Braganรงa Paulista
Sexta
3 Fevereiro 2017
Nยบ 886 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
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Para pensar
Jornal do Meio 886 Sexta 3 • Fevereiro • 2017
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
In politica la gelosia
è più forte che in amore ! por Mons. Giovanni Baresse
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão.
Esta é uma frase do grande
tantas outras pessoas de todo
sem eles o progresso do Sul não
da Política ( os poderes consti-
político italiano Giulio
lugar! Uma história mais branca
existiria. Será que superamos esse
tuídos) não conseguem ir além
Andreotti ao fazer aná-
começou com os “pilgrims”! O
modo de pensar? Parecia que os
dos seus próprios interesses. A
lise de uma das tantas crises
progresso que envolve os Esta-
tratados entre blocos de países
ciumeira se traduz na visão uní-
vividas pelos governos italianos.
dos Unidos se deve, em grande
(Mercosul, Mercado Comum
voca e vagarosa em dar resposta
Significa que o ciúme é maior na
parte, aos estrangeiros que ali
Europeu, Pacto Atlântico, Pacto
ao conjunto tanto das nações
política quer no relacionamento
aportaram, se estabeleceram,
Pacífico, Andino, etc.) faziam ver
como da sociedade nacional.
amoroso. E não se pode negar
trabalharam e trabalham. Este
um processo que caminhava para
No caso dos EUA percebe-se
- são deixados para depois das
razão a Andreotti. Quando vemos
dado é presente em todo mundo,
além do mercado e da economia.
que as inúmeras manifestações
férias! Como afirmei em outra
pronunciamento de alguns papas
tanto no que se refere à imigração
A abertura das fronteiras e a livre
contrárias à medidas de Trump
ocasião quem de nós, tendo um
que afirmam ser a política uma
como a migração em cada país.
circulação entre países parecia ter
não o tem preocupado. Tal como
problema grave a resolver, sairia
forma sublime da caridade quase
Há fenômenos graves rondando
favorecido uma visão mais larga
um trator, ele vai fazendo o que
em férias ou postergaria a busca
temos a tentação de julgá-los en-
a paz mundial: xenofobia, nacio-
sobre as pessoas. A globalização
prometeu na campanha política.
da solução? Com a desconfiança
volvidos em santa ingenuidade! A
nalismos exasperados. Parece
dos contatos em todos os níveis
A omissão de grande parte do
generalizada que ronda aqueles
ascensão à presidência dos EUA
que já nos esquecemos do que
parecia nos levar a uma consciência
eleitorado americano, a visão
que estão nos encargos públi-
por Trump nos dá amostra. Sua
nazismo e fascismo causaram.
verdadeiramente cosmopolita.
míope do individualismo, que
cos, com a massa de gente sem
preocupação é a afirmação de
Vemos e já não nos comove o
Não quero ser pessimista, mas
só olha o próprio umbigo, está
trabalho, com as notícias que a
si mesmo e a desconstrução do
drama que envolve palestinos e
parece que aprendemos pouco
criando a possibilidade de grande
cada dia nos falam não mais de
governo anterior. As medidas de
israelenses. A imigração forçada
e que avançamos de forma so-
desestabilização entre nações. Em
milhões, mas de bilhões desvia-
marginalização dos imigrantes
de sírios e de milhares de pes-
frível. O descarte de quem não
nosso país assistimos a corrida
dos, é possível fazer de conta que
mostram falta de visão sobre
soas de vários países da África
é autóctone, de quem pensa
para a Câmara Federal e Senado.
estamos em momento que dá
como a nação americana foi
parece ser só preenchimento de
diferente, de quem tem usos e
Busca-se o poder. Até no arrepio
para esperar? Um certo ciúme
construída. Não eram brancos
noticiário! Entre nós, no Brasil,
costumes diversos traz grande
dos regulamentos e da própria
pode ser visto como “perfume da
os habitantes primitivos. Não
durante muito tempo colocava-
incomodo. E parece que a atu-
Constituição. Problemas graves
dor” (recordam “Jalousie”?). Mas
eram saxões, irlandeses. Estes
-se o preconceito em relação aos
ação dos que estão envolvidos
que exigem pela urgência - solu-
o que estamos vendo em política
vieram bem depois. E depois deles
nordestinos. Todos afirmam que
nas dimensões fundamentais
ção brevíssima para a paz social
é ciúme mortal.
