868 Edição 30.09.2016

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Braganรงa Paulista

Sexta

30 Setembro 2016

Nยบ 868 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


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Para pensar

Jornal do Meio 868 Sexta 30 • Setembro • 2016

Bons combates valem

muito e são muitos

Em virtude das férias do Mons. Giovanni Baresse, a coluna Para Pensar terá a colaboração do Desembargador Miguel Ângelo Brandi Jr. por dESEMBARGADOR mIGUEL ÂNGELO bRANDI JR

Semana passada apresentei

lutas é um olhar diferenciado,

bons combates na linguagem do

alguém. Se não

um caso de militância, a

uma visão de mundo especial.

grande Apóstolo Paulo. Aqueles

lembrou imediatamente de al-

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919

partir da ideia de impedir

Descobrir que veio ao mundo a

combates pelos quais valha a pena

guém, procure parar um pouco e

a proliferação do uso de energia

serviço, não só a passeio, é um

viver, e talvez até morrer por eles.

provocar sua memória. Se mesmo

nuclear.

processo, um caminhar para

Morrer por eles pode significar

assim não identificou ninguém,

Aprofundo um pouco aquela re-

frente. Não basta uma atitude

abandonar alguns confortos

talvez seja um problema de infor-

flexão, mas expandindo o olhar

de momento, impulsiva.

que a gente vai acumulando, às

mação, ou de busca equivocada

sobre as tantas ações, de tanta

Recordo aqui a parábola do se-

vezes sem perceber. Como pode

de fontes. Talvez o olhar esteja

gente, na direção de um mundo

meador, contada por Jesus Cristo,

significar se expor ao risco de ser

voltado apenas para situações

melhor possível.

segundo narrativa dos evange-

abatido mesmo, a depender da

tristes, catastróficas, tão divul-

Insisto na necessidade de perce-

listas Mateus, Marcos e Lucas.

tarefa em que se envolve.

gadas e com tanta relevância.

bermos quantas lutas são assumi-

Uma parte das sementes caiu ao

Quando eu me refiro a tanta gente

Se isso ocorreu, aproveite para

das, diariamente, aqui, ali, acolá,

longo do caminho do semeador,

que procurou dar um sentido à

rever suas fontes de informação.

no Brasil e no mundo todo, por

vieram as aves e comeram-nas.

vida, seja qual for a inspiração,

Aproveite para procurar boas

muita gente que abraça causa

Outras sementes caíram em lugar

e que abraçou uma, ou mais

notícias, exemplos de pessoas

aparentemente impossíveis, mas

pedregoso, onde não havia muita

causas, incluo crianças, jovens,

de grupos que se dedicam a boas

que recupera dignidade, nutre

terra (sustentação), logo nasce-

adultos e pessoas de idade mais

causas. Será uma experiência

esperança e dá sentido à vida de

ram; mas o sol logo as queimou,

avançada no tempo. Certamente

positiva, posso assegurar.

tantas outras pessoas.

porque não tinha raízes. Outra

ao ler estas provocações, o leitor

São muitas as pessoas que estão

Dificilmente alguém se compro-

parte de sementes caiu entre

está se lembrando de conhecidos,

comprometidas com muitas lutas

mete em tais batalhas se não

espinhos que a sufocaram. Fi-

desconhecidos, parentes, amigos

positivas, em favor da vida e da

redimensionou seu próprio olhar

nalmente, uma outra parte caiu

ou não, que estão comprometidos

natureza. É só procurar. Talvez

sobre si mesmo, sobre o outro

em terra boa e frutificou.

com trabalhos valiosos, anôni-

na busca e no encontro delas,

Oxalá você mesmo esteja compro-

e sobre a vida. Se acontece de

Essas circunstâncias todas, de-

mos ou revelados, trabalhos que

possamos fazer a experiência

metido com bons combates. Oxalá

alguém se envolver nesse tipo

senhadas pelo narrador, podem

ajudam tanta gente a superar

maravilhosa de abraçar uma

você conheça gente e grupos que

de trabalho sem ter passado

sugerir diferentes ideias e cenários,

situações de miséria (de qualquer

ou outra causa dessas. Talvez

assim estejam comprometidos.

