Braganรงa Paulista
Sexta
2 Setembro 2016
Nยบ 864 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
2
Para pensar
Jornal do Meio 864 Sexta 2 • Setembro • 2016
Expediente
O pós afastamento por Mons. Giovanni Baresse
Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
Escrevo antes de sa-
ou tendo permanecido no
pelo bem comum faria algum
repetidos à exaustão. Não
ber se a presidente foi
cargo presidencial, parece
legislador aprovar algo que
cheguei a ver o desejo de
afastada. Tudo parece
que se deve ter consciência
limitaria seus benefícios. A
apontar solução que enca-
correr para o desembocar de
que não existirão milagres
própria população tem seu
minhasse a questão para a
sua retirada da função para
para resolver nossos pro-
modo de ver e gostaria de
situação que o país estava
a qual foi eleita. Sabemos
blemas. Se o presidente for
ter respostas rápidas para
e está vivendo. E nestes
que todo o questionamen-
o interino, arcará ele com
suas necessidades. O jogo da
últimos dias o que percebi
to somou seu desempenho
toda a soma das questões
democracia é extremamente
foi uma busca alentada na
Que assumamos nossas res-
falho na condução do país
a serem resolvidas. E não
exigente. Lembremos a si-
procura dos holofotes que
ponsabilidades. Há todo um
(ela mesmo admitiu isso) e
terá refresco. Porque os
tuação da Espanha que já
pudessem influenciar nas
esforço para que as diversas
o embate de partidos polí-
interesses são muitos e,
está a largo tempo tentando
eleições municipais de outu-
manifestações que deverão
ticos (motivados pela falta
também, divergentes. Fala-
formar governo. As diferentes
bro. Tomara que eu esteja
ocorrer sejam vividas num
de jogo de cintura dela em
-se em reforma política, em
correntes não se entendem
equivocado. Resta a todos
clima de cidadania. Afinal o
relação ao parlamento). As
reforma da Previdência, em
e não parece haver espaço
nós tomarmos consciência
Brasil é nossa casa comum.
vertentes para seu possível
reforma fiscal. Como é que
para concessões. Não sei
que a reconstrução da econo-
Destruição será destruição
afastamento formaram o
isso pode caminhar com in-
se percebi bem, mas nos
mia e o ajustamento do país
para todos. Violência será
rio da má situação da eco-
teresses encruados naqueles
pronunciamentos a favor
exigirão muitos e demorados
violência para todos. Que
nomia e do isolamento das
que detém a possibilidade
ou contra o afastamento
sacrifícios. Fomos estimula-
as convicções democráticas
diversas visões dos parti-
de legislar e decidir? Parece
da presidente, o que vi foi
dos a gastar. Agora chegou o
prevaleçam. E saiamos da
dos. Tendo sido afastada
que só um enorme interesse
um suceder de argumentos
momento de pagar a conta.
crise fortalecidos.
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
Comportamento
Jornal do Meio 864 Sexta 2 • Setembro • 2016
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
de primeira grandeza, permanecendo em
A arte de calar, um tratado escrito em
silêncio, do que por louco, abandonando-
1771, afirma que o primeiro grau de
-se à comichão de falar demais.
sabedoria é saber se calar, o segundo
12. A característica de um homem co-
é moderar-se no discurso e o terceiro é
rajoso é falar pouco e executar grandes
não falar demais. No tratado estão os
ações. A característica de um homem de
seguintes princípios:
bom senso é falar pouco e dizer sempre
1. Só se deve deixar de se calar quando
coisas razoáveis.
há algo a falar que valha mais do que
13. Se houver muita paixão em falar uma
o silêncio.
coisa, este será um motivo suficiente
2. Há um tempo de se calar, assim como
para se calar.
há um tempo de falar.
14. O silêncio é necessário em muitas
3. O tempo de se calar deve sempre vir em
ocasiões, mas é preciso sempre ser since-
primeiro lugar e nunca se pode falar bem
ro; podem-se reter alguns pensamentos,
quando não se aprendeu antes a calar.
mas não se deve camuflar nenhum.
