Braganรงa Paulista
Sexta
06 Janeiro 2017
Nยบ 882 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
2
Para pensar
Jornal do Meio 882 Sexta 6 • Janeiro • 2017
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
A gratidão é a
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br
memória do coração! por Pe. Orestes de Oliveira Preto
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão.
Já afirmava o filósofo
conversado comigo e ma-
casa do padre João Ricardo
de acasos, mas que Alguém
As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS
grego Antístenes que
nifestado seu desejo de me
de Moraes no Bairro da Água
prevê e anda, por assim dizer,
Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
viveu no ano de 445 a
oferecer uma paróquia que eu
Cumprida, na Comunidade
na minha dianteira, antecipa-
365 a. C. considerado o fun-
pudesse zelar em nome dele
São Sebastião. Louvo a Deus
-se ao meu pensamento e
dador da filosofia cínica que
e da Igreja. Com o coração
pela sua amizade sincera e
prepara a minha vida. Posso
afirmava a gratidão como
aberto a fé e a obediência
pelos seus pais Sr. João e
recusar, mas também posso
sibilidade de nos aproximar
memória do coração. É com
aceitei prontamente.
Dona Maria que foram meus
aceitar, e então percebo que
das pessoas. Na maior parte
essa afirmação que inicio este
No tempo em que fiquei na
pais nesse breve tempo, mas
realmente sou conduzido por
das pessoas encontra-se atu-
artigo agradecendo o período
cidade de Bragança, tam-
muito maravilhoso.
uma luz “Providencial”.
almente, uma ideologia média
que permaneci na cidade de
bém colaborei na condução
Agora é tempo de caminhar.
Creio que o ser humano realiza-
da vida, que visa alcançar um
Bragança Paulista como padre
da coordenação diocesana
O ser humano é alguém a
-se nas relações interpessoais:
determinado nível de vida (
na paróquia Nossa Senhora
de Pastoral, tempo este em
caminho, e o nosso caminho
quanto mais as vive de forma
poder e riquezas). Deus nesse
da Esperança no Parque dos
que convivi muito próximo
não é fictício, mas acontece
autêntica, tanto mais ama-
contexto é uma incógnita,
Estados e na paróquia de Santa
do senhor bispo. Ter traba-
realmente qualquer coisa
durece a própria identidade
que na realidade, não conta.
Terezinha na Vila Municipal.
lhando neste oficio foi um
nesta vida; nós podemos
pessoal. Não é isolando-se
Essa concepção acarreta um
No dia 19 de Outubro ás 20h,
grande privilégio, pois, tive
procurar, encontrar, mas tam-
que o homem se valoriza a si
estilo moral de vida pobre
no santuário da Mãe Rainha
contato com muitas esferas da
bém podemos nos enganar.
mesmo, mas relacionando-se
e sem sentido, na busca de
em Schoenstatt- Atibaia,
Igreja ( pastorais e movimen-
Contudo, creio firmemente
com os outros e com Deus. E
uma felicidade superficial.
Dom Sérgio Aparecido Co-
tos). Embora, muito jovem,
que Deus de fato nos vê e nos
foi desta forma que vivi com as
Portanto, mais do que nunca
lombo, bispo Diocesano de
Dom Sérgio acreditou em
deixa a liberdade e, contudo,
pessoas de Bragança. Sendo
as relações interpessoais são
Bragança Paulista reunido
meu trabalho. Foram muitos
também nos conduz. Muitas
padre com todos. Quando
espaços para comunicar ao outro
com todo o clero apresentou
momentos enriquecedores,
vezes posso ver que coisas
nos arriscamos a conviver
o essencial da nossa vida cristã:
a transferência dos padres
sejam através de reuniões,
que a princípio nos parecem
com o outro, podemos nos
Jesus Cristo. Obrigado querido
das paróquias. Na lista das
e a pessoa do senhor bispo
aborrecidas, perigosas, desa-
enriquecer, fazer um bonito
povo de Bragança Paulista.
transferências eu também
que me ensinou “o que é
gradáveis, vêm depois a fazer
intercambio de dons que o
Deus lhes pague por tamanha
estava contemplado para ser
fazer pastoral”. Agradeço
sentido. De repente, verifica-
outro possui. Essa é a beleza
generosidade em oferecer suas
pároco na Paróquia de São
pela oportunidade rica em
-se que foi bom assim, que foi
da vida. Não é se escondendo
casas como se fosse a minha.