por uma conversão (no sentido

se colocadas nas nossas vidas.

natureza), a se recompor na vida;

o motivo de nosso repensar a

Oxalá você aceite a oportuni-

de mudança de vida), seja qual

Mas fica claro que a semente há

trabalhos com a natureza também.

visão de vida, de mundo seja a

dade (provocação) para buscar

for a inspiração, logo cansará e,

de encontrar terra boa em nós

Certamente você, leitor, lembrou

experiência do outro. Talvez o

encontrar notícias e pessoas que

fatalmente, abandonará o barco.

para que produza frutos.

de alguém, ou de um grupo que

motivo não seja aparentemente

estejam nessa trajetória.

Penso que o que dá coragem,

Assim vejo a trajetória humana

assim está caminhando.

tão retumbante. Não importa.

metas e perseverança para tantas

na direção de abraçar boas lutas,

Que bom se você se lembrou de

Importa a atitude positiva.

E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

Miguel Angelo Brandi Júnior


Reflexão e Práxis

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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Moradia de áreas carentes (pl.)

Lago artificial de Brasília

Um dos símbolos da Páscoa Árabe, em inglês (?) Verde: o café

Interjeição de surpresa

Formação vocal Apurada; retocada

Invólucro incandescente dos lampiões Proibir (p. ext.) Formato do anzol Reclamação usual contra a polícia

Prática (?), motivo de devolução de cheque pelo banco sacado Meio em que se vive (francês)

Ícone da cor de fontes (Inform.) Classe olímpica do iatismo

"A (?)", peça de Miguel Falabella Autoridade Nacional Palestina

Tony Iommi, guitarrista britânico

Pão de milho Confusão (pop.)

Estado onde se localiza a hidrelétrica de Samuel (sigla) Patela (Anat.)

Significa "ruralista", na sigla UDR

Capital europeia do parque Vigeland Metal de panelas (símbolo)

Poema originário dos corais gregos Pronome neutro da língua inglesa

Órgão da tainha servido frito

Atributo de Da Vinci e Einstein De sabor agradável

BANCO

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Solução

U

E L V

A

M O I X N I I O A B T I U O R D A GE R H A D

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

O N E R A

O D E

pode? Bem da cidade? Bem de quem? Bem do quê? Para quem? A situação é mais vexatória ainda no caso das escolhas, se é que devemos usar tal termo, para os cargos de vereadores. Aqui, mais do que nunca, a falta de caráter político-partidário é mais fácil de ser vista. Muitos candidatos dos anos anteriores mudaram de legenda. Pena de quem não se recorda e nem anota estas informações, pois as mudanças são vergonhosas, dantescas e tragicômicas, do pior tipo ganhar a qualquer preço e com qualquer um. Dos mais de 300 candidatos, pouquíssimos são consideráveis. A maioria é usada para angariar votos e espera um pequeno benefício caso seu candidato ganhe a eleição. De novo, bem para quem? Para a cidade? Estes nobres candidatos e as respeitáveis candidatas aos cargos do poder legislativo municipal fazem propagandas falsas e nem mesmo sabem as funções de seus cargos e os que sabem, ao longo das propagandas, se esquecem das reais atribuições do poder a que se candidatam. Alguns se prestam a papéis que nem de longe deveriam refletir as atribuições por eles pretendidas. Proclamam absurdos aos quatros ventos e seguem dois breves exemplos. Um candidato dizia que já que não era possível, infelizmente, empregar seus filhos e parentes, caso fosse eleito, barganharia bons empregos em troca de favores políticos. Outro maltratava um grupo de senhoras e moças que trabalhavam com as bandeiras nas ruas da cidade. Como se vê, nosso próximo domingo será mais longo do que gostaríamos.

