874 Edição 11.11.2016

Page 1

Braganรงa Paulista

Sexta

11 Novembro 2016

Nยบ 874 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


2

Para pensar

Jornal do Meio 874 Sexta 11 • Novembro • 2016

Expediente

As mudanças de padres por Mons. Giovanni Baresse

Há quase nove anos, quando da minha ida para a paróquia São João Batista em Atibaia, escrevi sobre a questão das transferências de padres que aconteceram na diocese de Bragança Paulista. Se bem me recordo foram perto de 28 transferências. Nas comunidades paroquiais sentiu-se certo descontentamento. Aqui e ali surgiram diferentes manifestações de apreço pelos padres e de não compreensão pela sua transferência. Procurei dar um panorama de como é a praxe do governo da Igreja e a forma como as medidas foram determinadas. Mostrei os aspectos jurídicos e, também, a sua execução. Vou retomar o assunto e procurar clarear um pouco mais a situação a partir das mudanças que ocorrerão no final deste ano e início do próximo. Creio que é muitíssimo bom que as comunidades não tenham gostado da próxima saída dos seus pastores. Sinal que estavam exercendo bem seu ministério. Seria ruim se a manifestação fosse de alegria e alívio! Deixando isso de lado vamos ao fundamento da questão. O padre

é chamado do meio do povo para servir a esse mesmo povo como ponte para Deus. Ele é aquele que “pontifica”, que faz ponte. Uma das marcas da vocação presbiteral é a renúncia. Presente em muitas outras vocações. Não é privilégio de padre renunciar. Mas é uma das exigências do caminho sacerdotal. Ao aceitar o chamado, nos tempos da infância (na minha época) ou da juventude, o seminarista faz uma primeira renúncia que é a de deixar o convívio normal da sua família para encaminhar-se à casa de formação ou seminário. Exemplifico com a minha pobre história. Minha primeira renúncia foi aos 10 anos. Com essa idade pedi para ir para o seminário. Os tempos de seminário foram inesquecíveis, mas a disciplina e a convivência com mais de 100 colegas exigiam muito. A individualidade ficava sacrificada. Aos vinte e três anos o convite para deixar o Brasil e ir estudar na Itália. Misto de alegria e renúncia! Ao voltar, com o fecho do doutorado pronto, o bispo da época me pede que fique para auxiliar um padre doente. Nunca mais voltei para terminar aquela

etapa! Estando com a paróquia de Socorro em plena efervescência sou chamado para mudar para Campinas: organizar o curso de Teologia na PUCCAMP e o seminário da Província Eclesiástica. Que trabalheira e quantos desafios! Tudo corria bem. De repente sou chamado para vir para a igreja Catedral. Nova renúncia. Novo desafio. Após vinte e seis anos, quando alguns diziam que já era hora de desfrutar do trabalho feito, fui enviado para Atibaia. Agora, aos setenta anos, a exemplo dos anciãos da Bíblia, sou chamado para novo ministério: a minha paróquia de origem. Na paróquia de Santa Terezinha fui coroinha, vivi os tempos de seminário menor, sou o primeiro padre da comunidade. Minha mãe e meus irmãos todos se envolveram na vida paroquial: catequese, dízimo, etc. No meu caso e no de todos os padres sempre foi pedida a livre adesão aos pedidos do bispo. Nós todos prometemos, no dia de nossa ordenação, respeitar e obedecer ao bispo como colaborador do seu ministério. Não se trata de uma obediência infantil e cega. As resoluções são

tomadas após muita conversa e análise. Onde o contraditório é colocado. Posso afirmar – e espero que creiam – que nenhum padre está deixando a comunidade em que serviu sem que aceitasse essa missão. Isso não significa que não possa ser uma aceitação dolorida. Pelas amizades que se deixa, pelos trabalhos iniciados e que se gostaria de terminar. Pelo dia a dia que marcava a tônica das relações. “Aceitar bem”, “estar contente” com a transferência não significa que não se sente nada pela mudança que ocorrerá. Aceitar o encargo que o bispo propôs significa maduramente assumir uma parte na missão da evangelização que pode implicar dores. Mas assume-se isso na perspectiva da fé. Afinal ou cremos que a Igreja é governada pelo Espírito e este escolhe os seus apóstolos e sucessores ou não se é igreja de Jesus. Quero repetir que as pessoas têm direito de manifestar seus sentimentos. É normal e é humano. E é bom porque testifica um bom serviço sacerdotal. O que não cabe é a falta de educação e de caridade para com o bispo. A discordância não precisa ser mal

Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

educada, inoportuna e descaridosa. Faltando a caridade já se está fora do espírito cristão. O melhor caminho é todos nos ajudarmos. O sacerdote assumindo com a confiança de quem se sabe “enviado” à nova missão. As comunidades acolhendo os novos pastores e entregando os que saem às novas comunidades como um presente precioso. Porque afinal é a mesma igreja de Jesus Cristo. Além disso, a comunidade deve demonstrar a sua maturidade na fé. Ela se reúne ao redor de Jesus e a Ele serve. Se o padre que a deixa foi uma boa ponte entre ela e o Senhor será sempre lembrado e amado. E, afinal, a vida vale pelo amor que se espalha! Quanto mais, melhor!


Reflexão e Práxis

Jornal do Meio 874 Sexta 11 • Novembro • 2016

3

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Ângela Vieira: a Branca na novela "Em Família"

Agatha Christie, escritora inglesa Caipira; matuto Musa da História

Principal alvo do boxeador

Destituída de curvas Ficar deprimido

Adjetivo associado à torturadora Hiato de "paetê" 2o item da data

Fazer série de pregas, na roupa "Os dois", em "ambivalente" Elemento químico de detectores de fumo

Facção religiosa Estrada, em inglês Adoçante de remédios caseiros

Desmontar (do cavalo) Músico de bateria de escola de samba Cão de caça Área jurídica

Espiridião Amin, político brasileiro Acredita Tradição matrimonial árabe

Ter novo acometimento (de doença) (?)-doce, Divisão ingredi- do tempo ente de geológico sabonetes

Letra da roupa do Robin (HQ)

12

Solução

S A R I

BANCO

Condição do ator que interpreta vovôs Primeira palavra dita ao telefone Aquele que também é acusado (Dir.)

M E S

Escolhida novamente para cargo público Escritor carioca de "Brida"

Animal formador dos atóis

U S A C H T U T A E B I A R T A E D R E S O E U R H O

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

São a base do roteiro cinematográfico

C O R A L

salto de qualidade na educação, algo difícil de ser identificado, o que coloca de lado as ideias básicas de melhora e aprimoramento na educação. O processo de elitização da educação, que se expressa no Enem, cria uma segregação educacional. De um lado, as pessoas que terão acesso às universidades, aos cursos superiores, aptas a comandar todos que não tiveram oportunidade de acesso ao ensino superior. Do outro lado, temos quem não tem acesso às universidades e que, por isso, são quase que amaldiçoados ao papel de mão de obra a ser comandada ou “liderada” por aqueles que tiveram o acesso ao ensino superior. Tudo isso em meio a polêmica das ocupações das escolas, movimentos legítimos e necessários frente a falência da educação pública e ao péssimo quadro burocrático que rege a educação brasileira. Os movimentos são uma tentativa de chamar a atenção para problemas comuns e conhecidos das escolas públicas, como a falta de verbas, de equipamentos, de salas de aulas, de qualificação de professores, e que lutam pela manutenção da gratuidade do ensino público superior, mas que são transformados em movimentos de baderneiros que não querem nada a não ser tumultuar a vida de quem quer estudar. Propaganda mentirosa, parcial e que oculta a verdade dos fatos e das ocupações. Enfim, tudo vão mal, também, na nossa educação e na nossa visão sobre o papel da educação para a construção de um país.

Sua Alteza Real (abrev.)

