Braganรงa Paulista
Sexta
28 Agosto 2015
Nยบ 811 - ano XIII jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
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Para pensar
Jornal do Meio 811 Sexta 28 • Agosto • 2015
Preciosa e insubstituível missão por Mons. Giovanni Baresse
Durante o mês de agosto, como já recordado nos últimos artigos, a Igreja propõe reflexão sobre a vocação fundamental de todo ser humano à filiação divina e, dentro dela, a vocação específica que cada um vai descobrindo e escolhe durante a vida. Uns caminham para a constituição da família, outros abraçam o ministério sacerdotal, outros decidem viver em comunidades de vida consagrada. Recordei que os cristãos que não assumem o ministério ordenado ou a vida em ordens religiosas, chamados de leigos e leigas, vivem sua missão no dia a dia da vida familiar, do exercício profissional, na política, na economia, etc. Há, contudo outro campo, extremamente importante, e que depende em grande parte da presença dos leigos. Parte das estruturas
da comunidade de fé. É o campo vasto da catequese. Este campo tem por finalidade ajudar à formação e fundamentação da fé. É verdade que os rudimentos da fé devem ser recebidos no interior da vida familiar. É no colo do pai e da mãe que as crianças vão se familiarizando com a existência de Deus e com a pertença a uma determinada comunidade. Nesta, com o passar dos anos, recebem aprofundamentos de preparação aos sacramentos. Com a maturidade vão discernindo caminhos buscam maior compreensão da própria identidade religiosa. Nas comunidades temos um leque de catequeses: a preparação ao Batismo, à Crisma, à Eucaristia, ao Matrimônio. Temos formações para os jovens, os casais, os adolescentes. Temos as chamadas Escolas da Fé e mais
um bom número de atividades que propõem a conscientização para um testemunho qualificado no dia a dia. No âmbito desse tema gostaria de estimular aos leitores a rever seu posicionamento quanto à possibilidade de dar um pouco de seu tempo para alguma catequese. Todas as comunidades carecem de mais pessoas que de disponham a servir. Os nossos tempos acelerados e que estimulam a estar sempre ocupados têm criado dificuldades para que mais gente escute os apelos de Deus e das comunidades. Constato, por exemplo, que ainda muitos pais querem que seus filhos se preparem à primeira Eucaristia, mas são poucos os que se envolvem com as caminhada das crianças na Igreja. Se quiséssemos ser rigorosos poderíamos afirmar que é dos pais o ser-
viço de preparar seus filhos, ao menos nos sacramentos da Eucaristia e Crisma. No entanto se tem a realidade de crianças que vêm para a catequese totalmente alheias a qualquer rudimento da fé. Sem contar aquelas cujos pais não têm nenhuma participação. Fica aqui um apelo: conversem com os padres de sua comunidade, com os catequistas que estão na ativa. Ofereçam-se para colaborar. Garanto que enriquecendo as comunidades ficarão ainda mais enriquecidos! Não posso terminar estas linhas sem agradecer aos catequistas. Eles e elas são testemunhas do amor de Deus pelo seu povo. A sua dedicação, por anos a fio, é exemplo vivo do Cristo que veio para servir. Os catequistas são presença preciosa no meio das comunidades. Sem eles pouco se poderia fazer. Que saibam
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
da nossa admiração e gratidão. E que seu exemplo seja semente para que tenhamos uma florada de pessoas que aceitem o convite do Senhor: “Vem e segue-me”!
Reflexão e Práxis
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Jornal do Meio 811 Sexta 28 • Agosto • 2015
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Células com um único conjunto completo Livro de Tipo de de cro- Antônio planalto mossomos Callado andino
Monge budista 1, em romanos Consoante sempre seguida de um "U"
Transpira Guerrilha do (?): luta armada rural de resistência ao regime militar brasileiro (anos 70)
Alegação frequente do réu no julgamento Inovação de Brunelleschi no desenho
Nebulosa do (?), corpo celeste na consteIlha da lação do Polinésia Cisne Francesa onde Gauguin viveu
Antenor Nascentes, filólogo brasileiro
"Domingo (?)", programa do SBT
Página (abrev.)