RA A C D A L I S A S T E R R I O N CI R M P A A R A C O S R U D A O R B N T O U R O R O A R T I L O S L O TU A A L I D A L A T A V

O próximo final de semana deveria indicar um momento importante para a cidade, pois teremos as eleições municipais que têm um papel fundamental na vida de todos os moradores e usuários de uma cidade que, por enquanto, ainda se destaca na região bragantina. No entanto, o que é visto nas últimas semanas em Bragança Paulista é capaz de tirar as esperanças de qualquer eleitor de bom senso e que não visa algum ganho mesquinho na próxima administração, seja ela qual for. Há muito que se pensar, dizer e questionar sobre os candidatos aos cargos de prefeito e de vereadores. Pensemos nos candidatos ao cargo de prefeito. Todos, sem exceção, trazem o mesmo discurso de mudança, mas não apontam caminhos ou possibilidades palpáveis para tanto. Tentam demonstrar conhecimento de causa, apontam apoios importantes, apelam para músicas infantis, frases prontas e gestos mais que repetitivos, mas todos carecem de proposta e se prestam a atacar, direta ou indiretamente, seus pares, ou seja, apresentam um novo que em nada é novo. Além disso, apresentam um esquecimento gigantesco e oportunista já que inúmeras coligações apresentam candidatos que se atacavam duramente nas eleições anteriores e hoje posam como grandes parceiros que colocaram de lado suas distinções políticas e partidárias em prol do bem da cidade. Tanta bondade em nome de tão nobre causa justifica um pequeno lapso de memória. E, como novidade, nem tão nova, não sabemos ao certo como ficará o resultado das urnas, afinal, há uma disputa jurídica que marca, novamente, nossas eleições. Quem está certo? Quem pode? Ou não

A 13ª letra do alfabeto grego

E S P U R I A

por pedro marcelo galasso

Física e Tipo de plástico Química que se desintegra O carro que corre rapidamente no autorama

Por (?): superficialmente

F E P R O A C N E C B A R V E T J U A B U A R S T A G E N P

Bragança Paulista

© Revistas COQUETEL

2/it — ni. 4/arab. 6/camisa. 7/espúria. 9/entourage. 17/oxiobiodegradável.

Pleito em

Vantagem técnica Sistema socioeconôDuas da RAF na 2ª Guerra mico espécies Sufixo nominal medieval de baleia de "arbóreo" Ora (?) nobis, resposta na ladainha Criação de René Goscinny (HQ) Encarece Fiscaliza usinas Gigante nucleares caçador no Brasil (Mit.)

Casas em Condomínio

Jd. das Palmeiras..................................................................................................................R$ 650 mil Florestas de São Vicente (nova)..............................................................................................R$ 580 mil Euroville (nova).....................................................................................................................R$ 950 mil Portal de Bragança (nova)................................................................................................R$ 1.3 milhões Village Santa Helena....................................................................................................R$ 1.490 milhões Portal Bragança Horizonte (nova)..........................................................................................R$ 770 mil Villa Real (nova)....................................................................................................................R$ 900 mil Rosário de Fátima ( Ac imóvel – valor)............................................................................R$ consulte-nos

Terrenos em Condomínio

Villa Real 428m²...................................................................................................................R$ 160 mil Colinas de São Francisco 616m²............................................................(parcelamos em 10x) R$ 300 mil Terras de Santa Cruz 600m²...................................................................................................R$ 120 mil Portal Bragança Horizonte 341m²..........................................................................................R$ 200 mil Jd. Nova Bragança 300 m².....................................................................................................R$ 200 mil

Apartamentos

Ed. Piazza de Siena................................................................................................................ R$ 950 mil Apto. Jardim do Lago............................................................................................................. R$ 300 mil Apto. Centro (novo)................................................................................................................R$ 255 mil Apto. Jd nova Bragança ( Alto Padrão 230m² 3vagas)...................................................... R$ Consulte-nos Apto. Ed. Clipper (Centro) Reformado 3dorm. 1gar....................................................................R$ 450mil