As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
Reflexão e Práxis
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Patrimônio constituído em dinheiro
Logaritmo neperiano (símbolo) Certificação ambiental da Prainha (Rio)
Acessório do perito Mira, em inglês Recife de corais de mares tropicais
Evento turístico de Caruaru (PE)
A causa alimentar da arteriosclerose
Memória de micros vendida em pentes
Como fica o jacaré durante o sono Passeio (gíria) Remo, em inglês
El. comp. Hiato de de “se- “maestro” mieixo”: Atração metade de Gizé
Capital e maior cidade da Bulgária
Concerto popular em praça pública Bomba de fissão nuclear (Fís.)
Fruto típico da ceia natalina Letra na caixa do remédio genérico Traço dos vilões dos filmes de 007
(?) guitar: guitarra imaginária
Avião de caça da Rússia Apêndice (?) DMC, de absor- banda de hip hop ventes femininos de NY
Chuva fina e persistente Pedro (?): exercia o Poder Moderador
Ninho do (?), CT do Flamengo
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Solução
M O N D R I A N
R A O E A R A G U A I A PA
C A
BANCO
Diálogo platônico Disparo (revólver)
Elemento do grupo da platina (símbolo) Meio de cultura de microrganismos Texto aramaico baseado na Bíblia
N I C L U A L I A M O T R OL O I A G A R E T M I R A R O B U A N I
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Autores (abrev.) Começo; princípio
Gênio aéreo do folclore escandinavo
T A R G U M
Para complicar ainda mais tal panorama político, os nossos três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, se encontram em um momento de aproximações e dissensões que confundem a todos, com concessões e ações não justificadas que beiram o absurdo. Sobre isso, vale lembrar algumas ideias da teoria política jurídica, em Montesquieu. Segundo ele, a reunião entre o Legislativo e o Executivo acaba com a liberdade, pois leis tirânicas e abusivas podem ser criadas e executadas, em prejuízo de todos e para o benefício de alguns. Caso o Legislativo se reúna com o Judiciário, também perderíamos a liberdade já que o juiz seria, ao mesmo tempo, o legislador o que pode levara ao aumento da violência, da opressão e dos abusos contra o cidadão comum, reforçando o caráter injusto da Justiça. No pior cenário, os três poderes estariam nas mãos de uma única figura política, seja um indivíduo ou um corpo de indivíduos. É, portanto, ilusória a ideia de que a classe política, por vontade própria, deixaria esta esfera de poder político e se privaria de seus privilégios e benefícios em nome do Bem Comum da maioria. Neste caso, o que fazer? Várias são as opções plausíveis. Uma delas é a observância, por parte da sociedade civil, das ações dos parlamentares, de nossos prefeitos e a exigência do cumprimento das boas leis que, pro enquanto, ainda estão presentes em nossa Constituição. Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
3/aim — air — ill — oar. 6/targum.
