Braganรงa Paulista
Sexta 4 Marรงo 2016
Nยบ 838 - ano XIV jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
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Para pensar
Jornal do Meio 838 Sexta 4 • Março • 2016
Expediente
Deus nos castiga e nos prova?
Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli
por Mons. Giovanni Baresse
Diante das tragédias que acontecem, nas quais normalmente fazemos surgir a não intervenção divina, resolvi retomar artigo antigo para reafirmar o que é fundamental no crer em Deus e no seu amor. Nestes dias não foram poucos os acidentes ocasionados pelas chuvas. Na cidade de Atibaia três pessoas de uma mesma família morreram ao terem o carro puxado para o leito de um riacho. Ouvi a pergunta: Por que Deus deixa isso acontecer? Essa pergunta e outras de mesmo teor têm sua base nas ideias recorrentes sobre a presença de Deus em nossas vidas. Nelas ou ele nos abençoa ou nos castiga em razão de nossas faltas ou nos prova para ver o tamanho de nossa fé. Não é incomum encontrar pessoas que afirmam serem castigos de Deus doenças, fenômenos da natureza, a própria morte. Também é corriqueiro encontrar afirmações que sofrimentos vividos são “provações”. Para mim, ver castigos e provações por parte de Deus em nossos comportamentos,
são convicções que corrompem a verdadeira fé. Se Deus é nosso Pai, como ensinou Jesus Cristo ((Mateus 6,9), se Deus é Amor como incansavelmente afirma São João (1 João 4, 16), atribuir a ele nossas dores é apresentar um rosto desfigurado. Vamos refletir. Para isso tomo dois fatos bíblicos. Um do Antigo Testamento (1 Reis 17,20-24). Outro narrado pelo Evangelho de Lucas (7,11-17). O texto do Livro dos Reis mostra uma viúva que acolhe em sua casa o profeta Elias. O filho da viúva, uma criança, adoece e morre. Para a viúva, o fato de ter recebido um homem de Deus em sua casa, fez com que Deus se lembrasse dos pecados dela e a castigasse com a morte do filhinho. O profeta Elias também pensa no castigo já que caminhava numa época de seca, vista também como castigo de Deus em razão dos desvios do povo. Todavia implora a Deus para que faça o menino reviver. Deus atende seu pedido e ele devolve o filho à mãe. No texto de São Lucas Jesus, à entrada da cidade de Naim, encontra o
enterro de um jovem, filho único de mãe viúva. Jesus, tomado de compaixão pela mãe, ressuscita o jovem. São Lucas usa somente três vezes o verbo “splangnizomai” que significa “comover as entranhas”. O verbo vai parecer também nas parábolas do bom samaritano (10,29-37) e naquela que leva o nome de filho pródigo (15,11-31). As duas, e mais o fato de Naim, fazem aparecer o termo misericórdia que é composto pelo verbo colocar e pela palavra coração, significando colocar o coração naquilo que se faz, naquilo que se diz. Comover com sentimento entranhado e colocar o coração se contrapõem, a meu ver, com castigo e provação. Se no Antigo Testamento a linguagem pedagógica da Bíblia falava num Deus irascível, vingativo, o Novo Testamento fala de um Deus que é essencialmente amor e que por amor nos enviou seu Filho para que nele tivéssemos vida João 10,10). É preciso ter clareza que Deus não castiga ninguém nem tem prazer com a destruição do pecador. Deus quer que quando
erramos nos convertamos, nos corrijamos (Ezequiel 33). Igualmente creio que Deus não prova ninguém. Porque não há nada que ele desconheça. Nada é escondido ou surpreendente para Deus (Salmo 139 ou 138). Nós sim podemos ver em sofrimentos, dores e até em catástrofes uma linguagem que nos leve a pensar e agir na direção de melhorarmos nossos comportamentos e cuidados com nossas vidas e com a natureza. Nada me proíbe de ver numa situação difícil um modo de perceber se continuo confiando em Deus num momento de dor. Sou eu quem deve provar a Deus que continuo acreditando no seu amor num momento em que sofro a doença, a morte, um insucesso. E a base deste crer na dificuldade está na certeza de que Deus quer sempre o Bem e sua vontade é sempre o Bem. Deus não quer o mal nem o sofrimento. Geradores de dores são os comportamentos humanos. Os descuidos consigo e com o mundo que nos rodeia. Costumo dizer – e creio nisso – que se todos nos tratássemos como irmãos e irmãs
Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
ficaríamos devedores das limitações naturais: uma doença que chega, a morte que acontecerá. Não teríamos corrupção, mentira, abuso de poder, desvios de condutas, etc. E mesmo diante da doença e da morte viveríamos a solidariedade fraterna e a certeza de fé de que a última palavra é a de Deus: ressurreição e Vida. O desafio é viver assumindo que nossas limitações físicas e afetivas são sempre consequência de nossos comportamentos. E que a dificuldade de mudar nossas atitudes faz atribuir a Deus as medidas que nos fazem sofrer. Os cristãos têm a missão de anunciar a verdadeira face de Deus. Aquela que ficou visível na pessoa de Jesus Cristo (João 14, 8-11).