Diversos

Casa Jd. Europa.....................................................................................................................R$ 530 mil Terreno Jd do Lago Comercial 600m² com terra planagem feita............................................. R$ 580 mil Imóvel Comercial AV. Norte-Sul.............................................................................................R$ 630 mil


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Jornal do Meio 868 Sexta 30 • Setembro • 2016

por CHICO FELITTI/FOLHAPRESS

“Se eu não tirar foto do meu treino,

profissionais a orientarem alunos prestes a

é como se eu nem tivesse treinado”,

fazer um clique. “Se a gente vê um equipa-

diz a administradora Ana Lima, 27,

mento sendo usado de uma maneira que não

que há 14 meses mantém um diário fotográ-

foi concebido, tenta convencer o cara a fazer

fico online de suas idas diárias à academia.

direito”, diz o diretor técnico Eduardo Netto.

Ela não está só nesse retrato: 4,5 milhões

Para Netto, fotos de exercícios muito im-

de fotos foram publicadas na rede social de

pressionantes saem pela culatra. “Acabam

fotos Instagram com a palavra-chave #trei-

inibindo as pessoas, porque são exercícios

no (isso sem contar seus desdobramentos,

muito difíceis e feitos sem orientação ne-

como #treinohard, com 170 mil menções, e

nhuma. Os seguidores veem uma famosa

#treinotop, com 125 mil). “É, sem dúvida,

fazendo e vão atrás, podem se dar mal.”

um dos temas mais compartilhados e que

Fotos de exercícios sem tênis são desesti-

mais gera interação, como likes e comen-

muladas nas academias do grupo, e retratos

tários”, afirma o analista de mídias sociais

no banheiro são estritamente proibidos.

Carlos Rodrigo. A reportagem ouviu dez redes de academia de todo o Brasil, que em sua maioria já se adequam à nova necessidade dos alunos: fazer autorretratos (“Tão vital numa academia como bebedouros”, definiu um professor de educação física que pediu anonimato). Leia abaixo causos que envolvem as selfies e os halteres em salões de ginástica brasileiros.

RETRATO DE VIOLÊNCIA Os músculos cultivados por frequentadores da Bio Ritmo da avenida Paulista quase tiveram de ser usados há algumas semanas: um marombeiro foi pego filmando e fotografando a atividade do vestiário masculino, ignorando avisos da proibição de clicar no local. “O cara foi quase surrado, teve de sair com escolta”, diz um advogado que presenciou a cena e pede para não ser identificado. A Bio Ritmo afirma que “orienta os clientes a não utilizar câmera de celular nos vestiários da academia por meio de adesivos informativos”. Em caso de infração da regra, a rede aplica advertência ao usuário.

MALHANDO O DEDO Na Les Cinq Gym, no bairro paulistano dos Jardins, “toda a decoração da academia foi feita para parecer teatral e os alunos serem os artistas”, diz o dono, Rodrigo Sangion. Isso inclui espelhos em bronze, para emular um filtro natural de tom sépia, e um telão na sala de musculação, que exibe fotos enviadas por alunos.” Todo mundo quer aparecer. Pintava muita foto sem camisa, o que inibia outras pessoas, menos em forma, de mandarem sua foto. Diminuímos essa história.” Não há área proibida para selfie no estabelecimento. “Não tem como segurar o aluno”, diz Sangion.