por pedro marcelo galasso
O Brasil nos ensina de forma explícita e dolorosa que a Política exige a perda da inocência e, mais do que isso, quem pretende pensar o universo político deve trabalhar de forma clara, direta e racional já que a ilusão e a inocência não fazem parte deste universo. Ao se ocupar com o Poder, a Política se caracteriza pela capacidade de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos de impor sua vontade sobre um indivíduo ou grupo de indivíduos, seja sob o aspecto legal ou não. Portanto, a Política é uma sensação palpável, algo que não vemos, mas cuja existência não pode ser negada. Quando atuamos fora da esfera da Política sentimos sua força e sua presença. Isto pode ser algo positivo quando ela é justa e honesta e muito ruim quando age de forma desonesta e corrupta, tal como vemos no Brasil. Não somos o único país a sofrer com o flagelo da Política ruim e corrupta. Outros países enfrentam tais problemas, até com mais violência, no entanto, a permissividade e a naturalidade com que a corrupção se apresenta por aqui é incomparável. Temos os políticos mais caros e ineficientes do mundo, um Congresso marcado por escândalos, mandos e desmandos vexatórios e tudo parece bem. É como se o conformismo, causa e resultado disso, fosse nossa única forma de ação. A corrupção apresenta, neste contexto, as mesmas características citadas acima, mas atrelada de forma parasitária as nossas instituições e, por isso, ela parece natural e duradoura, além do rigor das leis e sempre impune. E a classe política que deve cercear as práticas de corrupção e punir os envolvidos, advoga e legisla em causa própria por ela, a classe política, a responsável pela corrupção que mutila e lesa milhões de brasileiros.
A composição como o moteto
Pintor que criou o Guerrilhas neoplasticismo contra a “National”, Doente, ditadura em NBA em inglês de 64
C O P O L I F N L C A B E F EI R A T N G O R D UR A E S E M I S R E SO F I A I A I N O Z G U R M E GA L O
A Política, a Ilusão e a Inocência
© Revistas COQUETEL
Avaliação feita pelo conselho de classe Consoante de ligação de “chaleira”
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por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS
Não há dúvidas de que as redes sociais e outras ferramentas [aviso de mensagem no WhatsApp] de comunicação digital facilitem a vida moderna. O problema é que ascensão e a onipresença dessas ferramentas [alerta de marcação em foto no Face book] transformou em cacos a atenção de trabalhadores. Quem afirma isso é o americano Cal Newport, cientista que estuda o impacto da tecnologia no trabalho. Seguindo a tendência das chamadas filosofias “deep”, de tentar isolar as distrações da vida moderna, ele criou o “deep work” (trabalho profundo, em tradução livre). Foi a preocupação em conseguir realmente se concentrar nas tarefas de trabalho que levou Newport, professor de ciência da computação na Universidade de Georgetown, a escrever o livro “Deep Work - Rules for focused success in a distracted world” (Trabalho Profundo - Regras para o sucesso concentrado em um mundo distraído), ainda sem lançamento no Brasil. Newport afirma que as redes sociais e a tendência geral à hiperconectividade estão prejudicando carreiras e impedindo o sucesso e a excelência profissional. De modo geral, o cientista da computação diz que atividades superficiais na internet, como checar e-mails constantemente ou ver as atualizações na timeline de uma das inúmeras redes sociais existentes, tomam um tempo excessivamente grande em troca de muito pouco. Segundo Newport, a tentativa de fazer muitas coisas ao mesmo tempo leva a um trabalho com menor valor agregado e facilmente replicável. Ele chama isso de “shallow work” (trabalho superficial). Do outro lado, o “deep work” seria a realização de atividades profissionais em estado de concentração, o que levaria as capacidades cognitivas ao limite e, consequentemente, produziria conhecimento, valor e resultados dificilmente replicáveis. Uma das bases do pensamento de Newport é a questão da atenção residual. Segundo ele, conforme alternamos entre atividades, uma parcela de nossa atenção permanece na tarefa original. A ideia é partilhada por Dora Góes, psicóloga do Programa de Dependências Tecnológicas do Hospital das Clínicas da USP. “Essa história de cérebro multitarefa não existe. Se estou fazendo várias coisas, haverá foco maior em uma delas e as outras ficarão deficitárias. Mas achamos que damos conta.” O resultado disso, tanto para a psicóloga quanto para Newport, é uma menor capacidade para aprender novas coisas. “Isso interfere na nossa memória a longo prazo, na nossa concentração”, afirma Góes. “A mente que está agitada entre um aplicativo e outro é muito diferente de uma que está concentrada lendo um texto mais profundo.” Isso, de acordo com Newport, torna-se quase uma questão de sobrevivência ao se pensar no sucesso profissional –o que fica claro já no título do artigo que escreveu para o jornal “The New York Times”: “Abandone as redes sociais, sua carreira pode depender disso”. O cientista diz que, na economia atual, mesmo que ainda existam trabalhos que não necessitem de grandes doses de