Reflexão e Práxis
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Jornal do Meio 838 Sexta 4 • Março • 2016
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Timbre de voz A, em espanhol
Economista defensor do liberalismo
Instância máxima da Justiça eleitoral
Tristeza sem causa definida
trocas de lados pela busca de
dos eleitores que entregam o destino
uma maior chance de alcançar um
dos municípios a grupos e partidos
cargo eletivo este ano. Aqui, podemos
políticos nem sempre comprometido
ver e analisar a lógica, por vezes pouco
com os cidadãos, mas sim com seu
lógica, da fidelidade política, seja ela
fisiologismo e a manutenção de seus
motivada por razões partidárias ou pela
quadros nas estruturas de poder.
relação pessoal com um determinado
Prova disso, é a presença de candida-
"Arma" do gambá
grupo ou candidato político.
tos desaparecidos nos últimos quatro
Deserta
Prova de fogo para quem participa
anos, ressurgidos sabe lá de onde,
do ciclo político-partidário e aos as-
mas cheios de propostas, de soluções
pirantes por um cargo no Executivo
e, o que é pior, de certezas nem tão
ou no Legislativo municipal, pois para
seguras assim. Outro fato é a longa
alcançar a vitória eleitoral e preciso
caminhada dos velhos e submissos
muito mais que boa vontade e boas
cabos eleitorais, eternos caçadores
ideias. A escolha correta do partido
de favores políticos, moeda de troca
político, dos aliados políticos e uma
utilizada para barganhar com possíveis
boa ligação com a base eleitoral pre-
eleitores e com possíveis candidatos.
tendida são de suma importância
Os preferidos aqui são os perenes e
para todos que irão concorrer nas
mesmos salvadores, cujas experiências
próximas eleições. Além disso, uma
anteriores são foram as melhores, de-
campanha bem organizada, um bom
tentores de grupos políticos enormes e
slogan e recursos para a execução da
com o poder de arrebanhar um grande
campanha fecham o pacote que forma
contingente de votos aos seus aliados
um bom candidato.
e partidários, algo comum e necessário
Entretanto, algumas dessas esco -
na Política, caso isto fosse utilizado em
lhas ficam em segundo plano quando
prol de todos e não como algo restrito
os candidatos resolvem escolher a
ao grupo de dito salvador.
campanha a qualquer preço, ou seja,
Após as ideias acima, é possível pensar
quando candidatos se submetem aos
a fidelidade política como a fidelidade
desejos e mandos dos políticos mais
a si próprio e aos benefícios particu-
tradicionais ou mais influentes cor-
lares que são desejados pelos arautos
rompendo sua suposta plataforma de
dos candidatos e dos partidos políti-
ações e ate mesmo suas convicções.
cos, ainda que isto custe um longo e
Alguns casos são tão vexatórios que
questionável mandato de quatro anos.
podem denegrir a imagem de preten-
Afinal, o que são quatro anos?
Maioria religiosa da Indonésia Prazer da pessoa caridosa Passado
Osso da parte de trás da bacia Filme vencedor do 1º Oscar Afronta
Ponto de (?): o farol, para os navegantes
Air Force (?), avião presidencial (EUA) (?) passant: de passagem (fr.)
