839 edição 11.03.2016

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Braganรงa Paulista

Sexta 11 Marรงo 2016

Nยบ 839 - ano XIV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


2

Para pensar

Jornal do Meio 839 Sexta 11 • Março • 2016

Como entortar a verdade

dos fatos

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli

por Mons. Giovanni Baresse

Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

Já faz algum tempo que

afirmações trazidas nos jornais.

sempre será um deus sedutor.

que o incriminem. Mesmo porque

os noticiários nacionais

Vamos a elas: - “Com faturamento

Ele está ligado ao deus poder. O

ninguém pode ser considerado

nos colocam boquiabertos

de pelo menos R$ 340 milhões entre

acúmulo perseguido está sempre

culpado enquanto não for julgado

diante de desmandos relaciona-

2010 e 2014... o marqueteiro e sua

na direção de aumentar o leque

e condenado como tal. Chama a

dos ao dinheiro público ou de

mulher tinham uma contabilida-

do domínio sobre as pessoas. A

atenção, porém, a desfaçatez como

dinheiro repassado para facilitar

de ‘simples e rudimentar’’... Eles

tentação de fundo não é dinheiro

se tenta ludibriar as pessoas. Tal

caminhos na obtenção de benes-

não são corruptores, corruptos,

pelo dinheiro. Porque não dá para

como a afirmação de desconhecer

ses e facilidades em relação às

intermediadores de dinheiro...

comer mais do que se aguenta,

quem depositou vultosa quantia

obras públicas e outras sendas

Estamos diante de um ‘simples

nem para vestir várias roupas ao

em conta pessoal. Este “imbróglio”

de influência e proveito. Servindo,

caso’ de sonegação fiscal... A

mesmo tempo, nem para dirigir

todo vai manchando o quadro de

achacadores, dos mentirosos e dos

também, para financiamentos de

origem de todo o patrimônio do

muitos carros ao mesmo tempo,

valores de nossa convivência. O

corruptos e dos corrompidos de

campanhas eleitorais. E pagando

marqueteiro é lícita... com exceção

etc. É aquilo que o dinheiro pro-

velho ditado que “mentira tem

todos os naipes a serem excluídos

marqueteiros para que “vendam”

da offshore Shellbill (esta não

porciona. Tal como o estabelecer

perna curta” está com os dias

dos serviços de representação pú-

candidatos. Estamos chegando ao

era conhecida nem mesmo pelo

dependência de pessoas. O que

contados. E faz lembrar aquilo

blica. Não pode haver lugar para

limite do absurdo: a afirmação é a

escritório de contabilidade)... eles

impressiona é o contorcionismo

que Voltaire, pensador francês,

essas pessoas nos encargos dos

de que dinheiro não contabilizado

‘conscientemente’ sonegaram uma

para explicar as situações. Isso é

afirmava de forma pessimista

poderes Legislativo, Judiciário

e não declarado conforme a Lei

informação nossa (do escritório

para mim comprovação de que

(realista?): “A mentira repetida

e Executivo. Cabe sempre fazer

é um crime menor. Trata-se de

de contabilidade) e do fisco”.

existe algo de errado. Quando a

mil vezes torna-se verdade”! E

o longo caminho da Educação,

um simples crime fiscal. Punido

Outro fato é a da informação de

resposta é simples e direta ela tem

mais: “Encontra-se oportunidade

da formação da Consciência.

com multas. É um mero “caixa

que uma contabilidade paralela

o caráter da veracidade. Aquilo

para fazer o mal cem vezes por

Como um grande plantio a ser

dois”! Isso, subliminarmente, não

de uma empresa, também en-

que Jesus disse no Evangelho:

dia e para fazer o bem uma vez

cuidado. Retirando as ervas

compromete a honorabilidade de

volvida na Operação Lava Jato,

“Seja o vosso ‘sim’ sim e o vosso

por ano”! A indignação diante de

daninhas, adubando, afofando

quem pagou e de quem recebeu!

denominou de ‘acarajé’ a quantia

‘não’ não” (Mateus 5,37). É certo

atitudes que solapam a credibili-

a terra, providenciando a água.

