856 Edição 08.07.2016

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Braganรงa Paulista

Sexta 8 Julho 2016

Nยบ 856 - ano XIV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

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Para pensar

Jornal do Meio 856 Sexta 8 • Julho • 2016

Droga Copiada

Expediente

Parecidos com medicamentos de referência, biossimilares prometem reduzir alto custo da imunoterapia contra câncer e outras doenças por GABRIEL ALVES/FOLHAPRESS

O mundo médico primeiro duvidou, depois apostou e por fim vibrou quando, há alguns anos, começaram a ser lançados os primeiros imunoterápicos –anticorpos fabricados pelo homem que poderiam ajudar a tratar doenças como artrite reumatoide e vários tipos de câncer. O problema da celebrada novidade era o preço. E ainda é, pelo menos enquanto não chegam ao mercado versões dos medicamentos conhecidas como biossimilares –cópias quase idênticas, mas que, por causa do processo de síntese biológica, podem ter pequenas diferenças em comparação à droga original, capazes de alterar a eficácia. O tratamento com esses biofármacos tem vantagens, como alto índice de sucesso em alguns grupos de pacientes e efeitos colaterais mais toleráveis. No entanto, alguns podem custar até US$ 20 mil por mês, o que inviabiliza sua implementação no SUS e no sistema privado. Para baratear, a alternativa seria esperar cair a patente dessas moléculas e criar versões ou “cópias” suficientemente boas delas. Mas biossimilares não são drogas ordinárias: têm uma estrutura mais complexa e mais chance de “dar

errado”. São necessários testes em animais e até em pacientes para aferir sua equiparabilidadecomomedicamento-referência. Isso aumenta o custo e reduz o potencial “desconto” a ser oferecido no preço final. Na prática, os biossimilares custam cerca de 30% menos que os originais.

Regras e preços

Até alguns anos atrás, em boa parte dos países não havia uma regulamentação do que seria necessário para se criar um biossimilar. Isso permitiu um boom dessas moléculas na Índia, por exemplo. Nesse país, já são vendidas ao menos 13 versões da molécula filgrastim e quatro de perfilgrastim, importantes para manter o funcionamento do sistema imunológico durante a quimioterapia. A quantidade de competidores fez o preço despencar de US$ 2.000 para até cerca de US$ 30 por injeção. Na Rússia, o preço chegou a US$ 13. O problema, alerta o médico Gilberto Lopes Jr, do Grupo Oncoclínicas, é que é difícil atestar a qualidade dos biofármacos sem seguir a forma adequada de comparação com a droga original, o que inclui testes clínicos. Sem isso, governos e médicos esta-

riam dando cheque em branco ao apostar nessas drogas, e o valor a ser debitado podem ser a saúde e o tempo de vida do paciente. Um estudo de Lopes Jr com colegas da Rússia e da Índia, que descreve a situação dos biossimilares em países de média e baixa renda, foi destaque no encontro anual da Asco (Sociedade Americana de Oncologia Clínica), que acontece entre 3 e 7 de junho em Chicago, nos EUA.

Patente

A bola da vez é o anticorpo trastuzumabe (Herceptin, da Roche). A farmacêutica Mylan conseguiu produzir um biossimilar “indistinguível” da molécula, usada para tratar câncer de mama, por exemplo. O estudo clínico de fase 3, que mostra a eficácia do tratamento, é outro destaque do encontro da Asco. Hope Rugo, professora da Universidade da Califórnia em São Francisco e autora do estudo, disse que “muitos medicamentos biológicos perdem a patente em breve, e os biossimilares têm potencial para ampliar o acesso a essas drogas caras”. A apresentação do estudo era aguardada por oncologistas de todo o mundo, que ainda estariam

vencendo uma desconfiança com relação a essa alternativa terapêutica, opina o diretor da área de biossimilares da Pfizer, Luiz Henrique Arantes Jr. A empresa lança neste mês um anticorpo biossimilar no país, o Remsima, versão do infliximabe, comercializado originalmente pela Janssen com nome Remicade. É o primeiro lançamento do tipo no país e a expectativa é de que o preço do original caia 35%, para R$ 2.436. O anticorpo é usado no tratamento de artrite reumatoide, retocolite ulcerativa e doença de Crohn, por exemplo.

