Braganรงa Paulista
Sexta 10 Junho 2016
Nยบ 852 - ano XIV jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
2
Para pensar
Jornal do Meio 852 Sexta 10 • Junho • 2016
Expediente
Como fica a vida do povo?
Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli
por Mons. Giovanni Baresse
Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
Penso que a situação
crise mundial. O embate dos
manobras para postergar. O vai
que não correspondem à ho-
atual do nosso país é
partidos políticos se polariza
e volta é visto como caminho
nestidade exigida de cada um
preocupação de todos.
na defesa de mudança de pes-
normal da democracia. Não te-
de nós. Parece que a existência
No conjunto das notícias emer-
soas para um novo governo.
nho dúvida que não há melhor
de corrupção controlada – se
ge pergunta básica: quem está
Os partidários da presidente
via. O que me parece grave é
posso afirmar isso – é vista
preocupado com o destino da
sob suspeita pleiteiam a sua
que não estou percebendo se a
como coisa normal. Os meus
Nação? De maneira mais sim-
volta. O governo interino sofre
razão fundamental está ligada
leitores nunca ouviram falar
ples: qual a preocupação dos
perdas por ter indicado pesso-
à manutenção do poder ou ao
que nenhuma obra pública é
que estão em cargos públicos
as que parecem envolvidas em
buscar solução para o bem dos
feita sem que haja pagamento
aos que o interrogavam se era
e dos que militam na política
falcatruas. No fundo sofre-se
cidadãos. Muito daquilo que
de propina? O quadro se agrava
lícito pagar imposto ao impera-
partidária com o dia a dia das
de enorme incerteza: quem vai,
leio e ouço está mais para a
com o reiterado noticiário das
dor romano aponta um caminho
pessoas? Estamos diante de
enfim, governar? O presidente
afirmação de permanência ou
delações. A impressão, espero
a ser tomado. Também por
um grande número de pessoas
interino vai dando suas direti-
reconquista do poder. Escuto
estar errado, é que não sobra
aqueles que julgam a política
que perderam seu trabalho.
vas sem saber se continuará. A
aqui e ali gente envolvida na
ninguém! Penso que esta deva
“coisa suja”. Também pelos
Andando pelas nossas ruas
presidente afastada, ao voltar,
economia dizendo que o país
ser a visão de muita gente. Claro
que pensam que não há como
vemos um bocado de casas
mudará todo mundo e, certa-
corre risco de falência. Todas
que tanto nos partidos, como
mudar a situação. A palavra do
comerciais fechadas. Afirma-se
mente, mudará determinações
essas questões geram, a meu
no exercício dos encargos pú-
Senhor aponta o cumprimento
que a deterioração da qualidade
dos que estavam no comando
ver, certa desesperança. La-
blicos, como entre os cidadãos
dos deveres para com Deus e
de vida é devida à má gestão
quando do seu afastamento.
mentavelmente a participação
comuns há uma grande maioria
para com a sociedade. A garan-
do governo comandado pela
Presenciamos o debate sobre
na política sempre foi marcada
de gente com ideais elevados. O
tia do Bem Comum passa pela
presidente afastada à espera
os prazos previstos para o an-
pelo clientelismo, pelo imedia-
problema está na enxurrada de
corresponsabilidade de todos.
de definição de sua situação.
damento do processo que deve
tismo de favores pontuais para
malfeitos e num quadro ainda
Assim como os “deveres” para
Afirma-se, também, que a crise
definir a questão do impedi-
pessoas ou grupos. Por certo
frágil de reação. Penso que a
com Deus fazem parte dos
brasileira é consequência da
mento. Manobras para acelerar,
conformismo com situações
resposta que Jesus Cristo deu
que assumem vida de fé.
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
Saúde
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Blogueira conta sobre aspectos negligenciados da doença, como efeitos negativos no trabalho. Obra trata de problemas que são mais comuns em diabéticos, como infecções por fungos e impotência sexual
www.coquetel.com.br Cineasta brasileiro de “Robocop” (2014)
Feijão, em inglês Agência da ONU (sigla)
Rio da fronteira norte de Portugal Objeto da pecuária Paulo (?), político
por JULIANA CUNHA/folhapress Dotam de asas Vitamina chamada de “ácido fólico”
Primeira palavra dita ao telefone
Imposto Sobre Serviços (sigla)
Deus grego da beleza e da juventude Senhor (abrev.)