Brás em Piracaia. Para mim
que me proporcionou. Nas
um caminho certo. Para mim
por detrás de formalidades e
A todos desejo um ótimo
não foi nenhuma surpresa, já
últimas semanas do ano de
na prática, isso significa que
falsos moralismos que vamos
início de ano, trabalho e pão
que o senhor bispo já havia
2016 permaneci hospedado na
a minha vida não é composta
como “padres” ter mais pos-
para todos!
Reflexão e Práxis
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Jornal do Meio 882 Sexta 6 • Janeiro • 2017
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Barulhos
Área de uma universidade Solitário; desacompanhado
Município catarinense em que 90% da população possui origem alemã
200, em romanos
Ver ao longe (?) Johnson, ator Abrandar; amolecer
Ponta aguçada Mancha de dedos Causador de ruína ou destruição
Pessoa que fica parada, sem reação (pop.)
Poço, em inglês
Formato de vídeos Teatro pa- Filme de risiense i- Jayme naugurado Monjardim por Maria Antonieta
Metal da fuselagem de aviões (símbolo) Tapear (gír.)
Romance de Émile Zola Propagase no ar a cerca de 340 m/s
Cantil rústico (pl.) Cerveja inglesa O Paraíso (Bíblia)
Paulo (?): precedeu o papa João Paulo I
Próprio da 3a idade Divisível por dois
Ligeira; veloz Deus-Sol do Egito faraônico
Equivale a 100 m2 Pesquisadores como Percival Lowell, que acreditava observar canais artificiais no planeta Marte
BANCO
Polícia Militar (sigla) Animal dotado de ossos ocos
Muito religioso
11
Solução
PO
R T O U N D O A E E M R O I L I R O D R R E A S
P U G X O A L S A V C O DE S D A O D L A G A P A T R
E V E R S I V O A S I A U
T E S E S R UG B I M O N O C C S T A R C U M E O P IT P A U S I S OM O N R A L E E N I L IG D A E P IO N O M OS
ex-presidente. Em um contexto mais amplo, o mundo também nos oferece motivos para temores e abre caminho para um ano difícil, para citar alguns. A escalada, rápida e sedutora, da política de extrema direita é algo que deve ser visto com atenção e que deve ser combatido, pois a História nos mostra que os regimes fortes, sejam de direita ou de esquerda, promovem perseguições, instauram ditaduras e aumentam as desigualdades sob ideais abstratos de defesa da pátria, da família e da religião, como temos assistido nos discursos pós-vitória de Trump para a presidência dos EUA ou na postura da extrema direita da França com a candidata Le Pen, cujos discursos são alimentados pelo medo dos atentados terroristas, pela presença dos imigrantes nos EUA ou dos refugiados na Europa. Cenas de terror são o combustível ideal para o aumento dos discursos de ódio que vêem na violência e na exclusão as únicas soluções viáveis e necessárias. O atentado contra o embaixador russo na Turquia é aterrador por ser, na verdade um manifesto político que lembra, em outro contexto, o atentado contra Francisco Ferdinando que serviu de estopim para a Primeira Guerra Mundial, em 1914, e que justifica tais preocupações. A questão da Síria, as ações do Estado Islâmico e a crise econômica global nos trazem um horizonte nebuloso e intenso para 2017. E, para terminar 2016, ficou confirmada a vitória de Jesus Chedid para a prefeitura de Bragança Paulista, nos próximos quatro anos, o que nos remete a seguinte frase – “A História acontece primeiro como tragédia e depois como farsa”.
Árvore conhecida como choupo-branco
3/ale — avi — pit. 4/sugo. 5/odeon — odres. 8/eversivo — pomerode.