Não quero cansar quem me lê, mas

que era repassada de forma não

que a Lei prevê que o indiciado

dade nos deve ajudar a atitudes

Até chegar o dia da colheita!

faço um apontamento de algumas

correta. O dinheiro sempre foi e

não é obrigado a oferecer provas

que retirem a possibilidade dos

E ele chegará!

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.


Reflexão e Práxis

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Jornal do Meio 839 Sexta 11 • Março • 2016

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

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E este é um ponto importante do debate.

Lula, pelo seu depoimento e por

Até que ponto o nosso Estado de Direito,

ações que expressam, claramente, a pouca

regido por leis constitucionais e caracteriza-

maturidade política e democrática do Brasil.

do pelo direito de defesa, pode minimizar a

A referência são as trocas de agressões entre

ação dos julgamentos prévios? E notem que

os partidários do PT e do PSDB.

aqui a defesa ou não do ex-presidente não é

O desejo de setores da sociedade foi con-

significativa, pois o importante é refletir de

cretizado com a convocação de Lula, via

que forma a nossa Justiça pode garantir o

medida judicial coercitiva, para prestar de-

julgamento justo, após investigações precisas

poimento na Polícia Federal, em São Paulo,

e sem espetáculo midiático, e o quanto ela

no aeroporto de Congonhas. Interessante

tem o poder de fazer cumprir as nossas leis

foi notar que para alguns isto foi uma vitória

a quem quer que seja. E o ex-presidente não

e uma confirmação apressada da culpa do

está, segundo o ideal da República, acima

ex-presidente, além de erroneamente criar

e nem abaixo de nenhum de nós.

o falso mito do fim mágico da corrupção

Mais que isso – até que ponto as notícias

brasileira, como se ela fosse fruto de um

veiculadas pelos meios de comunicação de

único partido político ou de uma única

massa são isentas? Sabe-se que setores da

quadrilha, reforçando uma visão messiânica

mídia são abertamente contra o ex-presidente

que desresponsabiliza as pessoas de agir

e a atual presidente Dilma. Como afirmar a

para a diminuição da corrupção, vista, por

isenção jornalística destes canais de notícias?

aqui, com bons olhos e sendo, inclusive,

Em quem devemos, portanto, acreditar?

aconselhada em alguns casos até mesmo

Os desdobramentos políticos da última

por pais e homens públicos.

semana ainda são recentes e não acabados

Como consequência desta ação, foi levantada

para a formulação de um juízo correto e

a questão da politização do Poder Judiciário

moderado sobre o que ocorreu.

que, indicam alguns, só se preocupa em

Entretanto, fica a pergunta – a Operação

investigar o ex-presidente e o PT deixando

lava a Roupa Suja ficará restrita aos limites

de lado, inexplicavelmente, as acusações de

do jogo político-partidário ou a Justiça, tão

corrupção que pairam sobre FHC, Serra,

morosa e parcial do Brasil, irá nos surpreen-

Alckmin e o PSDB. A não resposta do Judi-

der e cumprir seu papel constitucional de

ciário abre caminho para estas leituras, pois

forma plena, segura e imparcial?

as acusações são tão contundentes quanto

E como uma ponderação saudável vale a

as claras acusações contra o ex-presidente.

pena refletir – caso a operação seja um tiro

Na esteira disto tudo, ressurge o debate

no pé, como afirmam alguns, o que ocorre

sobre a presidente Dilma, sob a qual nada

com a imagem do ex-presidente?

(?) coisa: isso Profeta hebreu

Santa (?), município do Maranhão A brincadeira que não ofende (pop.)

"(?) Save the Queen", hino inglês

"(?) vida!", expressão costarriquenha Restituir o vigor Pousada, em inglês Cesar Cielo e Felipe França

BANCO

Maior nota do real Endereço (abrev.)

Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor.

vestigações que as confirmem alimentando

E-mail: p.m.galasso@gmail.com

Marguerite (?), escritora de "O Amante"

"La Vie (?) Rose", sucesso Pagar (?): de Edith dar vexaPiaf me (gír.) (?) del Plata, porto argentino

Busca; procura 500, em romanos

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Solução

pública já foram decretados, ou seja, para Dilma é fato, mesmo sem as provas e as in-

"(?) Simpsons", desenho animado

A ciumen- Informado ta esposa A viciada de Júpiter em nar(Mit.) cóticos

foi provado, mas cujo julgamento e sentença milhões de pessoas a culpa da presidente

Spike Lee, cineasta Sílaba de "sanca"

C T O A G I A R

a ideia do impeachment.

denúncias contra o ex-presidente

Iludir

M U M O S G A R E S S A L S L O S A S A D O I N E S A T G O D M U M I M A R C A T A O R E S

A última semana foi marcada pelas

Esporte de origem japonesa

S C O U R E L N T E G I L A V I N O A D I R A C E E A N N N D A D

por pedro marcelo galasso

Urgente (abrev.)