concentração, a valorização profissional virá para quem pratica o “deep work”. Segundo o autor, as transformações tecnológicas e econômicas atuais premiam aqueles que conseguem aprender rapidamente coisas complicadas (como interpretar grandes bases de dados). Cal Newport está na casa dos 30, ou seja, é um millennial e, apesar disso, não pode ser encontrado em nenhuma rede social –nem no Linkedin, que conecta profissionais. Outros meios de comunicação mais modernos também não são exatamente bem-vindos na vida dele. “Eu só fui ter meu primeiro smartphone em 2012, quando minha esposa grávida me deu um ultimato: ‘Você tem que ter um telefone que funcione antes do nosso filho nascer’’’, conta Newport no livro. “Uma vida profunda é uma boa vida” diz. DEEP WORK AUTOR Cal Newport EDITORA Grand Central Publishing PREÇO R$ 35,99 (Google Play, em inglês) AS REGRAS DO ‘DEEP WORK’ Formas de fugir das distrações eletrônicas Regra 1 Adapte alguma das “filosofias”de ‘deep work’ à sua profissão Filosofia do Monge Como o nome dá a entender, a ideia é se isolar ao máximo do contato com a tecnologia, redes sociais, internet e afins para buscar o “deep work” Problema:
Poucas pessoas podem se isolar sem sofrer consequências no trabalho Filosofia Bimodal Divida o tempo em longos períodos monásticos (como a filosofia anterior prega) e outros períodos livres para fazer qualquer coisa. Problema: Algumas horas podem não ser suficientes para um “deep work” Filosofia Seinfeld O comediante Jerry Seinfeld transformou seu trabalho de escrever piadas em um hábito, e todos os dias tinha um tempo para pensar nelas. O mesmo pode ser feito para outras ações. Marcar grandes X em um calendário pode ajudar. Problema: Ajuda a rotina a funcionar, mas pode não atingir “deep work” Regra 2 Aceite o tédio Meditação Produtiva Tire um período de tempo para caminhar ou correr. Aproveite esse período de tempo para se concentrar totalmente em algum problema profissional que precisa de solução Não use a internet para diversão Vários sites são criados para que você se perca e passe suas horas de lazer neles. Programe seus horários livres para evitar perder tempo dessa forma Regra 3 “Abandone” as redes sociais Por que usar uma rede social? Identifique quais são os benefícios das
redes sociais que você usa e se há benefícios. Desse modo é possível ver quais fazem real diferença para você. Não é necessário estar em todas Os poucos valiosos Identifique as duas ou três principais atividades que podem ajudá-lo a alcançar seus objetivos profissionais. O resto é minimamente relevante e será desperdício de energia 30 dias Experimente deixar as redes sociais por 30 dias. Para alguns, dependendo da sua posição, isso pode até causar alguns problemas. Mas, para a maioria, isso pode mudar a visão sobre as redes Regra 4 Impeça a superficialidade Seja difícil Crie filtros para que as pessoas cheguem até você e faça com que elas mesmas se “filtrem”, como deixar a mensagem “Só mande mensagens em caso de...”. Isso pode reduzir o tempo gasto na caixa de entrada do seu e-mail. Em certos casos, até mesmo deixar pessoas sem resposta, em e-mails, por exemplo, pode valer a pena Faça planejamento Planejar cada minuto do seu dia, em blocos de tempo, pode ajudar Determine um horário para terminar o dia Faça o planejamento para ter acabado tudo do trabalho em um determinado horário. Desse modo, fica mais fácil de buscar produtividade para cumprir as ações Arte: Folhapress
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Grávidas fazem testes de zika
desnecessários
Exames estão sendo incluídos no pré-natal de mulheres sem sintomas e que não viajaram para áreas de risco, testes do vírus, que ainda são imprecisos, devem ser feitos por quem tem sintomas ou faz fertilização in vitro Por CLÁUDIA COLLUCCI/FOLHAPRESS
Mesmo sem recomendação oficial,
entre as mulheres.”
