Braganรงa Paulista
Sexta 3 Junho 2016
Nยบ 851 - ano XIV jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
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Para pensar
Jornal do Meio 851 Sexta 3 • Junho • 2016
Expediente
Falar com DEUS
e abrir o coração por Mons. Giovanni Baresse
A partir do 1 Reis 8,4143 quero retomar esta breve reflexão sobre a oração. O rei Salomão pede que Deus escute a oração do estrangeiro que for ao templo. Vale a pena ler o texto acima. Indiretamente aponta ao seu povo que não poderia ter o coração fechado à quem tivesse crença diferente. Daí vale afirmar um aprofundamento sobre a “conversa com Deus”. Para quem tem fé religiosa a oração é uma jeito de entrar na intimidade de Deus, qualquer que seja a visão que se tenha dele. Oração, portanto, só tem sentido para quem crê. Para quem não crê é pura perda de tempo. Acontece que, mesmo entre aqueles que dizem ter fé, existem dúvidas sobre a oração. Sobre seu sentido, sua forma, sua eficácia, sua necessidade, sua força, etc. Afinal, mesmo para quem é crente, a oração deve ter lugar na vida? Penso ser oportuno traçar alguns parâmetros que ajudem a entender a dinâmica oracional e sua importância. O primeiro passo é estabelecer um relacionamento de confiança no amor que Deus tem por todos. Se não se acredita nisso não há porque orar. Paulo, na carta aos colossensses (2, 12-14) diz que
Jesus Cristo, com sua morte na cruz, pregou o livro das nossas dívidas no madeiro da cruz. Era mentalidade judaica e dos primeiros cristãos que Deus teria um grande livro onde nossos pecados seriam anotados. Constituíam nossos débitos. Que deveríamos saldar. Saldar débitos com Deus era impossível para o ser humano. Ao encarnar-se para caminhar conosco e ao entregar-se à morte Jesus Cristo, Deus entre nós, nos redime de forma definitiva, sem restos a cobrar. Sem a dívida, podemos viver como salvos, isto é, filhos e filhas de Deus. Este ato redentor abre ao ser humano a certeza de que pode contar com a misericórdia divina. Com isso podemos nos dirigir a Deus como Pai. É o que se aprende do episódio narrado quando os discípulos pedem a Jesus que os ensine a rezar (Lucas 11,1-13; Mateus 6,7-13). Ah! Vale lembrar que rezar e orar são a mesma coisa! Essa bobagem de fazer diferença entre rezar e orar (os católicos rezam, os protestantes oram) é picuinha sem sentido. Que não encontra respaldo nem no estudo da língua portuguesa! Voltemos ao que interessa: os rabinos e mestres do povo judeu ensinavam aos discípulos
modos de oração. Muitas vezes moldados segundo a escola de espiritualidade que dirigiam. Por ver que Jesus tinha uma forma totalmente diferente, os seus discípulos querem aprender o que e como ele (Jesus) faz. Longe de encaminhar uma forma o Senhor mostra que oração é dirigir-se a Deus com a simplicidade e confiança de quem fala com o próprio pai. E a oração do “Pai Nosso” não é uma nova fórmula. É uma orientação. Claro que podemos (e o fazemos) repetir as palavras de Jesus trazidas pelos evangelhos. Isso é bom. Mas não podemos reduzir nossa oração à mera repetição. Jesus ensinou um jeito perfeito para falar com Deus. A entrega serena e confiante nas mãos daquele que é Pai. Penso que todos sabem disso. E crêem, também. Nossa dificuldade é compreender como é que a oração tem sua eficácia sem nem sempre acontece o que se pede... Por isso mesmo se ouvem pessoas reclamando: “Rezei tanto e Deus não me atendeu”; “Estou cansado de pedir. Parece que Deus não ouve”... O que está por debaixo deste modo de falar é o desejo de dar ordens ao Senhor. Mesmo que seja de maneira educada. No fundo nós queremos dizer a Deus