Futuro

A consolidação dos biossimilares deverá acontecer ao longo da próxima década. Até 2020, um mercado avaliado em mais de US$ 50 bilhões perderá a proteção de patentes. Para alguns, contudo, é melhor não esperar tanto. A Roche permitiu que a patente do Herceptin (trastuzumabe) expirasse em 2013. Ela lançou uma versão mais barata do biofármaco em parceria com empresa indiana e agora está questionando a similaridade e a qualidade de outras versões da molécula. Uma outra alternativa para baratear

Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

preços é a de licença compulsória, que suspende a patente de drogas que tratam doenças importantes (como a Aids), o que pode servir de motivação para que indústria e governos conversem e reduzam o preço dessas drogas. Simplesmente suspender uma patente pode ser muito ruim para o país, afirma o oncologista Carlos Gil, do Grupo Oncologia D’Or, do Rio. “Uma boa capacidade de negociação pode evitar represálias comerciais importantes de países de origem das patentes, como os EUA.” Outra esperança para reduzir custos é a criação de sistemas que comparem os biofármacos entre si e prevejam corretamente a eficácia das moléculas, dispensando testes em humanos –o que ainda está um pouco distante.


Reflexão e Práxis

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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

O plano Ponto do rio alternativo oposto às Quantia nascentes imprecisa (?) de segurança, acessório de carros

103 Oscar Niemeyer, arquiteto

Carlos Nejar, poeta gaúcho

Peça que pressiona o disco de embreagem O tempo presente Muito gorda Universidade na qual FHC lecionou

Meiga O lado das coisas visto no "jogo do contente", de Pollyanna (Lit.)

(?) para fora: confessar (pop.) Pagamento mensal a consórcios

Poema lírico Focar no alvo

Deus egípcio da vida após a morte

Fugiu (da prisão) Ser mitológico como Dafne Joshua (?), parque nacional dos EUA Ofendida gravemente em sua dignidade

Moderno (abrev.)

Sala (abrev.) Rondônia (sigla)

A escola de samba de desfile infantil Destituído de cheiro Macaco, em inglês Brincadeira da torcida nos estádios

O tecido orgânico rico em cálcio

Mistura na proporção certa

Baguete, broa e bisnaga (?) Penn, ator (Cin.) Assento do caubói

BANCO

"Rotação", em rpm (Fís.) 18

Solução

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D R E I A P L A T S A Q U C A L M I O D D A D S E

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A T U A N U OT S P O S R I O R I O S

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

C A L D I N H O D E F E I J Ã O

com o monopólio legítimo do uso da força física e do poder político, com uma população etnicamente definida e definida por uma religião; mas hoje o Estado Nacional tem suas fronteiras definidas por sua moeda. No entanto, de 174 moedas que existem no mundo somente 10 possuem relevância mundial. O caráter estatal deixa de ser político para ser econômico. A Globalização se define, portanto, como um processo de unificação, pela regra da competição, e fragmentação, sendo um processo contraditório. Com relação a Fragmentação, ela se caracteriza por ser pedaços do sistema financeiro internacional, levando a exclusão inteiras que não conseguem se adaptar ao mercado global, tal qual acontece hoje com a África. É formada por várias facções, pois todas as regiões do globo têm uma parte do produto da mais-valia mundial, mas de forma igualitária, porque obedecesse a regra de formação de preços de mercado. Parece um contra-senso com relação ao que foi dito acima sobre a África, mas a obtenção da mais-valia neste continente é dispendiosa demais, não sendo rentável. Dentro da Fragmentação, existe ainda a chamada fatalização, ou seja, a reprodução de um sistema num nível superior ou inferior, com a criação de instituições como o Banco Central para controlar a moeda do mercado europeu unificado. Até o cidadão sofre transformações; hoje, se caracteriza por direitos pessoais, sociais e deveres principalmente sobre a questão da migração internacional já que se faz necessária a criação de instituições de bem-estar social nas macrorregiões. É justo dizer que a escolha dos eleitores do Reino Unido tenha sido motivada, portanto, por fatores complementares, faces de uma mesma moeda, como – o temor da imigração e a questão dos refugiados e, o mais alarmante e comum, pela incompreensão do processo, algo difícil de ser visto e entendido pela maioria das pessoas.

3/ape — mil. 4/tree. 5/ninfa — platô — tanto. 7/candeia. 15/embolia pulmonar.