Aquele que navega Manifesta revolta
Argila usada no preparo de tintas Passeio (gíria) Pedir em voz alta Toucinho defumado Argolas de corrente
Irmandade de ajuda a adictos (sigla)
Checar novamente “A (?) e o Alvo”, sucesso de Paulinho Moska
Matéria que deu origem à penicilina Toalete Aurora (?), fenômeno luminoso Festa de núpcias Período vespertino
Região que mais sofre com a seca (abrev.)
“Rádio (?)”: foi gravada por Lobão Assa o churrasco Deus egípcio (Ant.) Escassos (?) Lanka, país insular asiático
A comida agradável Alcatrão, ao paladar em inglês Curso de extensão Formações típicas da quadrilha junina O popular crime “171” (jur.)
BANCO
Campeã olímpica de vôlei em 2008 (BR) Armas para dopar animais ferozes
Consoante de ligação de “cafeteira”
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Solução S H A A N OL E A A M L E O N T B O O B L A O S R I C T O
(8,1% da população nessa faixa etária) sofrem de diabetes. A doença mata 72 mil pessoas por ano, segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado este ano. Marina acredita que diabéticos tentam passar uma visão amenizada da doença para evitar estigmas. “Minha vida é funcional, mas é cheia de pequenas limitações. Eu preciso faltar no trabalho uma vez no mês para buscar meus remédios na Secretaria de Saúde, por exemplo, e pelo menos uma vez no mês é possível que eu tenha uma hiperglicemia que me deixa com muita dor de cabeça. Nem sempre consigo ‘agendar’ essa crise para um fim de semana, e chefes não costumam ser compreensivos.” Outro percalço comum é a falta de remédios na rede pública. Marina está há quatro meses sem receber insulina. “A gente agradece quando o que falta é a insulina, que custa R$ 150 por mês. Pior é quando falta cateter para a bomba, que custa R$ 700.” Marina, que era publicitária em uma agência, hoje trabalha de casa, fazendo ensaios fotográficos e usando o blog para vender artigos para diabéticos como camisetas, adesivos para enfeitar a bomba de insulina, “porta pílulas” e bolsas térmicas para guardar os remédios. “O aspecto mais difícil da diabetes é o psicológico. Aceitar que temos uma limitação para a vida toda é difícil para todo mundo. Para mim, escrever sobre o assunto e abraçar o diabetes como parte da minha personalidade foi a forma de aceitar a doença.”
Canoa esportiva Chuva de pedra
3/blá — tar. 4/amon — bean. 5/bacon — bolor — minho.
Aos 15 anos, Marina de Barros Collaço, 31, era uma adolescente saudável. Ela praticava seis horas de judô por dia e vinha perdendo peso, sentindo cansaço e muita vontade de fazer xixi. Os sintomas pareciam justificáveis pelo excesso de atividade física e não a preocupavam. O pano caiu quando Marina passou mal na escola e foi imediatamente internada por três dias. Ela teve uma cetoacidose (aumento descontrolado no nível de glicose do sangue) severa que resultou em um coma diabético. Até então, Marina não sabia que era diabética, e tinha uma vaga ideia sobre a doença. O médico que a acompanha estima que ela tenha ficado dois anos com a doença antes do diagnóstico. “Existem dois tipos de diabetes, mas no fim são todos do tipo ruim”, diz Marina, que há dois anos mantém o blog “Diabética tipo ruim”, onde reflete sobre o “lado b” da doença, e acaba de lançar um livro com o mesmo título. “Gosto de escrever sobre os aspectos negligenciados e que causam constrangimento. Falo da impotência sexual comum em diabéticos, de candidíase [corrimentos vaginais causados por fungos], de chefes que nos acham folgados quando precisamos faltar no trabalho por conta de uma hiperglicemia [pico de açúcar no sangue], da falta de paciência para cumprir um monte de regras”, diz ela. Marina tem diabetes do tipo 1, doença que geralmente aparece na infância e na adolescência e leva a uma deficiência completa na produção de insulina. Para ela, existe uma tendência de tratar o diabetes como um problema menor do que ele de fato é. “Como hoje em dia os tratamentos são eficientes, as pessoas acham que é tranquilo ter diabetes. Mesmo muitos diabéticos insistem que levam uma vida completamente normal, mas normal para mim é sair de casa sem ter que calcular quanto tempo vou passar fora ou se estou levando insumos o suficiente para a minha bomba de insulina”, diz. “De açucarado basta meu sangue, não quero fazer um retrato cor-de-rosa da doença”. No Brasil, mais de 16 milhões de adultos
© Revistas COQUETEL
Teoria do (?): estuda Falta em algumas comunidades a formação das dunas Coroa 500, em São estudadas nas luminosa romanos aulas de Direito
Arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB Ligação em 2014 Camada telefônica errada da crosta terrestre