o que ele deve fazer porque nós sabemos o que estamos pedindo e sabemos o que é bom para nós. Nós, com este comportamento, colocamos o Senhor como executor dos nossos pedidos. O que revela nossa auto-suficiência e nossa falta de confiança nele. O modo como Jesus ensinou era destinado a chamar a atenção para a confiança filial e a certeza de que o Pai sempre atenderá nossa oração porque nos ama. E mesmo quando parece que ele não nos atendeu ter a certeza de que há um bem que não compreendemos e que será muito maior do que as possíveis dores que tenhamos em nossas vidas. Não é um caminho fácil. Por isso mesmo que, volta e meia, pululam as tais “orações poderosas”, “as correntes” (que mais ameaçam do que ajudam), as fórmulas “tiro e queda”! Por isso têm forte germinação rituais que tentam “obrigar” a Deus a atender ao pedido humano. Como se o fato de fazermos algo tivesse a mesma dimensão infinita de Deus! É importante que cada um descubra o seu jeito de falar com Deus. E que se tenha consciência de que a primeira oração é aquela que reflete os próprios sentimentos. A partir da abertura do coração e da mente diante de Deus se
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dá a possibilidade de autêntica oração. As orações feitas em comunidade têm dimensão diversa. São expressões de solidariedade. Querem ser a unanimidade dos filhos diante do Pai. Têm o sentido de despertar nos corações dos que participam da assembléia oracional o desejo de ultrapassar os limites do “eu”. Para abrir-se à dimensão do “nós”. E levar à compreensão de que eu também tenho irmãos com os quais me devo preocupar. Isso quebra a tentação de nos apoderarmos de Deus. E do egoísmo espiritual. Que a oração, individual ou comunitária, nos ajude a crer no amor que nos liberta. E nos desperte para a consciência de que o amor de Deus se manifesta nos gestos concretos a favor da dignidade de todos.
Comportamento
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL
Curso exigido pelo Detran na Coisa que ocasião da renovação da carteira faz muito deTécnica memosucesso rização Flor que adorna "Garantia", (gír.) sacadas em FGTS
Medida governamental reivindicada pelo Vaticínio Movimento dos de Cassandra (Mit.) Sem-Terra (pl.)
Xale retangular usado sobre os ombros
Linfócitos (?): atuam na defesa orgânica
Letra que não antecede "e" ou "i"
Variável que se toma como exemplo
Praça no centro da capital do Bahrein
Membro da escola filosófica de Antístenes
A sexta nota musical Nitrogênio (símbolo)
Que tem competência
Newell's (?) Boys, time de futebol
151, em romanos
Peixe tido como fóssil vivo
Paleozoica e Proterozoica (Geol.)
Isto é (abrev.) Opção de Hamlet (Lit.) Laço (fig.)
Fabricante brasileira de aviões comerciais (?) marra: à força (bras. pop.) Indivíduo que conta bravatas (pop.)
Cabeça de gado Um, em inglês
Carne bovina própria para assados Tecido fino e transparente
Carro, em inglês Toicinho defumado Índice de Adiposidade Corporal
Gracejar (?)-pererê, mito brasileiro Assim, em espanhol
República báltica cuja capital é Tallinn Tamanho intermediário de roupas A decisão final de um só ministro do STF
BANCO
(?) kwon do, arte marcial olímpica
Construção colonial situada na Mês Lapa (RJ) judaico Classe dos ricos
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Solução G E P Z U M
D I R E Ç Ã O D E F E N S I V A
Foto: Divulgação
Planeta explorado pela sonda Maven
G G E R T A N I C O L I S O N C O R A S A T IC
SUZANA HERCULANO -HOUZEL é professora da Universidade Vanderbilt (EUA) e autora do livro ‘The Human Advantage’ (MIT Press)
(?)/2: o oficial do CPOR
E NM A U E M A T O L N C I N C R A S A RE C EM B A R I I A A E C R A
misférios. Na falta momentânea de um hemisfério, o outro dá conta do recado. O achado também explica por que é tão difícil fazer movimentos independentes com cada mão ou pé: a atividade de um hemisfério se espalha ao outro, gerando a redundância. Usando um feixe de laser para inativar temporariamente neurônios motores em camundongos geneticamente modificados para tornar seus neurônios sensíveis à luz, Li, Daie e equipe descobriram que quando um córtex motor é inativado enquanto deveria estar preparando um movimento, o outro lado do córtex, inalterado, ainda é capaz de fazer o movimento necessário acontecer. Mas só se houver algo como meio segundo até a ação ser necessária; muito em cima da hora, nada feito. Ou seja: para gerar o sem fim de movimentos que fazemos ao longo do dia, só mesmo tendo dois hemisférios para dividir o trabalho. O alento é que, em casos de falha, um consegue substituir o outro. A não ser, claro, em casos de catástrofe, com destruição maciça de tecido cerebral. PS: Para quem ficou preocupado com minha mudança de país: minha coluna continua!