"A (?) da Terra", filme de Gláuber Misericórdia Sigla oficial da África do Sul O exame que detecta anabolizantes na urina do atleta
Não saber Nélson Motta, jornalista
Lucro do cambista Charme (inglês)
Louco, Forma de em inglês saudação informal Mostrar alegria
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I R
pelas eleições já que crêem que nada
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F M O L I A N A L T T I A N O S O N E T F E I R O N C I A I E D A D E M AD O R A R P I N G A R
professor e escritor.
Proteção residencial contra furtos (?) da Catarina, estação ecológica baiana
Tema de artigos de Umberto Eco
2/en — it — la. 3/mad — one. 4/raso. 5/fonia — sacro. 8/sobernal.
Marcelo Galasso - cientista político,
medida em que pouco se interessam
Interjeição de chamamento
Descansam no sono
sos candidatos por algum tempo, pois a memória dos eleitores é curta na
Otávio Augusto, imperador romano
P
talidade de atraso dos candidatos e
T L A N C O B E R U I I Ç U L M A R E A SA S O C H F E R E E MR O D N A I A O AS I G N N T I DO M O S
muda e que pouco pode ser feito. Men-
timos a uma série infinita de
É veiculada através das rádios web
E S T U D O D E M E R C A
O ano mal começou e já assis-
3, em romanos Berne (Zool.)
Esgotamento por excesso de trabalho
DO
por pedro marcelo galasso
A
A fidelidade política
© Revistas COQUETEL
Classificação jurídica (?) Young, da tortura roqueiro e do latrocanadense cínio (pl.)
Tabulador (abrev.) Precede o lança- Material mento de um novo de antigas produto comercial bonecas
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Jornal do Meio 838 Sexta 4 • Março • 2016
por GABRIEL ALVES/FOLHAPRESS
Uma pergunta que a ciência ainda
mente vai ajudar pouco. “Fizemos um estudo
do destino, usar escadas e evitar o controle
um longo período ainda são necessários, na
está penando para responder: é
no qual um grupo de voluntários treinava
remoto”.
opinião de Friedman. “A literatura médica
possível ser “fitness” (estar em boa
de fato e o outro apenas recebia orientação
Outro estudo, realizado o por pesquisadores
ainda é muito pobre.”
forma) e gordo ao mesmo tempo?
para ter uma vida mais ativa. Vimos que
da Universidade do Mississipi e publicado
Só assim, num futuro não muito distante,
A resposta óbvia seria que é melhor um obeso
o exercício sistemático não contribui em
na última semana na revista “Preventive
a ciência poderá identificar, sem grande
fazer atividade física a ser completamente
nada para a redução da obesidade”, diz o
Medicine”, acompanhou 11 mil pessoas
margem para especulação, exatamente
sedentário.
endocrinologista e professor da UFRGS
de 36 a 85 anos por dez anos e viu que,
quais são os benefícios de ser magro e quais
Mas a ciência não tem mais tanta certeza.
Rogério Friedman.
independentemente da obesidade, quem
as vantagens de ser um “gordinho fitness”.
Um novo estudo, divulgado recentemente
Para o médico, é importante “não dar uma
fazia exercícios conseguiu reduzir o risco de
“Mesmo sem emagrecer, o exercício melho-
na publicação científica “International Jour-
ênfase muito grande ao exercício como so-
mortalidade –no caso, não há discriminação
ra força, flexibilidade e condicionamento
nal of Epidemiology” (assim como outros
lução para a obesidade”. O jeito, para quem
desse risco por tipo de doença.
cardiovascular
anteriores) indica que a obesidade é capaz
quer emagrecer, é “cuidar do que come”.
A conclusão é otimista para quem pretende
CÁSSIO ADRIANO PEREIRA - Personal
de “anular” os benefícios dos exercícios.