4. Não há menos franqueza ou impru-
A arte de se calar provoca uma reflexão
dência em se calar quando se é obrigado
mais do que necessária em um momento
a falar do que leviandade e indiscrição
em que muitos brasileiros parecem ter
em falar quando se deve calar.
opinião sobre tudo, falam compulsiva-
5. É certo que há menos risco em se calar
mente e são violentos contra os que têm
do que em falar.
ideias diferentes. Não é à toa que muitas
6. O homem nunca é tão dono de si
pessoas reclamam que os outros não
mesmo quanto no silêncio.
sabem escutar com atenção e respeito
7. Quando se tem uma coisa importante
as suas opiniões.
para falar, é necessário dizê-la primeiro
Em tempos de muito ruído, tagarelice e
a si mesmo para evitar que haja arrepen-
blá-blá-blá, com tantas queixas sobre a
dimento quando já não se tiver o poder
falta de escuta e de diálogo, você sabe
de voltar atrás no que se declarou.
quando é o momento certo de calar?
A vogal marcada no jogo da velha
Formato da bifurcação
Sinal abolido pela Reforma Ortográfica Caveira, em inglês O indivíduo que não faz exercícios físicos Post meridiem (abrev.) Licor supostamente alucinógeno Gritos de dor
Aliança militar liderada pelos EUA
Fabricante brasileira de aviões comerciais
Are (símbolo) A de legumes é utilizada para fazer a sopa de “entulho”
Entidade classista do Direito no Brasil
MIRIAN GOLDENBERG é antropólo-
9. O silêncio do sábio vale mais do que
ga, professora titular da Universidade
o arrazoado do filósofo.
Federal do Rio de Janeiro e autora
10. O silêncio muitas vezes passa por
de “A Bela Velhice” (Ed. Record)
A 17ª letra grega Ao (?): em volta
O T A
Querido, em inglês Pássaro canoro Rótulo informal do fetichismo
N Princípio (poét.) Ex-jogador de futebol Estado do monte Caburaí (sigla)
Vitamina também chamada de biotina
Prefixo de “anemia” Um, em espanhol
A parte mais larga da vela de um navio A pessoa que age de maneira sensata
BANCO
30
Solução
8. Quando se trata de guardar um segredo, calar-se nunca é demais.
Pedaços Edvard Munch, pintor
Artur Xexéo, colunista brasileiro
S A Q U E
sobre tudo
U
11. Mais vale passar por não ser um gênio
S S L O I I C O S A N T E N T E X E M T RE M A R H A R I O DE A R T O M O R T O R A N
muitos parecem ter uma opinião
Formiga, em inglês Figurante (Teat.)
E B R G A U I T D I C E D O A L L I O DE N T A S I N O S B R
capacidade em um ignorante.
501, em romanos Choca (o carro)
E M B R A
reflexão no momento em que
Fato anterior considerado no tribunal
É constituído pelas glândulas endócrinas Dia do passado mais acessível à memória
G R A R P R Y S K A S P A U R O
sabedoria em um homem limitado e
Tipo de bebida alcoólica
R A C I O N A L
Ficar em silêncio provoca uma
Escudo de Zeus (Mit.) Rutênio (símbolo)
EN V E R G A D U R A
por MIRIAN GOLDENBERG/FOLHAPRESS
© Revistas COQUETEL
Fundamento do vôlei Campeão de xadrez derrotado pelo computador Deep Blue Passagem estreita Franzinos (pop.)