Moeda que substituiu o marco na Alemanha
P A R R O R F A E S C O I A C E O L A C L A O N T N O
por SUZANA HERCULANO-HOUZEL /folhapress
Forma de curvas em estradas serranas
Campeã de salto em distância nos Jogos de Pequim Móvel da sala de estar O filho que herda todos os bens dos pais
3/así — car — iac — old — one. 11/monocrática.
cerebral
A U S S O E N I T A P M A E R N A T M O E S T R M O
Redundância
Há muito que os engenheiros de computação descobriram que sistemas que lidam com informação digitalizada, quer dizer, representada em sequências de zeros e uns, têm que ser redundantes –ou o risco de informação se perder pelo caminho é grande demais. Por e-mail ou via internet, dados são transmitidos não em sequências lineares, como um único usuário soletrando seu nome ao telefone, mas sim em pequenos pacotes de sinais que sobrepõem. É como se uma página contendo informações preciosas fosse primeiro copiada várias vezes, depois cada cópia fosse picotada de um jeito diferente e enfim enviadas por correio instantâneo. Mesmo que alguns envelopes se percam pelo caminho, a mensagem ainda pode ser reconstruída na íntegra. Computadores modernos também usam um esquema de redundância, chamado RAID, no qual dados são distribuídos entre vários discos que, mais do que meras cópias físicas uns dos outros, representam informações múltiplas vezes de maneira organizada, o que torna o conjunto quase impérvio a acidentes. Pois Nuo Li, Kayvon Daie e colaboradores da Janelia Farm, do Instituto Médico Howard Hughes, acabam de mostrar na revista ‘Nature Neuroscience’ que no cérebro do camundongo comandos motores também são codificados de maneira redundante entre os dois he-
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Casas em Condomínio
Jd. das Palmeiras..................................................................................................................R$ 650 mil Florestas de São Vicente (nova)..............................................................................................R$ 580 mil Euroville (nova).....................................................................................................................R$ 950 mil Portal de Bragança (nova)................................................................................................R$ 1.3 milhões Village Santa Helena....................................................................................................R$ 1.490 milhões Portal Bragança Horizonte (nova)..........................................................................................R$ 770 mil Villa Real (nova)....................................................................................................................R$ 900 mil Rosário de Fátima ( Ac imóvel – valor)............................................................................R$ consulte-nos
Terrenos em Condomínio
Portal Bragança 450m².........................................................................................................R$ 290 mil Villa Real 428m²...................................................................................................................R$ 150 mil Colinas de São Francisco 616m².............................................................................................R$ 290 mil Terras de Santa Cruz 600m²...................................................................................................R$ 120 mil Portal Bragança Horizonte 341m²..........................................................................................R$ 200 mil
Apartamentos
Ed. Piazza de Siena................................................................................................................ R$ 950 mil Apto. Jardim do Lago............................................................................................................. R$ 300 mil Apto. Centro (novo)................................................................................................................R$ 255 mil Ed. Don Pedro I...................................................................................................................... R$ 650 mil Apto. Jd nova Bragança ( Alto Padrão 230m² 3vagas)...................................................... R$ Consulte-nos
Diversos
Casa Jd. Europa.....................................................................................................................R$ 530 mil Terreno Jd do Lago Comercial 600m²..................................................................................... R$ 600 mil
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por Shel Almeida
De 5 a 21 de agosto e de 7 a 18 setembro, acontece, pela primeira vez em solo brasileiro, os jogos olímpicos e paralímpicos, respectivamente. A cidade do Rio de Janeiro, que já foi palco do Pan e do Parapan em 2007, recebe, agora, os melhores atletas e paratletas do mundo para a disputa de medalhas. Bragança Paulista estará representada nos jogos e não apenas por Daniel Dias, o maior atleta paralímpico do país, mas também por seu primeiro treinador, o nadador Igor Russi, que conduzirá a tocha olímpica por indicação do próprio Daniel, e dos fisioterapeutas Eduardo Henrique de Oliveira e Lucas de Lima. Além deles, o ex-boxeador medalhista panamericano Lúcio Grottone, que já foi tema de matéria do Jornal do Meio, também será um dos privilegiados que conduzirão a tocha, representando sua cidade natal, Santos.