Movimento
mexer as gordurinhas, mas não é inédita:
trainer
Em outras palavras: se um indivíduo é obeso,
Na opinião de Netto, a chave para ser um
do ponto de vista dos anos de vida ganhos,
só a prática de exercícios não é garantia de
gordinho saudável é tentar gastar mais
praticar exercício vale a pena, indepen-
“Em um estudo, vimos que o exercício
uma vida mais longeva e melhor, ou seja,
energia, “não só com a prática de exercício
dentemente do nível de massa corporal de
sistemático não contribui em nada para a
com menos doenças.
regular, mas ao caminhar, passear com ca-
cada um.
redução da obesidade
Cientistas suecos da Universidade de Umeå
chorro, ter um lazer que não implique em
Estudos que acompanham o efeito crônico
ROGÉRIO FRIEDMAN - Endocrinologista
acompanharam 1,3 milhões de homens
apenas descanso, estacionar o carro longe
do exercício de milhares de pacientes por
e professor da UFRGS
jovens no país e, ao analisar os dados de
Foto: Karime Xavier/Folhapress
acordo com os fatores obesidade e prática de exercício físico, constataram que quem era magro e sedentário tinha risco de morrer (por qualquer causa) 30% menor do que aqueles que eram obesos, mas estariam supostamente “em forma”. O resultado seria o suficiente para decretar a supremacia da magreza –você não precisa se mexer, mas não pode ser gordo– mas não significa necessariamente que é melhor ser um gordinho sedentário a encarar exercícios. Luta O problema é que algumas pessoas continuarão acima do peso mesmo com a prática regular de exercícios físicos. Esse é o caso do lutador de jiu-jítsu Luiz Rossini, 42. Desde 2003, ele luta na categoria pesadíssimo –para atletas acima de 100 kg. Atualmente, ele está com 140 kg, espalhados em seus 1,83 m de altura. Seu IMC (índice de massa corporal) atual é de 41,8, o equivalente a obesidade mórbida. No entanto, ele treina cinco vezes por semana e já acumulou mais de 250 medalhas em campeonatos. “A gente não tem o padrão físico que a sociedade considera certo, mas eu tenho uma saúde muito melhor que a dos magrinhos”, avalia. O problema do alto peso, diz Rossini, é o excesso de desgaste nos joelhos e também um desconforto na hora da corrida. “Corro menos porque carrego mais peso.” Segundo ele, a tática é fazer o corpo se acostumar a trabalhar com a massa e conhecer os próprios limites. Ele afirma que faz check-ups anualmente para garantir que tudo está em ordem. Para a sorte de Rossini e de outros atletas gordinhos, está claro na literatura médica que, independentemente do peso, a prática regular de exercícios é benéfica. Morre-se menos de doenças cardiovasculares e de câncer, por exemplo. E há outros ganhos: “As pessoas acabam descobrindo a qualidade de vida. Mesmo sem emagrecer, há melhora no condicionamento cardiovascular, na força e na flexibilidade”, diz o personal trainer Cássio Adriano Pereira. “Fica mais fácil ir para o trabalho, realizar atividades de lazer e até fazer uma viagem.” O diretor técnico da rede de academias Bodytech, Eduardo Netto, relata que existem clientes que começam a se exercitar mesmo sem pensar no peso. Caso seja esse o objetivo, o exercício real-
O lutador de jiu-jítsu Luiz Rossini: 140 kg e IMC de obeso mórbido.
Saúde
Jornal do Meio 838 Sexta 4 • Março • 2016
Repelente contra o Aedes
deve ser escolhido por faixa etária por WILLIAM CARDOSO/FOLHAPRESS
O Aedes aegypti está por todo lado e, para evitar a picada que pode trazer dengue, zika ou chikungunya, vale a pena se proteger com o uso de repelentes. Porém, é preciso saber qual o melhor tipo para cada faixa etária e fazer a escolha certa de acordo com o princípio ativo. São três tipos os mais comuns, feitos à base de DEET, IR3535 ou Icaridina. ‘Todos os produtos registrados tiveram sua eficácia comprovada para ação em mosquitos da espécie Aedes aegypti. É importante observar que o efeito de cada produto tem duração diferente e que as instruções de uso contidas no rótulo devem ser seguidas’, afirma a dermatologista Luciana Maluf. Para quem frequenta praias, rios ou lagos, vale a pena redobrar a atenção. ‘Os fatores que influenciam a eficácia dos repelentes são umidade, temperatura e o vento. O clima quente e úmido e os ventos reduzem o tempo de eficácia dos repelentes. Neste caso, pode usar o produto com mais frequência’, diz a médica sanitarista Ana Freitas Ribeiro. De forma geral, os repelentes impedem que o mosquito chegue até a pele ao formar uma camada protetora. “O mosquito pode até estar próximo da pele, mas ele não consegue picar, em função dessa nuvem de proteção. Por isso, a nuvem deve ser homogênea e por toda a pele, da mesma forma que você passa, por exemplo, um hidratante ou protetor solar”, afirma o dermatologista Claudio Wulkan.