que trata das questões de zika na gestação
“No caso da zika, não há o que fazer”,
médicos obstetras têm incluído o
O ginecologista Cesar Fernandes, presidente
deve se reunir no final deste mês para
afirma a médica.
teste do vírus da zika no pré-natal
da Febrasgo (Federação das Sociedades
atualizar as informações sobre o tema.
Segundo ela, nos casos em que o exame dá
para gestantes que não tiveram sintomas
de Ginecologia e Obstetrícia), também
“Ainda há um desconhecimento muito
positivo para zika, o laboratório costuma
da infecção ou que não viajaram para
afirma que o teste de zika não tem pre-
grande sobre zika, não tivemos tempo
ligar antes para o médico, explicando as
áreas endêmicas.
cisão suficiente para ser indicado como
hábil para maturar as informações. E a
limitações do teste e a possibilidade de
Sociedades médicas não recomendam o
rastreio sistemático na gravidez –como
imprecisão dos testes não ajuda muito”,
reação cruzada, para que ele tranquilize
rastreamento indiscriminado das gestan-
acontece, por exemplo, com os testes de
diz ele.
a paciente.
tes porque os testes para zika são pouco
rubéola e de sífilis.
Hoje há uma técnica que identifica o vírus
“Queremos evitar que ela veja o resultado
específicos e podem gerar reação cruzada
“Não se justifica, a menos que a paciente
nos primeiros dias da doença (reação em
pela internet e se desespere. Às vezes,
com outros vírus da mesma família.
tenha apresentado sintomas de zika ou
cadeia da polimerase, PCR) e os testes
não conseguimos falar com o médico
Segundo o infectologista Artur Timerman,
esteja preocupada e peça para fazer o
sorológicos IgM, que detectam anticorpos
antes e isso acontece.”
presidente da Sociedade Brasileira de
teste. Mas precisa ser informada sobre
na corrente sanguínea na fase aguda, e o
Foi exatamente o que ocorreu com a
Dengue e Arboviroses, em populações
a limitação.”
IgG, que verifica se a pessoa já teve con-
advogada Ana Luíza Costa, 32, de Vitória
já expostas aos vírus da dengue ou da
Em casos de fertilização in vitro, o teste
tato com zika em alguma época da vida.
(ES). Grávida de 12 semanas, ela teve
febre amarela (ou mesmo vacinadas re-
é obrigatório. Decisão da Anvisa de mar-
centemente contra a doença), há risco
ço de 2016 determinou que doadores de
FALTA DE TERAPIA
sem ter tido sintomas de zika. Ao abrir
de resultados falso-positivos por conta
sêmen ou óvulo ou casais que vão fazer
A infectologista Carolina Lazari, asses-
o resultado pela internet, levou um tre-
de uma reação cruzada.
o procedimento sejam testados.
sora médica do Fleury Medicina e Saú-
mendo susto.