DIABÉTICA TIPO RUIM AUTORA Marina de Barros Collaço editora Book Express preço R$ 45 (62 págs.) “De açucarado basta meu sangue, não quero fazer um retrato cor-de-rosa da doença. Existem dois tipos de diabetes, mas no fim são todos do tipo ruim. Minha vida é funcional, mas é também cheia de pequenas limitações” Marina de Barros Collaço, 31 Publiciária, blogueira e autora do livro ‘Diabética tipo ruim’
C A D I L O B E S O I I S S U T A O R O B A C E R I R L A V A O D A S A B R A R S M A R D O S I O N A
sobre o ‘lado b’ de ter diabetes
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
D J O S E P M I N H O D A G A L A M M N A A P O L S R U C O N F S E T A N E B G O S T O T A R P A R E O D A E S T E L
Em livro, publicitária escreve
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Casas em Condomínio
Jd. das Palmeiras..................................................................................................................R$ 650 mil Florestas de São Vicente (nova)..............................................................................................R$ 580 mil Euroville (nova).....................................................................................................................R$ 950 mil Portal de Bragança (nova)................................................................................................R$ 1.3 milhões Village Santa Helena....................................................................................................R$ 1.490 milhões Portal Bragança Horizonte (nova)..........................................................................................R$ 770 mil Villa Real (nova)....................................................................................................................R$ 900 mil Rosário de Fátima ( Ac imóvel – valor)............................................................................R$ consulte-nos
Terrenos em Condomínio
Portal Bragança 450m².........................................................................................................R$ 290 mil Villa Real 428m²...................................................................................................................R$ 150 mil Colinas de São Francisco 616m².............................................................................................R$ 290 mil Terras de Santa Cruz 600m²...................................................................................................R$ 120 mil Portal Bragança Horizonte 341m²..........................................................................................R$ 200 mil
Apartamentos
Ed. Piazza de Siena................................................................................................................ R$ 950 mil Apto. Jardim do Lago............................................................................................................. R$ 300 mil Apto. Centro (novo)................................................................................................................R$ 255 mil Ed. Don Pedro I...................................................................................................................... R$ 650 mil Apto. Jd nova Bragança ( Alto Padrão 230m² 3vagas)...................................................... R$ Consulte-nos
Diversos
Casa Jd. Europa.....................................................................................................................R$ 530 mil Terreno Jd do Lago Comercial 600m²..................................................................................... R$ 600 mil
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por Shel Almeida
Em 1830, São Paulo viveu um acontecimento emocionante: foram instalados na cidade alguns lampiões de azeite e as pessoas puderam aproveitar a noite, marcar encontros. Luz elétrica para valer só chegou quase cinquenta anos depois, quando colocaram seis lâmpadas numa estação de trem. Quando o sol baixava, dava para conversar, jantar ou até ler um pouco. Mas vela era um item caro e um tanto perigoso de modo que o uso era comedido e as pessoas obedeciam a escuridão. Usavam-na para, de fato, dormir. Talvez seu ânimo não seja feito para tanta pasmaceira, mas seu corpo é. Nosso controle circadiano, período de aproximadamente 24 horas que regula o ciclo biológico, é sensível à iluminação. “Enquanto há luz, o corpo não entende que deve sentir sono. A sonolência que sentimos hoje está mais para estafa. O cérebro emite um alerta vermelho, não um lembrete amigável de que devíamos ir para a cama”, explica Camila Hirotsu, especialista em sono do departamento de psicobiologia da Unifesp. Aos poucos, fomos criando as condições ideais para nos mantermos acordados. Primeiro, trocamos as velas por lâmpadas. Aí tivemos a ideia de substituí-las por lâmpadas brancas cada vez mais potentes (embora não haja estudo sobre isso, especialistas acreditam que elas sejam piores