Ainda no ano que não acabou, mesmo já estando em 2017, outras questões de 2016 continuam nos causando constrangimentos. Podemos nos lembrar do racha do PSDB, partido que se diz oposição, mas que, na verdade, só faz oposição ao PT, pois tenta de todas as formas sempre fazer parte do governo seja ele qual for, por conta da escolha do candidato à presidência, desencadeando uma briga interna entre Aécio Neves e Geraldo Alckmin, dois péssimos nomes para o cargo pretendido, além de inúmeras citações de seus nomes nas delações premiadas da operação Lava Jato, que tem como herói a figura de Moro que tem se mostrado uma pessoa seletiva sobre quem ouvir e acusar. O racha do PSDB conta ainda com as participações de José Serra, uma figura parasitária e fisiológica, e de Fernando Henrique Cardoso, o articulador maior do partido e capaz de entregar os membros do seu partido a uma luta sem o mínimo de ética para ver quem “ganha”, além de portador de uma dissimulação típica e notória. O rearranjo político caso o racha se confirme vai modificar radicalmente as alianças e os nomes que se encontram ligados atualmente e veremos, novamente, os ratos abandonando o barco que afunda. Pesa, ainda, o risco de um processo de impeachment contra o presidente Michel Temer, algo lógico já que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff ocorreu pelos mesmos motivos e acusações que se apresentam contra o atual presidente. Há, no entanto, uma diferença crucial – a vontade do Congresso Nacional de abrir ou não o impeachment... É claro que este vai obedecer a sua regra de ouro que diz que o Congresso defende e apóia, sempre e invariavelmente, quem lhe dá mais e nisso Temer é muito mais eficiente que a
Espaguete Marca da relação ao (?), entre o Catolicismo e prato de os cultos afro, na trattorias Bahia
Esporte britânico O maior continente Pouco firme
por pedro marcelo galasso
Instrumento que avalia as diferenças relativas na temperatura Ponto no futebol
F R Q R UI N H P O D A I E N D V I A
O ano que não acaba
© Revistas COQUETEL
Pequeno roedor que é Utensílio Passeio Inimigos iguaria tra- do guarda de cozinha dicional dos fazennoturno Pronome pessoal deiros de no Peru Olinda, na Guerra dos Mascates (Hist.)
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
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Jornal do Meio 882 Sexta 6 • Janeiro • 2017
por GABRIEL ALVES/FOLHAPRESS
O personal trainer e lutador de artes
Após estudar educação física, ele passou
de longo seguimento (por décadas) que
pessoas acabam voltando ao peso ini-
marciais mistas (MMA) Eder Soares,
a levantar a bandeira de que a dieta à
deem respaldo científico a esse e a quase
cial.” Outro problema, diz, é a geração
34, acorda antes das 6h, atende seus
base de gordura, aliada à atividade físi-
qualquer outro tipo de dieta.
de ansiedade por não poder consumir
clientes até as 10h e só aí vai tomar café da
ca, é a melhor forma de atingir a forma
Outra crítica é o aumento da motili-
certos alimentos.
manhã: ovos, bacon e café preto.
física ideal.
dade intestinal induzida pela grande
“Não tem que ser oito ou oitenta. O car-
Depois ele treina jiu-jítsu, luta olímpica e
Um dos pontos fortes da dieta é a sensação
quantidade de gordura,que pode causar
boidrato é nossa gasolina –se você tirá-lo
MMA. Pelas 15h, almoça: bisteca, picanha
de saciedade após a refeição: “Se você
diarreia e flatulência. Segundo o lutador
completamente, até vai emagrecer no
ou outra carne gorda, queijo e um pouco
come 500 g de carne gorda, vai demorar
Eder Soares, é necessário um período
começo, mas seu organismo vai fazer de
de arroz ou macarrão, num total de 1,5
muito mais para ter fome do que 500 g
de adaptação para que o corpo consiga
tudo para você voltar a engordar”.
kg de comida. A última refeição do dia
de arroz e feijão”, diz Leão. A vantagem é
digerir tanta gordura.
Sophie apelidou esse tipo de recomenda-
é quase a mesma coisa.
reduzida na versão vegetariana da dieta
Leão adota um viés otimista: “As pes-
ção restritiva de “terrorismo nutricional”.