Chegamos ainda a uma especulação quanto ao nosso futuro histórico, muito próximo do Período entre Guerras, já que a melhor expressão política para proteger o Estado e manter a produtividade é o autoritarismo. Aqui ocorre o estabelecimento de um novo contrato social que procura proteger as camadas sociais contra a tendência da globalização; melhoria da produtividade a competição no mercado mundial; e um contrato que leve em consideração aspectos globais para a resolução de problemas de ordem global. Neste contexto, cria-se a contradição entre a globalização e a fragmentação ou regionalização, opção feita pelo Reino Unido em um rompimento que traz incertezas para as camadas mais jovens desta região. O seu isolamento ou a preferência por um passado que não mais existe, certamente, trará um período longo e turbulento de reajustes a parâmetros econômicos, sociais e históricos que pareciam superados e irrecuperáveis. As duas entidades que se articulam no processo econômico global são os Estados Nacionais e o Sistema Global de economia. A despeito do que dizem os fervorosos defensores da Globalização os Estados permanecem, não são dissolvidos neste processo. De acordo com a Escola Relativista, escola de economia dos EUA, os atores mais importantes deste processo são os Estados Nacionais com seu poder político e militar. Entretanto, há uma perda da soberania, pois ao se colocar como um ator na competição, principalmente, econômica do mercado global, na tentativa de proteger o seu capital e suas empresas privadas, atraindo para si o capital especulativo financeiro através da oferta de taxas de juros e outros atrativos sócio-econômicos e políticos. Na época do Colonialismo e do Imperialismo a competição entre os Estados era de caráter político e militar. Hoje, no entanto, a área de disputa é econômica porque a própria lógica política está subordinada à lógica econômica. Por isso as realizações de caráter social são colocadas em segundo plano, sempre. A definição clássica diz que um Estado Nacional é um domínio geográfico,

Trunfo do sequestrador Sambista que compôs "O Mar Serenou"

por pedro marcelo galasso

Efeito de obstrução arterial, que pode ser causada por tabagismo ou obesidade

O L V A A N L C R IN A T O M I N R E A R A P S E

União Europeia II

© Revistas COQUETEL

Tradicional petisco de bares, é servido com linguiça Diz-se do ou toucinho e produto temperos verdes de "grife" O sabor da estévia Compõem treliças

C A R C B O N T A U L T O O S

Inglaterra e

Aumentar a lista de amigos, no WhatsApp O formato Cartunista do mamão brasileiro

Moeda comum ao Canadá e à Austrália O Grêmio, em relação ao Inter (fut.)

Casas em Condomínio

Jd. das Palmeiras..................................................................................................................R$ 650 mil Florestas de São Vicente (nova)..............................................................................................R$ 580 mil Euroville (nova).....................................................................................................................R$ 950 mil Portal de Bragança (nova)................................................................................................R$ 1.3 milhões Village Santa Helena....................................................................................................R$ 1.490 milhões Portal Bragança Horizonte (nova)..........................................................................................R$ 770 mil Villa Real (nova)....................................................................................................................R$ 900 mil Rosário de Fátima ( Ac imóvel – valor)............................................................................R$ consulte-nos

Terrenos em Condomínio

Villa Real 428m²...................................................................................................................R$ 150 mil Colinas de São Francisco 616m²............................................................(parcelamos em 10x) R$ 300 mil Terras de Santa Cruz 600m²...................................................................................................R$ 120 mil Portal Bragança Horizonte 341m²..........................................................................................R$ 200 mil Jd. Nova Bragança 300 m².....................................................................................................R$ 200 mil

Apartamentos

Ed. Piazza de Siena................................................................................................................ R$ 950 mil Apto. Jardim do Lago............................................................................................................. R$ 300 mil Apto. Centro (novo)................................................................................................................R$ 255 mil Ed. Don Pedro I...................................................................................................................... R$ 650 mil Apto. Jd nova Bragança ( Alto Padrão 230m² 3vagas)...................................................... R$ Consulte-nos Apto. Ed. Clipper (Centro) Reformado 3dorm. 1gar....................................................................R$ 450mil