H O R E E M O G O C A T A T E S A R A A P T M I E A I R I D C O E I T C O E

Desde 2008, o Enem tem se tornada uma prova cada vez mais elitista e excludente ao servir como forma de acesso para inúmeras universidades e faculdades, mas, com isso, ela ganha dimensões que nem sempre são as mesmas que observamos nas escolas espalhadas pelo Brasil e que guardam tantas características e problemas particulares a cada região brasileira. Ao fazer a opção por uma prova geral para todo o país, o MEC mostra o quão distante da realidade educacional esta este ministério que deveria analisar, de forma técnica, e melhorar com respostas eficientes as imensas e inenarráveis questões e problemas que existem nas escolas que são vivenciadas por milhões de alunos. E, vale lembrar, que intenção inicial da prova seria avaliar a qualidade do ensino brasileiro e propor soluções que elevassem o que oferecemos aos nossos alunos, o que passa, também, pela melhor remuneração de professores, pela oferta de escolas mais modernas e humanas, distante dos modelos prisionais que formam os prédios escolares com suas grades e cadeados. Utópico? Sim, pois é para isso que serve a educação, para alimentar os sonhos, criar novas utopias, libertar as pessoas que fazem parte de seu processo. A pergunta é – o Enem tem cumprido tal função? Ele deve cumprir tal função? Ou deve se elitizar cada vez mais? Entretanto, é razoável esperar algo deste tipo. A inépcia do MEC, dirigido por um ministro com formação em administração, sem nenhum vínculo com a área da educação, mas que vê a educação como um negócio que precisa, por isso, gerar lucro, oferecer dados, nem sempre verdadeiros, sobre nosso

Residências coletivas de índios

Pôr (algo) em ordem

Prêmio da Uefa ganho por Cristiano Ronaldo em 2014

3/usa. 4/clio — road — face. 5/apear — coréu. 6/lebréu. 7/plissar. 8/amerício.

por pedro marcelo galasso

"(?) Today", jornal cujo QG é a Virgínia

D N A N D A V E D I A L A J E F A C E P L I S S E I T A R O A D D R I M E L C R E C A B I E R V A R E E L P A U L O

A elitização do Enem

© Revistas COQUETEL

Pastor que matou o Tratamento em que o gigante Golias (Bíb.) agente curativo utilizado é o sangue Pertencente àquele homem Camiseta de surfistas

AutobioCantor grafia do paulista de bispo Edir "Pra Você Macedo Guardei o Amor"


4

Jornal do Meio 874 Sexta 11 • Novembro • 2016

por Shel Almeida

O natal deste ano em Bragança Paulista terá o espírito de coletividade. Diversos comerciantes da região central da cidade decidiram se unir e patrocinar, eles próprios, a iluminação de natal das ruas Coronel Teófilo Leme, Coronel João Leme e Doutor Cândido Rodrigues, além da Praça Raul Leme. A ação está sendo coordenada por uma equipe de 10 pessoas e vem sendo discutida desde agosto. “Depois de definirmos qual empresa seria contratada para realizar o projeto, fomos à campo para as adesões. Tentamos formatar de forma que os valores ficassem de acordo com o tamanho das empresas, de pequeno, médio e grande porte. No começo tivemos uma certa dificuldade, mas depois as pessoas foram contando umas para as outras e a adesão foi acontecendo. Para facilitar, dividimos por quarteirão, cada um com o seu coordenador responsável. Conforme os lojistas foram percebendo que o quarteirão ao lado estava aderindo, também quiseram participar, e isso foi fortalecendo o grupo como um todo. Hoje conseguimos contar com a participação da grande maioria dos empresários do comércio. A previsão é que o projeto esteja todo instalado entres os dias 23 e 25 de novembro. A iluminação será iniciada no dia 1 de dezembro e será retirada após o dia 6 de janeiro, que é Dia de Reis. Assim será possível manter a tradição”, explica Gerson Teixeira, um dos coordenadores da ação.