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A arte de se calar
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Jornal do Meio 864 Sexta 2 • Setembro • 2016
por Shel Almeida
Que as novas tecnologias estão mudando o mundo, não é nenhuma novidade. O que, possivelmente, ninguém imaginava há uma década atrás é o quanto isso afetaria não apenas nosso estilo de vida como também as nossas relações pessoais. As redes sociais já existem há pelo menos uma geração. As crianças de hoje nasceram em uma era em que é normal comunicar ao mundo cada momento especial, desde a descoberta da gestação, à saída da maternidade, dos primeiros passos ao primeiro dia na escolinha. O que antes se limitava ao âmbito familiar hoje nos une de tal maneira que nos faz sentir próximos de pessoas que sequer vivem na mesma cidade. estado ou país que a gente. E, por mais que muitas pessoas tentem viver a par disso, o fato é que essa tarefa tem se mostrado árdua. A vida digital veio para ficar. E já começou a tomar conta das ruas. Prova disso é a febre causada pelo lançamento do jogo de realidade expandida Pokémon Go. De repente o virtual encontrou o real e os espaços públicos foram tomados por pessoas de todas as idades que saem à caça das tais criaturas que estão ali, mas que ninguém consegue ver sem um smartphone na mão.
Museu Roseli Cipriani, funcionária do Museu do Telefone, localizado na Praça Central, conta que quando chegou para abrir o espaço no primeiro domingo pós lançamento do jogo, levou um susto. Tinha tanta gente parada na porta que ela chegou achar que tinha agendado alguma excursão e que tinha se esquecido. Para entender que todos estavam ali atrás de um pokémon raro que está no Museu, ela precisou de um tempo e algumas explicações. “Tinha muita gente na porta, as 9h da manhã de um domingo. Eu nunca tinha visto algo assim. Na hora eu fiquei assustada, mas depois achei engraçado. Quando saí para almoçar e vi uma multidão na praça, que fui entender a dimensão disso tudo. Acho que tinha umas 300 pessoas só na parte de trás da igreja, não tinha lugar para sentar de tanta gente. Agora que passou um pouco febre, já diminui. Mas sempre aparece alguém aqui querendo o tal pokémon. Mas a maioria já entendeu que não precisa entrar para pegá-lo, da calçada já consegue”, diverte-se.
Ocupando o espaço público Assim como o facebook e o whats app tiverem o poder de unir pessoas, o Pokémon Go também. Se com uso frequente das redes sociais acabamos nos aproximando de quem está distante e nos distanciando de quem está próximo, o jogo virtual fez justamente o contrário. Para quem duvida, basta ir até a Praça Raul Leme, no centro de Bragança, no período da noite durante a semana ou durante a tarde, nos finais de semana. O local nunca esteve não cheio de gente. É verdade que agora, passado o boom do lançamento do jogo, a movimentação já diminuiu bastante mas, mesmo assim, ainda é maior do que antes do lançamento. De repente, o mundo virtual, que já tinha feito com que mudássemos a forma como nos relacionamos com as pessoas, agora nos faz também rever a forma como nos relacionamos com a cidade. São vários os relatos de mães e pais contando que
os filhos deixaram o computador de lado e começaram a sair de dentro de casa. É claro que os adolescentes de hoje não são como os dos anos 80 ou 90 ocupavam as ruas jogando bola, andando de bicicleta ou jogando queimada com os amigos. Mas já começam a se diferenciar dos adolescentes dos anos 2000 que passavam a vida deitados no sofá ou atrás de um teclado jogando videogames. Pode ainda não ser muito, mas fazer com que esses jovens passem a ocupar os espaços públicos, já é um avanço. “Meu filho ficava até 12h por dia jogando no computador. Agora que começamos a sair para jogar o Pokémon, fizemos um acordo. O período que ele passa dentro de casa está sendo melhor aproveitado. Agora ele usa esse tempo para fazer as lições com calma, para ler, fazer outras atividades que não o computador. Fizemos esse acordo entre nós. Ele cumpre a parte dele e nós saímos pelo menos três vezes por semana para jogar. Antes não tínhamos o costume de vir até a praça, de caminhar pela cidade e nem de fazermos atividades juntos. Agora virou rotina e eu estou achando isso ótimo. Até nossa cachorrinha está adorando vir caçar pokémon, porque assim ela passei também”, conta Julia Alves, mãe de Diego, de 11 anos. Para Melânie Padilha, o jogo contribuiu para que ela e a filha Alice fizessem atividades fora de casa. “Saímos eu, ela e meu namorado, Guilherme, para jogar. Costumamos ir na Praça Central, mas às vezes também vamos no Lago e na Praça do Matadouro. Raramente a gente saia para fazer algum programa ao ar livre, costumávamos ficar em casa assistindo filmes. O que tem sido bem legal é que além de jogar, a gente consegue conversar com os amigos que também estão por ali. É legal ver a praça assim, cheia de gente, poder encontrar as pessoas, por mais que a maioria ainda não interaja, fique só no celular mesmo. Aos domingo é até difícil achar lugar para estacionar. Eu comecei a jogar primeiro e logo a Alice ficou interessada. Ela tem cinco anos, então, ainda está aprendendo, tem muita curiosidade, é até bonitinha de ver. A meu ver, tem sido bastante positivo, percebi que várias outras famílias estão fazendo o mesmo que a gente, saindo de casa”.
