850 Edição 27.05.2016

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Braganรงa Paulista

Sexta 27 Maio 2016

Nยบ 850 - ano XIV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


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Para pensar

Jornal do Meio 850 Sexta 27 • Maio • 2016

Expediente

O mistério da

Santíssima Trindade por Mons. Giovanni Baresse

Permito-me retomar escrito de algum tempo atrás. Mesmo porque me parece que não saberia o que acrescentar. E creio que traz o essencial sobre o tema e sobre a finalidade desta página. Como que fechando o ciclo pascal (embora “oficialmente” ele termine em Pentecostes), a Igreja celebra a festa da Santíssima Trindade. Festa que entrou no calendário litúrgico por volta da metade do século XIV. Entrada tardia porque havia - e continua havendo - a convicção que todo domingo é dia da Trindade. Porém, já que a festa existe, vale a pena fazer uma parada e rever a imagem de Deus que nós temos e em que Deus nós acreditamos. Faço parte dos cristãos que receberam a primeira catequese no modo de memorização. Uma das primeiras perguntas do catecismo era: “Quem é Deus?” E toda a criançada (eu com seis anos) respondia: “Deus é um espírito eterno, não criado, perfeitíssimo, criador do céu e da terra!”. Deve haver mais alguma qualificação ou adjetivo que, agora, não estou lembrando. Claro que para nós,

crianças, a afirmação dizia pouco no sentido da compreensão. A catequista ensinava. A gente aceitava. Mesmo porque em casa e na catequese havia coerência nas respostas. Tanto os pais como as catequistas mostravam por suas atitudes que acreditavam naquilo que ensinavam. Quando, depois, se dizia que Deus era uno e trino (Pai, Filho e Espírito Santo) éramos colocados diante da palavra mistério. O mistério da Santíssima Trindade. E lá se desdobravam as catequistas a nos explicar como um eram três e três eram um. A tentativa de explicação é a tendência de todos nós. Na história de Santo Agostinho nos é oferecida a chave para crer no mistério trinitário: o mistério não é para ser enfiado em nossas cabeças. Nós é que devemos mergulhar nele. Isso nos é mostrado na experiência singela - construção simbólica trazida até nós - do encontro de Jesus menino com Agostinho numa praia. Ao ver o menino pegando água do mar para colocar num buraquinho Agostinho pergunta o que o menino queria fazer. O garoto responde que

queria colocar o mar dentro do buraquinho. Agostinho fala que isso era impossível. E o menino lhe responde dizendo que ele estava fazendo a mesma coisa: queria colocar o mistério de Deus dentro de sua cabeça. Quando vamos à praia nós entramos no mar e ele nos envolve e nos dá o prazer de vivenciá-lo com multiformes sensações. Ao tentar falar de Deus nós podemos construir imagens que são reflexo daquilo que somos. Por isso surgem imagens de um Deus que castiga, que vigia, que persegue, que se vinga. Quando Jesus Cristo nos revelou que podíamos falar com Deus chamando-o de Abbá - Pai, abre-se a oportunidade de descobrir a face verdadeira de Deus. Um Deus que no Antigo Testamento se apresentara a Moisés como clemente e cheio de compaixão, paciente, misericordioso e fiel, que conserva a misericórdia até a milésima geração, que perdoa culpas, delitos e pecados (Êxodo 34,6). O v.7, que fala do castigo que filhos sofrem por erros dos pais, é a afirmação das conseqüências que acontecem a pessoas inocentes. É a constatação que

a Bíblia faz daquilo que a nossa vida apresenta. Não é desejo nem determinação divina. Nosso Deus, revelado a nós por Jesus Cristo, é uma comunidade de amor que nos chama a participar de sua vida. Um Deus que nos quer introduzir na alegria de sermos seus filhos e filhas. Ao descobrir essa alegria isso nos leva a comunicá-la aos outros. Deus nos ama tanto que no seu Filho se tornou um de nós e nunca mais se separou de nós. Deus não tem medo de misturar-se conosco. Ama-nos sempre. Com um amor incansável. O Deus que cremos - Pai, Filho e Espírito Santo - se revela a nós como Amor (1ª João 4,8). E nisto nos revela que só na sua convivência nos realizaremos plenamente. Recordo, novamente, com palavras livres a constatação de Santo Agostinho: “Nosso coração vive inquieto enquanto não repousar em ti”. Só o Deus revelado por e em Jesus Cristo é o Deus libertador. As outras imagens de Deus aprisionam e amedrontam. A missão, nestes tempos que nos levam a buscar os deuses do momento, é o anúncio daquele que nos criou

Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

à sua imagem e semelhança e nos predestinou a ser filhos no Filho (Efésios 1,3ss.). É sempre tempo de encontrá-lo! Encerro esta reflexão, tomando, de novo, a palavra de Santo Agostinho como uma oração que deve estar sempre em nossos lábios e em nosso coração: “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo... Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz”! (Do Livro das Confissões de Santo Agostinho).


Reflexão e Práxis

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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Maneira petulante de agir Lance do jogo de bilhar e de golfe

Magnetizado (o metal) (?) Escovinha, personagem do "Recruta Zero" (HQ)

por pedro marcelo galasso Assim, em espanhol Piloto (?), recurso de aviões Que não se mexe (fem.)

Placa-(?), componente do micro

Intento do vigarista

Condições para se atingir certos fins

A aluna que irá sair-se mal nas provas Ação própria de crianças irrequietas Vogal do vocativo

Juntei; acrescentei

Peça do mostrador da bússola (pl.)

Enrique Egas, arquiteto espanhol

Poema lírico de origem grega

O táxi sem passageiros

(?)-shirt: camiseta (ing.) Ver, em inglês

Os verbos como "viver" e "cantar"

Formato do palito de dentes

Página (abrev.) Gostei muito de

"Urbano", em IPTU "Nosso (?)", clássico da Literatura espírita brasileira

Secreção hepática Capacidade potencializada pela catuaba (pop.)

"(?) Clarín", jornal argentino

Teófilo Ottoni, político brasileiro

(?) Howard, cineasta dos EUA

Executivo, Legislativo e Judiciário Ponce de (?): descobriu a Flórida (EUA) A pessoa considerada "cópia" de outra

BANCO

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Solução A E S S T E A DI C O A D D A A I E M P A R D E O N E S I A R

Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

A D D O E N S T I R A R D E A G U L D A R D E O S

a sua aplicação e sabemos, de antemão, o que será feito e quanto será gasto. Esta informação é importante para que pensemos o faz o Ministério da Cultura, quanto ele gasta, qual sua importância e questões próximas a isso. Sem nos prendermos a termos técnicos, em linhas gerais, o processo orçamentário tem quatro grandes fases, que se repetem todos os anos, a elaboração, a aprovação, a execução e controle e a avaliação sobre o que foi feito, ou seja, os instrumentos existem e são bem definidos, mas há a possibilidade de mudanças orçamentárias via Congresso Nacional, segundo os desejos e as necessidades dos poderes Executivo e Legislativo, o que pode comprometer as fases citadas acima. Para 2016, o orçamento do Ministério da Cultura é ou era, não sabemos ao certo sobre a permanência ou fechamento do ministério, de 2,2 bilhões de reais, divididos em ações obrigatórias, discriminatórias e financeiras, nas seguintes áreas – administração geral, difusão cultural, promoção comercial e demais (sempre obscuras ou alvo de dúvidas). Já sabíamos, portanto, o quanto seria gasto e como seria gasto. O Ministério da Cultura é um exemplo de como a nossa máquina estatal nos aprece estranha. Parte deste estranhamento surge por conta de críticas a algumas de suas ações, o que compromete visão que a sociedade, de uma maneira geral, faz sobre a importância da Cultura no Brasil. A existência do Ministério da Cultura, com a revisão de seu papel e de seus financiamentos, é importante? A resposta cabe a cada um e a visão de futuro que cada pessoa tem para o Brasil, pois não sabemos ao certo qual será a postura do atual governo. O que dizer, então, do orçamento de 7,5 bilhões para o Congresso Nacional? O dinheiro destinado a eles vale mais ou menos que o dinheiro investido na Cultura? Estas parecem ser boas perguntas.