Uma das formas de venda de álcool Empresa de microprocessadores A terra trabalhada por ceramistas

J U S P U A R I N A

a Roupa Suja

2/en. 3/god — inn. 4/juno — pura — sumô. 5/duras — intel. 7/gelosia — usuária.

Operação Lava

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Constran- Prática agrícola que Ensinamento do final de fábulas ger; forçar garantiu o sucesso Grade de Preparado culinário das capitanias hereditárias de janelas de apreciado em pizzas Pernambuco e São Vicente (SP) madeira, e em macarronadas é típica da arquitetura árabe

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Jornal do Meio 839 Sexta 11 • Março • 2016

por Shel Almeida

Já há algum tempo tem se tornado comum vermos notícias na imprensa a respeito de alguma cientista e/ ou pesquisadora brasileira que alcançou destaque internacional por conta do seu trabalho. Como exemplo, podemos citar a astrofísica Thaisa Bergmann, que pesquisa buracos negros ou a biotecnóloga Bianca Marigliani que estuda um método de pesquisa in vitro sem uso de animais. Com isso, é possível perceber que a área de pesquisa científica tem sido apenas mais uma em que as mulheres vem se destacando. Isso demonstra que, quanto mais as mulheres conquistam espaços antes majoritariamente masculinos, mais elas mostram que têm muito a oferecer. Basta que seus trabalhos sejam incentivados e valorizados. No final de 2015, mais uma pesquisadora brasileira - e com raízes bragantinas - teve seu trabalho reconhecido internacionalmente. Daniela Magro, nutricionista e aluna de pós-doutorado da Faculdade de Ciência Médicas da Unicamp, recebeu o Prêmio Jovem Pesquisador durante o Congresso Americano de Doença Inflamatória Intestinal, realizado nos Estados Unidos, em dezembro. A pesquisa “Evaluation of GLP-2 levels in Crohn’s disease” avaliou os níveis dos hormônios GLP-1, GIP e GLP-2 em pacientes com a doença de Crohn, uma inflamação crônica do intestino associada à diarreia e desnutrição. Para leigos, parece complicado mas, em conversa com o Jornal do Meio, Daniela, explicou os benefícios que a pesquisa poderá trazer a muitos pacientes.

Descoberta Neta da Sra. Rosinha Siqueira e filha de Neusa de Souza Siqueira Magro, Daniela se formou em Nutrição, pela PUCCAMP, em 1992. No ano seguinte iniciou sua relação com a Unicamp, em um curso de Aprimoramento em Epidemiologia outro em Saúde Pública. Em 1994 ingressou no Mestrado, trabalhando com colesterol infantil e nutrição em crianças. Entre 1998 e 2001, durante o Doutorado, trabalhou com nutrição e HIV. Dali em diante começou a atuar como Pesquisadora Colaboradora Voluntária, dentro da própria universidade, onde permanece até hoje. “Nesse cargo você tem a disposição todo o equipamento da Unicamp, mas você não é remunerado, pode participar de pesquisa, orientar trabalhos, entre outras coisas. Até 2014 trabalhei com HIV e com cirurgia bariátrica. Trabalhei a vida toda com pesquisa, desde que me formei e, paralelamente a isso, com atendimento clínico. A partir de uma pesquisa relacionada a hormônios em obesos mórbidos, o Dr. José Carlos Pareja, que é nosso grande mentor, sugeriu que eu e o Dr. Cláudio Coy realizássemos a mesma pesquisa em Doença de Crohn. Diante disso, escrevi um projeto para a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que no Brasil é quem mais financia pesquisa científica. Com essa financiamento podemos dar continuidade e concluímos que as deficiências nutricionais dos pacientes com a doença de Crohn não estão apenas relacionadas às alterações inflamatórias que a enfermidade ocasiona no trato gastrointestinal, mas também, à secreção dessas substâncias. Existiam poucos estudos em relação a isso e a pesquisa conseguiu