para o sono do que aquelas amarelas). Em seguida vieram os televisores, computadores, os tablets e por fim decidimos que seria razoável responder a um e-mail de trabalho ou ter uma conversa calorosa por mensagem de texto um segundo antes de capotarmos na cama. “O celular deve ser a coisa que mais prejudica o sono de uma pessoa saudável”, diz Hirotsu. Não contentes em emitirem luz, esses aparelhos eletrônicos emitem luzes azuis, as mais eficientes para inibir a secreção de melatonina, o hormônio do sono. “E diferentemente, da televisão, que oferece um uso passivo e fica longe dos olhos, esses aparelhos ficam a polegadas do nosso nariz, promovem a interação. Uma coisa é assistir a um filme antes de dormir, outra é ter uma conversa sobre um assunto importante”, afirma Hirotsu. O problema dos aparelhos eletrônicos é que eles inibem e superficializam o sono em duas frentes: primeiro, emitindo a luz azul que atravessa os olhos, bate na glândula pineal (que controla ciclos vitais, incluindo o circadiano) e nos deixa alerta. Segundo, ativando nossos neurotransmissores de vigília com atividades excitantes, que aumentam a produção de cortisol, hormônio que, em excesso causa estresse e picos de ansiedade. A essa altura você já deve ter concluído que é melhor colocar o celular numa caixa e jogá-lo no oceano uma hora antes de
ir dormir. Se foi isso que você pensou, a recomendação médica vai por aí. Já o tradutor Gabriel Antunes, 32, achou por bem comprar uns óculos de lente laranja que barram a luz azul. “É um pouco ridículo e evito usá-los quando tenho companhia, mas funcionam. Continuo jogando videogame ou trabalhando no computador até tarde e mesmo assim consigo sentir sono. Antes eu podia jogar até as 3h sem um bocejo”, diz ele. É possível comprar esses óculos em lojas de material de construção ou na internet, por cerca de R$ 40. Existem ainda filtros de tela por US$ 30. Quem gosta de ler na cama ou acha imprescindível ter uma luz acesa à noite pode usar lâmpadas avermelhadas, as que menos prejudicam a secreção de melatonina. Outro truque é usar a função “night shift” (disponível para iPhone) ou aplicativos como f.lux, Twilight e Bluelight Filter (para computador e celular, com versões pagas e gratuitas), que deixam as cores do aparelho mais quentes depois de certo horário. “Os estudos sobre a eficácia desses mecanismos são pequenos, mas eles fazem sentido e é possível que funcionem. Melhor do que usar o celular no brilho máximo certamente é”, diz Leonardo Ierardi, neurologista especializado em sono do Hospital Israelita Albert Einstein. Outro artifício é o uso de suplementos
de melatonina que, embora não sejam regulamentados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), são adquiridos no exterior ou em lojas de suplemento pela internet. “A melatonina é uma substância razoavelmente segura. Para idosos, que têm uma redução natural na produção, podemos indicá-la. Mas não é um sonífero nem resolve o problema de quem abusa de eletrônicos”, afirma Ierardi. A melatonina não induz o sono, mas facilita o estado de sonolência. O hormônio tem seu pico de liberação algumas horas depois que adormecemos, mas sem um ambiente escuro de verdade, o corpo não produz melatonina. Estudos apontam que é por conta da luminosidade e da consequente falta de melatonina que trabalhadores noturnos têm três vezes mais chance de desenvolver alguns cânceres, como o de mama. A moral da história é que existe um arsenal tecnológico para amenizar os efeitos da tecnologia no seu sono. Ou você pode tentar uma equação menos contraditória que envolve apenas escuridão e uma dose saudável de tédio. “O celular deve ser a coisa que mais prejudica o sono de alguém saudável. E, ao contrário da TV, que tem um uso passivo e fica longe dos olhos, esses aparelhos ficam a polegadas do nosso nariz” Camila Hirotsu Especialista em sono da Unifesp Arte: Folhapress
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Saúde
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Artrite Reumatoide Dias frios pioram as dores causadas por artrite reumatoide
por MARIANA VERSOLATO/FOLHAPRESS
Arte: Folhapress
O frio chegou de vez e,
Municipal da Saúde.
