colunas
É hora de perceber o acerto da suspensão,
o da Mercedes, algo que combina com o
traseiras.
que privilegia o conforto. O motor 1.6 turbo
desempenho. O motor 2.0 turbo (245 cv) da
Por isso, a Mercedes C180 Estate é a desa-
(156 cv) mostra eficiência nas retomadas,
V60 não deu chance para a rival na pista.
fiante nesse teste com a sueca V60.
mas seu maior mérito é o consumo de ga-
A perua alemã chegou primeiro para o tes-
solina digno de modelos compactos: 16,1
te. Sua carroceria parece feita à mão, e o
km/l na estrada.
interior repete o capricho.
Após 170 quilômetros com a C180, chega
A avaliação começa com uma volta por São
a vez da Volvo V60: um carro jovial, princi-
Paulo. Pelos vidros esverdeados da C180,
palmente por dentro.
Foto: Divulgação
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