elucidar, um pouco, sobre o porquê desses pacientes serem tão emagrecidos. É uma doença que desgasta muito, os pacientes muitas vezes precisam ser afastados dos trabalho. E hoje em dia, essa doença vem aumentando na população mais jovem. É uma doença que ataca o sistema imunológico e, claro, o fator genético também influencia. Mas, o que temos percebido, é que os alimentos industrializados também estão associados com o aumento da incidência de Doença de Crohn”, explica.

Especialista O mais interessante na carreira de Daniela é que, como ela atua tanto na área de pesquisa quanto na área clínica, ela consegue ter uma visão diferenciada, com uma coisa auxiliando diretamente a outra, o que faz com que ela possa acompanhar o processo como um todo. “Eu posso aplicar sempre o que eu pesquisei na minha conduta clínica. São 24 anos trabalhando com pesquisa o que me fez especialista em algumas linhas da nutrição, que são as de crianças com HIV e também obesidade mórbida e cirurgia bariátrica. Ao conciliar as duas coisas, meu trabalho como pesquisadora não é apenas um objeto de estudo ou um trabalho publicado, é algo que irá beneficiar diretamente meus pacientes. Para mim, isso é o ideal, porque eu pesquiso e atuo. É muito gratificante, tanto para mim quanto para o paciente, ver os resultados do que pesquisei acontecendo de fato. E, diante dessa descoberta, criamos um manual de orientação nutricional para todos os pacientes de Crohn da Unicamp. Esse material também foi enviado aqui para Bragança, pelo Dr. Martinez, que também participou da pesquisa e atua no HUSF, para Porto Alegre, Botucatu e Curitiba.”, conta

Daniela, com a mãe Neusa e a avó Rosinha. Pesquisadora tem origens bragantinas.

Bragança Como Daniela contou, em Bragança os pacientes de Crohn também serão diretamente beneficiados pela pesquisa. O Jornal do Meio conversou, também com o Médico Cirurgião do Aparelho Digestivo, Dr. Carlos Augusto Real Martinez, que é professor de Pós-graduação em Ciências e Saúde, na Universidade São Francisco, e atua no HUSF, nas áreas de Oncologia Cirúrgica e Coloproctologia. “Essa trabalho realizado pela Daniela é muito importante porque está chamando a atenção para a relação hormonal na doença de Crohn, pela primeira vez. A minha colaboração foi na coleta de dados. Como eu atuo tanto na Unicamp como no HUSF, tenho a possibilidade de aplicar em meus pacientes. Fizemos o estudo em pequeno grupo, em Campinas, e agora também iremos fazer o mesmo estudo com pacientes em Bragança, para confirmar os resultados da pesquisa e, posteriormente, poder disponibilizar essa nova estratégia. E, se o resultado for confirmado, o que nós acreditamos que será, Bragança será a segunda cidade do mundo a participar do protocolo. Essa doença é pouco conhecida, mas, atualmente, temos cerca de 300 pacientes na cidade, que são atendidos toda quinta a tarde em um ambulatório específico do HUSF, pelo SUS. Antes, eles não eram atendidos por especialistas e por isso, muitas vezes o problema era confundido com uma diarreia simples. Essa pesquisa vai beneficiar diretamente esses pacientes”, afirma.

Daniela com o orientador do trabalho Prof. Dr. Cláudio Coy, durante o Congresso Americano de Doença Inflamatória Intestinal.

Certificado do Prêmio recebido por Daniela. Pesquisa terá continuidade, inclusive em Bragança.