CORREÇÃO

A Bodytech colocou seus professores para supervisionarem as selfies. A rede instruiu os

REVOLTA ONLINE

DEIXE A SELFIE de Fora

A Smart Fit teve de lidar com uma pe-

A Fit For Free, de Curitiba, proíbe o uso de

quena insurgência online. Um aluno de

celular (e consequentemente de fotos feitas

Fortaleza leu o contrato que assinara

com o aparelho) em suas dependências. “A

com a rede, uma das maiores do Brasil,

rede prefere não dar margem para demandas

e viu uma cláusula que proibia alunos de

judiciais por ferir a privacidade de ninguém”,

fazerem fotos lá dentro. Foi reclamar nas

diz o gerente, Marco Machado. “Fomentamos

redes sociais. Obteve apoio em forma de

a prática do exercício em prol da saúde e não

centenas de likes e de comentários indig-

da estética. Pedimos sempre gentilmente aos

nados (“Quem eles pensam que são?”)

nosso alunos que não tirem fotografias pois

até que a academia teve de se pronunciar:

cada um deve respeitar o espaço e privacidade

“Fotos pessoais, sem atrapalhar o fluxo

do próximo.” Em caso de desrespeito à regra

da unidade ou o treino de outros clientes,

há punição com suspensão ou banimento

estão permitidas”.

definitivo do aluno, o que, segundo a casa, nunca aconteceu.


Informática & tecnologia

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Conteúdo on-line Produtores de conteúdo on-line trocam redes sociais por newsletter

por CARLOS GRAIEB COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com o surgimento das redes sociais, e-mails perderam a predominância na comunicação on-line. No entanto, nos últimos anos essa tendência parece estar se invertendo, e as newsletters vivem uma espécie de renascimento. Produtores de conteúdo on-line têm apostado nesse tipo de comunicação para ter uma relação mais próxima com os leitores, deixando de lado a abundância de informações em mídias como Facebook e Twitter. “Há uma quantidade de informação crescendo exponencialmente na internet, e o e-mail hoje é o aconchego de um lugar que eu posso controlar”, explica o jornalista e pesquisador Moreno Cruz Osório, 34, que há dois anos produz a newsletter do Farol Jornalismo, sobre comunicação. Para a advogada Anna Haddad, 30, uma das criadoras da plataforma de aprendizagem Cinese e do site Comum -voltado para mulheres-, a popularidade das newsletters representa o retorno a um espaço de escuta. “O e-mail permite uma conversa mais significativa, tem outro tempo de leitura, um pouco mais lento. É diferente das redes sociais.” As newsletters de Anna e Osório começaram com postagens no Facebook, mas o fato de os algoritmos da rede social não entregarem para todos os leitores o conteúdo publicado os fez migrar para o e-mail. Osório observa que, ao mesmo tempo que há um movimento de volta para a newsletter, há outro de afastamento das redes sociais. “Tem gente que diz ‘que legal teve a coragem de sair do Facebook’, mas não saí. O que preferi fazer foi tentar controlar de alguma maneira a minha distribuição.” Para o jornalista e criador do site Manual do Usuário, Rodrigo Ghedin, 29, que há quatro anos escreve uma newsletter sobre tecnologia, essa retomada das listas de e-mail se encaixa no movimento “slow web” (internet lenta), que se inspira no slow food italiano do fim dos anos 1980 para oferecer uma alternativa menos frenética à internet comercial de hoje. Ghedin aponta a possibilidade de aprofundamento como um dos trunfos das newsletters. “O e-mail é um dos poucos meios de comunicar na Internet que não têm plateia e que não estimulam a resposta imediata, sem reflexão”, afirma. Outra marca do renascimento das newsletters é a curadoria. Para o professor de jornalismo da ESPM, Paulo Ranieri, 35, é exatamente por isso que não se pode falar em “morte” das newsletters, e sim em “desuso”. “Pode ser que apareça uma

nova plataforma e ela precise se readaptar, mas a ideia essencial de curadoria e filtro de informação será cada vez mais necessária”, explica. Ranieri acredita que esse remodelamento já aconteceu com as newsletters comerciais, o chamado e-mail marketing, que hoje não é difundido apenas por e-mail, mas em outros canais de comunicação, inclusive nas redes sociais. Se antes esse tipo de material não passava de um material de vendas, hoje é um conteúdo filtrado para que as pessoas tenham acesso facilitado às informações sobre os produtos. “Vai além de simplesmente vender, é informar sobre algo e gerar interesse nas pessoas a partir dessa informação. É substituir o termo ‘compre’, pelo ‘leia’”, diz o professor.