Reconhecimento
Para Igor Russi, ter sido indicado por Daniel Dias para conduzir a tocha olímpica foi um sinal de reconhecimento. “Quando o pai dele me ligou contanto da indicação, fiquei emocionado. Não estava esperando por isso. Minha participação vai ser no dia 20 de julho, em Campinas, mas ainda não sei qual o percurso irei fazer”. explica. Igor é treinador de natação desde 1999. Hoje comanda a Equipe Zumm de Natação Master, sem nunca deixar, ele próprio, de competir. É Campeão Sulamericano e Vice-Campeão Panamericano nos 50m costas na categoria 35 a 39 anos. Conheceu Daniel quando o atleta tinha apenas 16 anos. “O pai dele veio me procurar dizendo que ele tinha feito aula de natação e que como ele tinha aprendido um estilo por dia, agora ele só precisava treinar. Na hora eu pensei que ele deveria nadar super mal, porque ninguém aprende um estilo por dia. Mas quando eu vi ele caindo na água, levei um susto. Ele começou tarde, mas no ano seguinte, com 17 anos, já se tornou Campeão Mundial. Para mim, é gratificante ter passado por isso, porque o prazer maior é ser quem o iniciou nos treinos de natação. Quando ele começou a ganhar as competições, dava para perceber o talento, mas não dava para saber até onde esse talento iria. Ver que hoje ele se tornou esse mito para a natação mundial é incrível. Porque descobrir e formar um atleta é a parte mais difícil, é apostar nele quando ele ainda não sabe nada. E agora, receber esse reconhecimento vindo dele, é realmente emocionante”, fala.
Alta Performance
O fisioterapeuta e osteopata Eduardo Henrique de Oliveira tem experiência de mais de sete anos em esporte de alta performance, com o futebol e com o atletismo “Por conta disso, eu estou inscrito no Comitê Olímpico Brasileiro, na Federação Paulista de Atletismo e na Confederação Brasileira de Atletismo. A partir desse cadastro, eu recebi uma carta convite para me inscrever no processo de seleção para voluntários nas Olimpíadas. A minha escala já saiu, irei trabalhar no Centro Olímpico, com o atletismo”, conta. Como é um fisioterapeuta credenciado pelo COB, Eduardo já teve a oportunidade de trabalhar em outros eventos do atletismo, como campeonatos paulistas, brasileiros e no panamericano, além de acompanhar a delegação brasileira fora do país. “O meu trabalho vai ser exatamente igual, o que muda é a importância do evento. Em uma olimpíada eu vou ter a possibilidade de trabalhar com os melhores de todas as modalidades do atletismo. Mas é claro que existe uma tensão por trabalhar só com os melhores, a responsabilidade é enorme”, analisa. Eduardo também já coordenou uma
equipe de reabilitação e foi professor universitário. “Quando fui dar aula, foi com a intenção de passar a minha experiência e abrir horizontes para os alunos. O que eu vejo, hoje, é que o esporte de alto rendimento ainda é carente de bons profissionais de fisioterapia, falta dinamismo e iniciativa. O profissional que segue nessa área tem que estudar muito, porque o esporte de alta performance não permite erro”, fala.