3/así — ron — see. 4/león. 5/imota. 10/virilidade. 17/assédio da imprensa.

O fechamento e a reabertura do Ministério da Cultura foram o centro das discussões no início do governo do por hora presidente Michel Temer. A questão sobre este ministério é um exemplo de como as questões do Estado são desconhecidas para a grande maioria de nós, os cidadãos, que formamos a sociedade civil brasileira e pagamos, via impostos, o funcionamento da estrutura estatal. O orçamento é, segundo informações do governo federal, a previsão de gastos do Estado para o ano seguinte a sua aprovação, ou seja, ele é uma peça administrativa pautada em uma previsão acerca de possíveis gastos federais e na ideia de equilíbrio fiscal, algo que, habitualmente, não ocorre dada a incapacidade de nossos gestores públicos em cumprir aquilo que é proposto e aprovado pelo próprio governo, o que nos leva, sempre, as famosas e inacreditáveis revisões orçamentárias. Além disso, o orçamento é uma peça fundamental para que o governo possa cumprir suas responsabilidades sociais enquanto uma República. O fato o governo não respeitar suas próprias regras e de ser incapaz de gerir seus negócios nos faz assistir uma briga, sem muito fundamento técnico, entre os que defendem o retorno do Ministério da Cultura e outros que não vêem a necessidade ou a razão de ser do mesmo ministério. E, para tornar tudo mais confuso, as redes sociais, com suas imprecisões e inverdades, têm apresentado imagens de países que são desenvolvidos e que não possuem um ministério da Cultura, mas estas mesmas pessoas não percebem que as necessidades de países nos quais a coisa pública e o dinheiro público são bem aplicados e bem geridos têm necessidades menores e mais simples que as nossas. Caso tivéssemos tempo para ler o orçamento federal, algo técnico e feito pelos especialistas sobre o tema, talvez a questão sobre o Ministério da Cultura fosse mais clara ou, ao menos, a discussão seria mais coerente com as necessidades da coisa pública brasileira. A alocação de recursos, por exemplo, existe e é apresentada com antecedência

M D A I B E R D M A N T A I T E N N Ã Ç U T O M A Ã OT A S P R E P E E O R A QU I N R I T L S E E I R I L I T R V O R E S P O E L S

e os ministérios

© Revistas COQUETEL

(?) nupcial: Condição Situação que irrita certas celebridades rito de aca- da leoa salamento que atuava (?) Diego de La Vega: de aves em circos o Zorro (Cin.)

O Planeta Vermelho Nesse momento

A L I A S T A I M D E N T O F E V O T N O

O orçamento

Microscópicos Bahia (sigla)

Duas obrigações cívicas do homem brasileiro

Casas em Condomínio

Jd. das Palmeiras..................................................................................................................R$ 650 mil Florestas de São Vicente (nova)..............................................................................................R$ 580 mil Euroville (nova).....................................................................................................................R$ 950 mil Portal de Bragança (nova)................................................................................................R$ 1.3 milhões Village Santa Helena....................................................................................................R$ 1.490 milhões Portal Bragança Horizonte (nova)..........................................................................................R$ 770 mil Villa Real (nova)....................................................................................................................R$ 900 mil Rosário de Fátima ( Ac imóvel – valor)............................................................................R$ consulte-nos

Terrenos em Condomínio

Portal Bragança 450m².........................................................................................................R$ 290 mil Villa Real 428m²...................................................................................................................R$ 150 mil Colinas de São Francisco 616m².............................................................................................R$ 290 mil Terras de Santa Cruz 600m²...................................................................................................R$ 120 mil Portal Bragança Horizonte 341m²..........................................................................................R$ 200 mil

Apartamentos

Ed. Piazza de Siena................................................................................................................ R$ 950 mil Apto. Jardim do Lago............................................................................................................. R$ 300 mil Apto. Centro (novo)................................................................................................................R$ 255 mil Ed. Don Pedro I...................................................................................................................... R$ 650 mil Apto. Jd nova Bragança ( Alto Padrão 230m² 3vagas)...................................................... R$ Consulte-nos