Soares adotou uma corrente nutricional
com gordura, baseada em ovos, amendoim
soas que sofrem com intestino preso,
“Comer virou uma coisa potencialmente
que tem ganhado espaço: a de que a
e manteiga como fontes da substância,
geralmente as mulheres, naturalmente
perigosa. Nós temos de fazer as pazes
gordura pode ser a mocinha, e não vilã
afirma o nutricionista.
irão mais ao banheiro ao consumir mais
com a comida, parar de ter culpa e viver
de uma dieta saudável.
gordura”.
a mesma relação que nossos pais e avós
Bioquimicamente falando, faz sentido. Não
Resistência
Segundo o profissional, para emagrecer
tinham com a comida”, diz Sophie. “Temos
é de hoje que os nutricionistas alertam
As dietas de alta gordura e baixo carboi-
não adianta só comer mais bacon, bisteca
que comer uma comida de verdade, de
para os efeitos deletérios que uma dieta
drato, no entanto, têm resistência por
e picanha –ou a pessoa engordaria ainda
preferência fresca e feita em casa para
“gordura zero” pode ter sobre o orga-
parte de outros profissionais e questiona-
mais, com duas grandes fontes de ener-
consumir na hora.”
nismo: sem ela, hormônios importantes
mentos baseados em estudos científicos.
gia. Dizimar as porções de carboidrato é
Leão tenta seguir pela mesma linha
como a vitamina D (que contribui para
Estudos populacionais ligam o consumo
fundamental, na opinião do nutricionista.
natural, mas à sua maneira. “Temos de
a saúde óssea e do sistema imunológico)
de carnes vermelhas e processadas ao
Daí surge outro problema, segundo
comer mais carne de porco e peixes e usar
e a testosterona (hipertrofia muscular)
aumento de mortalidade e à de chance de
Sophie: dietas restritivas tendem a não
banha de porco e manteiga no preparo
podem ter sua produção prejudicada.
ter câncer. Além disso, não há pesquisas
funcionar muito bem. “Mais de 95% das
dos alimentos”, aconselha.
Segundo a nutricionista e pesquisadora da USP Sophie Deram, essa má-fama
Foto: Zanone Fraissat/Folhapress
cresceu sob grande influência de estudos da década de 1970 que associavam as gorduras, principalmente as saturadas, a doenças cardiovasculares. “Os estudos não eram bem-feitos. Na verdade, houve um erro de interpretação que foi levado muito a sério pela mídia e pelos profissionais de saúde”, afirma. Ou seja, até pouco tempo atrás culpava-se a gordura da dieta pelo excesso de gordura corporal, mas os mecanismos de utilização da gordura ingerida e da estocagem em células adiposas (formando pneuzinhos) não estão necessariamente relacionados. O novo inimigo seria o excesso de carboidrato, macronutriente que ganhou espaço nos cardápios após a demonização da gordura 40 anos atrás. Entre exemplos de carboidratos estão pães, arroz, batata, macarrão, biscoitos e bolos –ou seja, tudo aquilo que, após a digestão, se torna açúcar no sangue. Pesquisas mais recentes apontam que o excesso de carboidrato é que é determinante para o aumento de gordura no sangue (triglicérides), o que, por sua vez, aumentaria o risco cardiovascular. Essa nova conjuntura levou alguns profissionais a questionar se conceitos clássicos da nutrição não deveriam ser reciclados ou abandonados, como a pirâmide alimentar que orienta a montar o prato com muito carboidrato, porções intermediárias de hortaliças e de proteínas de origem animal, e pouquíssimas porções de gordura. O nutricionista Leopoldo Leão, entusiasta de dietas à base de gordura, praticamente virou a pirâmide de ponta cabeça ao colocar a gordura como base, seguida por proteína e pouquíssimas porções de carboidrato. Salada, legumes e frutas também estão fora de sua dieta, para o arrepio de muitos nutricionistas. A adaptação foi fácil para Eder Soares, que cresceu em uma fazenda na área rural de Inocência (MS), cidade com menos de 10 mil habitantes. “Até hoje minha mãe mata o porco e guarda a banha, que usamos para fazer a comida.”