Foto: Wander Roberto
Equoterapia
Lucas de Lima é fisioterapeuta com especialização em atividade física e equoterapia. A oportunidade de trabalhar como voluntário nos jogos surgiu a partir de uma palestra do Comitê Paralímpico. Dali, a primeira experiência que teve em eventos esportivos foi nos Jogos Paralímpicos Escolares. Logo que foram abertas as inscrições para voluntários das olimpíadas e paralimpíadas, ele se inscreveu. Lucas já passou por todos os processos de seleção e sua participação já foi confirmada. No entanto, ainda não recebeu a indicação de qual modalidade irá atender, ou se vai para as olimpíadas ou paralimpíadas. A preferência dele é que seja o hipismo nas paralimpíadas, pois já trabalha com equoterapia tanto em Bragança quanto em Atibaia. “A equoterapia é algo que vem crescendo. Eu sempre gostei de cavalo, logo depois que me formei em fisioterapia, em 2010, já fui fazer a especialização na área. Se tudo der certo, de ir para a paralimpíada ao invés da olimpíada, além de ser uma grande experiência, também será uma oportunidade profissional para, quem sabe, um direcionamento maior nessa área. Mas a expectativa em relação à responsabilidade, já que estaremos lidando com os melhores do mundo, também é grande, além da questão da visibilidade, porque as atenções estarão todas ali”, diz.
Igor Russi foi o primeiro treinador de Daniel Dias. A indicação feita pelo atleta, para que ele conduza a tocha olímpica, é um merecido reconhecimento. Foto: Maynara Fanucci
- O fisioterapeuta Eduardo Henrique de Oliveira trabalha com atletas de alto rendimento há sete anos. Experiência é bagagem para trabalhar nas Olimpíadas. Crédito: Maynara Fanucci
Marco
Para o senhor Lúcio Grottone, ter a privilégio de conduzir a Tocha Olímpica aos 87 anos de idade, é um marco em sua vida. “Chegar a essa idade, como santista e como brasileiro e poder participar de algo assim, na minha cidade, no meu país, não tenho palavras para descrever. É um marco, sem dúvida, porque não terei mais outra oportunidade. A emoção é tanta, de poder mostrar para minha família, olhar para as pessoas que estarão lá assistindo, pessoas que conheço desde criança. É uma emoção espiritual. Minha prioridade agora é usufruir desse néctar que estão me oferecendo”, emociona-se. O ex-boxeador vive em Bragança há pouco tempo, na companhia do filho, Lúcio e da nora, Vânia. Mesmo tendo passado a vida toda em Santos, cidade que irá representar, novamente, em uma olimpíada (esteve na de1952, na Finlândia, onde conquistou o 4º lugar na categoria meio pesado) ele diz que se sentiu recebido de braços abertos em Bragança. Depois que sua história foi contada nas páginas do Jornal do Meio em abril de 2015, muitas pessoas o pararam para cumprimentar e parabenizar, durante suas caminhadas no Lago do Taboão. Agora é a vez dos admiradores, daqui e de Santos, acompanharem esse momento tão importante na vida de alguém que deixou uma marca no esporte brasileiro. “Duas palavras determinam a minha vida: dignidade e pujança. Vou morrer convicto de que deixei isso para a minha família e meus amigos. Estou muito feliz em receber essa homenagem nessa fase da minha vida”, fala. A participação de Seu Lúcio acontece no dia 22 de julho.
O fisioterapeuta Lucas de Lima com a paciente Marilene Bastos. Com especialização em equoterapia, ele atua em Bragança e Atibaia.
Para acompanhar o revezamento da Tocha Olímpica, acesse: www.revezamentobra. com.br/condutores-bra-em-acao
Para o ex-boxeador medalhista panamericano Lúcio Grottone, conduzir a tocha olímpica ao 87 anos, é um marco em sua vida.