Diversos

Casa Jd. Europa.....................................................................................................................R$ 530 mil Terreno Jd do Lago Comercial 600m²..................................................................................... R$ 600 mil


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por RACHEL BOTELHO/FOLHAPRESS

Com a promessa de secar a si-

atividade com exercícios de flexibilidade

nhece que a melhor estratégia de fitness

“Quanto mais alta a intensidade, maior

lhueta em pouco tempo, o treino

e fortalecimento muscular, segundo o

é aquela que incorpora uma variedade de

a quantidade de gordura consumida. Se

intervalado de alta intensidade

fisiologista Turibio Leite de Barros, da

exercícios diferentes e que é prazerosa,

quero tirar a capinha de gordura, dar aquela

(HIIT, na sigla em inglês), que intercala

Unifesp. “O HIIT está longe de ser um

para facilitar a adesão à prática.

reduzida na silhueta, ele é mais eficiente do

alguns segundos (isso mesmo, segundos)

exercício completo”, afirma.

“Feitas as ponderações necessárias, pessoas

que o treino tradicional”, afirma Moscardi.

de esforço extenuante com repouso ou

Uma pesquisa realizada no Canadá e pu-

que têm muito pouco tempo disponível

Para os alunos, a chance de entrar em

diminuição do ritmo, se tornou a nova

blicada em abril no periódico “PlosOne”

podem usar o HIIT de modo eficaz”, diz.

forma rapidamente não é o único atrativo

vedete das academias.

com homens na faixa dos 20 anos mostrou

Cada academia oferece um programa

dos treinamentos de alta intensidade. “É

Estudos recentes mostram que, diferen-

que apenas um minuto fracionado de

diferente de HIIT, com duração variável,

um treino curto e intenso, não é maçante.

temente do que dizia a literatura médica

exercício extenuante, alternado com nove

que pode ser realizado na esteira, na bike

Cansa muito, e eu já perdi uns dez quilos

anterior, fazer exercício intenso por cur-

em ritmo lento, é capaz de incrementar os

ou na área de musculação, com aparelhos

em um ano”, diz a enfermeira Elena Fa-

tíssimo tempo é tão eficaz para manter a

índices cardiometabólicos tanto quanto 45

ou com o peso do próprio corpo.

gundes, 55, que atualmente faz aulas de

forma e a saúde em dia quanto o treino

minutos de prática moderada tradicional.

Todos eles promovem perda de gordura

HIIT na Competition.

tradicional.

Apesar da boa notícia, o próprio Martin

e ganho de massa muscular, segundo as

“Eu faço aquela aula pesada e saio mais

Os diversos tipos de HIIT (na esteira,

Gibala, um dos autores do estudo, reco-

academias.

alegre e relaxada”, completa.

piscina ou bike) vêm sendo muito pro-

Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

curados, principalmente por quem quer emagrecer ou tem pouco tempo para se exercitar, como a nutricionista Rafaela Kherlakian, 24. “Antes de a minha filha nascer, eu fazia musculação. Agora só faço essa aula, mas parece que fiz muito mais atividade física”, conta ela, que pratica V8lt (veja box ao lado) na Runner e é mãe de Maria Luísa, de quatro meses. Segundo Guilherme Moscardi, responsável pela área de treinamento da Runner, a ideia é que em meia hora a pessoa “pague a fatura”. Especialistas alertam, no entanto, que é preciso estar com a saúde em dia para aderir ao HIIT –já que o esforço exigido do coração e dos músculos é grande– e que não

Mulheres em uma aula de HIIT na esteira, na academia Competition; treino tem apenas 30 minutos de duração.

há comprovação de que a perda de peso

Foto: Bruno Santos/Folhapress

seja maior do que no treino tradicional. Para que a prática não cause desconforto nem exponha o participante a riscos cardiovasculares ou de lesões musculares, a intensidade e a periodicidade devem ser adequadas ao condicionamento físico de cada um. A essência do treinamento HIIT é usar os dois tipos de metabolismo (aeróbio e anaeróbio) para provocar o corpo. “É uma atividade voltada para quem não tem limitações de saúde. Se você tem pouco tempo, é melhor do que nada, mas ela expõe a muito mais riscos do que o treino convencional”, diz o médico do esporte e ortopedista Ricardo Munir Nahas, do Hospital Nove de Julho. Além disso, o ideal é complementar a

Série de alta intensidade com remo na academia Runner.