A 3ª nota musical Pequeno macaco "(?) Casmurro", de Machado de Assis
Formações arenosas do erg, no deserto
Cosseno (símbolo)
Metal da fuselagem de aviões (símbolo)
Jornal esportivo argentino
Tinham como meta a descoberta da pedra filosofal, mas acabaram criando a Química
BANCO
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Solução
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Obra analisa de Picasso a Goya para mapear a experiência do horror, autor usa quadros de catástrofes e deformidades para esquadrinhar aversão do homem àquilo que o contraria
A classe visada pelo arrivista
"(?) Chic", HQ de Miguel Paiva
Soma paga ao se associar a um clube
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De Picasso a Goya
Ceará (sigla) A letra da vitória
Abrir (correspondência) sem permissão
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Antenado
O sexto mês do calendário judaico
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Pedro Marcelo Galasso: cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Noel Nutels, médico Aliviar o sanitarista estresse Em (?), (pop.) moderna opção de "Doctor", gravação em PhD de dados Vitamina (Inform.) antigripal
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marcadas pelo desejo profundo do retorno de um governo autoritário e criminoso que supostamente poria o Brasil nos trilhos da paz e da ordem através da violência é a marca de um movimento que parece ter alcançado o seu ocaso. Como ocorre em uma sociedade civil fraca e desinformada, opiniões sem sentido e boatos ganham a força de temas políticos convencendo alguns grupos que existia uma real ameaça contra as instituições brasileiras, notadamente a família, a igreja e a propriedade. Um discurso de ameaça tão antigo que foi utilizado por Getúlio Vargas, em 1937, para justificar e legitimar a criação de sua ditadura, o Estado Novo. Parece justo dizer que o ocaso deste movimento anacrônico e sem sentido deve estimular um debate na sociedade brasileira para que perguntas importantes sejam formuladas e, na medida do possível, respondidas. Como uma suposta ameaça comunista que paira sobre o Brasil desde 1930 ainda convence as pessoas? Qual a origem do ódio que motivou milhares de pessoas a participar das manifestações? A democracia brasileira é tão frágil que é justo pedir o seu fim? Quais as reflexões sobre a nossa fraca sociedade civil brasileira e de seus protestos mesquinhos e quase infantis? Por que ainda cremos na falácia do sucesso e da paz da ditadura militar dos anos 60? Caso pensemos que somente a força e a violência podem salvaguardar a sociedade brasileira, devemos aplaudir os manifestantes e concordar, tristemente, com suas incoerências e suas mentiras.
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Assistimos as novas manifestações contra o governo do PT, contra a corrupção, a favor da intervenção militar constitucional, dentre inúmeras outras pautas que são difíceis de enumerar por conta da confusão que norteou tais movimentos. Como todo movimento social é complexo e demanda um tempo para se entendido ou para que as suas consequências e objetivos sejam vislumbrados fica claro que as últimas manifestações não surtiram os efeitos desejados, pois não houve nenhuma mudança significativa, seja na política nacional, seja na nossa vida civil. É possível concluir, portanto, que o esquema clássico dos movimentos conservadores – desordem, resistência à mudança, volta ao passado – mais uma vez se repetiu e frustrou aqueles que desejavam as mudanças no nosso horizonte político, incluindo os próprios partidários destes movimentos conservadores. Fica, entretanto, a sensação desconfortável das mensagens que pediam a morte de grupos específicos, a prisão de supostos comunistas, a salvação frente a uma invasão de grupos esquerdistas da Bolívia e da Venezuela, bem como as mensagens de ódio contra sabe lá quem. As reclamações contra o PT, eleito como o único agente corruptor brasileiro, e a presidente Dilma, a única responsável pela gravíssima crise econômica que enfrentamos, foram as temáticas preferidas pelos manifestantes que vaiaram e agrediram pessoas contrárias as suas opiniões, algo indesejável e atípico na democracia que lhes permite defender mensagens de ódio, também apareceram com muita força. A incongruência dos discursos dos manifestantes em suas falas confusas e cheias de frases prontas e justificadas pelo ódio,
Persona (?) grata: não é bemvinda Embarcação cantada por Caymmi
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por pedro marcelo galasso
(?) S.A., mineradora brasileira Aponta
Sigla da cidade de Los Angeles
Gás nobre que constitui cerca de 1% da atmosfera terrestre
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das manifestações
Político oposicionista venezuelano acusado pelo Governo MaduAndré (?), ro de incitar o povo à tenista Diz-se do violência filme com mais de 70 minutos de duração
3/oro — saí. 4/adar. 5/devon. 6/páramo. 9/haploides.