Saúde
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Hidratação
Hidratação é fundamental para amenizar secura da pele no frio por REGIANE SOARES/FOLHAPRESS
Com a chegada do frio, do tempo mais seco e do vento gelado, a pele de todo o corpo fica mais seca. Segundo especialistas, isso acontece porque a produção de suor e de óleo pelas glândulas sebáceas, responsáveis pela manutenção da umidade da pele, diminuem com as baixas temperaturas. ‘O ser humano mantém a temperatura corporal em 36,5 o tempo todo. Quando está quente no ambiente externo, transpira para ‘refrescar’ e baixar a temperatura do corpo. Quando está muito frio, tem tremores ou ‘treme de frio’ para produzir energia e aquecer o corpo. Portanto, se a temperatura está ideal para realizar as atividades cotidianas, transpira menos’, disse a dermatologista Leandra Metsavaht, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia. A dermatologista explica que a pele ressecada perde a elasticidade e sofre descamação e rachaduras. Além disso, o ressecamento contribui para o surgimento ou o agravamento de doenças, como as dermatites (atópica e seborreica) e a psoríase. A dermatologista explica que a pele ressecada perde a elasticidade e sofre descamação e rachaduras. Além disso, o ressecamento contribui para o surgimento ou o agravamento de doenças, como as dermatites (atópica e seborreica) e a psoriase. A esteticista Debora Fogaça, da Clinica Sofisticato, sugere alguns cuidados para amenizar os sintomas do ressecamento. Alguns deles são: evitar banhos quentes e prolongados e abusar do hidratante corporal logo após o banho, com a pele ainda úmida, o que contribui para a penetração do produto. Também e preciso atenção aos produtos que passa na pele. No rosto, por exemplo, por ter a pele mais fina, e bom evitar esfoliantes. Já os sabonetes, de preferência aos líquidos, próprio para o local .em barra só com indicação medica. Os esfoliantes retiram a hidratação natural da pele e a chance de agredir e maior do que o beneficio do produto, disse. E, mesmo com temperaturas baixas, o uso do protetor solar e indispensável, pois o frio também queima a pele, dizem as especialistas. (Regiane Soares) ‘Tem que beber água o tempo todo’ A esteticista Debora Fogaça explica que para manter a pele hidratada e fundamental beber agua também durante o período frio. Tem que beber agua o tempo todo para hidratar de dentro para fora do corpo, afirmou. A quantidade necessária depende do peso. A recomendação e 35 mililitros por quilo. Uma pessoa que pesa 70 quilos, por exemplo, precisa beber 2,45 litros de agua por dia. (RS)
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Saúde
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Injeção de bolhas ajuda
a tratar infarto
Técnica que estoura pequenas cápsulas de gás dentro dos vasos sanguíneos destrói coágulos e abre as artérias, estudo realizado com pacientes do Incor da USP mostrou segurança e eficácia do novo procedimento por MARIANA VERSOLATO/FOLHAPRESS
Um inusitado tratamento contra
de Nebraska (EUA) testaram a técnica
Incor e coordenador-chefe da pesquisa.
Ele lembra que outro trabalho que ava-
infarto que usa uma injeção com
em animais. Em 2014 foram iniciados os
Roberto Kalil Filho, presidente do Incor,
liou a técnica apontou efeitos adversos,
cerca de 2 bilhões de micro bolhas
testes em humanos, numa parceria do
lembra que o infarto é a doença que mais
como um espasmo na artéria coronária
de gás é seguro e eficaz na desobstrução
Incor (Instituto do Coração do Hospital
mata no mundo, apesar da tecnologia
que causou sua constrição –coisa que
dos vasos sanguíneos e ainda melhora
das Clínicas da USP) com os americanos.
e dos medicamentos disponíveis hoje.
não ocorreu no trabalho feito no Incor.
a função do coração, aponta um novo
Durante o estudo, pacientes que che-
“Cada segundo de artéria fechada é mais
Os resultados publicados têm como base
estudo.
gavam ao pronto-socorro do hospital
tempo de coração morrendo. Quanto
o tratamento de 30 pessoas. Hoje o Incor
O artigo, de autoria de brasileiros em
com infarto agudo eram convidados a
antes você conseguir abrir a artéria e
já tem 42 pacientes e o hospital pretende
parceria com um pesquisador ameri-
participar da pesquisa.