com ele, surgem as dores
Como em todos os casos o frio é
provocadas pela artrite
umdos desencadeadores da dor,
reumatoide. Manter-se protegido
o principal “remédio” é evitá-
de ventos gelados é a melhor
-lo ao máximo. Dormir numa
forma de evitar o incômodo
cama aconchegante, cobrir- se
causado pela doença.
com agasalhos e tomar bebidas
São várias as prováveis causas
quentes são algumas das dicas
de o frio aumentar os problemas
para fugir do ar gelado.
relacionados à doença, nenhuma
Causa
comprovada cientificamente,
A artrite reumatoide é uma
explicam os especialistas.
doença autoimune (quando o
Uma das mais aceitas diz que,
sistema imunológico do indi-
em dias frios ou chuvosos, a
víduo ataca partes do próprio
pressão do ar cai e provoca uma
corpo), por isso não há como
pequena expansão das cápsulas
preveni-la. “No caso da artite
articulares (membranas que
reumatoide, o corpo ataca a
envolvem articulações). Isso
sinóvia, que é um tecido de
seria suficiente para aumentar
revestimento das articulações”,
as dores. ‘Pessoas com quadros
diz Fellipe Savioli, ortopedis-
de dores crônicas acabam de -
ta, especialista em medicina
senvolvendo com o tempo uma
esportiva.
maior sensibilidade dos nervos,
(William Cardoso)
o que os tornam mais suscetí-
D oe n ç a po d e p ro vo c a r m a i s
veis à sentirem dores em dias
danos à saúde
mais frios’, afirma o educador
A artrite reumatoide pode levar
físico Sidney Oliveira Filho, do
a pessoa a ter problemas mais
Grupo Ultrafarma.
graves do que dores no frio.
Outra possibilidade diz respeito
“Pacientes podem ter esclerite
à reação do corpo ao frio. “Uma
e uveíte (inflamação dos olhos)
hipótese é de que a dor no frio
podendo levar a sérias complica-
seja causada por tensão e con-
ções. Pode haver inflamação da
tração muscular ao redor dos
pleura, tecido de revestimento
nervos e articulações, devido
dos pulmões. Medicações usa-
à vasoconstricção que a baixa
das para controlar a doença,
t e m p e r a t u r a c a u s a” , a f i r m a
podem sobrecarregar o fígado
o reumatologista José Mauro
e os rins”, diz o ortopedista
Del Roio Correa, da Secretaria
Fellipe Savioli. (WC)
Antenado
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Pureza
Apesar de fundo tecnológico, Jonathan Franzen afirma que foco de novo livro são os dissidentes, escritor norte-americano ainda trata dos segredos na sociedade e faz críticas àqueles que defendem a revelação de todos eles por ALVARO COSTA E SILVA/FOLHAPRESS
E não é que Jonathan Franzen acompanha o mundo tecnológico como qualquer um? “Não é como se eu vivesse isolado em uma cabana. Mas sou cético quanto às falsas promessas do Vale do Silício. E não vejo o romance como um meio de expressar opiniões, mas uma experiência na qual desafio minhas próprias ideias”, diz o autor. De todo modo, não é a tecnologia o tema central do livro, mas os segredos e como nos relacionamos com eles. Por isso, Andreas Wolf entrou na trama: é um personagem dedicado a revelá-los. “O Vale do Silício acha que, se não houver segredos, vamos ter a paz mundial. Mas, quanto mais você sabe sobre as pessoas, mais você as odeia”. Todas as outras figuras que circulam pelo romance têm segredinhos e segredões inconfessáveis, mas isso é porque Franzen não resistiu. “Quando escrevo um romance, entro em um estado obsessivo.” Desses, Andreas desponta como o mais interessante. Ele é resultado do período em que Franzen passou na Alemanha, nos anos 1980. O autor diz ter sempre se interessado pelo mundo germânico (em 2013, traduziu ensaios do satirista austríaco Karl Strauss). À época, o