O ocaso
© Revistas COQUETEL
Condado do sudoeste da Inglaterra, sua capital é Exeter Ouro, em (?) Holm, veterano espanhol ator britânico
por MAURICIO PULS/Folhapress
“A Experiência do Horror”, do sociólogo Rafael Araújo, procura mapear o sentimento evocado pelas catástrofes que se abatem sobre o homem por meio da análise de diversas obras de arte. Inspirado em Nietzsche e Marx, o autor observa que o horror é um sentimento de aversão ao que não está em conformidade com as nossas expectativas. Essa contrariedade pode emergir nas mais diferentes esferas da vida, o que explica sua natureza multifacetada: existe o horror existencial diante da morte, o horror econômico do desemprego, o horror político da repressão. Francis Bacon sempre buscou pintar retratos que registrassem a aparência de cada indivíduo. Contudo, quando nos deparamos com suas figuras retorcidas, notamos que alguma coisa está errada. O erro não está nos quadros, mas nas pessoas: tais retratos deformados são expressões do horror que os indivíduos sentem de si mesmos por não serem o que desejavam ser, e que se manifesta “quando procuramos ser outros”, para que as pessoas nos aceitem, “ou quando nos penitenciamos por ser o que somos”. Existe o horror devastador das guerras, retratado por Goya em “Os Fuzilamentos de 3 de Maio” e por Picasso em “Guernica” (“as formas geométricas fragmentadas e sem cor parecem estar de acordo com os resultados da guerra que a tudo deforma”). A tela “Os Retirantes”, de Portinari, mostra nômades “que já não têm lugar no mundo, que buscam uma forma de se manterem vivas num lugar desconhecido”. Mas essa tragédia não afeta apenas camponeses distantes: “Os retirantes de Portinari representam esse horror de sentir-se um outro sempre...
O horror trazido pelos retirantes pode ser vivenciado por qualquer indivíduo que se sinta um outro e, no capitalismo, a condição de outro é suscitada constantemente”. Araújo explica que cada época tem suas próprias modalidades de sofrimento. O horror exposto por Käthe Kollwitz em suas gravuras sobre a Revolta dos Tecelões, no século 19, difere muito do que conhecemos hoje. Naquela época a industrialização estava num estágio embrionário –o que levou Marx a acreditar na viabilidade de uma revolução proletária. O tempo permitiu que os operários se organizassem em sindicatos e partidos, mas possibilitou também à ciência novas formas de domínio. O colapso das velhas formas de sociabilidade viabilizou a emergência do império, descentralizado de dominação.
Abate
A obra de Karin Lambrecht –com suas representações da morte a partir das experiências de abate de animais– expõe o horror moderno, “quando o capitalismo se estrutura em torno de uma sociedade biopolítica”. O homem se afastou tanto da natureza que se tornou descartável. Segundo Araújo, as obras de arte interpelam o homem para que ele possa superar suas dificuldades: “Somente a partir de uma postura ativa é que os homens são capazes de passar pela experiência do horror sem que caiam no abismo do pessimismo”. A experiência do horror Autor Rafael Araújo Editora Alameda Quanto R$ 56 (308 págs.) Avaliação bom
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Jornal do Meio 811 Sexta 28 • Agosto • 2015
por Shel Almeida