Jogo Pokémon Go está mantendo a Praça Raul Leme cheia aos finais de semana. Nos primeiros dias era difícil até mesmo encontrar lugar para sentar.
Unindo famílias Val Ferreira está sempre na Praça Raul Leme com a esposa, Juliane e os quatro filhos, Gabriel, Mateus, Brenda e Tainá, atrás dos pokémons. Diferente de outras famílias, eles já tinham o costume de sair juntos para atividades ao ar livre. O jogo apenas intensificou isso. Para eles, a movimentação causado pelo aplicativo tem trazido muito benefícios. “Mesmo cada um jogando no próprio celular, todos interagem, jogamos juntos. Quem chega primeiro em uma nova fase espera os demais, um ajuda o outro. Agora a movimentação já diminuiu um pouco, mas, antes, estava parecendo época de natal, de tanta gente andando pela praça. E tem gente de toda idade, em qualquer horário. Já vimos mães e/ou pais com os filhos, avós com os netos. As pessoas estão saindo mais de casa por causa do jogo e isso é muito bom. Já vimos senhores de idade, de tarde, com uns três celulares na mão. Imagino que estavam caçando para ajudar os netos”, conta.
O casal Val e Juliane joga com os filhos Gabriel, Mateus, Brenda e Tainá, família é unida até na hora de mudar de fase.
Melânie e a filha Alice saem de casa por causa do Pokémon. Se antes não tinha o costume de fazer atividades ao ar livre, agora não saem da Praça.
Informática & tecnologia
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E-sports
Clubes de e-sports se aliam para negociar direitos de TV por FELIPE MAIAL/FOLHAPRESS
Foto: Ricardo Borges/Folhapress
Clubes brasileiros de e-sports, os campeonatos profissionais de games, criaram uma associação para negociar torneios, patrocínios e direitos de transmissão desses eventos na televisão. Os campeonatos vêm em crescimento e têm atraído a atenção de canais a cabo. A final do Campeonato Brasileiro de “League of Legends”, realizada em julho no ginásio Ibirapuera para uma plateia de 10 mil pessoas, teve transmissão do SporTV. O objetivo, afirma Lucas Almeida, presidente da ABCDE (Associação Brasileira de Clubes de e-Sports), é negociar em conjunto os valores -hoje, afirma ele, os times não recebem pelos direitos de transmissão, ao contrário do que acontece com outros times como o Futebol. Almeida afirma que uma das referências é o Clube dos 13, que negociou os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro até 2011, quando os times começaram a negociar individualmente as cotas de televisão. A ideia, afirma ele, é que os nove clubes par-
Clube INTZ, que tem 11 equipes profissionais em dez jogos, é contra proposta das operadoras de bloquear o acesso de quem exceder o limite mensal de dados. Foto: Ricardo Borges/Folhapress
ticipantes recebam valores mais ou menos similares, independentemente do tamanho da torcida ou do desempenho. Para ele, entretanto, ainda vai levar um tempo até que um torneio inteiro passe na TV -o mais provável é que sigam sendo transmissões pontuais. É possível acompanhar as disputas por meio de plataformas on-line como a Twitch, comprada pela Amazon por US$ 970 milhões em 2014, e Azubu. Hoje, esses times se financiam principalmente por meio de patrocínios e da venda de atletas. Os passe de um jogador profissional de games (o e-atleta) pode custar de R$ 15 mil a R$ 1 milhão, dependendo de seu talento e de sua capacidade de atrair atenção do público e de patrocinadores. A ABCDE também pretende negociar patrocínios comuns, com valores similares. “A gente entende que isso vai fomentar o setor, que precisa de mais players. Não dá para fazer um megatorneio com apenas três clubes”, diz.