“Resultados positivos devem ser analisados
Se o exame do doador der positivo, o
de, lembra que um rastreamento só faz
“Bateu um desespero, comecei a chorar,
com cautela porque podem representar
material é descartado. Em relação aos
sentido se houver conduta terapêutica
meu marido correu para ligar para o
apenas uma exposição prévia a outros
casais, se um ou outro estiver com o vírus,
a ser tomada diante da infecção.
médico, mas nem ele sabia muito bem
flavivírus.”
o início do tratamento ou a transferência
Por exemplo, se a grávida for detectada
o que dizer. Só falou que era bom repe-
Para ele, não há sentido algum em pedir
do embrião para o útero (última etapa
com toxoplasmose, sífilis ou HIV há pos-
tir [o teste] para ter a certeza. Foi uma
o teste a gestantes assintomáticas. “Só
da FIV) deve ser adiado.
sibilidade de tratamento que minimiza
semana dos infernos até vir um segundo
serve para causar estresse, neura e pânico
Segundo ele, uma comissão da Febrasgo
ou evita as sequelas da doença no bebê.
resultado, negativo.”
o teste incluído no pré-natal, mesmo
Arte: Folhapress
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‘O Livro dos Baltimore’
Joël Dicker deixa de lado o policial, mas não o suspense, ‘O Livro dos Baltimore’ traz de volta Marcus Goldman, protagonista de ‘A Verdade sobre o Caso Harry Quebert’. Drama familiar narra fatos anteriores aos do segundo romance do autor suíço, best-seller traduzido em 42 países Por ÚRSULA PASSOS/FOLHAPRESS
Marcus Goldman está de volta. O escritor, personagem principal do best-seller “A Verdade sobre o Caso Harry Quebert”, narra agora sua infância e adolescência ao lado dos primos, com quem formava a Gangue dos Goldman. Após receber o prêmio de romance da Academia Francesa, ser traduzido em 42 países e vender cerca de 3 milhões de exemplares pelo mundo, o suíço Joël Dicker, 31, retoma seu protagonista. Se antes Marcus investigava o assassinato de uma adolescente cujo corpo foi encontrado no jardim de seu mentor, em “O Livro dos Baltimore”, que acaba de sair no Brasil pela Intrínseca, ele narra o Drama, com letra maiúscula, que assolou sua família. Marcus divide sua família em duas: os Goldman-de-Montclair, seus pais, da classe média de Nova Jersey, e os Goldman-de-Baltimore, seus tios, ele advogado, ela médica, e dois primos, ricos, importantes e carismáticos. “É importante para mim não fazer sempre a mesma coisa, foi um prazer sair do policial para a crônica familiar”, diz Dicker em entrevista à Folha, por telefone. “Eu escrevo pelo prazer de me lançar a algo que seja um desafio e de sair da rotina.” Com um narrador que também é um jovem escritor, difícil para o leitor não imaginar que Marcus seja uma espécie de alter-ego de Dicker. O suíço, porém, rejeita qualquer comparação com o escritor morador de Nova York que, no romance anterior, ajudava seu professor, Harry Quebert, a provar sua inocência num assassinato. “Há um pouco de mim no Marcus porque eu o criei, mas eu não sou esse personagem, e para mim o que é mais importante quando escrevo não é falar da minha vida mas, ao contrário, fazer algo completamente diferente.” Mas, ao longo do livro, como no anterior, Marcus divaga sobre o trabalho da escrita, e ali vê-se Dicker. “O que Marcus é e o que ele narra não tem a ver comigo, mas, quando ele fala da escrita e de sua relação com ela, é mais pessoal e está ligado ao que eu penso de verdade”, diz de sua casa em Genebra. A história de “O Livro dos Baltimore” se passa antes da de “A Verdade”¦”, quando, em 2012, Marcus deixa Nova York para se refugiar na Flórida e escrever um novo livro. Dicker diz que teve a ideia para esse seu terceiro romance publicado após terminar de escrever o segundo, mas antes de ele ser lançado. “Eu comecei a escrever antes de saber o sucesso que ‘A Verdade”¦’ teria”, diz. “As pessoas acham que eu retomei o personagem porque queria que o sucesso se repetisse, mas o que me convenceu a continuar foi a percepção de que eu estava num registro completamente diferente, de que não seria uma continuação.”