Quase todo mundo tem aquela gostosa lembrança de infância da comida feita pela avó e de tudo o que vinha junto com ela: das reuniões de domingo, da casa cheia de gente, dos primos que não se via com frequência e, para arrematar, daquele cheiro tão característico de comida feita na hora, que invadia o espaço e que permanece na nossa memória até hoje. Quem nunca se pegou tentando ou pedindo para a mãe preparar algum prato “igual o da vó”? Não importa o prato, o importante é que fosse feito da maneira que a avó fazia, como se, com isso, fosse possível voltar ao tempo. E a vó não necessariamente precisa ser realmente nossa avó, mãe da nossa mãe ou do nosso pai. Pode ser uma tia, uma vizinha, a avó de algum amigo, avó da namorada. A vó das nossas lembranças é aquela senhora gentil e amável que aprendeu receitas com outras gerações e que se sente satisfeita em preparar e agradar as pessoas queridas lhes proporcionando o prazer de saborear e degustar. Por isso a “comida de vó” é quase um bem cultural, passado de geração para geração. Hoje, devido às novas constituições sociais e familiares, o costume vem se perdendo com o tempo. Atualmente é mais difícil encontrar alguém que tenha tempo e disposição para preparar almoços tão elaborados para muitas pessoas, por exemplo. As família estão diminuindo, mulheres e homens estão sendo mães e pais mais tarde e as avós já não se limitam a ficar em casa cuidando dos netos, elas têm as próprias atividades. Mas isso não quer dizer que a “comida de vó” se extinguiu completamente, apenas que é um costume menos difundido. A senhora Sueli Del Roio Vasconcellos é um bom exemplo de quem mantém a tradição de cozinhar e reunir a família em volta da mesa nos almoços de domingo. Ela e o marido, que têm apenas uma filha e uma neta, quinzenalmente enchem a casa de irmãs, cunhados, sobrinhas, sobrinhos-netos e amigos para comer, costume que D. Sueli trouxe da infância e que, segundo conta, não acabará tão cedo.
União
“A turma em casa gosta muito de cozinhar e isso é uma tradição. Do lado do meu pai sempre tinha almoço na casa da minha avó e do lado da minha mãe também. Até hoje minha mãe, com 88 anos, cozinha. Os irmãos da minha mãe também adoravam cozinhar. Nós fazemos o macarrão que eles faziam, todas aquelas massas antigas, a gente faz até hoje. O molho de macarrão, com tomate, a gente também continua fazendo. Hoje o difícil é achar o tomate, a gente precisa comprar, deixar em casa em um lugar quente para ele amadurecer no ponto, para poder fazer aquele molho antigo que é só tomate, que é grosso, que é cheiroso, que é perfumado, e que fica 12 horas no fogo. Meu avô fazia carne com perfeição, e tudo o que ele cozinhava, bolo, doce, era sempre junto com a gente. Não é como hoje se escuta, que não quer criança na cozinha, pelo contrário. Eu e minhas irmãs, estávamos sempre ali, aprendendo como se tempera, como é que lava, como é que cozinha. Tudo o que gente aprendeu foi tanto com a família da minha mãe quanto com a do meu pai, ambas famílias italianas. E hoje continua assim, com a criançada participando. Tem dia que é 8h da manhã eles já ligam para saber se já podem vir. Eles adoram, ajudam a fazer as massas, já sabem como é que mexe o molho, aqui é uma tradição
que continua mesmo”. Com essas reuniões, a família de D. Sueli mantém viva não apenas a tradição de cozinhar, como também as receitas, que continuam sendo passadas de geração para geração. Mas, o mais bonito nessa tradição é pode manter a família reunida, por um propósito comum. Não é a apenas a ação de cozinhar e depois comer o que cozinhou, mas é o “estar junto, o “fazer junto”. O fato de não perder o vínculo familiar, de não deixar de lado o prazer de estarem reunidos é proporcionado pela comida. Por aqui, percebesse como é tão verdadeiro dizer que a comida não é apenas um alimento, ela tem o dom de unir pessoas.