Diversos

Casa Jd. Europa.....................................................................................................................R$ 530 mil Terreno Jd do Lago Comercial 600m²..................................................................................... R$ 600 mil Imóvel Comercial AV. Norte-Sul.............................................................................................R$ 630 mil Prédio Comercial Shopping Jaguari....................................................................................... R$150 mil


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por Shel Almeida

Lançado em maio, o projeto Rota das Artes tem movimentado o bairro da Serrinha, na zona rural de Bragança, região conhecida por abrigar o Galpão Busca Vida e o Festival de Arte há mais de uma década. Com a intenção de “usar a arte como instrumento essencial para o empoderamento e a expressão humana”, o Rota começou oferecendo oficinas de artes visuais, música e teatro, pretendendo atingir, especialmente, os jovens moradores da região. A partir de julho tem início a oficina de mosaico e uma programação de férias. Em setembro está prevista para acontecer oficina de cerâmica. Além das oficinas, a intenção do projeto é promover a ativação e ocupação de outros espaços culturais menos conhecidos da região, o Casarão 2 Irmãos e o Teatro Rural. Dessa forma, pretende-se fortalecer a relação da comunidade entre si utilizando as manifestações artísticas, aproveitando a tradição dos bairros rurais com a arte popular.

Convivência Idealizador do projeto, Carlão de Oliveira é o precursor da movimentação cultural da região, ao criar o Galpão Busca vida, há 19 anos. “Ao longo desse tempo, eu tenho observado que é super importante fazer tudo o que é possível em relação à arte e cultura. No entanto, é preciso fazer de forma que os espaços venham de encontro com as pessoas. É fundamental que espaços e pessoas se comuniquem. Durante o período em que estamos aqui no bairro, observamos que existia a oferta de espaço dentro dessa localização, entre a Água Comprida e a Serrinha. Mas sentíamos a necessidade de fazer essa conexão ser mais forte, para que as pessoas que vivem aqui pudessem aproveitar o que está próximo delas sem a necessidade de se deslocar para outros lugares, já que, ao lado, poderiam ter coisas bacanas acontecendo”. O apropriado subtítulo do projeto, “Arte e Convivência na Serrinha” resume bem o que Carlão explica. Não é apenas arte e não é apenas aproximar pessoas e espaços. É promover a convivência das pessoas com a arte, das pessoas entre si e das pessoas com os espaços. É fazer com que as pessoas da região se apropriem dos espaços onde vivem utilizando a arte como recurso. “Os jovens que estão participando das oficinas sempre querem ficar mais tempo nos espaços, querem ter mais autonomia, já existe essa vontade de apropriação. Quando se oferece a oportunidade, a resposta é muito boa. Isso amplia caminhos, quebra os muros das divisões sociais, coloca eles em uma outra perspectiva. A experiência de participar de projetos como este é enriquecedora. A vontade de fazer parte das aulas não parte dos pais, parte deles próprios. Hoje temos 40 jovens envolvidos nas três oficinas. Sabemos que não teremos todos saindo artistas daqui, mas será algo que irá deixar marca, sim”, fala Daniela Verde, coordenadora do projeto

Processo artístico A Rota das Artes foi idealizada para discutir as questões referentes ao fazer coletivo e à ação artística no contexto rural. Por isso, o projeto conecta a comunidade do entorno a artistas já reconhecidos, como forma de promover a troca de saberes e de dar forma artística ao conhecimento imaterial. À frente da oficina de teatro está Fabiana Barbosa

da Cia do Tijolo, da capital paulista, da de música João Velhote, do Jardim Elétrico e da de artes plásticas, Charles Paixão, do coletivo Linguiça Bragantina. Para os próprios artistas/educadores, a experiência, fora do contexto a que estão acostumados, tem sido enriquecedora. “A composição da turma é muito interessante. Temos tanto jovens da região, quanto jovens que vieram do centro de Bragança e também mãe e filho que são de Piracaia e fazem as aulas juntos. Essa diversidade agrega muito ao processo. Neste inicio de oficina estamos trabalhando com a improvisação, já pensando na apresentação do espetáculo que acontecerá na conclusão do processos, no final do ano”, fala Fabiana. Charles explica que as oficinas de artes visuais têm estimulado o processo artístico, desde a produção da tinta e de canetas de bambu usadas nas aulas. “Os jovens participantes têm a liberdade de criar, de forma pura e artística. Fizemos o reconhecimento do local das aulas, o Casarão 2 Irmãos, por meio de gravura. Depois trabalhamos com serigrafia. Os desenhos produzidos por eles durante as aulas serão impressos em papel cartão, em forma de postais”, conta. O processo de produzir a própria arte atingiu os participantes de tal forma que foi preciso criar uma programação de férias, não prevista, para contemplá-los. Dessa forma, nas segundas feiras do mês de julho Charles volta ao Casarão para acompanhar o Ateliê Aberto e dar continuidade ao trabalho com serigrafia.