Quanto vale um email

Newsletters como a da start-up theSkimm provam que investir nessa forma de comunicação não é nada antiquado -e pode ser bem rentável. As americanas Danielle Weisberg, 30, e Carly Zakin, 30, largaram

seus empregos como produtoras da rede de TV americana NBC News em 2012 para investir no negócio de notícias explicadas em tom informal voltado principalmente para mulheres jovens. Inicialmente escrita na sala do apartamento que as fundadoras dividiam, a newsletter conta hoje com mais de 3,5 milhões de assinantes. A empresa conta com anunciantes como Netflix, Starbucks, e HBO, lançou em abril um aplicativo pago e recebeu em junho um investimento de US$ 8 milhões para o lançamento de um estúdio de vídeo. A iniciativa as colocou na lista das 40 pessoas mais influentes com menos de 40 anos da revista “Fortune”. Apesar do sucesso de newsletters como theSkimm, muitos produtores de conteúdo ainda não veem nas listas de e-mail uma fonte de renda. “Não me agrada a ideia de cobrar por isso, a newsletter do Farol começou de graça e tem um caráter de difusão do conhecimento”, argumenta Osório. Já Anna coloca em seus e-mails um convite para que o leitor “liberte seu potencial”, contribuindo voluntariamente por meio

da plataforma de financiamento coletivo recorrente Unlock. Ghedin possui duas modalidades de newsletter, uma paga e outra gratuita. A newsletter paga é um dos benefícios da assinatura do Manual do Usuário, que custa R$ 8 por mês. Além dela, o assinante também ganha adesivos do site e pode participar dos desafios mensais, que valem prêmios diversos. Apesar da rentabilidade, Ghedin não vê essa troca como uma transação comercial tradicional. “A maioria dos assinantes não contribui mensalmente por causa da newsletter ou dos outros benefícios, mas sim para manter o site funcionando”, conta. Essa visão é possível porque há programas gratuitos de administração dos envios. Anna e Ghedin usam um dos maiores do mercado, chamado MailChimp, que conta com mais de 12 mil clientes. No plano gratuito, é possível enviar até 12 mil emails mensais para até 2.000 assinantes. O programa também oferece outras opções pagas, com vantagens como a possibilidade de maior personalização dos emails e ferramentas de monitoramento.


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Saúde

Jornal do Meio 868 Sexta 30 • Setembro • 2016

Epilepsia

Ficar olhando para ponto fixo pode ser sintoma de epilepsia

por GISLAINE GUTIERRE/FOLHAPRESS Arte: Folhapress

Doença, que tem origem no cérebro, se manifesta de várias maneiras, mas há como controlá-la Ficar desconectado da realidade, olhando para um ponto fixo, pode ser sinal de epilepsia. A doença, caracterizada por crises convulsivas decorrentes de impulsos elétricos desordenados no cérebro, apresenta vários tipos de sintomas -diferentes, inclusive, das crises em que a pessoa cai no chão, se debate, enrola a língua e baba. Desligar-se do mundo é um tipo de crise, mas o neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein Fábio Porto explica que isso é diferente de ficar só pensando na vida. “Aqui, é involuntário, e se a pessoa for chamada, não vai voltar à realidade”, diz. Ela ainda pode ficar piscando os olhos e mexendo a boca. O tipo de sintoma está diretamente relacionado à área do cérebro atingida. “Se for na área da visão, a pessoa pode ver cores e formas diferentes”, diz. Ela pode estar consciente ou não. Os vários sintomas podem aparecer juntos ou isolados. Crises em geral duram até dois minutos, segundo o neurologista e coordenador do Ambulatório de Epilepsia Adultos do Hospital das Clínicas, Lécio Figueira Pinto. As com mais de cinco minutos podem lesar o cérebro de forma irreversível. “Há muito preconceito. A epilepsia não é sinal de doença mental e incapacidade”, diz Figueira. A origem do mal pode estar em uma micro lesão, imperceptível até em exames de imagem. Pode ser decorrente da carga genética, de pancada na cabeça, ou por motivos difíceis de serem encontrados. O tratamento costuma ser feito com remédios. Uma opção é a cirurgia, por meio da qual é retirada a parte lesionada do cérebro. E há ainda a terapia VNS (estimulação do nervo vago) uma espécie de marcapasso implantado no tórax, que envia impulsos elétricos para conter as crises. “Com as crises controladas, a pessoa leva uma vida normal”, afirmou Figueira.