Comportamento

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Onde vivem os velhos Em vez de morarem com os filhos, cada vez menos numerosos, idosos estão optando por viverem sozinhas ou em outros arranjos, como repúblicas por JULIANA CUNHA/FOLHAPRESS

É mais provável que você passe

José Carlos é casado e não precisa de um

quarto com outras duas pessoas. Há serviços

sua velhice morando sozinho, com

cuidador. “Minha mulher é dez anos mais

desse tipo que chegam a R$ 20 mil por mês.

amigos ou numa instituição do que

nova, ainda trabalha. Vim por sugestão do

No serviço público também há iniciativas

na casa dos filhos, como era comum em

meu geriatra. Ele achou que passar uma

interessantes, embora estejam longe de suprir

Colunista lança livro sobre idosos

outras gerações.

temporada aqui seria uma boa forma de

a demanda. O programa “Acompanhante

A antropóloga, professora da UFRJ e

Especialistas em envelhecimento dizem que

socializar e criar disciplina com algumas

de Idosos”, da Prefeitura de São Paulo,

colunista da Folha Mirian Goldenberg

os arranjos do passado –quando os idosos

coisas, como a alimentação”, conta. Ini-

oferece visitas semanais de um cuidador

lança neste mês o livro ‘Velho é Lindo’

geralmente moravam sozinhos até que pre-

cialmente, ele vai passar quatro meses no

para idosos que moram sozinhos, mas que

(editora Record, R$ 39,90.). A obra é

cisasse de auxílio e fossem morar com um

“senior living”, como são chamadas as ILPIs

precisam de algum auxílio.

uma coletânea de artigos organiza-

dos filhos–, tendem a ficar menos comuns,

de alto padrão. Uma vez por semana, visita

Há ainda a Vila dos Idosos do Pari, um

dos por ela que tratam do processo

cedendo espaço para instituições de longa

a mulher em sua casa, em Higienópolis.

conjunto habitacional feito para maiores

de envelhecimento e desfazem a ideia

permanência e para novas soluções, como

O custo de um senior living como esse,

de 65 anos. Em Santos, idosos independen-

de que a terceira idade está ligada a

as repúblicas da terceira idade.

porém, é alto: as mensalidades começam

tes e de baixa renda vivem em repúblicas

fragilidades. Há estudos sobre o tema,

“Hoje, a maior parte dos idosos brasileiros

em R$ 5 mil para idosos que não precisam

com auxílio da prefeitura. Nesse caso, a

textos de acadêmicos e depoimentos de

vive em suas próprias casas. Os que precisam

de auxílio para se locomover e dividem o

prefeitura custeia o aluguel e os moradores

pesquisadores.

de ajuda costumam morar com os filhos, mas essa é uma solução complicada já que tanto

dividem os gastos.

Coletânea

Foto: Fabio Braga/Folhapress

as casas quanto as famílias diminuíram”, diz Marília Viana Berzins, assistente social do Laboratório da Longevidade. Em seu livro “70Candles! Women Thriving in Their 8th Decade” (Setenta velas: mulheres florescendo em sua oitava década, em tradução literal) as pesquisadoras Jane Giddan e Ellen Cole aconselham que depois de “certa idade” –embora nem elas arrisquem dizer qual seria esse número mágico–, devemos traçar planos de permanência ou de fuga do ninho, a depender das condições de cada um. “Nos EUA, quase 90% das pessoas com mais de 65 anos planeja envelhecer em sua própria casa, mas poucas tomam medidas para isso, como rever a acessibilidade dos cômodos e pensar no que pode ser feito para tornar o lugar seguro”, diz Giddan, que é professora de psiquiatria da Universidade de Toledo. Para ela, um pouco de planejamento pode prolongar a independência e permitir que as pessoas tomem as rédeas do próprio envelhecimento. Ela lista desde reformas e mudanças de bairro até um arsenal tecnológico de aplicativos de celular com localizadores familiares e câmeras que podem ajudar o idoso. No Brasil, já existem serviços como o Telehelp, que monitora clientes que vivem ou passam boa parte do dia sozinhos. “A