Pequenos comerciantes De acordo com a coordenação do projeto, as adesões por parte dos pequenos comerciantes foi muito boa. Algumas ainda estão sendo concluídas e a expectativa é de que, durante este mês de novembro seja possível finalizar esse processo. Quem acabou ficando de fora, mas não por falta de convite, foram as grandes redes de lojas vindas de fora da cidade. As redes locais também aderiram à coletividade. Os lojistas que ainda não estão participando e querem se informar à respeito podem falar com o coordenador do seu quarteirão ou entrar em contato com o Sincobrag. O Sindicato do Comércio Varejista de Bragança Paulista está sendo o intermediário de toda a transação financeira entre os comerciantes que estão patrocinando a ação e a empresa Estelar, que é a responsável pela realização do trabalho. O fato da empresa estar localizada na cidade de Mairiporã contribuiu para que fosse a escolhida. O portfólio também foi outro fator importante. A empresa de Christmas Design, ou decoração de natal, foi responsável pelo Natal Luz de São Paulo, e pela decoração de uma ala das Galerias Lafayette, em Paris, no ano do Brasil na França, ambos em 2005. Também realizou trabalhos na cidade de Luanda, em Angola, por dois anos consecutivos, em Uberlândia, Minas Gerais e na Rua Oscar Freire, em São Paulo.

Árvores de Natal “Paralelamente aos pacotes para a iluminação das ruas, estamos também entrando em contato com algumas empresas de maior porte para oferecer a possibilidade de patrocinarem algumas árvores de natal que ficarão localizadas em alguns pontos do centro. Uma de 6,5 m já está patrocinada e será colocada em frente do Mercado Municipal. No momento estamos buscando essas parcerias para que seja possível concluir, além de toda a iluminação, essa ideia das árvores. Se alguns empresários de pequeno porte quiserem se unir com o interesse de patrocinar uma das árvores, também é possível”, explica a coordenação do projeto.

Trabalho em grupo “Esse é um primeiro passo para que o comércio possa ter mais autonomia nesse sentido. Com a união dos empresários é possível criar condições para a realização de um natal bonito para a população. Dessa forma não é preciso ficar na dependência do poder público. Estamos conseguindo realizar esse trabalho em grupo, não apenas com a contribuição dos lojistas, mas também com o apoio da Energisa e da Prefeita, por meio de mão de obra para instalação dos

Algumas árvores de natal serão instaladas em pontos do centro da cidade. Coordenadores da ação estão buscando empresas que tenham interesse em patrociná-las.

postes onde será instalada a iluminação. O objetivo dessa ação conjunta é atrair as pessoas para o comércio e aumentar o fluxo na área central. Para o ano de 2017 pretendemos ampliar para as demais ruas, como a Antônio Pires Pimentel, José Domingues e José Gomes da Rocha Leal. Quem sabe podemos pensar também em algo como casa e trenó do Papai Noel. O que a equipe que está coordenando esse projeto quer, é fazer algo pelo comércio da cidade. Não estamos vendo isso como uma despesa, mas sim como um investimento na cidade”. Uma das principais motivações dos coordenadores na hora de se unirem pelo bem comum foi a possibilidade de proporcionar, de certa forma, o resgate do espírito de natal. Quem vive em Bragança há pelo

A empresa responsável pela iluminação de natal contratada pelos lojistas já realizou trabalhos em São Paulo e Paris (França).

menos uma década sabe que é tradição ver o centro da cidade cheio de gente na época do natal, algo que vem se perdendo com o tempo. Essa ação conjunta para a iluminação da região central é um projeto piloto, mas que tem grande chances de ser ampliado e aperfeiçoado ano a ano. Depende apenas da aceitação e adesão de mais e mais pessoas. Para a população é sempre uma alegria ver a cidade bonita, motiva mais a sair de casa. Para os comerciantes será um respiro em meio à crise econômica. Que seja também um aprendizado em relação ao que o espírito de coletividade é capaz de proporcionar.

Os comerciantes que quiserem se informar sobre como aderir campanha de iluminação ou a respeito do patrocínio de uma das árvores de natal, podem entrar em contato com o Sincobrag pelo telefone 4034 - 2223.

Projeto de iluminação recebeu apoio da Energisa e da Prefeitura por meio de mão de obra.