escritor americano sentia-se fascinado por figuras da dissidência do outro lado do Muro de Berlim. E há tempos alimentava a ideia de escrever sobre o que chama de “personalidade dissidente”. “Os dissidentes são ótimos, muito críticos, tomam posições difíceis em regimes repressivos. Ao mesmo tempo, ninguém é perfeito. As pessoas que vazam [informações] não são como eu e você. São figuras radicais”, afirma o autor. “O que me interessa é a grande voltagem no atrito entre a personalidade problemática e a figura pública. Quis tratar de questões psicológicas das quais nunca tinha tratado. A ideia era investigar os extremos da sanidade, do mau comportamento.” snowden Mas o fascínio pelos dissidentes para por aí. Franzen não é a favor que os Estados Unidos perdoem Edward Snowden, que vazou documentos da espionagem americana para o jornalista Glenn Greenwald em 2013. “Não é que não admire Snowden, mas ele sabia das consequências. Ficaria feliz se ele pudesse viver para sempre como um exilado, mas que o governo o deixasse em paz para ir aonde quiser. Seria um precedente ruim não fortalecer a lei.” Franzen avisa também que, embora em dado momento do livro Obama seja criticado por “não ter mudado as coisas”, essa não é bem sua opinião. “As pessoas na Europa eram mais ingênuas em relação a Obama. Ele ganhou Nobel só por ser eleito, de tanto que as pessoas odiavam George W. Bush e Dick Cheney. Eu não tinha tanta esperança. Qualquer pessoa eleita, até o Donald Trump, acaba levada para uma sala onde é ensinada como agir”, diz o autor, que vota em Hillary Clinton. O romance também marca as pazes de
Franzen com os jovens, que antes detestava. “Achava-os estúpidos e apolíticos. Agora passei a conhecê-los e estou entusiasmado, os bons jovens são muito bons. Queria um livro que celebrasse o jovem com ideias próprias.” (MAURÍCIO MEIRELES) PUREZA AUTOR Jonathan Franzen TRADUÇÃO Jorio Dauster EDITORA Companhia das Letras QUANTO R$ 69,90 (616 págs.) TRECHO Seguiu-se um período feliz em que acordou na cama de dezenas de mulheres numa rápida sucessão, por toda a cidade, em
bairros cuja existência nem sonhava –em apartamentos sem água corrente, em quartos absurdamente estreitos perto do Muro, numa aldeia que ficava vinte minutos a pé do ponto de ônibus mais próximo. Havia coisa mais docemente existencial do que, depois de fazer sexo, caminhar pelas ruas mais desoladas às três da manhã? A destruição folgazã de uma rotina razoável de sono? A estranheza de cruzar no corredor, a caminho de um banheiro comoventemente pavoroso, com a mãe de alguém metida num roupão com papelotes no cabelo? Andreas escreveu poemas sobre suas experiências, reflexos intrincadamente rimados de sua subjetividade única numa terra cuja sordidez só
era aliviada pela excitação da conquista sexual, sem que nenhum deles lhe causasse problemas. O regime literário do país se tornara menos rígido nos últimos tempos, a ponto de permitir aquele tipo de subjetividade ao menos na poesia. O que lhe criou problemas foi uma série de jogos de palavras nos quais trabalhava quando seu cérebro estava cansado demais para a matemática. O mais reconfortante no tipo de poesia que compunha era a limitação na escolha das palavras. Como se, depois do caos da infância com sua mãe, ele almejasse a disciplina dos esquemas de rimas e outras restrições. Extraído de “Pureza”, de Jonathan Franzen (Companhia das Letras) Foto: Adriano Vizoni/Folhapress
O escritor Jonathan Franzen em mesa da Festa Literária Internacional de Paraty, em 2012.
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