Dedicação
O dedicação de D. Sueli para os almoços familiares é tanta que ela tem o cuidado de anotar em um caderno o que foi preparado em casa reunião. “Eu marco tudo, quantas pessoas vieram, o que foi preparado e servido, para não repetir nos próximos. Antes os almoços eram na casa dos meus pais, já há algum tempo passou a ser aqui em casa, porque eu gosto muito de cozinhar. Para esses almoços, a gente faz tudo, não compra nada pronto. Fazemos as sobremesas, a entrada, os aperitivos. Diversificamos bastante e sempre é uma surpresa, eu não conto antes o que vai ser. Quem vem fica tentado descobrir o que vou servir. As receitas estão todas anotadas, eu sei tudo de cabeça, mas precisa registrar porque se acontecer alguma coisa comigo, outra pessoa continua. E isso tem que ser deixado para alguém, para os mais novos, porque senão vai perdendo. São coisas que precisam ter continuidade, mesmo que não tenha quem ensinar”, fala. O armários de receitas de D. Sueli é vasto, muitos livros, muitos recortes de revistas e muitas anotações. Os cadernos com receitas copiadas à mão têm índices, feitas por ela própria, para que seja mais fácil de encontrar. Não que ela precise, normalmente já sabe de cor em que página está a receita que procura. Mas, como ela própria falou, as anotações são para quem vier depois, para a filha, a neta, as sobrinhas e sobrinhos-netos. O desprendimento de D. Sueli não aparece apenas no ato de amor de cozinhar para cada membro da família, mas também no ato de deixar tudo registrado para eles. Quando ela não estiver mais aqui, se fará presente pelas receitas. E será assim que matarão a saudade da “comida de vó” de D. Sueli. Será nesse legado culinário que ela deixará a herança mais preciosa que recebeu dos antepassados.
D. Sueli cozinha desde criança, junto com a família. Hoje ela ensina a neta e os sobrinhosnetos as receitas deixadas pelos avós.
Nos almoços de domingo a casa de D. Sueli sempre está cheia. Ela cozinha para pelo menos 30 pessoas.
Receita Não só de receitas antigas vive D. Sueli. Ela adora descobrir - e repassar - receitas novas. Para o Jornal do Meio ela deixou uma diferente e fácil de fazer: Brigadeiro de Capim Santo, também conhecido como erva cidreira. Brigadeiro de Capim Santo - 50 g de capim santo picado - 100 ml de leite - 1 lata de leite condensado - 1 colher rasa de manteiga (não margarina) sem sal Preparo: bater no liquidificador o capim santo picado com leite, até ficar o cor escura. Coar e colocar na panela junto com o leite condensado e a manteiga. Mexer até dar o ponto de brigadeiro.
- Família grande e todo mundo com a mão na massas. Crianças também participam do preparo da comida.
Jornal do Meio 811 Sexta 28 • Agosto • 2015
Momento Pet
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Shih Tzu por Dr. André Alessandri
Bom dia meus queridos leitores hoje vamos falar de uma das raças mais procuradas em nossa loja: o Shih Tzu, nome que significa “leão”, devido à sua pelagem exuberante. Originário do Tibet, eram mantidos dentro dos templos, e doados aos imperadores da China durante o século 17 como um tributo à honra. A raça ganhou popularidade na Inglaterra no início dos anos 30, quando um filhote foi doado à Rainha Elisabeth. Trinta anos mais tarde, a raça começou a ganhar espaço nos Estados Unidos. É um cão de porte pequeno (toy) cujas ninhadas em média são de 4 filhotes. Sua pelagem é longa e a coloração pode variar entre preto, branco, marrom e também os bicolores . A expectativa média de vida é de 16 anos. Por serem animais muito apegados aos seus donos, além de extremamente alegres, extrovertidos e brincalhões, é uma ótima raça de companhia, tanto para adultos como para crianças. Por
seu porte diminuto, torna-se uma ótima opção para quem mora em apartamento. Existem alguns cuidados básicos que devem ser adotados para a saúde e bem estar do seu Shih Tzu: • Cuidado com os olhos: Os olhos dessa raça são proeminentes, além de estarem expostos a muitos pelos em volta. É importante manter seus olhos bem limpos. Para isso, você pode usar um solução fisiológica com um algodão umedecido. Como eles têm focinho curto, deve-se tomar cuidado quando for passear na rua com ele, para que espinhos não entrem em seus olhos. Além disso, cuidado com quinas e outros móveis na sua casa. • Exercios: Caminhadas curtas são suficientes para mantê-los saudáveis, tanto mental quanto fisicamente. Eles também adoram jogos dentro de casa, mas isso não elimina sua necessidade de passear. Eles têm uma tendência a ficar muito tempo deitados, então é importante incentivá-los a fazer atividades. Assim
você aproveita pra fazer sua caminhada diária junto com o seu animalzinho! • Pelagem: É de extrema importância a escovação diária, que dura em média 10 minutos (considere isso se você não tem tempo ou não gosta dessa atividade antes de adquirir um Shih Tzu). Se você acostumá-lo com a escovação, isso vai se tornar uma atividade muito prazerosa pra você e pra ele. Escovar o pelo vai mantê-lo sedoso, macio, brilhante e, principalmente, sem nós. Além disso, normalmente prende-se a franja para evitar que os pelos da testa caiam em seus olhos. Assim como todas as raças, principalmente as que vivem em apartamento, é importante cortar suas unhas, pois se ficarem muito grandes elas curvam para baixo, atrapalhando seu caminhar e até causando feridas nas patinhas. Sempre que for comprar produtos para sua higiene, pergunte a um veterinário (a), qual o produto mais indicado para seu melhor beneficio.