Membros do Pain Gaming na plateia: gamers foram citados pela Anatel como um dos causadores do congestionamento nas redes, o que justificaria a adoção das franquias.
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Saúde
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Doenças na pele Frio e ar seco podem abrir brecha para doenças na pele
por FOLHAPRESS
Inverno pode fazer doen-
“Feridas e roxos aparecem nas
ças, como caspa e psoríase,
pontas dos dedos das mãos.
piorarem. Uma das dicas
Elas não surgem por causa de
é usar hidratante pós-banho
sabão ou de detergente, mas por
A baixa umidade do ar nos dias
sensibilidade ao frio exagerado”,
frios e os banhos mais prolonga-
diz Wulkan.
dos e quentes no inverno fazem
Alguns cuidados simples, porém,
a pele ficar mais ressecada. Por
ajudam a afastar transtornos.
causa disso, doenças dermato-
Banhos devem ser mais mornos e
lógicas podem apresentar piora.
a bucha deve ser evitada. Sabo-
“Por cima da camada mais su-
netes líquidos, segundo Wulkan,
perficial da pele, a gente tem
tendem a ser menos agressivos
um manto de gordura. Quan-
à camada de gordura da pele
do está muito seco ou a gente
porque possuem uma acidez mais
usa muito sabão, esse manto
parecida com a natural da pele.
é rompido, dando espaço para
Usar hidratante logo após o banho
alergias, doença, sensibilidade
é outra recomendação. Segundo
e coceiras”, explica o derma-
Steiner, a pele fica mais receptiva
tologista do Hospital Israelita
ao produto quando ainda está
Albert Einstein Claudio Wulkan.
úmida. “Hoje os hidratantes são
“A pele ressecada fica esbranqui-
muito bons, então escolha não
çada, opaca e com descamação.
pelo preço, mas pelo toque, o
Ela pode coçar mais, apresentar
que mais agradar”, diz Wulkan.
escamas de peixe, bolinhas e
(Gislaine Gutierre)
avermelhamento”, diz a derma-
Cabelos e lábios pedem cuidados
tologista Denise Steiner.
Lábios e cabelos também pedem
Além desses desconfortos, a pele
cuidados. “Evite ficar lambendo
seca pode levar à piora de algu-
os lábios porque a saliva tem
mas doenças, como a caspa e a
enzimas que atrapalham a cica-
descamação da pele do rosto na
trização da pele”, diz o derma-
chamada dermatite seborreica.
tologista do Hospital Israelita
A psoríase, segundo Wulkan,
Albert Einstein Claudio Wulkan.
também não tem o frio como
A dermatologista Denise Steiner
causa, mas tende a piorar nas
indica hidratantes labiais. Já os
temperaturas mais baixas. E
cabelos ela sugere “lavar três
quem costuma mexer muito
vezes por semana, usar xampu
com água fria e vem de lugares
neutro e usar máscaras hidra-
quentes está sujeito a ter um
tantes ao menos duas vezes por
distúrbio chamado perniose.
semana”.