Informática & tecnologia

Jornal do Meio 874 Sexta 11 • Novembro • 2016

5

Zcash

Nova moeda virtual abala otimismo sobre fim do sigilo bancário

por BRUNO B. SORAGGI/FOLHAPRESS

Na semana passada, o secretário

um complicado sistema de criptografia.

por alguns dos maiores especialistas

contar com a simpatia de autoridades

da Receita Federal, Jorge Rachid,

Em suma, é similar ao famoso bitcoin,

globais em criptografia. A empresa diz

policiais e governamentais. Nada disso

afirmou que “a era do sigilo ban-

pioneiro da geração de “criptomoedas”.

que seu objetivo é vender serviços para

ocorre com o Zcash. As transações são

cário acabou, no passado era muito mais

Só que o Zcash tem uma diferença im-

os bancos, permitindo o surgimento

de fato anônimas. Isso abre um temor

fácil esconder dinheiro”. Ele comemorava

portante. Ele foi desenhado para ser

de uma nova infraestrutura global de

justificável com relação ao seu uso para

o sucesso da medida de repatriação de

completamente anônimo. É impossível

pagamentos.

atividades ilícitas.

divisas, que rendeu mais de R$ 50 bilhões

saber quem tem Zcash em sua carteira,

Os criadores do Zcash reservaram 10%

Outro ponto que vale destacar é que o

de impostos ao regularizar recursos não

bem como saber quem mandou dinheiro

das moedas que serão emitidas para eles

lançamento do Zcash foi nada menos que

declarados no exterior.

para quem. Ele permite enviar dinheiro

mesmos (que serão no máximo 21 milhões).

um IPO disfarçado, sem regulamentação.

Alguém precisa apresentar o secretário

para qualquer país sem taxas e sem que

Decisão que já os tornou multimilionários

Um IPO que não passou pelas autorida-

à nova moeda virtual chamada Zcash,

seja possível conhecer a identidade do

na primeira semana. Três dias depois do

des que fiscalizam esse tipo de emissão.

lançada há pouco mais de uma semana.

remetente ou do destinatário. Nem a

lançamento, uma única moeda de Zcash

Mais uma iconoclastia do projeto.

Talvez seu otimismo sobre o fim da era

soma dos computadores mais podero-

estava valendo US$ 1.300.

Em 2014, escrevi aqui na coluna e repito:

do sigilo bancário saia bastante abalado.

sos do planeta consegue analisar quem

Curiosamente, o bitcoin tem sido atacado

você ainda vai usar uma moeda virtual. Elas

O Zcash é uma moeda que só existe na

mandou dinheiro para quem.

justamente por dificultar a identificação

tendem a se unir em uma só Ur-Moeda,

internet. Ela não é emitida por nenhum

Diferentemente do bitcoin -que é mantido

de transferências financeiras. Só que o

resultante de toda a política econômica

banco central, nem tem lastro na econo-

por uma comunidade aberta e sem fins

bitcoin não é anônimo. Ele deixa traços

global junta. Com capacidade de tornar

mia de nenhum país. Ela é um número

lucrativos-, o Zcash foi lançado por uma

públicos, visíveis e permanentes toda

obsoletos todos os bancos centrais como

que só existe na rede e que funciona com

empresa com finalidade de lucro, criada

vez em que é usado. Por isso passou a

conhecemos hoje. Foto: reprodução internet

Moeda virtual Zcash, lançada há uma semana, permite anonimato nas operações.


6

Saúde

Jornal do Meio 874 Sexta 11 • Novembro • 2016

Torcicolo

Massagem pode causar lesão em nervo de paciente com torcicolo, forçar o movimento do pescoço para o lado também pode prejudicar situação, dizem especialistas por GISLAINE GUTIERRE/FOLHAPRESS Arte: Folhapress