jogar o sangue de novo ali, maior a so-
chegar a cem.
cano, sairá nesta segunda (23) em uma
Caso concordassem em se submeter ao
brevivência e menor o risco de sequelas”,
José Luiz Eusébio, 47, foi um dos pacientes
das principais revistas científicas de
novo tratamento, recebiam a injeção
afirma. “Esse é mais um método para
que participou do estudo. Em janeiro de
cardiologia do mundo, o “Journal of the
de micro bolhas e o ultrassom até que
ajudar a salvar vidas, e esses resultados
2015, o acupunturista estava na região
American College of Cardiology”.
fossem chamados para receber a terapia
iniciais mostram que ele é bom, simples
do Anhangabaú, em São Paulo, quando
As micro bolhas funcionam como uma
convencional, que inclui medicamentos
e sem riscos.”
começou a passar mal. Pegou o metrô e
espécie de dinamite que explode o coá-
e angioplastia para desobstrução das
O cardiologista do HCor (Hospital do
deu entrada no pronto-socorro do Incor,
gulo (que impede a circulação sanguínea
artérias coronárias.
Coração) e professor da USP Leopoldo
onde soube que estava tendo um infarto.
e causa o infarto).
Os resultados preliminares do estudo, que
Piegas, que não esteve envolvido no tra-
Na sua família, outras três pessoas tinham
Elas são injetadas e correm livremente
avaliou a segurança da técnica, mostram
balho, avalia a técnica como promissora.
tido o problema. Desde então, mudou
pelos vasos sanguíneos até se depararem
que aqueles que receberam a injeção
“O trabalho tem um resultado impres-
hábitos: começou a praticar artes mar-
com esse bloqueio, e ali se acumulam. Aí
tiveram maiores índices de abertura da
sionante, impactante. Houve melhora na
ciais e já perdeu 18 kg.
entra um aparelho de ultrassom, que é
artéria obstruída e de recuperação do
abertura das artérias, na função do ventrí-
Tanto Kalil como Mathias apontam para
colocado no peito do paciente e faz com
miocárdio quando comparados àqueles
culo esquerdo do coração e na contratura
a possibilidade de a terapia ser usada em
que as micro bolhas vibrem e destruam o
que não passaram pela técnica mas
do músculo, o que sugere uma melhora
centros não especializados, como postos
coágulo, liberando novamente a passagem
receberam o tratamento convencional.
da circulação. Toda técnica que ajudar a
de saúde, e em ambulâncias, pelo fato de
para o sangue.
“A terapia também conseguiu romper
abrir artérias no tratamento do infarto é
não oferecer risco de hemorragia como
A ideia surgiu há cerca de 20 anos, quando
os coágulos menores que se soltam do
bem-vinda”, diz.
certos medicamentos.
um grupo no Canadá mostrou, em ensaios
coágulo maior. Eles vão obstruindo os
“Mas é um trabalho inicial, que precisa
“Se comprovar eficácia em outros estudos,
in vitro, que as bolhas expostas a um campo
‘ramos’ da coronária e são inacessíveis
ser replicado com mais pacientes até para
acredito que o tratamento será aprovado
de ultrassom podiam romper coágulos.
pela angioplastia”, diz Wilson Mathias Jr.,
observar possíveis efeitos colaterais num
rapidamente. Aí é só uma questão de entrar
Em 2004, pesquisadores da Universidade
diretor da unidade de ecocardiografia do
grupo maior.”