Crianças e idosos correm mais riscos Idosos e crianças são mais propensos à epilepsia. “O cérebro é mais frágil”, justifica o neurologista e coordenador do Ambulatório de Epilepsia Adultos do Hospital das Clínicas Lécio Figueira Pinto. Crianças podem ter epilepsia por um atraso na maturação cerebral. Com o tempo, o mal pode sumir. “Idosos podem ter tido tumor, e ter sofrido AVC (acidente vascular cerebral), alzheimer ou processo degenerativo.”


Antenado

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Verissimas

‘A escolha continua sendo entre socialismo e barbárie’, diz Verissimo por AMANDA NOGUEIRA/FOLHAPRESS

“Depois de uma certa idade é

Ele ganha, em outubro, uma antologia

lapida sua melhor arma. “A sátira tem

nião devem cultivar é essa recusa de

temerário fazer aniversário. Que

com suas frases mais memoráveis, se-

força política porque, geralmente, os re-

reverenciar o que quer que seja, salvo

agonia! Todo ‘parabéns’ soa,

lecionadas pelo publicitário e jornalista

gimes repressivos têm medo do ridículo”.

a liberdade.”

mesmo dito numa boa, como ironia”,

Marcelo Dunlop.

Ele cita “O Pasquim” como um exemplo

escreve Luis Fernando Verissimo em

Leitor do cronista, Dunlop partiu de

de publicação que manteve viva a ideia

VERISSIMAS

trecho do livro “As Mentiras que as

uma pasta de recortes de jornais que

de irreverência e, com isso, ajudou a

AUTOR Marcelo Dunlop (org.)

Mulheres Contam”.

guardava desde a infância para montar

acabar com a ditadura.

EDITORA Objetiva

Prestes a completar 80 anos, ele parece

o livro que reúne cerca de 800 verbetes,

“O que a sátira e o jornalismo de opi-

QUANTO R$ 44,90 (264 págs.)

nem ter visto o tempo passar. “A gente se

além de cartuns raros.

distrai e, quando vê, está com 80 anos. Deveria haver um curso preparatório

Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

Desiludido

para a velhice”, diz.

Mesmo sem deixar o humor de lado,

Se houvesse, seria professor: “Fora a

Verissimo fala de coisa séria. Algo que

cardiopatia, a diabete, a visão fraca, e

vem treinando desde o início da carreira;

a lombalgia, vou muito bem”.

afinal, ele passou a assinar sua primeira

Autor de tantas publicações quanto as

coluna no auge da ditadura militar.

primaveras que coleciona -entre contos,

Lamentando um retrocesso e alinhando-

crônicas, romances e quadrinhos, fica

-se entre os creem que houve no Brasil

difícil precisar-, ele acredita que ninguém

um golpe, ele se diz “desiludido porque o

se sinta plenamente realizado.

socialismo não está exatamente em alta”.

“Gostaria de poder voltar no tempo e dar

“Penso que cedo ou tarde as pessoas se

uma revisada nas bobagens e palpites

darão conta de que a escolha continua

errados que cometi”, faz mea-culpa, sem

sendo entre socialismo e barbárie”.

apontar os deslizes.

Enquanto esse dia não chega, Verissimo

Luis Fernando Verissimo em evento de 95 anos da Folha.

aaa


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