José Carlos Ferreira, 79, vive em um residencial para idosos, no Ipiranga, em SP Foto: Jorge Araújo/Folhapress

pessoa usa uma pulseira ou colar com um botão de emergência que pode ser acionado em casos de quedas, por exemplo”, explica Juliana Barieirom, diretora da empresa. O plano básico custa R$ 130 por mês. Idosos que não moram sozinhos ou com seus companheiros costumam viver com parentes, sobretudo com filhas mulheres, afirma Berzins. Segundo levantamento feito em 2009, apenas 1% dos idosos brasileiros vive em instituições de longa permanência (ILPIs, termo corrente para asilos e casas de repouso) A maioria (65,2%) dessas casas é filantrópica. As públicas somam apenas 6,6%. Esse mesmo estudo, feito pelas pesquisadoras do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Ana Amélia Camarano e Solange Kanso, aponta tendência de crescimento das instituições privadas com fins lucrativos: elas somam 57,8% das instituições criadas a partir de 2000. Desde 2015, o empresário José Carlos Fonseca Ferreira, 79 anos, vive em uma ILPI privada chamada Cora Residencial. Com filiais no Ipiranga e no Alto de Pinheiros, essa é a primeira rede de ILPIs do Brasil. Além das duas unidades abertas em 2015, eles pretendem abrir mais 30 nos próximos quatro anos.

Ieda Conceição, 67, Roseli Rodrigues ,74, e Idalino dos Santos, 86, em uma república de idosos em Santos, SP


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Saúde

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Asma

Mudança de temperatura pode agravar os sintomas da asma

por WILLIAM CARDOSO/FOLHAPRESS

Poeira, pelos, cigarro e

importante a higiene ambiental,

poluição são os grandes

como evitar exposição ao mofo,

inimigos das pessoas que

umidade, poeiras, fumaça de

têm asma.Outro motivo de preo-

cigarro e não ter animais dentro

cupação são as mudanças bruscas

de casa”, diz. Em alguns casos,

de temperatura, comuns agora

até uma crise de ansiedade pode

com a chegada dos dias mais

desencadear asma.

frios do ano, que podem agravar

Vida normal

os sintomas, caso a doença não

Embora possa causar sérios da-

esteja controlada.

nos, a asma não impossibilita

‘Os pacientes acreditam que é

a pessoa de exercer atividades

o frio que causa a doença e, por

cotidianas. “Se o paciente seguir

isso, evitam andar descalços, to-

as recomendações médicas e fazer

mar líquidos gelados ou sorvete

o tratamento de manutenção,

e dormir com a janela aberta.

fica isento de limitações. Diver-

Essas atividades não provocam

sos asmáticos brasileiros são ou

a doença. Apenas o asmático não

foram atletas olímpicos e alguns

controlado pode sofrer uma piora

até ganharam medalhas”, afirma o

dos seus sintomas com essas va-

pneumologista Roberto Stirbulov

riações de temperatura caso não

da Secretaria Municipal da saúde.

esteja fazendo o seu tratamento

(William Cardoso)

adequado’, diz Mauro Gomes,

Doença pode matar se não for

pneumologista e coordenador da

tratada

Comissão de Infecções Respiratórias

Se não diagnosticada e tratada

e Micoses da Sociedade Brasileira

corretamente, a asma pode matar.

de Pneumologia e Tisiologia.