Mitos Soluções caseiras sem comprovação científica, como vitamina B, comer alho, entre outras medidas improvisadas, estão mais próximos de crendices do que da eficácia. Até mesmo a citronela é posta em xeque. “As velas à base da planta citronela podem espantar o Aedes aegypti, mas funcionam apenas num raio pequeno”, diz Ana. (William Cardoso) Produto deve ser passado após protetor . Muita gente se atrapalha ao usar repelentes. Especialistas dizem que se deve passar hidrante ou protetor solar primeiro e, só depois, aplicar o produto sobre a pele, quando for usá-los juntos. “O ideal é aplicar primeiro o protetor solar sem perfume, aguardar 15 minutos e, aí sim, passar o repelente”, diz a dermatologista Luciana Maluf. Outra recomendação é nunca usar repelente sob a roupa. (WC)
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Saúde
Jornal do Meio 838 Sexta 4 • Março • 2016
Chá-verde power
Sucessor do chá-verde, o matcha tem 137 vezes mais antioxidante e aparece em receitas de doces e até mesmo em drinques–só que custa mais por JULIANA CUNHA/FOLHAPRESS
Moída após um cultivo especial, a mesma folha do chá-verde dá origem a um pó que pode ser consumido na forma de infusão ou misturado aos alimentos. É o matcha, o chá mais vendido nos Estados Unidos no ano passado, e que tem apresentado resultados interessantes em pesquisas. Em testes com ratos, observou-se que o matcha pode reduzir os níveis de colesterol total e triglicerídeos e aumentar o colesterol bom, além de acelerar a perda de gordura corporal e a circunferência da cintura e prevenir alguns tipos de câncer, segundo a nutricionista Juliana Burger. Ele contém cafeína, que proporciona sensação de alerta, além de catequinas, fitoquímicos que ajudam a prolongar o pico de energia gerado pelos alimentos. Graças ao aminoácido L-teanina, o matcha tem ainda efeito antiestresse e neuroprotetor. Relaxante, diminui a produção de cortisol, melhora o humor e atua sobre as ondas alfa –um tipo de onda cerebral ligado à tranquilidade. “Os efeitos mais comprovados são a prevenção do câncer por conta dos antioxidantes, que previnem danos à estrutura celular, e o controle do peso, por conta da ação termogênica da cafeína”, diz a nutricionista Flávia Noeli de Souza Infante. Na produção do matcha, as folhas da Camellia sinensis são protegidas do sol com lona um mês antes da colheita. Depois de colhidas, elas são enroladas e expostas ao vapor d’água. Secam naturalmente, sofrendo oxidação e preservando seus polifenóis naturais. No fim, são moídas e transformadas em um pó verde vivo. Com 137 vezes mais antioxidantes do que o chá-verde, o matcha tem um gosto parecido com o de seu concorrente, só que menos amargo, e pode ser usado em receitas e outras bebidas. No entanto, para obter os benefícios, seria preciso ingerir pelo menos três xícaras (ou 6 g de pó de chá) por dia durante três meses. O preço não é ameno: 30 gramas de matcha puro não saem por menos de R$ 23, o equivalente a R$ 138 por mês para seguir a quantidade recomendada. Há opções de bebidas e preparações à base de matcha, como sucos de saquinho e cappuccinos. “Além de serem quase todos cheios de açúcar e ingredientes artificiais, não dá para saber a quantidade de chá que se está consumindo nesses produtos”, alerta Burger. Já as cápsulas têm somente o chá –boa opção para quem
não gosta do sabor. Só custam mais caro. Não muda nada consumir o matcha em uma bebida quente ou fria. “Misturá-lo a sucos de frutas cítricas ou espremer um limão no chá melhora sua absorção por conta do pH ácido e da vitamina C”, explica Infante. Já o uso culinário pode trazer perda de catequinas, mas não há estudo que estabeleça o nível de perda. “Tudo indica que em cozimentos a até 100°C a perda seja baixa”, diz a nutricionista. O pó já virou até ingrediente de drinques. “Tem um pigmento interessante e o sabor levemente amargo combina com destilados. É possível fazer drinques mais leves com