no mercado e ver o custo”, diz Kalil. ARTE: FOLHAPRESS
Antenado
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‘O Diário de uma Camareira’ Ganha 1ª tradução no Brasil após 116 anos
por ALVARO COSTA E SILVA/FOLHAPRESS
“Por amor ou prazer, lassitude ou piedade, vaidade ou interesse, eu deitei com muitos homens... e isso para mim é algo normal, natural e necessário. Não tenho qualquer remorso e foi muito raro eu não ter tido qualquer alegria que fosse”. A sinceridade da jovem Celestine é total, e ainda hoje pode chocar os mais pudicos, conservadores ou hipócritas. Imagine na França de 1900, quando o romance “O Diário de uma Camareira”, de Octave Mirbeau, saiu publicado e, em pouco tempo, vendeu cerca de 140 mil exemplares. Só agora o livro ganha uma tradução em português do Brasil -e quase por acaso. No ano passado, o editor e escritor Mateus Kacowicz, 67, assistiu a uma adaptação para o cinema, com direção de Benoit Jacquot e Léa Seydoux no papel principal. “Deu vontade de conhecer a obra original, e descobri um senhor escritor”, diz Kacowicz. Entusiasmado, ele mesmo traduziu o romance, com o qual resolveu retomar as atividades da editora Xenon. Antes o livro já tinha sido levado às telas: “Segredos de Alcova”, em 1946, por Jean Renoir, com Paullete Goddard vivendo Celestine; e “O Diário de uma Camareira”, em 1964, de Luis Buñuel, com Jeanne Moreau. E, só na França, teve ao menos sete adaptações teatrais. “É uma obra plástica, visual. O texto é praticamente um roteiro. Os diálogos são ricos, e o leitor sente até a entonação com que são ditos”, nota o editor. Octave Mirbeau (1848-1917), romancista elogiado por Lev Tolstói, dramaturgo, jornalista, polemista e influente crítico de arte (tido como “descobridor” de Van Gogh), era um agudo observador de seu tempo. No Brasil, foi lido por escritores como Monteiro Lobato (que o cita na correspondência com Godofredo Rangel) e João do Rio, que a ele se refere no folhetim “Memórias de um Rato de Hotel”. “O Diário de uma Camareira” chegou a ser considerado um livro marxista-feminista, ao narrar, em primeira pessoa, a peregrinação da personagem por conventos e palacetes, sempre sujeita a todo tipo de exploração: “Se as almas que eu desnudo exalam forte odor de podridão, não é por minha culpa”.
provada sua inocência, Dreyfus foi mandado para a Ilha do Diabo. No fim do volume, notas numeradas referem-se a passagens do texto que identificam as personalidades da época -Jules Lamaitre, Paul Bourget, Édouard Drumont, Émile Zola, entre outras- que pela imprensa travaram uma disputa pró e anti-Dreyfus. “Eu me identifico imensamente com Mirbeau, com sua sinceridade brutal,
seu horror à cafonice, seus imperativos éticos e com a quantidade de amigos que perdeu ao aderir à defesa de um judeu”, conta Kacowicz, que em 2010 publicou o romance “Acidente em Matacavallos”. Em seu retorno, a Xenon ainda é “uma editora de um homem só”. Na primeira dentição, a partir de 1986, chegou a comercializar cerca de 60 títulos, entre os quais “A História do Universo em Quadrinhos”, de Larry Gonick, e uma edição em
capa dura de “O Rio de Janeiro do Meu Tempo”, de Luiz Edmundo. “Estou procurando pepitas esquecidas, até mesmo na minha biblioteca. Prontas para serem descobertas por um faiscador solitário”, diz o editor. O DIÁRIO DE UMA CAMAREIRA AUTOR Octave Mirbeau EDITORA Xenon QUANTO R$ 54 (306 págs.) Foto: Divulgação
Ilha do diabo
“É um livro moderno até hoje. Pela consciência de Celestine, que se sabe usada, e se revolta. Por trazer a intimidade no seio da alta sociedade, o que rola depois que as visitas vão embora. E por deixar seus personagens dizerem, sem qualquer pudor, as maiores barbaridades, inclusive diatribes antissemitas”, diz o tradutor. No “Quase Prefácio” à edição, Mateus Kacowicz chama a atenção para o contexto social e político no qual a camareira redige suas anotações. A França estava dividida pela repercussão do caso Dreyfus, envolvendo o capitão do Exército, de origem judaica, injustamente acusado de espionagem em favor da Alemanha em troca de dinheiro. Antes de ter sido
Léa Seydoux e Vincent Lacoste em ‘O Diário de uma Camareira’
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Jornal do Meio 851 Sexta 3 • Junho • 2016