MISTÉRIO Embora o gênero não seja o policial, em “O Livro dos Baltimore” permanece o mistério. O Drama que, em 2004, destrói os Goldman-de-Baltimore, se revela ao leitor apenas ao fim do romance. Intercalando saltos para o passado –em que narra infância e adolescência com seus primos Hillel e Woody, os três apaixonados por Alexandra (que se torna, posteriormente, uma cantora famosa)– e encontros com seu tio Saul, já arruinado pela tragédia, Dicker consegue manter o suspense, e assim, o interesse do leitor,
até o fim. Na Flip de 2014, Dicker disse que o livro levaria que consigo a uma ilha deserta seria “Ratos e Homens”, de John Steinbeck (1902-1968). O novo romance do suíço ecoa em diversos momentos a obra do americano –essa é também a peça que seu primo Hillel é impedido de montar na escola. “Em sua obra, Steinbeck narra uma América do interior de forma muito fiel e com um olhar que poucos tiveram”, diz Dicker. “Em ‘Ratos e Homens’ a força dos personagens teve grande ressonância
sobre mim.” O LIVRO DOS BALTIMORE AUTOR Joël Dicker TRADUTOR André Telles EDITORA Intrínseca QUANTO R$ 49,90 (416 págs.) “As pessoas acham que retomei o personagem porque queria que o sucesso se repetisse, mas o que me convenceu a continuar foi a percepção de que eu estava num registro completamente diferente Foto: Bruno Poletti - 31.jul.2014/Folhapress
O suíço Joël Dicker, autor de “O livro dos Baltimore”, na Festa literária de Paraty, em 2014.
Saúde
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Calor
Calor pode provocar confusão mental e até levar à morte por GISLAINE GUTIERRE/FOLHAPRESS Arte: Folhapress
O calor pode não apenas provocar mal-estar, mas também levar uma pessoa a ter confusão mental e morrer.Esse risco é decorrente da desidratação e os idosos são vulneráveis a sofrer com esse quadro. Com eles, o cuidado deve ser redobrado, assim como com as crianças. “Nosso cérebro é que diz quando precisamos de água, e então gera a sensação de sede”, explica o clínico geral da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Paulo Olzon. “Quando envelhecemos, o controle de temperatura e sede perde a eficiência.” A orientação do médico para quem convive com idosos é prestar atenção em eventuais mudanças de hábito. “Se a pessoa estiver muito sonolenta, cansada, dormindo mais do que o de costume e sem diálogo quando é chamada a conversar, é bom procurar um médico”, diz. A evolução do quadro pode levar à confusão mental. Clínica-geral, geriatra e professora do Hospital das Clínicas, Flávia Barros de Azevedo afirma que mucosas da boca e dos olhos esbranquiçadas são sinais de desidratação. Criar o hábito de consumir líquido é, sobretudo para idosos, o caminho para evitar os males do calor. Queixa comum no verão, a pressão baixa, segundo Olzon, costuma ser confundida com os sintomas normais do calor no corpo, como sonolência, principalmente após as refeições, cansaço e indisposição. “Algumas pessoas se adaptam bem ao calor e outras não, por questões genéticas”, afirma o médico. A falta de sódio, perdido no suor, também pode dar esses sintomas. Tomar bebidas isotônicas - como as consumidas por atletas- é uma forma de repor sódio. “Quando for beber água, pode pôr sal de baixo da língua”, indica Olzon. O médico também lembra que bebidas alcoólicas desidratam. Por isso a dica é consumi-las acompanhadas de água. Compressas frias evitam mal- estar Colocar compressas de água fresca sobre a testa de crianças pequenas ajuda a amenizar os efeitos do calor no corpo. A dica é da clínica geral e geriatra e professora do Hospital das Clínicas, Flávia Barros de Azevedo. “As crianças têm pouca água no corpo e não têm percepção clara da sede”, afirma a clínica-geral, que pede atenção especial sobretudo às crianças de zero a cinco anos.
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