ele, escolhendo bebidas de teor alcoólico menor e adoçando com agave”, diz o mixologista Marco de la Roche. O chá estimula a produção de enzimas hepáticas, o que pode amenizar o efeito do álcool. “Mas não chega a compensar o consumo”, esclarece Infante. Mais de 40% da produção mundial de matcha vem da província de Shizuoka, no Japão. Atualmente, o país chega a produzir mais de 1.780 toneladas do produto ao ano. No Brasil, o matcha já era vendido em mercados da Liberdade, mas só a partir de 2014 é que passou a ser importado em massa e comercializado por marcas locais. Hoje o Brasil importa mais de dez toneladas por mês. Foto: Divulgação
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Momento Pet
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Nossos clientes por Dr. André Alessandri
Comportamento
Suspiros por SUZANA HERCULANO-HOUZEL /FOLHAPRESS
O suspiro surge como uma ‘respiração dupla’, cortesia de alguns milhares de neurônios no bulbo cerebral Momento de tensão: qual é o risco de você parar de respirar se não pensar a respeito? Felizmente, nenhum. Respirar é algo que fazemos sem precisar de monitoração consciente. Não porque respirar seja um reflexo, uma ação que ocorre inevitavelmente em resposta a um estímulo sensorial – embora, quando acontece de o sangue ficar saturado demais com gás carbônico, isso sirva de fato como um sinal que inicia uma inspiração reflexa, o que, embaixo d’água, é o que causa o afogamento. Respirar, em condições normais, é um
ciclo de contrações motoras organizado por um grupo de milhares de neurônios no bulbo cerebral, quase chegando na medula espinhal, chamado Complexo preBötzinger (CpreB). Cada surto de atividade dos neurônios do CpreB causa a contração do diafragma e, assim, uma inspiração. Como os surtos são cíclicos, controlados interna e espontaneamente pela rede formada pelos neurônios do CpreB, a respiração também é cíclica –sem que o resto do cérebro precise pensar a respeito. A respiração, contudo, pode ser modulada por vários fatores. A alteração dela quando se ri, chora, corre, fica tenso ou preso em um ambiente com pouco oxigênio mostra que os neurônios do CpreB são afetados
por fatores cognitivos e fisiológicos. Suspirar é um desses casos. Seja o suspiro “fisiológico” que ocorre algumas vezes por hora em nós, humanos (e que mantém a capacidade respiratória ao inflar alvéolos pulmonares que tendem espontaneamente a colapsar), ou associado a tristeza, expectativa, exaustão, alívio ou simples sugestão, o suspiro é uma “inspiração dupla”. No CpreB, um suspiro surge como um surto duplo de ativação, que faz uma segunda inspiração começar assim que a primeira se completa. Um novo estudo do grupo de Jack Feldman, o descobridor do CpreB, na Universidade da Califórnia em Los Angeles, acaba de mostrar que suspiros são iniciados pelo CpreB sob a ação de dois variantes
do neuropeptídeo bombesina, vindos de duas estruturas vizinhas. Talvez uma dessas estruturas funcione como mediadora dos suspiros emocionais e a outra, dos suspiros fisiológicos. Mais pesquisa dirá. Enquanto isso, fica a garantia de que respirar, ou suspirar quando necessário, continuará acontecendo sem que você precise se preocupar com isso – cortesia de alguns milhares de neurônios no seu CpreB. SUZANA HERCULANO-HOUZEL é neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro “Fique de Bem com seu Cérebro” (ed. Sextante) suzanahh@gmail.com
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