• Alimentação: procure sempre dar alimentos Super P remium. Hoje já existem no mercado algumas marcas com a ração específica para a raça Shih Tzu. Lembre-se de dar preferência aos alimentos sem corantes e de acordo com a idade do seu animal: filhote, adulto ou idoso. • Ouvidos: faça limpeza duas vezes por semana ou a critério do seu médico veterinário, mas sempre com produtos específicos para limpeza otológica receitados por ele. • Pulga e carrapatos: faça sempre a prevenção com produtos de boa qualidade, indicados pelo veterinário, pois por sua pelagem longa, eles são difíceis de serem notados, geralmente são vistos quando já há uma infestação, que pode vir a causar danos sérios na saúde de seu animal. Pra terminar, listamos aqui algumas celebridades que possuem essa raça: Ivete Sangalo, Katherine Heigl, Lilia Cabral, Demi lovato, entre outras.
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Novos Rumos
Jornal do Meio 811 Sexta 28 • Agosto • 2015
Medindo o sucesso
por José J. B. Freire
pelo lucro
Caros leitores, poucas coisas são cipal concorrente tivesse realizado uma mais satisfatórias do que presenciar lucratividade maior, para que seu sucesso seu próprio negócio crescer e se não tenha sido assim tão bom. desenvolver. Quantificar o sucesso A empresa competitiva acompanha seu de uma empresa significa invariavelmente retorno e exige de seu negócio margem de calcular algum tipo de retorno e o compalucro acima da média do mercado. Ficar rar a algo. na média do mercado posiciona a empresa Na área financeira, são vários os tipos de como uma investidora limitada e comum, retorno que podemos calcular já ter retornos acima da mée várias as referências para dia significa que a empresa identificar um sucesso de pode gerar retornos que lhe A empresa fato. Os tipos de retorno mais permitam investir de forma competitiva utilizados são os índices de mais agressiva, inclusive comrentabilidade, que comparam prando seus concorrentes... as acompanha seu o lucro de um negócio, em possibilidades e oportunidades retorno e exige de um determinado período de para quem tem caixa sobrando tempo, com o patrimônio seu negócio, margem são inúmeras. da empresa, ou com o faPara se manter competitivo, de lucro acima da turamento da empresa (no recomendo a utilização de mesmo período de tempo média do mercado. indicadores genéricos, mas do lucro). Vejam que nestes voltados à sua área de atucasos, o lucro foi o retorno ação. Assim será possível se calculado e as referências de posicionar e buscar melhocomparação direta, foram o patrimônio ou rias que lhe permitam aumentar sempre o faturamento da própria empresa. sua lucratividade, como maior esforço de Porém, para ter certeza de que o retorno vendas e redução de custos. gerado é um sucesso, é preciso que existam Dando uma noção mais prática a esta referências indiretas que permitam uma questão, segundo a revista Exame, edição comparação mais aprofundada. Se o lucro de 2015 das maiores e melhores empresas auferido foi acima da meta que a própria instaladas no Brasil, a média de rentabilidade empresa definiu para si, o retorno pode sobre as vendas das 50 maiores empresas ser considerado um sucesso internamente. do ramo do agronegócio foi de 3,2% em Mas o mercado não concordaria com isso, 2014, ou seja, para cada R$ 100 em vendas necessariamente. Bastaria que seu prinfoi gerado um lucro de R$ 3,20. A maior
rentabilidade deste grupo de empresas foi de 25,9%, já a menor, foi uma rentabilidade negativa em 14,9%. Se você possui um agronegócio com rentabilidade acima de 3,2%, você possui um retorno acima da média, porém ainda bem longe do melhor resultado, que foi de 25,9%, ao mesmo tempo, bem melhor do que uma rentabilidade negativa. Na tabela ao lado, destaco quatro números importantes, que são ótimas referências para uma comparação de rentabilidade e medição de sucesso financeiro.