Charles e Carlão. Troca de saberes entre artistas e jovens participantes é uma das motivações do projeto.

Ocupação Em julho também tem inicio a Oficina de Mosaico, com Zezé Daidone. Essa oficina também irá estimular que os participantes façam um reconhecimento do espaço e proponham uma ocupação artísticas utilizando a arte do mosaico. A programação de férias do Rota das Artes conta, ainda, com a apresentação do espetáculo Ícaro [A Casa], da Tenda Cia Cênica. De acordo com os realizadores, a peça “é resultado de um processo de pesquisa que teve como disparador uma questão essencial: ‘O que é necessário ser discutido em nossa sociedade nos dias de hoje?’. Este disparador levou à tona um conceito e a necessidade de apropriação de um espaço cênico (não convencional) que dialogassem entre si”. Essa necessidade de apropriação veio de encontro com o Rota das Artes, que estimula a ocupação do espaços, em especial o do Casarão 2 Irmãos, que está em processo de reativação. O espaço, que fica na estrada do bairro da Serrinha é o ponto de partida de uma rota que até então era utópica, mas que começa a se concretizar a partir do momento em que pessoas, da região ou não, passam a transitar por ela. A intenção do projeto é estimular a continuidade dessa rota, para que ela seja mutável e vá agregando pessoas e espaços em seu percurso a fim de que, no futuro, se torne um polo cultural regional.

Oficinas de música e teatro acontece no Teatro Rural. Rota das Artes estimula a ativação e apropriação dos espaços pela comunidade.

Jovens se envolveram tanto com a oficina de artes plásticas que foi preciso oferecer o Ateliê Aberto nas férias para contemplá-los.

A participação no projeto Rota das Artes - Arte e Convivência na Serrinha, é gratuita. Para inscrições e mais informações sobre o projeto, acesse: www.facebook.com/ rotadasartes.bragancapaulista

Oficina de Mosaico começa em julho e vai até setembro. É possível participar apenas nas férias, ou do curso completo.


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Saúde

Síndrome do Túnel do Carpo

Doença que compromete mãos começa com formigamentos, síndrome do Túnel do Carpo faz a pessoa sentir dor, fraqueza e até ficar com os músculos debilitados por FOLHAPRESS Arte: Folhapress

Formigamento nas mãos, se estendendo desde o polegar até a metade do dedo anular, pode ser um sinal da síndrome do túnel do carpo, espécie de cano no punho por onde passam os tendões e um nervo,o mediano. A doença, como explica o médico Teng Hsiang Wei, de cirurgia da mão e microcirurgia reconstrutiva do Hospital Sírio-Libanês, “é um conjunto de sintomas decorrentes da compressão do nervo mediano dentro do punho”. Trata-se de um mal perigoso que, como informa Carlos Kopke, ortopedista do CQV (Centro de Qualidade de Vida), pode comprometer para sempre o movimento de uma ou das duas mãos. “É mais comum a doença atacar as duas mãos”, diz Kopke. Tudo começa com formigamento. “Os pacientes dizem que têm que sacudir a mão para melhorar”, diz Kopke. Com o avanço da doença, vêm a fraqueza e a constante quebra de objetos. “Já houve casos de professoras e mães que derrubaram crianças do colo por fraqueza.” Depois, surgem as dores, que podem acordar a pessoa no meio da noite. “Em casos mais avançados existe a diminuição do volume da musculatura na palma da mão”, explica o ortopedista Felipe Savioli. Segundo Wei, a maior complicação é a lesão do nervo se tornar crônica. “Aí a recuperação pode ser parcial e deixar sequelas, como a perda irrecuperável de sensibilidade e força”, diz. “Por isso é importante tratar esse mal precocemente.” Como as causas podem as ser as mais diferentes, como queda, trauma, tendinite, esforço repetitivo, diabetes, doenças reumáticas e até má postura no sono, só um médico pode identificar se a pessoa tem ou não a síndrome. O tratamento pode envolver imobilização do punho à noite, fisioterapia, uso de anti-inflamatório e infiltrações. A cirurgia é o último recurso e não há garantia de cura total. (Gislaine Gutierre) Menopausa pode levar ao distúrbio A menopausa é um dos fatores comuns que podem levar à síndrome do do túnel do carpo. Segundo Carlos Kopke, ortopedista do CQV (Centro de Qualidade de Vida), isso acontece porque, nessa fase, por razões hormonais, o corpo da mulher retém mais líquidos. “Como o túnel do carpo é um espaço muito fechado, essa retenção de líquido faz inchar os tendões, e isso vai comprimir o nervo.” (GG)