O atleta de MMA Eder Soares, que segue uma dieta à base de gordura
Jornal do Meio 882 Sexta 6 • Janeiro • 2017
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Ibama destrói bens de madeireiros ilegais
Lucro obtido por criminosos e punição infrequente, no entanto, compensam prejuízo, afirma coordenador do Ibama, infratores maquiam extração de madeira ilegal como se fosse proveniente de exploração sustentável Por MAURÍCIO MEIRELES/FOLHAPRESS
Na ponta do lápis, a operação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) contra crimes ambientais em terras indígenas em Rondônia e Mato Grosso, na semana passada, teve bons resultados. Em apenas um dos quatro dias de fiscalização na divisa entre Mato Grosso e Rondônia, foram incendiados dois caminhões para transporte de madeira, um skidder (trator para arrasto de toras), uma camionete Mitsubishi L200 e uma pá carregadeira –prejuízo de pelo menos R$ 600 mil aos madeireiros. De quebra, os agentes encontraram, no porta-luvas de um caminhão, guias florestais em nome de Hidemar Finco, fazendeiro vizinho à Terra Indígena Parque do Aripuanã que possui autorização para exploração sustentável em 375 hectares de sua propriedade. O documento facilitará a investigação da quadrilha. O uso de créditos legais para esquentar árvores roubadas de áreas protegidas é o modus operandi mais comum das quadrilhas de madeira. Ninguém foi detido. Os madeireiros fugiram pouco antes da chegada, em três helicópteros, de oito agentes do Ibama, acompanhados pela reportagem da Folha. Por outro lado, o tamanho do acampamento mostra que operação semelhante feita no ano passado não conseguiu coibir a atividade na área, onde vivem índios cinta-larga, alguns deles aliados de madeireiros e garimpeiros. À época, foram destruídos dois caminhões e um trator usados na extração de madeira. Segundo os agentes do Ibama, os madeireiros sabem que uma operação de grande escala demora a se repetir e voltam rapidamente ao mesmo local, muitas vezes com mais voracidade para recuperar o prejuízo. Trata-se de uma das poucas áreas com cobertura florestal em ambos os Estados. Ainda que a retirada de madeira seja seletiva, a atividade costuma ser a precursora do desmatamento, que cresceu 29% na Amazônia entre agosto de 2015 e julho deste ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O alto lucro obtido pela venda da madeira ilegal e a baixa punição para esse tipo de crime favorecem a reincidência, na avaliação de Roberto Cabral, coordenador do Grupo Especializado de Fiscalização (GEF). A unidade, que usa táticas de grupo de assalto, é acionada para as operações de fiscalização mais arriscadas. Na legislação, o principal recurso do GEF é o decreto 6.514, de julho de 2008, que autoriza a destruição de equipamentos usados para crimes ambientais encontrados em terras indígenas e áreas de conservação. Essa prática costuma gerar revolta contra o Ibama nas cidades do Norte, onde o roubo de madeira em áreas protegidas é uma prática socialmente aceita e vista como uma das poucas alternativas econômicas da região. A hostilidade contra funcionários do Ibama é constante. Um servidor lotado em Mato Grosso que participou da operação foi identificado por moradores de Aripuanã (950 km ao norte de Cuiabá), que passaram a circular sua foto em grupos de WhatsApp junto com ameaças contra ele. MAIS CONTROLE Enquanto nas áreas protegidas é fácil identificar o crime ambiental –madeira e garimpo são atividades proibidas–, fora delas a fiscalização se torna bem mais complexa devido às diversas formas de burlar os sistemas de controle. “O grande problema ambiental é o crédito fraudulento”, afirma Cabral. “A ideia do plano de manejo é utilizar essa madeira de maneira sustentável. Infelizmente, o que a gente vê são vários planos de manejo originando créditos para acobertar madeira retirada em outro lado.” Dentro do Ibama, o GEF vem defendendo uma série de aprimoramentos da fiscalização. Um deles é aumentar o número de informações que constam no Documento de Origem Florestal
(DOF), como a espécie, as dimensões e a numeração da tora no inventário do manejo florestal. Entre outras fraudes recorrentes, a mudança inviabilizaria o uso da mesma guia do DOF em mais de um transporte, já que seria possível rastrear a árvores até o toco deixado na floresta –daí o apelido de “DNA do DOF” entre agentes. Cabral também acredita que a legislação ambiental seja branda demais contra o roubo da madeira, geralmente resultando num TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), um boletim de ocorrência para crimes de baixo potencial ofensivo. O coordenador do GEF defende que madeireiros que agem em terras protegidas deveriam ser enquadrados no Código Penal por usurpação do patrimônio da União e, no caso das serrarias, no crime de receptação. A reportagem da Folha deixou recados para Finco na madeireira de sua família, em Rondonópolis (MT), mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Foto: Fabiiano Maisonnave/Folhapress