Segundo a Sociedade Brasileira

Gomes explica que o tratamento

de Pneumologia e Tisiologia, “a

com anti-inflamatórios é o mais

asma é a terceira ou quarta cau-

indicado, mas que também são

sa de hospitalizações pelo SUS,

importantes cuidados no dia a dia

conforme o grupo etário consi-

com o local onde se trabalha. “Os

derado”. “Na maioria dos casos ,

medicamentos de uso contínuo

a asma se manifesta na infância,

reduzem a inflamação. Assim, os

melhora na puberdade e volta após

brônquios reagem com menos

a segunda década de vida”, diz o

intensidade aos agentes irritantes

pneumologista Roberto Stirbulov.

e se evitam as crises. Também é

(WC e JSJ)

ARTE: FOLHAPRESS


Antenado

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Fim da vida

Franqueza é bela marca de obra sobre como encarar fim da vida, autoficção de Betty Milan mostra relação de filha e mãe à beira da morte por RACHEL BOTELHO/FOLHAPRESS

“Se eu pudesse te dar de novo a vida... Fazer você nascer de mim como eu nasci de você...” é a abertura de “A Mãe Eterna”, novo romance de Betty Milan. Formada em medicina, a escritora e psicanalista adota o gênero da autoficção em seus escritos. Em uma entrevista sobre seu livro “Carta ao Filho” (Record, 2013), em que explora a experiência da maternidade, ela já dizia que todos os seus textos são autoficcionais, “porque não há subjetividade que eu conheça melhor do que a minha”. Em “A Mãe Eterna”, Milan desenvolve outro tipo de maternidade: a relação de se tornar mãe da própria mãe –e a angústia causada por essa missão, muitas vezes sentida como um fardo. Não se trata de uma autobiografia como “Carta ao Filho”, mas um romance com referências pessoais. A autora usa a escrita para lidar com a dor de cuidar de sua mãe, já muito idosa. É um livro de bolso que pode ser lido numa tacada só, dividido em cartas escritas por uma filha-narradora a uma genitora imaginária diante da dificuldade de se comunicar com uma pessoa de 98 anos. O livro toca, sem aprofundar, em desafios fundamentais dos nossos tempos, repletos de tabus sobre a morte. Humanização do final da vida, testamento vital e a possibilidade de termos liberdade para decidimos sobre o próprio fim são dúvidas de uma sociedade cada vez mais longeva. O sentimento de impotência perante o espanto de ver um ser amado em decadência torna-se insuportável. “Me sinto tão encarcerada pela missão atual quanto você pela idade. Somos reféns do tempo. As duas”, escreve Milan. A situação leva a narradora a discutir o suicídio assistido como uma opção e a concluir que “morrer é um direito” –subtítulo do livro. Resistir à perda da independência é um triunfo, e a filha se debate com a necessidade de privar a mãe, uma mulher forte e livre, de fazer o que bem entende. “A vida não é digna de ser vivida sem independência”, afirma ela. Também entende que o “não”, dito com frequência pela mãe, é uma tentativa de afirmação dessa independência. É um relato sincero, sem pudores, que assume, por exemplo, uma vontade de não ter que cuidar da mãe: “Preciso me opor à tendência de me afastar de você. A cada dia que passa, o cumprimento da missão se torna mais difícil”. A postura dos médicos é muitas vezes classificada como narcisista, na medida

em que buscariam retardar a morte como uma vitória da medicina em detrimento da qualidade de vida do paciente. Mãe e filha esperam pelo fim, cada uma a seu modo. A genitora, desapegando-se das coisas, dando à filha joias e jogos de talheres. A filha sente tudo intensamente, ora com revolta, ora com amor e compai-

xão. Mas sempre com extrema franqueza –uma bonita marca do livro. A filha encontra conforto na escrita, capaz de transformar o espanto em respeito e ajudar na digestão da dor e da solidão. “Se os livros falassem mais com os mortos, a vida seria melhor. O morto não escuta e não fala, porém o livro fala com ele para

responder a si mesmo”.

A MÃE ETERNA AUTOR Betty Milan EDITORA Record QUANTO R$ 32,90 (144 págs.) AVALIAÇÃO bom Foto: Eduardo Knapp - 6.nov.2012/Folhapress

A escritora e psicanalista Bettymilan em seu apartamento


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