Quem está com torcicolo não deve ir ao massagista antes de ter diagnóstico médico. O risco é piorar o quadro de saúde do paciente e dificultar seu tratamento. Quem está com torcicolo não deve ir ao massagista antes de ter diagnóstico médico. O risco é piorar o quadro de saúde do paciente e dificultar seu tratamento. Quem tem torcicolo fica com o queixo desalinhado em relação ao tronco (veja ao lado), com o pescoço torcido. “Não é só uma dificuldade de virar para o lado, com queixo reto. Isso aí é só uma dor no pescoço, mesmo”, diz o neurocirurgião Diogo Valli Anderle. Dor, inchaço e limitação dos movimentos são sintomas clássicos O torcicolo pode não ser apenas resultado de um mau jeito, como acontece na maioria das vezes. Mais uma razão para não buscar massagem antes do diagnóstico. Segundo Anderle, ele pode ter causas como uma fratura na coluna cervical, câncer e até uma infecção na garganta capaz de afetar nervos que ligam a coluna cervical ao pescoço. Para cada caso há um tipo de tratamento. O diagnóstico, segundo Otani, é feito com base no histórico do paciente e em exames de imagem, como o raio-X. “Ele é só para descartar outras causas relacionadas aos ossos”, explica. Quando o torcicolo é causado pelo mau jeito, provocado por contratura muscular, os sintomas tendem a desaparecer em cerca de quatro dias. Os médicos recomendam, nesse período, usar bolsas de água morna e liberam cremes anti-inflamatórios e emplastros. “Mas não se deve nunca forçar o movimento do pescoço”, avisa Otani, O risco é de lesão, como na massagem. Se os casos se repetirem de duas a três vezes em dois meses, é preciso voltar ao médico. A ideia é ver se há outra causa por trás dessas ocorrências. Bebês podem nascer com pescoço torto O segundo motivo mais comum de torcicolo no Brasil é de nascença. Segundo Marco Paulo Otani, ortopedista e diretor clínico do CQV (Centro de Qualidade de Vida), o bebê pode ter ficado de mau jeito na barriga da mãe. “Neste caso, o pescoço volta ao lugar sozinho”, diz. Se a causa for malformação, será preciso uma cirurgia. O objetivo, segundo o neurocirurgião Diogo Valli Anderle, será soltar a musculatura.


Comportamento

Jornal do Meio 874 Sexta 11 • Novembro • 2016

7

Não fale com estranhos O quase sequestro de um menino de seis anos na av. Paulista aumenta as dúvidas dos pais sobre qual seria a medida correta entre buscar segurança para as crianças e a necessidade de fomentar a autonomia

por RACHEL BOTELHO/FOLHAPRESS

Um vídeo que mostra um menino de seis anos sendo levado por um desconhecido, na av. Paulista, deixou pais com os nervos à flor da pele na última semana e levantou dúvidas sobre o equilíbrio entre os cuidados necessários com as crianças nas grandes cidades e a importância do estímulo à autonomia. O episódio, ocorrido no domingo (23), teve final feliz porque o pai flagrou a tentativa de rapto enquanto filmava uma apresentação musical. Três dias depois, o homem, de 52 anos, foi detido em uma unidade de saúde na zona norte da capital paulista. Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, Rubens Santos da Silva já havia sido internado num hospital psiquiátrico em 2008, após uma tentativa de invasão do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. Um texto sobre o quase rapto, escrito pela mãe do garoto, a publicitária Juliana Nunes, 41, foi compartilhado nas redes sociais e gerou não só mensagens de apoio mas também muitas críticas aos pais, acusados de não cuidarem direito do menino. Juliana deixou o filho ir avisar ao pai, o designer Matheus Pellegrini, 39, que os dois iriam até uma banca de jornal. O espaço entre a criança e Pellegrini era de cinco metros. “Levi sabia onde o pai estava, não ia se perder. Fiquei na calçada com o cachorro. Em menos de cinco segundos, um cara o catou pelo braço”, disse. cerco