Antenado

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Crítica artes plásticas Mostra com ‘Picassos de Picasso’ traz visão mais ampla do artista

por FABIO CYPRIANO/FOLHAPRESS

Poucos artistas visuais tiveram uma produção tão vasta, tão diversificada e tão visível como o espanhol Pablo Picasso (1881-1973). Certamente, suas duas facetas mais reconhecidas dividem-se entre sua fase cubista e seu ativismo político. A primeira, no início do século 20, é considerada essencial na história da arte por acabar de vez com o uso da perspectiva na representação, permitindo toda liberdade que se segue a partir de então. Já a fase militante alcança, com “Guernica”, um dos mais importantes manifestos do século 20 contra os horrores da guerra. Contudo, o espanhol é muito mais do que essas duas facetas e é justamente isso que se pode comprovar na mostra “Picasso - Mão Erudita, Olho Selvagem”, com curadoria de Emilia Philippot, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake. A exposição reúne nada menos que 116 trabalhos do artista, todos do Museu Nacional Picasso-Paris. Isso é, aliás, um dos principais trunfos da seleção, já que todas as obras de lá podem ser chamadas de “Picassos de Picasso”, pois pertenciam ao artista até sua morte

e entraram para uma coleção pública em troca de isenção de impostos para seus herdeiros. Com isso, o museu abarca todas as fases de Picasso, escolhidas por ele mesmo, o que significa um importante apreço avalizado por seu criador. A curadora organiza a mostra em 12 módulos, exibindo desde trabalhos da fase surrealista da Picasso, passando por seu retorno conservador à figuração, nos anos 1920, até sua fase erótica, já no fim de sua carreira. Um dos pontos altos da mostra encontra-se em torno da representação do violão. Está nessa seção uma das obras-primas da exposição, “Homem com Violão”, de 1911, uma pintura exemplar da fase cubista. O violão, no entanto, é visto ainda em outras técnicas, como o desenho, a colagem ou a gravura, e algumas delas, pequenas preciosidades, testemunham a versatilidade de Picasso. Outro momento forte da exposição gira em torno de “Banhistas Jogando com Bolas”, de 1928, uma pintura que marca novamente a quebra na representação tradicional. A mostra ainda reúne conjuntos de fotografias, como a série de Dora Maar

retratando “Guernica” sendo pintada, o que se torna uma maneira de observar o processo de criação de Picasso. Não é a primeira vez que obras do acervo do museu francês são exibidas em São Paulo. Em 2004, “Picasso na Oca” reuniu outras peças, seguindo uma lógica um tanto simplificadora: associava as obras às relações com as mulheres que o artista tinha em cada período. A exposição no Instituto Tomie Ohtake, com orçamento de R$ 6,5 milhões para São Paulo e sua ida ao Rio, consegue dar uma visão mais ampla de Picasso. Ele é afinal um artista moderno, mas com uma obra tão distinta e, em alguns momentos, até contraditória, que o trabalho de alguns artistas contemporâneos, que seguem sempre fazendo a mesma coisa, tornam-se puro tédio perto dele. Picasso “” Mão Erudita, Olho Selvagem QUANDO de ter. a dom., das 11h às 20h. Até 14/8 ONDE Instituto Tomie Ohtake, r. Coropés, 88, tel. (11) 2245-1900 QUANTO R$ 12, grátis às terças AVALIAÇÃO bom

Foto: Divulgação

“Homme à la Guitare”, tela de Pablo Picasso de 1911.


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