Helicóptero do Ibama localiza garimpo dentro de Terra Indígena Parque do Aripuanã, entre Rondônia e Mato Grosso Foto: Ibama/Divulgação
Exploração ilegal de diamante se expande em RO Responsável por mortes e destruição ambiental em território dos índios cinta-larga, o garimpo de diamantes ganhou uma nova frente na vizinha Terra Indígena Sete de Setembro, dos paiter-suruís. A invasão coloca em risco uma das principais referências de gestão territorial da Amazônia. Na última quarta-feira (16), agentes do GEF (Grupo Especializado de Fiscalização) do Ibama tentaram desmontar um dos principais focos de garimpo da Sete de Setembro, situada entre Rondônia e Mato Grosso, mas foram impedidos por paiter-suruís aliciados por garimpeiros. Imagens da operação mostram que os indígenas ameaçaram entrar em confronto com os agentes, que só conseguiram queimar uma das pelo menos cinco escavadeiras que estavam no local. A um custo de R$ 500 mil por unidade, é o equipamento mais caro do garimpo. O garimpo do diamante começou no início dos anos 2000 nas terras dos cinta-larga, onde continua até hoje, também com aliciamento de indígenas. A região é considerada uma das maiores jazidas do mundo. O auge da exploração ocorreu em 2004, quando havia cerca de 5.000 não-índios no local. Naquele ano, os cinta-larga mataram 29 deles, provocando uma interrupção temporária. Contrário à atividade, o cacique Almir Suruí diz que os primeiros diamantes foram encontrados neste ano, aumentando a invasão na Sete de Setembro –desde 2014, havia começado o garimpo ilegal de ouro dentro da terra indígena. “Isso traz impactos ambientais e sociais e também cria uma briga interna muito grande. Explorar ilegalmente só traz prejuízo”, afirma Almir, 42, uma das lideranças indígenas mais reconhecidas no Brasil. NEGOCIAÇÃO Sob o comando de Almir, os paiter-suruís, contactados pelo branco em 1969, se tornaram o primeiro povo indígena do mundo a vender créditos de carbono, cujo dinheiro financia projetos como plantações de banana e extração do babaçu. Almir também negociou um acordo com o Google para monitorar a terra indígena por meio de georreferenciamento –ferramenta usada pelo Ibama no planejamento da operação. Para ele, a atividade ilegal dentro da terra indígena “tira autonomia e deixa os indígenas reféns dos madeireiros e dos garimpeiros”. Na última sexta-feira (18), a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Funai fizeram uma reunião em Cacoal (RO) com lideranças indígenas envolvidas com garimpo para tentar convencê-las a abandonar a atividade. “Queremos atuar de forma pacífica e coibir o garimpo ilegal sem o risco elevado de confronto dos indígenas”, disse o superintendente da Polícia Federal em Rondônia, Araquém Alencar.
Agentes do Ibama queimam escavadeira em garimpo ilegal Foto: Fabiano Maisonnave/Folhapress
Após encontrar pontos de extração ilegais e madeireiras clandestinas na Amazônia, agentes do Ibama podem destruir equipamentos usados para cometer os crimes ambientais Foto: Fabiano Maisonnave/Folhapress
Após encontrar pontos de extração ilegais e madeireiras clandestinas na Amazônia, agentes do Ibama podem destruir equipamentos usados para cometer os crimes ambientais
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Comportamento
Jornal do Meio 882 Sexta 6 • Janeiro • 2017
Quem quer ser professor? Por MIRIAN GOLDENBERG /FOLHAPRESS
Mesmo ‘matando um leão por
em suas aulas. “Ninguém reconhece o
professora. Acho um privilégio ter uma
com uma ideia de Roland Barthes que
dia’, é um privilégio uma profis-
meu valor e dedicação!”, afirmam.
profissão com a qual posso (e preciso)
resume o que sinto, até hoje, cada vez
são onde é necessário aprender
Os alunos reclamam que as aulas são
continuar aprendendo diariamente.
que entro em uma sala de aula: “Nenhum
diariamente
“chatas, pouco interessantes, burocráti-
Com os meus alunos, aprendi a escutar
poder, um pouco de saber, um pouco de
A matéria “Nenhum jovem quer virar
cas, um verdadeiro tédio”. Eles se sentem
mais do que falar, observar mais do que
sabedoria, e o máximo de sabor possível”.
professor no Brasil, mostra exame da
desrespeitados, ignorados e até mesmo
opinar e compreender mais do que julgar.