A psicóloga Rosely Sayão conta que se surpreendeu com a reação ao caso, porque a mãe agiu corretamente, e a cena não é motivo para pânico. “Se os pais estão atentos, como estavam, o máximo que pode acontecer é isso: eles percebem e pegam a criança de volta. Ou de agora em diante a criança não vai poder mais andar dois ou três metros sozinha?”, questiona. Segundo Rosely, após casos de grande repercussão como esse é comum que os pais “apertem o cerco” e restrinjam ainda mais o pouco contato que os filhos têm com o espaço público, com consequências negativas para o desenvolvimento da autonomia. “Quando chegarem à adolescência, eles vão sair, ainda que escondidos. E não vão saber usar o espaço público, porque não conhecem o mundo em que vivem”, alerta. Isabel Marin, psicanalista e professora da PUC-SP, concorda. Para ela, há muitos pais que moram em condomínios, só frequentam shoppings e clubes e preferem que o filho brinque no tablet porque assim estariam a salvo da violência, mas, com isso, deixam de ensinar lições importantes. “O melhor caminho é dar as referências sobre como andar pela cidade, como se relacionar com desconhecidos, e que não necessariamente são inimigos. Isso se dá quando os pais se dispõem a ter o trabalho de viver isso ao vivo, em vez de se restringirem a espaços de conforto.” Segundo a psicanalista, pais amedronta-

dos ou acomodados superprotegem em vez de preparar os filhos para a vida. “Há pais que se poupam de se preocupar com o filho porque isso dá trabalho”, aponta. Preocupada com a violência, a publicitária Andrea Attanasio Ramos, 40, mãe de dois meninos, de cinco e nove anos de idade, reconhece que evita programas para não correr riscos. “Em vez de ir ao teatro no centro, vou no do shopping, um lugar mais fechado. Acabo limitando passeios por conta do medo, embora eu saiba que é errado.” “Sei que tenho que dar autonomia para eles amadurecerem, porque um dia eles vão ter que ir à padaria sozinhos e até tomar decisões profissionais mais tarde na vida.” Já a administradora de empresas Katia Perlman, 40, mãe de gêmeos de 12 anos, acredita que o primeiro ponto a se considerar em busca de equilíbrio é ter consciência de que o medo pode fazer com que os pais criem crianças dependentes demais. “Eu tenho mais medo é de eles não saberem se virar sozinhos”, conta. Sem manual É bom lembrar que não existe idade ideal para que as crianças comecem a dar os primeiros passos sozinhos, como ir à padaria perto de casa. Mas aquelas que já tiveram essa experiência com os pais podem enfrentar esses pequenos desafios a partir dos sete ou oito anos, diz Isabel. Para Juliana Nunes, o quase rapto do

filho ensinou uma lição importante: não basta dizer às crianças como se proteger dos perigos do mundo, é preciso estar sempre atento. “Eu sempre falo para ele gritar se alguém encostar nele, e ele não gritou. Hoje eu imagino que as crianças pensam que bandido tem cara de vilão de desenho, é mascarado, não um cara comum”, disse à Folha. “Na hora ele não entendeu o que aconteceu. Depois, disse que esqueceu de gritar e que não sabia que o homem era mau. Foi muito rápido.” Juliana diz, no entanto, que pretende continuar criando o filho livre, na medida do possível. “Não vou deixar de sair, de ir ao parque, de passear e de lhe dar essa autonomia. Na hora me senti culpada, mas depois percebi que não fiz nada de errado.” Não mesmo. “Com seis anos, a criança não vai associar o que ouve dos pais [sobre os riscos] com a realidade”, diz Rosely Sayão. Ela lembra que, na primeira infância, o olhar da criança para o mundo é diferente daquele do adulto: onde os pais veem risco, ela vê investigação e exploração. “Uma criança de nove ou dez anos tem condições de identificar algo estranho, mas uma mais nova, não.” “Se os pais estão atentos, como estavam, o máximo que pode acontecer é isso: eles percebem e pegam a criança de volta. Ou de agora em diante a criança não vai poder mais andar dois ou três metros sozinha? Rosely Sayão - Psicóloga Foto: Keiny Andrade/Folhapress

A publicitária Andrea Ramos, 40, mãe de Antônio, 5, e de João, 9; ela evita passeios em lugares abertos com os meninos.


8

Jornal do Meio 874 Sexta 11 • Novembro • 2016


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.