Jornal do Meio 839 Sexta 11 • Março • 2016

Saúde

Entenda as diferenças entre

alergia e intolerância ao leite por REGIANE SOARES/FOLHAPRESS

Quando o assunto é leite, muitas dúvidas

lactase sob orientação médica ou de um nutri-

surgem sobre as reações do organismo. Mas

cionista.

muitos desconhecem a diferença entre ter

Já a alergia à proteína do leite não é tão comum,

alergia e intolerância ao alimento.

mas suas consequências são mais graves. A aler-

Segundo especialistas, é importante esclarecer

gia acontece porque o organismo entende que a

que alergia e intolerância são duas reações dife-

proteína é um inimigo e produz anticorpos para

rentes a substâncias diferentes que existem no

se defender. Nesse processo, a pessoa pode ter

leite. A intolerância é à lactose, que é o açúcar

diarreia, coceira, manchas vermelhas no corpo e

do leite. Já a alergia é a uma das proteína que

dificuldade de respirar. Em casos graves, o alérgico

existem no leite, como a caseína.

pode ter um inchaço na glote (que fica na faringe),

A intolerância ocorre quando o organismo deixa

o que impede a entrada de ar para os pulmões, e

de produzir uma substância chamada lactase, que

morrer após parada respiratória.

tem a função de digerir a lactose. Quando isso

“Não há tratamento para quem é alérgico. Por isso,

acontece, as bactérias existentes no intestino

a pessoa não deve consumir leite nem nada que

tentam se alimentar dessa substância. Segundo

seja feito com leite”, disse a nutricionista Edvânia

o gastroenterologista Eduardo Berger, do Com-

Soares, da Estima Nutrição. (Regiane Soares)

plexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, essa

Observe as reações do organismo

ação das bactérias provoca uma fermentação no

Os especialistas recomendam que quem gosta de

intestino e se transforma em gases que causam

tomar leite deve prestar atenção na reação do

desconforto gástrico ou diarreia.

organismo após consumir o alimento. Isso porque

“O que as pessoas chamam de intolerância à lac-

muitas pessoas têm intolerância à lactose, mas

tose é, na verdade, uma deficiência do organismo

ainda não foram diagnosticadas. Para saber se

de produzir a substância que digere o açúcar do

tem intolerância, um exame de sangue vai medir

leite”, afirmou Berger.

a absorção do açúcar do leite. No caso da alergia,

Para suprir essa deficiência, é possível tomar

vai verificar a produção de anticorpos.

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Jornal do Meio 839 Sexta 11 • Março • 2016

Michael Lewis retrata quem

ganha dinheiro com a crise Obra que inspirou o filme ‘A Grande Aposta’ mostra sangue frio de investidores por ALEXANDRE VERSIGNASSI/FOLHAPRESS

Eis o maior erro de quem não conhece o mercado financeiro: achar que ninguém gosta de crise. Não falta gente que adora, porque os momentos de baixa são tão bons para fazer dinheiro quanto os de alta. Às vezes, são melhores. Michael Lewis, autor que já trabalhou em Wall Street, sabe bem disso. E quando fez um livro sobre o maior apocalipse financeiro desta geração, o “crash” de 2008, decidiu contar a história justamente do ponto de vista de quem ganhou muito dinheiro com a quebradeira. Ele foi atrás de quem ficou bilionário com o colapso dos títulos imobiliários nos EUA. Achou uma dúzia desses sujeitos e escreveu “A Jogada do Século”. O livro virou best-seller, e o filme baseado nele (“A Grande Aposta”) concorre agora ao Oscar. No Brasil, o livro e o filme saíram com títulos diferentes. Lá fora, não: ambos os produtos são chamados de “The Big Short”, título simples com uma ideia complexa, pois faz referência ao mecanismo financeiro que o pessoal usa para ganhar na baixa: o “short sale” (“venda a descoberto”, em português). “Vender a descoberto” é o seguinte: eu tenho umas ações e acredito que o preço delas vai subir. Você não tem ação nenhuma e acha que elas vão cair. Vamos dizer, então, que cada ação esteja a R$ 5 hoje. Você me faz uma proposta: “Vou te vender 1 milhão de ações. Mas você é amigo meu, então te vendo por R$ 4. Pode confiar. Beleza?”. E você só me pede uma condição: que essa venda aconteça daqui a três meses. Como eu acredito que as ações vão ter subido lá na frente, aceito o acordo de olho fechado. Negocião: vou comprar por R$ 4 uma coisa que hoje vale R$ 5, e que vai estar valendo uns R$ 10 lá na frente.