Lembre-se de sempre acompanhar a rentabilidade de seu negócio. Pelo menos a cada dois meses veja se o retorno gerado está acima ou abaixo da meta que foi estipulada. Recomendo também que se estipule uma meta acima da média de mercado e acima do seu último resultado. Bons negócios José J. B. Freire Gostou do artigo? Críticas, elogios ou sugestões, por e-mail: jose.freire@rroe.com.br.
Veículos
Jornal do Meio 811 Sexta 28 • Agosto • 2015
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Antenado Automóveis, agora, devem ‘conversar’ com o ambiente
por EDUARDO SODRÉ / MICHELE LOUREIRO/FOLHAPRESS
O automóvel não quer carregar o estigma de vilão das cidades modernas, tampouco deseja de volta o papel heroico que desempenhou ao longo do século 20. As montadoras têm a missão de manter negócios saudáveis ao mesmo tempo em que o carro deixa o peso do protagonismo e transforma-se em um coadjuvante da mobilidade urbana. “O desafio é convencer o consumidor de que o automóvel não é um investimento muito alto para um bem que ele vai usar pouco. É por isso que precisamos ampliar suas funções”, diz o engenheiro David Borges, supervisor de conectividade da Ford. Para atender às novas demandas dos motoristas, não basta mais transportar. Os veículos devem conversar com o ambiente externo, o que vai muito além de atender chamadas por bluetooth. “Não estamos falando de carros voadores e, sim, de tecnologias já disponíveis que podem tornar mais amigável a relação do automóvel com a sociedade”, diz Ricardo Takahira, coordenador da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva). A entidade promove nos dias 25 e 26 o XXIII Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva, com o tema “Tecnologia e Conectividade Melhorando a Mobilidade”. O evento propõe reflexões sobre um futuro próximo, anterior à massificação dos carros autônomos. A maior parte dos trabalhos fala da evolução de serviços e soluções já existentes. Um exemplo é o Volvo On Call. Montado em parceria com a operadora de telefonia Claro, o sistema tem uma central que funciona 24 horas e monitora os proprietários. É possível acompanhar rotas, saber se há uma lâmpada queimada, se o combustível está acabando ou se a manutenção está próxima. Em caso de assalto, o automóvel é bloqueado e rastreado. Os veículos da marca sueca trazem ainda sensores e câmeras que monitoram o ambiente ao redor. “O carro toma decisões próprias e freia de forma autônoma para que não haja atropelamentos ou batidas”, diz Jorge Mussi, diretor de
engenharia da Volvo.
Emergência
Outra tecnologia já disponível no Brasil é o assistente de chamada de emergência que equipa o novo Ford Ka. Em caso de acidente, o carro tenta “falar” com o motorista e, na ausência de resposta, entra em contato com a central do Samu passando todas as coordenadas geográficas para o resgate. Para que as tecnologias voltadas à mobilidade sejam de fato aproveitadas, as vias também precisam acompanhar o desenvolvimento da indústria automotiva. Flávio Viana de Freitas, diretor de desenvolvimento e Tecnologia da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), reconhece que o ritmo de incorporação de tecnologia é mais lento nas estradas. “Em algumas situações, a indústria automotiva precisa desacelerar o passo devido à questão da infraestrutura”, diz o executivo. Mesmo assim, ele afirma que as rodovias inteligentes já são uma realidade. “Temos os luminosos com avisos sobre o trânsito nas rodovias, rádios que transmitem informações sobre as estradas e radares meteorológicos que avaliam a necessidade de comboios”, afirma Freitas. Para o diretor da ABCR, tecnologias já aplicadas em outros países chegarão ao Brasil em breve. “O controle de velocidade não será mais realizado por radares fixos, e sim por um registro do deslocamento do veículo captado via internet. Será um monitoramento constante”. Recursos como esse dependem de melhorias nos serviços de telefonia, para reduzir as oscilações da conexão. “Algumas soluções ainda são inviáveis pelo custo alto e falta de infraestrutura. Isso tem melhorado e, em breve, acredito que não haverá tanto descompasso”, diz Eduardo Zanlorenzi, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Continental. (ML) Nova geração de GPS funciona como item de segurança Além de indicar os caminhos, navegadores podem detalhar topografia e ajudar a poupar combustível Arte: Folhapress