OCDE”, publicada na Folha, me deixou
humilhados por alguns professores. “Nin-
Aprendi a ser, como alguns me disseram
MIRIAN GOLDENBERG é antropóloga,
estarrecida. A Organização para a Coo-
guém me escuta e compreende!”
recentemente, mais atenciosa, mais de-
professora titular da UFRJ e autora de
peração e Desenvolvimento Econômico
Apesar de ter que “matar um leão por
dicada e mais “humana”.
“A bela velhice” (Ed. Record) miriangol-
perguntou a brasileiros de 15 anos: O que
dia”, tenho um enorme orgulho de ser
Iniciei o meu livro “A arte de pesquisar”
denberg@uol.com.br
você quer ser quando tiver 30 anos? Eles responderam: médico (24,8%), engenheiro (20%), advogado (17,9%), profissional de esportes (8,8%), arquiteto (7,5%), artista (4%) etc. Nenhum jovem (0%) respondeu que queria ser professor. Zero por cento! Desde os meus cinco anos, sempre que me perguntavam: O que você quer ser quando crescer?, respondia sem titubear: “professora”. Sou professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1994. Em maio de 2015 me tornei Professora Titular da UFRJ, um dos momentos mais emocionantes de toda a minha vida. No último semestre, dei três diferentes cursos, para quase 200 alunos de Ciências Sociais e de Psicologia. É evidente que existem inúmeras dificuldades nesta carreira: os salários são indignos, as condições das escolas são precárias, os métodos de ensino são inadequados para os dias de hoje. Os professores, mesmo os mais apaixonados e brilhantes, falam do sofrimento que é conviver com a indiferença, o desrespeito e a agressividade de muitos alunos. Reclamam que os alunos faltam, conversam, mexem no celular e até mesmo dormem
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Corrimento
Mudança de cor no corrimento vaginal pode ser sinal de infecção por GISLAINE GUTIERRE/FOLHAPRESS
Secreção é normal, mas é necessário ir ao médico se houver dor e mau cheiro e se a cor estiver alterada Mulheres saudáveis têm corrimento vaginal, uma espécie de líquido cristalino, branco ou até amarelado, que pode vazar na calcinha. Mas se a textura ou a cor mudarem, ou até mesmo o cheio adocicado, que lembra leite coalhado, der lugar a um odor ruim, é sinal de infecção. Quando a cor varia entre amarelada, esverdeada, marrom, roxa e até preta tipo borra de café, é preciso procurar o ginecologista. “O corrimento nada mais é do que uma limpeza vaginal, é saudável. O problema é quando a secreção naturalvira doença ou tem alteração da cor. Pode indicar contaminação por bactérias ou fungos”, afirma Andrea Godoy Lopes Graça, ginecologista do Hospital Moriah. Ela explica que fungos habitam a vagina e, às vezes, hábitos da mulher facilitam a proliferação deles. “Isso causa coceira, inchaço e ardor”, afirma a médica. A especialista alerta que se a mulher tiver esses sintomas não deve fazer sexo. “Pode haver contaminação e isso piora a inflamação. A movimentação pode levar fungos para dentro do colo uterino e ainda infeccionar o parceiro se não usar camisinha”. Os sintomas dependem do grau da infecção. “O principal é a coceira. Mas a mulher também pode sentir dor ao urinar e no ato sexual”, explica o ginecologista Fábio Muniz, do Hospital e Maternidade São Cristóvão. Uma das infecções mais comuns entre as mulheres, segundo ele, é por fungos (candida). “Pesquisas apontam que uma em cada quatro mulheres já teve ou terá essa infecção na vida”, explica o médico. Mas o corrimento pode indicar outras doenças, até sexualmente transmissíveis, como a gonorreia. O tratamento é feito à base de cremes vaginais associados ou não ao uso de medicamento via oral, sempre por indicação do médico, segundo os ginecologistas. Roupa íntima de algodão evita doenças A mulher deve usar roupa intima de algodão para não deixar a vagina com a temperatura acima do habitual. “Evita infecções”, diz a ginecologista Andrea Graça, do Hospital Moriah. Outro conselho dela é fazer a higiene com sabonete líquido. O ginecologista Fábio Muniz, do Hospital e Maternidade São Cristóvão, aponta o uso diário de absorvente como erro. “Já dormir sem calcinha ajuda a ventilar”.
Arte: Folhapress
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Jornal do Meio 882 Sexta 6 • Janeiro • 2017