O tempo passa e, no terceiro mês, a ação derreteu. Está valendo R$ 1. E eu fiz a besteira de assinar com você um contrato me comprometendo a comprar 1 milhão de ações a R$ 4. Agora, abraço. Rodei. Não esqueça: você não tinha ação nenhuma quando me propôs a venda, e continua não tendo. O que você faz, então? Pega dinheiro emprestado no banco e compra 1 milhão de ações a R$ 1, que é o preço delas agora. Então me vende imediatamente a R$ 4, como manda o nosso contrato. E sai da operação R$ 3 milhões mais rico, sem nunca ter investido R$ 1. Foi uma “venda a descoberto”: você me vendeu algo que não tinha, por um preço que eu achava vantajoso quando assinei o contrato. Grande jogada. Esse exemplo não é uma simplificação exagerada. Isso acontece todos os dias no mercado financeiro. O colapso das empresas do Eike Batista, por exemplo, transformou muito investidor pequeno em milionário. As desabadas recentes da Petrobras e da Vale também –choveu venda a descoberto das duas. Lá atrás, na crise de 2008, alguns especuladores de sangue frio fizeram esse movimento não com ações, mas com títulos hipotecários. Só que não importa, dá exatamente na mesma. E é o que Michel Lewis conta em seu “A Jogada do Século”. ALEXANDRE VERSIGNASSI é autor de “Crash - Uma Breve História da Economia” (LeYa) A JOGADA DO SÉCULO AUTOR Michael Lewis TRADUÇÃO Adriana Ceschin Rieche EDITORA Best Business QUANTO R$ 45 (322 págs.) AVALIAÇÃO Muito bom

Foto: Divulgação

Brad Pitt em cena de “A Grande Aposta”, filme indicado em cinco categorias do Oscar. Foto: Divulgação

Brad Pitt em cena de “A Grande Aposta”


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Momento Pet

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Comportamento

“A vida te ensina a viver” por MIRIAN GOLDENBERG /FOLHAPRESS

Faz parte do processo de amadurecimento saber lidar com os problemas e reduzir o sofrimento inevitável Entrevistei homens e mulheres que enfrentaram inúmeras dificuldades ao longo de suas vidas. Muitos afirmaram que faz parte do processo de amadurecimento saber lidar com os problemas de tal forma que, além de buscar a solução possível, consigam minimizar o sofrimento inevitável. Uma atriz de 59 anos disse: “Encontrei meu ex-marido passeando com a namorada. Parecia que ele estava se exibindo, querendo provar que estava muito mais feliz sem mim, que a vida dele melhorou depois da nossa separação. Se eu fosse mais nova iria chorar, ficar triste, ligar para minhas amigas para

dizer que ele é um grande babaca. Mas eu me surpreendi com a minha reação. Decidi não me fazer de vítima e percebi que não quero ter na minha vida um homem que faz questão de me fazer sofrer. Resolvi ligar o botão do foda-se e deletá-lo da minha vida para sempre”. Um professor de 67 anos considera que a conquista da maturidade é resultado de aprender a lidar cada vez melhor com os problemas. “Para mim o que importa não é o problema, mas a maneira como eu lido com ele. Sempre que aparece uma dificuldade eu tento me acalmar e dizer para mim mesmo: ‘Como eu vou administrar este problema?’ Em vez de entrar em pânico, eu busco uma saída. E,

se ela não existir, procuro uma forma mais tranquila de lidar com o problema para que ele não afete toda a minha vida. Descobri que a resposta nem sempre é sim ou não, mas algo no meio do caminho.” O professor já encontrou muitas soluções com o “caminho do meio”. “Uma vez fui convidado para participar de um importante evento científico. Queria responder que sim, mas isso iria me custar muito em termos de saúde. Se eu respondesse que não, perderia uma excelente oportunidade profissional. Sugeri que a minha participação fosse por Skype e eles aceitaram. Não precisei sair de casa e foi um sucesso”. Ele afirma que o segredo é focar no ganho

que pode ter cada vez que consegue enfrentar as dificuldades com equilíbrio: a conquista da maturidade necessária para administrar os novos problemas que, com certeza, virão no futuro. Ele conclui: “Minha frase preferida é: ‘a vida te ensina a viver, se você viver o suficiente’”. E você, já experimentou resolver seus problemas com o “caminho do meio”? Qual é a sua fantasia? MIRIAN GOLDENBERG é antropóloga, professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Velhice” (Ed. Record) miriangoldenberg@uol.com.br


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