Aparelhos de localização podem auxiliar empresas e prefeituras a administrar o tráfego Depois que os guias de papel com todos os mapas da cidade foram substituídos por aparelhos de GPS, muita coisa mudou. Além de mapear caminhos, indicar rotas mais vantajosas e avisar sobre o trânsito, os navegadores devem ganhar ainda mais funcionalidade em breve. É o caso da tecnologia eHorizon desenvolvida pela empresa alemã Continental. Ela é capaz de analisar a topografia da pista e fornecer informações essenciais de segurança ao condutor, como declives e aclives acentuados. Assim, pode também preparar o veículo para uma descida íngreme após uma curva, por exemplo. “O sistema também auxilia na economia de freios e ajuda a poupar cerca de 3% de combustível”, diz Eduardo Zanlorenzi, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Continental. Por enquanto a tecnologia só é usada em frotas comerciais. “Ainda não há demanda para veículos de passeio”, afirma o gerente. híbridos A estratégia de avaliar a necessidade de aceleração é comum nos veículos híbridos. O Ford Fusion Hybrid possui o sistema EV+, que combina o GPS a um programa que reconhece os destinos frequentes do veículo. Com essas informações, o equipamento ajusta o comportamento do carro para otimizar o consumo da bateria. Já o Toyota Prius, vendido regularmente no Brasil desde 2013, indica ao motorista a necessidade de acelerar ou desacelerar, de acordo com o terreno, a fim de economizar energia ou gasolina. “Monitorar a estrada é uma das principais estratégias para aumentar a autonomia dos híbridos”, diz Roberto Braun, gerente de assuntos governamentais da Toyota. Outra tecnologia que amplia a relevância do GPS está sendo desenvolvida pela multinacional sueca Ericsson. O Connected Traffic Cloud (tráfego conectado em nuvem) é uma solução que agrega e unifica informações de fontes como Google Maps, Waze e rádios de monitoramento.
“As informações são repassadas para as autoridades e ajudam a tomar decisões que podem amenizar congestionamentos”, diz Alberto Rodrigues, diretor da Ericsson. Na prática, funciona assim: se um acidente acontecer na avenida 23 de Maio, em São Paulo, será possível calcular em quanto tempo haverá reflexos na Marginal Tietê e já iniciar uma operação. A Ericsson pretende vender o software para prefeituras e transportadoras. “Já estamos com as negociações avançadas”, diz Rodrigues. Clica aqui, assiste ali, atende lá. Com toda tecnologia embarcada nos automóveis, fica fácil se distrair. De acordo com a montadora sueca Volvo, 95% dos acidentes de trânsito são causados por falha humana. Desses, aproximadamente 50% ocorrem devido a cansaço ou sono do condutor. Outros 45% são creditados à falta de atenção ao volante ou aos efeitos de álcool e drogas. “Nossas soluções buscam impedir acidentes por desatenção. Utilizamos sensores sonoros que alertam quando o veículo sai da faixa sem fazer a sinalização adequada, por exemplo”, diz Jorge Mussi, diretor de engenharia da Volvo. A Mitsubishi utiliza o mesmo recurso no utilitário de luxo Outlander. O comando por voz é outra função pensada para manter o motorista com as mãos no volante e os olhos na estrada. Na Ford, esse recurso permite cerca de 10 mil ações, incluindo os controles do ar-condicionado digital. O motorista fala a temperatura desejada e o sistema se adapta automaticamente. Além disso, há comandos que não podem ser habilitados quando o veículo está em movimento, como o DVD, por uma questão de legislação. Para Ricardo Takahira, coordenador da AEA, sistemas que podem detectar cansaço e recomendar paradas são exemplos de como as múltiplas conexões colaboram para a redução de acidentes. “A integração é ótima, mas não se pode perder de vista que a segurança vem antes da tecnologia”, diz. (ml) Arte: Folhapress
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Jornal do Meio 811 Sexta 28 • Agosto • 2015