Arte: Folhapress
Antenado
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Americana relata trabalho em crematório Em livro, Caitlin Doughty procura desmitificar tabu da morte por meio de revisão histórica e de experiência pessoal, escritora expõe, em obra recém-lançada no Brasil, os bastidores da morte usando humor afiado e sagacidade
por CAMILA APPEL/FOLHAPRESS
A norte-americana Caitlin Doughty abraçou uma missão: desmitificar o tabu da morte. Com seu canal no YouTube, o “Ask a Mortician”, ela apresenta vídeos curiosos sobre a indústria da morte usando humor afiado e sagacidade. E usa a escrita para apresentar o leitor a um setor pouco conhecido do público em geral –os bastidores da morte. Seu livro, “Confissões do Crematório” (ed. Darkside, 2016), lançado recentemente no Brasil, é uma compilação de casos reais vividos durante seus primeiros seis anos trabalhando em um crematório nos Estados Unidos. Doughty não pisa em ovos. Ela destrincha os tópicos mais mórbidos de forma bem direta. Conta sobre um bebê que precisou raspar a cabeça (pois a família queria guardar o cabelo de lembrança), e atividades como lubrificar uma mão para tirar a aliança, remover marca-passos para não explodirem no forno crematório, moer ossos em um liquidificador de metal, inserir tampas espinhosas embaixo das pálpebras para os olhos ficarem fechados e barbear mortos. São ações que incitam um dilema comum aos trabalhadores desse ramo: “Eu não tinha certeza se Byron era um ‘ser’ ou uma ‘coisa’ (um corpo), mas parecia que eu devia ao menos saber o nome dele para executar um procedimento tão íntimo”, escreve. A autora oferece uma revisão histórica da morte, como o surgimento do embalsamamento, da cremação, dos cemitérios modernos, a higienização do processo do morrer com a transferência dos moribundos das casas aos hospitais, os ritos fúnebres nas diversas culturas –a tribo brasileira Wari que comia seus mortos, os budistas tibetanos que deixam os corpos ao ar livre para serem devorados por entidades celestiais (os urubus) e o costume fúnebre da ilha de Java, na Indonésia, de abraçar e lavar cadáveres. Ela relaciona o tabu da morte com o do sexo: “Enquanto o sexo e a sexualidade eram o tabu central do período vitoriano, a morte e o morrer são o tabu do mundo moderno”. E cita o antropólogo britânico Geoffrey Gorer, “nossos bisavós ouviram que os bebês eram encontrados embaixo de arbustos de groelha ou de repolhos; nossos filhos provavelmente vão ouvir que os que faleceram (...) viram flores ou descansam em lindos jardins”. O envolvimento profissional de Doughty com a morte surgiu da tentativa de superação de um trauma de infância. Aos oito anos, ela presenciou uma garotinha cair para fora
da escada rolante de um shopping center. Doughty diz ter se traumatizado por nunca ter tido contato com a morte antes desse evento. Após o trabalho no crematório, ela cursou uma faculdade funerária em São Francisco e chegou à conclusão de que “quanto mais eu aprendia sobre a morte e a indústria da morte, mais a ideia de outra pessoa cuidando dos cadáveres da minha família me apavorava”. Essa consciência a estimulou a fundar sua própria casa funerária, a “Undertaking LA”. consciência funerária Em entrevista à Folha, Doughty conta que a “Undertaking LA” é a única casa funerária sem fins lucrativos de Los Angeles, e afirma
se preocupar em envolver as famílias nos cuidados com seus mortos. Ela organiza, por exemplo, workshops para os clientes saberem o que exatamente é feito com os cadáveres. “Eu não concordo com os funcionários do ramo (tanatopraxistas, patologistas, funcionários do crematório) somente lidarem com os corpos mas nunca com suas famílias. Se você ignorar os vivos, a família enlutada, você pode perder de vista o fato de que cada corpo representa um ser humano com uma história”, conta. Doughty relaciona os problemas da sociedade moderna com uma cultura que ela considera negar a morte: “Se não podemos aceitar
que vamos morrer, não vamos aceitar que estamos matando o planeta. Não iremos aceitar que estamos destruindo espécies. E acabamos admitindo certos atos de guerra, terror e violência. Se a morte não é real para nós, vamos permitir que essas coisas continuem acontecendo”. Agora, Doughty trabalha em seu próximo livro: sobre como revolucionar o setor funerário e define uma epígrafe para si: “Ela morreu fazendo o que amava: a morte”. CONFISSÕES DO CREMATÓRIO AUTORA Caitlin Doughty TRADUÇÃO Regiane Winarski EDITORA Darkside Books QUANTO R$ 49,90 (256 págs.) Foto: Divulgação
A autora americana Caitlin Dought.
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